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APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E O ENSINO DE

FUNÇÃO DO SEGUNDO GRAU

Maria Eugênia de Carvalho e Silva

Apesar de um intenso movimento a favor de metodologias e abordagens mais


favoráveis a um processo de ensino-aprendizagem da Matemática mais efetivo, esta é uma
disciplina que ainda carece de recursos, técnicas e metodologias diferenciados e
inovadores, já que o panorama ainda se mostra deficiente em relação a resultados.
As pedagogias tradicionais parecem ter construído os currículos e suas
metodologias sem considerar os avanços da psicologia, ignorando as descobertas no âmbito
do desenvolvimento cognitivo. De fato, várias décadas depois das primeiras críticas de Jean
Piaget aos métodos pedagógicos adotados, as escolas, na sua maioria, permanecem
imutáveis na sua organização curricular e parecem não dar importância aos processos do
desenvolvimento cognitivo e da aprendizagem [SOU06].
Dentre todas as áreas do saber e de todos os tipos de conhecimento, salienta-se o
conhecimento lógico-matemático, um saber saudável, vigoroso e unificado, de importância
extrema para toda a humanidade. Até as mais abstratas de suas teorias encontram tradução
real na Informática, nas engenharias, na Física e na Biologia [SOU06]. Para Piaget e
Inhelder, a noção da conservação da quantidade de matéria, que se encontra no ponto de
partida da qualificação das qualidades físicas (peso, volume, etc.) pode ser considerada, ao
mesmo tempo, como o ponto de chegada da matematização elementar que engendra o
número. [PIA75] [PIA77]
Percebem-se reais dificuldades em relação aos conceitos da Matemática e também
da Física. Estas surgem das insuficientes dissociações entre as questões de lógica e as
considerações numéricas ou métricas. Isso acontece porque a lógica é considerada inerente
à criança, quando na realidade ela se constrói passo a passo. O desenvolvimento das
capacidades dedutivas só pode ser alcançado quando se estabelece a dissociação dos dois
fatores.
Atualmente, há um consenso de que a Matemática é uma ciência vital para o
desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Contudo, nossa sociedade parece estar repleta de
indivíduos que desenvolveram uma aversão a esta disciplina. Para Souza, 2005, a mudança
de atitude face à Matemática passa pela demonstração de suas múltiplas facetas: utilidade,
vitalidade, realidade, rigor e raciocínio. Implica, ainda, em alterações profundas que passam
pela dinamização da educação, englobando o poder político, pais e professores, sendo
necessário alterar as metodologias de ensino dos professores e educadores [SOU06]
Para Piaget, a aprendizagem aparece sempre ligada à superação de contradições
internas. Por isso a importância dos métodos ativos no desenvolvimento psicológico da
criança, de situações que propiciem a experimentação e a reflexão sobre o tema.[PIA75]
Para Vygotsky, as potencialidades do indivíduo devem ser consideradas durante o
processo de ensino-aprendizagem. Como defende que a aprendizagem impulsiona o
desenvolvimento, a escola surge com um papel essencial, devendo dirigir o ensino de modo
a incentivar o desenvolvimento potencial do aluno. [SOU05]
O computador tem sido cada vez mais explorado como auxiliar no processo de
ensino-aprendizagem. Aliado à sua utilização cada vez mais disseminada em todas as áreas,
está a necessidade de inovação em métodos de ensino, com técnicas efetivas e atraentes ao
aluno. Em relação à Matemática, ele se presta de uma forma surpreendente, barata e
simples, se se levar em conta a grande quantidade de softwares gratuitos existentes. Embora
muitos professores sejam ainda reticentes em relação ao uso de novas tecnologias,
especialmente ao computador, cabe a eles a atualização de técnicas, meios e instrumentos
que proporcionem ao aluno melhorar sua condição de aprendizagem.
Tanto as ferramentas computacionais emergentes como os desenvolvimentos mais
recentes das teorias de aprendizagem têm contribuído para viabilizar algumas mudanças na
educação. Pela evolução tecnológica recente e constante, pode-se prever que os meios
disponíveis nas escolas se tornarão ainda mais poderosos. Tais meios não substituirão
inteira e radicalmente as formas tradicionais de ensinar, mas poderão constituir um
complemento ajustado a dificuldades específicas dos alunos [FIO00].
O estudo de funções é, certamente, um dos mais importantes tópicos de toda a
Matemática fundamental. Com aplicações em todas as áreas, sua utilização vai desde
problemas cotidianos até modelagens sofisticadas de situações da astronomia, engenharias
ou medicina. Seu domínio é indispensável por alunos de todos os níveis. Entretanto, muitas
vezes os conceitos matemáticos envolvidos, são excessivamente abstratos e complexos para
um aluno despreparado e carente de outros conceitos, fundamentais à sua compreensão.
Procurando contornar esse problema, buscou-se desenvolver uma seqüência
instrucional onde o conhecimento de “funções do segundo grau” é construído pelo aluno de
forma gradual e agradável. Além disso, optou-se pela utilização do computador como
ferramenta, por haver hoje a possibilidade de utilização de muitos softwares gratuitos, de
utilização muito simples, atrativos a alunos e professores.
O software escolhido foi o Graphmática, de Keith Hertzer & Carlos Malaca.
Graphmatica é um programa para desenhar funções matemáticas. É bastante simples de
usar e possui uma completa biblioteca de funções matemáticas. Sua instalação é gratuita, a
partir do endereço eletrônico oficial do programa. [HER06]
Este trabalho traz um enfoque sobre a teoria de aprendizagem significativa de
Ausubel, procurando fundamentar a aplicação no ensino de funções do segundo grau. Traz,
ainda, uma visão geral da teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget e da teoria de
aprendizagem de Vygotsky.
O objetivo do trabalho é dar subsídios a professores de matemática, no sentido de
buscarem novas formas de abordar conteúdos, de maneira que seus alunos experimentem
uma aprendizagem significativa.

