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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS


CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

ATOS TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS: DOS ATOS PROCESSUAIS, DOS


PRAZOS PROCESSUAIS, DA SUSPENSÃO DO PROCESSO, MODOS DE
EXTINÇÃO E CUSTAS DO PROCESSO. NULIDADES: CONCEITO, NULIDADES
NO PROCESSO DO TRABALHO. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES
E TERCEIROS: CAPACIDADE, REPRESENTAÇÃO, ASSISTÊNCIA,
AUTORIZAÇÃO, IUS POSTULANDI, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA, SUCESSÃO
PROCESSUAL, SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, LITISCONSÓRCIO E
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.

Trabalho entregue pra obtenção de


nota parcial na disciplina Direito
Processual do Trabalho, ministrada
pelo Msc. Roberto Rafaeli da Cruz.

Acadêmicos: Kysa Schlote,


Marcela Donateli do Carmo,
Naihára Roeder, Susane Ramos,
Vinícius Dittrich.
BLUMENAU (SC), 22 DE OUTUBRO DE 2009.

UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB


DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Msc. ROBERTO RAFAELI DA CRUZ
KYSA SCHLOTE, MARCELA DONATELI DO CARMO, NAIHÁRA ROEDER,
SUSANE RAMOS, VINÍCIUS DITTRICH

ATOS TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS: DOS ATOS PROCESSUAIS, DOS


PRAZOS PROCESSUAIS, DA SUSPENSÃO DO PROCESSO, MODOS DE
EXTINÇÃO E CUSTAS DO PROCESSO. NULIDADES: CONCEITO, NULIDADES
NO PROCESSO DO TRABALHO. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES
E TERCEIROS: CAPACIDADE, REPRESENTAÇÃO, ASSISTÊNCIA,
AUTORIZAÇÃO, IUS POSTULANDI, ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA, SUCESSÃO
PROCESSUAL, SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL, LITISCONSÓRCIO E
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS.

BLUMENAU (SC), 22 DE OUTUBRO DE 2009.


2
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................06
2. ATOS PROCESSUAIS...........................................................................07
2.1. Conceito......................................................................................07
2.2. Princípio da Publicidade................................................................07
2.3. Classificação.................................................................................10
2.4. Forma..........................................................................................13
2.5. Características..............................................................................14
2.6. Tempo e lugar de realização de atos processuais.........................14
2.7. Comunicação dos atos processuais...............................................16
3. TERMOS
PROCESSUAIS...................................................................22
4. PRAZOS
PROCESSUAIS....................................................................23
4.1. Conceito........................................................................................23
4.2. Classificação.................................................................................24
4.3. Contagem dos prazos...................................................................26
4.4. Suspensão e Interrupção dos prazos.............................................30
5. SUSPENSÃO DO
PROCESSO.............................................................31
6. EXTINÇÃO DO
PROCESSO.................................................................35
6.1. Modalidades..................................................................................35
6.2. Sentença........................................................................................36
6.3. Extinção do processo sem resolução do mérito.............................37
6.4. Extinção do processo com resolução do mérito.............................40
6.5. Suspensão e Extinção da execução..............................................42
6.5.1. Extinção da execução............................................................42
7. CUSTAS NO PROCESSO DO
TRABALHO..........................................45
7.1. Conceito de Custas Processuais....................................................45
7.2. Cálculo.........................................................................................46
7.3. Forma de pagamento.....................................................................50
3
7.4. Competência para fixação das custas............................................50
7.5. Outras despesas processuais........................................................50
7.6. Justiça gratuita................................................................................56
8. VALORES DAS CUSTAS PROCESSUAIS TRABALHISTAS
DADOS PELA
CLT.............................................................................................60
9. ALGUMAS QUESTÕES PROCESSUAIS REFERENTES ÀS
CUSTAS
TRABALHISTAS.................................................................................62
9.1. Custas processuais na fase recursal..............................................63
10. DAS NULIDADES
PROCESSUAIS......................................................63
10.1. Introdução......................................................................................63
10.2. Conceito de nulidade......................................................................64
10.3. Nulidade absoluta...........................................................................64
10.4. Nulidade relativa............................................................................66
10.5. Irregularidades ou Atos Irregulares ou Mera Irregularidade...........66
10.6. Inexistência ou atos inexistentes....................................................67
11. ANULABILIDADE............................................................................
....67
12. NULIDADES NO PROCESSO DO
TRABALHO.................................68
12.1. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo – Artigo 794, CLT.....69
12.2. Princípio da Convalidação – Artigo 795, CLT.................................70
12.2.1. Artigo 795, § 1º, CLT.........................................................70
12.2.2. Artigo 795 § 2º, CLT...........................................................70
12.2.3. Artigo 796, CLT..................................................................71
12.2.4. Extensão da Nulidade - Artigos 797 e 798 ambos da
CLT........................................................................................71
12.2.5. Extensão da Nulidade - Artigos 797 e 798 ambos da
CLT........................................................................................72
12.3. Regras Para o Pronunciamento das Nulidades.............................73
12.4. Princípios das Nulidades Processuais no Direito do Trabalho.......74
12.4.1. Princípio da Legalidade......................................................74
4
12.4.2. Princípio da Instrumentalidade das Formas ou da
Finalidade...............................................................................74
12.4.3. Princípio da Economia Processual....................................75
12.4.4. Princípio do Aproveitamento da Parte Válida do Ato.........75
12.4.5. Princípio do Interesse de Agir............................................75
12.4.6. Princípio da Causalidade...................................................76
12.4.7. Princípio da Lealdade Processual......................................76
12.4.8. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo.....................77
12.4.9. Princípio da Convalidação.................................................77
13. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES E
TERCEIROS...77
13.1. Denominação das partes no processo...........................................77
13.2. Capacidade.....................................................................................78
14. REPRESENTAÇÃO.........................................................................
.....80
14.1. Espécies de Representação...........................................................81
14.1.1. Representação do empregador.........................................81
14.1.2. Representação do empregado...........................................82
14.1.3. Representação por litisconsorte.........................................83
14.1.4. Assistência.........................................................................83
15. AUTORIZAÇÃO...............................................................................
.....85
16. IUS
POSTULANDI................................................................................85
17. ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA.................................................................90
18. SUCESSÃO
PROCESSUAL.................................................................96
19. SUBSTITUIÇÃO
PROCESSUAL.........................................................99
19.1. Breve Histórico Do Instituto Da Substituição Processual
Trabalhista....................................................................................100
20. LITISCONSÓRCIO...........................................................................
...103
5
20.1. Classificação do litisconsórcio......................................................104
20.1.1. Quanto à posição.............................................................104
20.1.2. Quanto ao poder aglutinador das razões que conduzem à sua
formação.......................................................................104
20.1.3. Quanto ao regime de tratamento dos litisconsortes.........106
20.1.4. Quanto ao momento de sua formação.............................106
21. INTERVENÇÃO DE
TERCEIROS.......................................................106
22. CONCLUSÃO...................................................................................
.109
23. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS...................................................110

