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A FIDELIDADE DE JESUS NOS CONFLITOS

“Não vim trazer a paz, e sim a espada” (Mt. 10,34)


“Eis que eu envio vocês como ovelhas no meio de lobos...” (Mt. 10,16)

Jesus é claro: apresenta-nos as consequências do seu seguimento.


Quem vive radicalmente o Evangelho, vai ser rejeitado, perseguido...
Tudo o que Jesus faz – suas atitudes, seus gestos, suas palavras – revela uma
nova visão das coisas, um
novo ponto de partida, uma nova ordem, um novo
projeto.
Jesus encarna-se num mundo fechado, dividido, conflituoso... Faz-se presente no
mundo da dor: enfer-mos, pobres, pecadores... e a partir daí propõe um novo
projeto. Vivendo e anunciando a Boa-Notícia do Reino, Jesus vai provocando
conflitos. Encontramos o conflito já no centro do mistério da Encarnação: “Ele
veio para os seus, mas os seus não o receberam” (Jo. 1,11).

Jesus não buscou o conflito (já que trazia uma mensagem de misericórdia e
fraternidade) mas conheceu uma das experiências conflitivas mais dramáticas
da história humana.
Há um traço na personalidade de Jesus que os Evangelhos destacam: Ele era um
“transgressor”.
Sua transgressão decorria da percepção de situações extremamente injustas
vigentes na sociedade e das quais as primeiras vítimas eram os excluídos. Jesus
optou por ficar do lado das vítimas.
Jesus passou a viver a partir de um sonho primordial: o Reino.
A riqueza original desse sonho primordial não se “encaixou” nos esquemas dos fariseus ou sadu-
ceus, essênios ou zelotes, nem se deixou instrumentalizar pela instituição do Templo ou sinagoga.
Jesus era LIVRE e essa LIBERDADE nos fascina até hoje.
O encantamento, a sensação linda de se viver uma grande experiência mística manifestou-se por
toda a vida de Jesus. Ele vivia o tempo todo no “pique” dessa experiência religiosa que via em
Deus um Pai, nos companheiros via irmãos e amigos e nos acontecimentos, o sopro do Espírito.
Jesus nos ensinou a libertar as forças do sonho, da poesia, do profetismo, do carisma, e empol-
gar-nos com a vocação que vem de Deus e passar do cativeiro do farisaísmo para a liberdade.

Desde o início de sua vida pública Jesus exerceu considerável poder de sedução
sobre as massas da Gali-léia. As multidões o seguiam pois “ensinava com autoridade
e não como os escribas”(Mt. 7,29). Seu fascínio sobre o povo não tinha nada de
improvisado, mas era fruto de anos de solidariedade com os simples, os
doentes, os pecadores... Isso inquietava as instituições. Essa sedução e
consequente capacida-de de aglomeração popular foram as verdadeiras causas
de sua condenação pelas autoridades judaicas.
Jesus se tornou um sinal de contradição porque permaneceu absolutamente fiel
a uma mensagem, a um modo de agir e a uma missão que havia recebido do
Pai e que devia realizar com critérios e opções coerentes com o conteúdo do seu
Evangelho.
Falar em conflito na missão de Jesus é o mesmo que falar da fidelidade de Jesus.
O que tem valor em sua vida é seu Amor fiel, e não os conflitos em si mesmos. A dimensão conflitiva da
fidelidade de Jesus à missão é o resultado do confronto entre sua missão (que anuncia a justiça do Reino e
as bem-aventuranças) e a realidade que não quer ouvir e rejeita a novidade do Reino.
A conflituosidade na vida de Jesus proveio do choque entre as exigências do Amor e a realidade injusta
e pecadora. Jesus não cria conflitos; Ele os constata ao dar testemunho das exigências do Amor.

Combatido e puxado por todos os lados, Jesus resiste fiel a algo que está dentro
d’Ele, só n’Ele e no mais profundo do povo pobre e sofrido. É aquela semente de
resistência de que fala o profeta Isaías:
“Machucado não machuca, injustiçado não responde com injustiça, quebrado não quebra” (Is. 42,1-4).

Texto bíblico: Mt. 10,17-39

Na oração: Rezar as atitudes pessoais frente aos conflitos.


Deus também se revela no conflito; nos conflitos há uma
manifestação do Espírito (fogo, dinamismo...).
O conflito é um “ensaio da esperança”, uma certeza de que o Espírito
renova todas as coisas sobre a face da terra. O conflito é certeza da
“novidade” que vem; por isso exige um discernimento permanente.
Descobrir estratégias de crescimento para superar conflitos.
Descobrir a presença e o chamado de Cristo dentro do conflito.

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