A teoria do desenvolvimento cognitivista de Piaget

As propostas de Piaget configuram uma teoria construtivista do desenvolvimento


cognitivo humano. Para explicar como e por que ocorre o desenvolvimento cognitivo,
Piaget usa quatro conceitos básicos: esquema, assimilação,acomodação e equilibração.
Esquemas são estruturas mentais com que os indivíduos intelectualmente se
adaptam e organizam o ambiente e refletem, no indivíduo, seu nível atual de compreensão e
conhecimento do mundo.
A assimilação é o processo cognitivo de colocar novos objetos em esquemas já
existentes. A assimilação ocorre continuamente, o que possibilita a ampliação dos
esquemas, explicando, assim, o crescimento da inteligência.
A acomodação é o aspecto da atividade cognitiva que envolve a modificação dos
esquemas para corresponderem aos objetos da realidade. Na acomodação, os esquemas que
a pessoa possui são alterados ou novos esquemas são criados para acomodar os novos
estímulos. [BAR96]
Segundo Barros, 1996, Piaget diria que “o organismo não pode se acomodar às
potencialidades de um objeto que não pode assimilar ao seu sistema atual de significados.
O hiato entre o velho e o novo não pode ser muito grande”. Por isso, o desenvolvimento se
processa gradualmente.
Equilibração é um processo ativo pelo qual uma pessoa reage a distúrbios ocorridos
em sua maneira comum de pensar, através de um sistema de compensações; isto resulta em
nova compreensão e satisfação, ou seja, em equilíbrio. Os mecanismos de assimilação e
acomodação são acionados quando há mudanças no ambiente ou alterações no organismo
do indivíduo. A equilibração leva a pessoa a um modo de funcionamento mental mais
elevado. Quando este equilíbrio é rompido por experiências não assimiláveis, o organismo
se reestrutura (acomoda), a fim de construir novos esquemas de assimilação e atingir novo
equilíbrio.A aprendizagem só ocorre quando há acomodação, uma reestruturação da
estrutura cognitiva do indivíduo, que resulta em novos esquemas de assimilação. [MOR97]
[MOR99]
Piaget distingue três tipos de conhecimento: físico, lógico-matemático e social.
O conhecimento físico resulta da abstração empírica, da observação direta, isto é, da
percepção que a criança vai tendo de algumas características do objeto, sem relacioná-las
entre si. O conhecimento social resulta das convenções construídas pelas pessoas. Sua
natureza é arbitrária, podendo ser ensinado por meio da linguagem. O conhecimento lógico-
matemático se desenvolve quando a criança começa a operar sobre a realidade, a relacionar
seus diversos elementos, tanto concretamente como mentalmente. Este estabelecimento de
relações é resultante da abstração reflexiva e é o ato de relacionar objetos por suas
propriedades, comparando-os e agrupando-os. Não se pode realizar abstração reflexiva
independentemente de construções feitas anteriormente. A coordenação de relações entre os
objetos possibilita o conhecimento lógico-matemático. O conhecimento lógico-matemático
não pode ser ensinado diretamente, por meio da transmissão social ou da linguagem. Cada
criança tem que construí-lo por si mesma. [BAR96]

A teoria de aprendizagem de Vygotsky


Para Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo pode ser compreendido como a
transformação de processos básicos, biologicamente determinados, em processos
psicológicos mais complexos. Essa transformação ocorre de acordo com a interação com o
meio social e do uso de ferramentas e símbolos culturalmente determinados. [ALV06]
Quanto mais o sujeito vai utilizando signos, tanto mais vão se modificando,
fundamentalmente, as operações psicológicas que ele é capaz de fazer. E, quanto mais
instrumentos ele vai aprendendo a usar mais se amplia a gama de atividades nas quais pode
aplicar suas novas funções psicológicas. [MOR97]
Para internalizar signos, o ser humano tem que captar os significados já
compartilhados socialmente. O mais importante, para Vygotsky, é enfocar a interação
social entre os indivíduos, já que esta é fundamental para a transmissão do conhecimento
social histórica e culturalmente construído. [MOR99]
Teoria da aprendizagem significativa de Ausubel

A expressão “aprendizagem significativa” foi usada pela primeira vez por David P.
Ausubel, professor emérito da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. É médico
psiquiatra por formação, mas dedicou sua carreira acadêmica à psicologia educacional. Ao
aposentar-se, há vários anos, voltou à psiquiatria. Desde então, Joseph D. Novak, professor
de Educação da Universidade de Cornell, é quem tem elaborado, refinado e divulgado a
teoria de aprendizagem significativa. A tal ponto que, hoje, seria mais adequado falar na
teoria de Ausubel e Novak.[MOR99]
Ausubel identifica quatro tipos de aprendizagem:
(1) significativa por recepção: o aprendedor recebe conhecimentos e consegue
relacioná-los com os conhecimentos da estrutura cognitiva que já possui;
(2) significativa por descoberta: o aluno chega ao conhecimento por si só e
consegue relacioná-lo com os conhecimentos anteriormente adquiridos);
(3) mecânica por recepção: o aluno recebe conhecimentos e não consegue
relacioná-los com os conhecimentos que possui na estrutura cognitiva e
(4) mecânica por descoberta: o aluno chega ao conhecimento por si só e não
consegue relacioná-lo com os conhecimentos anteriormente adquiridos.
[WAA04]
Ausubel é um representante do cognitivismo, embora reconheça a importância da
experiência afetiva. Para ele, aprendizagem significa organização e integração do material
na estrutura cognitiva. Como outros teóricos do cognitivismo, ele se baseia na premissa de
que existe uma estrutura (a estrutura cognitiva) na qual essa organização e integração se
processam. A atenção de Ausubel está constantemente voltada para a aprendizagem. Para
ele, o fator isolado que mais influencia a aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe. Cabe
ao professor identificar isso e ensinar de acordo. Novas idéias e informações podem ser
aprendidas e retidas, na medida em que os conceitos relevantes e inclusivos estejam
adequadamente claros e disponíveis na estrutura do indivíduo e funcionem, dessa forma,
como ponto de ancoragem às novas idéias e conceitos.
O conceito central da teoria de Ausubel é o de “aprendizagem significativa”, um
processo por meio do qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto
especificamente relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo, o subsunçor. Essa
palavra não existe em português; trata-se de uma tentativa de aportuguesar a palavra inglesa
“subsumer” cujo significado se aproxima de inseridor, facilitador ou subordinador. A
aprendizagem significativa ocorre quando a nova informação ancora-se em conceitos
relevantes, preexistentes na estrutura cognitiva do aprendiz. Ausubel vê o armazenamento
de informações no cérebro humano como sendo organizado, formando uma hierarquia
conceitual, na qual elementos mais específicos de conhecimentos são ligados e assimilados
a conceitos mais gerais, mais inclusivos. .[MOR99]
Contrastando com a aprendizagem significativa, Ausubel define aprendizagem
mecânica (ou automática) como sendo a aprendizagem de novas informações com pouca ou
nenhuma interação com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva. Nesse caso,
a nova informação é armazenada de maneira arbitrária. Não há interação entre a nova
informação e a aquela já armazenada.
Ausubel recomenda o uso de organizadores prévios que sirvam de âncora para a
nova aprendizagem e levem ao desenvolvimento de conceitos subsunçores que facilitem a
aprendizagem subseqüente. Organizadores prévios são materiais introdutórios
apresentados antes do material a ser aprendido em si. A principal função do organizador
prévio é servir de ponte entre o que o aprendiz já sabe e o que ele deve saber, a fim de que
o material possa ser aprendido de forma significativa. .[MOR99]
Os organizadores prévios fornecem um quadro contextual no qual a pessoa vai
incorporar detalhes progressivamente mais diferenciados. A diferenciação progressiva vê
a aprendizagem significativa como um processo contínuo no qual adquirem
significados mais abrangentes na medida em que são estabelecidas novas relações entre
os conceitos.
Apesar de seu potencial em estabelecer, em um nível mais alto de generalidade,
inclusividade e abstração, relações explícitas entre o novo conhecimento e o conhecimento
prévio do aluno, a estratégia dos organizadores tem um efeito na aprendizagem, mas
pequeno, já que o aprendiz precisa ter algum conhecimento prévio relevante e apresentar
uma predisposição para aprender. [MOR99] [WAA04]
Outro importante princípio da aprendizagem significativa é a reconciliação
integradora, o princípio programático segundo o qual a instrução deve também explorar
relações entre idéias, apontar similaridades e diferenças importantes e reconciliar
discrepâncias reais ou aparentes. Para facilitar esse processo, o material instrucional deve
procurar integrar qualquer material novo com material anteriormente apresentado.
Organizadores prévios, diferenciação progressiva e reconciliação integradora são os
três conceitos centrais da teoria da aprendizagem significativa. [WAA04]
Em uma aprendizagem significativa não acontece apenas a retenção da estrutura do
conhecimento, mas se desenvolve a capacidade de transferir esse conhecimento para a sua
possível utilização em um contexto diferente daquele em que ela se concretizou. [TAV05]
Relação entre as teorias

Atualmente as palavras de ordem são aprendizagem significativa, mudança


conceitual e construtivismo. Um bom ensino deve ser construtivista, promover a mudança
conceitual e facilitar a aprendizagem significativa. É provável que a prática docente ainda
tenha muito do behaviorismo, mas o discurso é cognitivista/construtivista/significativo.
[MOR97]
Ausubel, um psicólogo educacional, não criou uma única teoria cognitiva, mas
aceitou, geralmente, aquelas de vários outros teóricos, especialmente Jean Piaget. Os
estádios de desenvolvimento de Piaget suportam, segundo Ausubel, a sua perspectiva do
“desenvolvimento de aprendizagem significativa”. [ALV06]
Na perspectiva ausubeliana, o conhecimento prévio (a estrutura cognitiva do
aprendiz) é a variável crucial para a aprendizagem significativa. A teoria de Piaget é de
desenvolvimento cognitivo, não de aprendizagem. Nesta perspectiva, só há aprendizagem
(aumento de conhecimento) quando o esquema de assimilação sofre acomodação. Para
Ausubel, quando o material de aprendizagem não é potencialmente significativo, não é
possível a aprendizagem significativa. Para Piaget, quando o desequilíbrio cognitivo gerado
pela experiência não assimilável é muito grande, não ocorre a acomodação. Assimilar e
acomodar podem ser interpretados em termos de dar significados por subordinação ou por
superordenação. Trata-se de uma analogia que permite dar significado ao conceito de
aprendizagem significativa em um enfoque piagetiano. [MOR97]
Existe uma forte similaridade entre a aquisição e construção de significados de
Ausubel e a internalização de instrumentos e signos de Vygotsky. Na ótica vygotskyana, a
internalização de significados depende da interação social. A aprendizagem significativa
depende de interação social, de intercâmbio, troca, de significados via interação social. Para
facilitar a aprendizagem significativa é preciso dar atenção ao conteúdo e à estrutura
cognitiva, para identificar conceitos, idéias, procedimentos básicos e concentrar neles o
esforço instrucional. A análise crítica da matéria de ensino deve ser feita pensando no
aprendiz. De nada adianta o conteúdo ter boa organização lógica, cronológica ou
epistemológica, e não ser psicologicamente aprendível. [MOR97]

Metodologia adotada e relação deste trabalho com as teorias de aprendizagem


estudadas

Foi desenvolvida uma seqüência instrucional para ser aplicada em duas aulas
geminadas, em laboratório de informática, com um computador para cada aluno. A
seqüência de atividades começa pela representação gráfica de algumas funções do segundo
grau, convenientemente escolhidas, onde os seguintes conceitos vão sendo construídos:
- as três formas de se representar uma função: gráficos, tabelas e equações
- a forma da equação da função do segundo grau e seus parâmetros a, b e c:
y = ax 2 + bx + c

- o vértice da curva
- o eixo de simetria da curva e sua relação com o vértice e as raízes
- as raízes da função
- a concavidade, dependente do sinal do parâmetro a
- os intervalos onde a função é crescente ou decrescente
- os dois ramos infinitos da curva
- translações:
- o deslocamento horizontal da curva, em relação ao eixo x, quando se substitui x
por (x+a)
- o deslocamento vertical da curva, em relação ao eixo y, quando se altera o valor
do parâmetro c
- expansões: alterações na forma do gráfico, quando se multiplica a função por uma
constante
- soma de funções
- funções compostas
- a representação de situações reais através de uma função do segundo grau
- a forma fatorada da equação de uma função e a relação com suas raízes
- a inclinação da curva, diferente em cada ponto, e sua relação com a reta tangente
- a análise da tabela de pontos da função do segundo grau e sua relação com o eixo
de
simetria
A figura 1 mostra dois dos exercícios propostos na seqüência de atividades.
Através das atividades propostas, pretende-se estimular:
- a assimilação de novos objetos em esquemas já existentes, pois o aluno já deverá
ter tido uma introdução ao estudo de funções;
- a acomodação: os esquemas que o aluno possui serão ampliados e novos esquemas
serão criados;
7) Para deslocarmos a função y = x 2 − 2 quatro unidades para a direita, substituímos x por ( x − 4)
y = ( x − 4) 2 − 2 = x 2 − 8 x + 16 − 2 ⇒ y = x 2 − 8 x + 14

Até agora, todas essas alterações na expressão da função não provocaram nenhuma alteração em sua forma.
Mas algumas alterações podem deixar a função mais “magra” ou mais “gorda”, mais “alta” ou mais “baixa”.
Veja os seguintes exemplos:

8) Multiplicando a função y = x 2 por 2, todos os pontos da função y = 2x 2 obtida terão o dobro da altura
dos pontos correspondentes da função y = x 2 . Portanto, a função fica mais “alta”. Faça os dois gráficos
num mesmo sistema de eixos, para verificar isto.

Figura 1 - dois dos exercícios propostos na seqüência de atividades


- equilibração: os enunciados das atividades propostas pretendem criar um
desequilíbrio em relação ao que o aluno já sabe, levando-o a uma reação em busca da
compreensão do novo conceito e conseqüente reequilíbrio;
- a abstração reflexiva, a partir de construções feitas anteriormente;
- a construção do conhecimento lógico-matemático, através da coordenação de
relações entre os objetos novos e antigos;
- utilização de signos matemáticos com significados culturalmente determinados;
- ampliação das funções psicológicas do aluno, a partir desta utilização de signos.
Através da metodologia adotada, pretende-se que os alunos cheguem a uma
aprendizagem significativa por recepção e/ou por descoberta, conseguindo relacionar os
novos conhecimentos com aqueles que já possui. Além disso, os conceitos
apresentados servirão como organizadores prévios para as próximas aulas, nas quais o
conteúdo “função do segundo grau” será trabalhado de forma tradicional, na seqüência
em que figura na maior parte dos livros didáticos atuais. Portanto, o intuito é facilitar a
aprendizagem, não só de função do segundo grau, mas de funções em geral, já que os
conceitos desenvolvidos neste trabalho, em sua maioria, são facilmente estendidos às
outras funções.
Nas próximas aulas, o aluno deverá incorporar detalhes progressivamente mais
diferenciados, de forma a que continue a experimentar uma aprendizagem significativa.
Após o conteúdo ter sido trabalhado de forma tradicional, a mesma seqüência de
atividades aqui apresentada deve ser novamente mostrada aos alunos, agora na forma de
slides, mais rapidamente. O objetivo é levá-los a perceber detalhes e tirar conclusões que
apenas o amadurecimento do seu conhecimento sobre o tema pode permitir. Assim
acontecerá a reconciliação integradora, que deve levar o aluno a explorar relações entre
idéias, apontar similaridades e diferenças importantes e reconciliar discrepâncias.

Conclusão

A teoria da aprendizagem significativa de Ausubel não se encontra desvinculada de


outras teorias. Percebeu-se que há uma forte similaridade entre os preceitos de Ausubel e os
de Piaget e Vygotsky. Em muitos pontos, estas teorias se complementam. Os ensinamentos
desses três grandes mestres podem e devem ser utilizados no cotidiano escolar.
O professor de Matemática precisa se auto-avaliar e entender que ele próprio é a
chave para melhores resultados na aprendizagem de seus alunos. Melhorar a Educação
significa, antes de mais nada, melhorar a eficiência e eficácia da aula do professor, cuja
autonomia permite, até certo ponto, a utilização de recursos e metodologias mais adequados
ao perfil do aluno atual.
Este trabalho tem a pretensão de tornar o estudo de funções mais agradável ao
aluno, levando-o a apresentar uma predisposição para aprender, fundamental no processo
de ensino-aprendizagem. Procurou-se levar em conta os principais preceitos das teorias de
aprendizagem estudadas, especialmente da aprendizagem significativa de Ausubel.

Referências

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Aprendizagem de Vygotsky e Ausubel. Disponível em http://home.alunos.utad.pt/~al1
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