1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho destina-se a aprimorar o conhecimento dos
acadêmicos, bem como aprofundar os estudos acerca do tema proposto no
início do semestre pelo professor.
Todos os temas abordados neste trabalho são de suma importância para
nossa vida acadêmica e para o exercício de nossa futura profissão, a saber:
atos, termos e prazos processuais, modos de extinção e custas do processo,
nulidades, partes, representação, procuradores, terceiros, capacidade,
representação, assistência, autorização, ius postulandi, assistência judiciária,
sucessão processual, substituição processual, litisconsórcio e intervenção de
terceiros.
Tais temas são amplamente discorridos no decorrer do trabalho.

6
2. ATOS PROCESSUAIS

2.1. Conceito

Ato significa ação, fazer alguma coisa. Na esfera processual, ato “é a


manifestação de vontade que emana das pessoas vinculadas à relação jurídica
processual, a qual se destina” 1. Neste mesmo sentido, Carlos Henrique
Bezerra Leite assevera que, “são acontecimentos voluntários que ocorrem no
processo, isto é, os que dependem de manifestações dos sujeitos do processo”
2
.
Tais atos têm por finalidade constituir, conservar, desenvolver, modificar
ou cessar uma relação processual, podem ser praticados por todos envolvidos
na relação processual.

1
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva,
2007, pg. 437;
2
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 6ª.
Ed., 2008, pg. 350;
7
Segundo Sérgio Pinto Martins, podemos citar como exemplos de atos
processuais, a petição inicial, contestação, sentença, entre outros 3.
O ato processual, esta intimamente ligado com o processo, pois é um
conjunto seqüencial de atos, portanto, este depende daquele, e aquele só
existe em função deste.
Sendo assim, há “uma movimentação dinâmica partindo do plano
subjetivo das pessoas relacionadas com o processo, objetivando-se no
processo materialmente considerado” 4.

2.2. Princípio da publicidade

Amplamente consagrado pela doutrina e jurisprudência, tal princípio vem


estampado no art. 5º, inciso LX, da Constituição Federal de 1988, in verbis

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o
interesse social o exigirem;

Neste mesmo diploma, disposto também, no art. 93, inciso IX, da


Constituição Federal, que define:

Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo


Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da
Magistratura, observados os seguintes princípios:

3
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
148;
4
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Saraiva,
2007, pg. 438;
8
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob
pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em
determinados atos, às próprias partes e a seus
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a
preservação do direito à intimidade do interessado no
sigilo não prejudique o interesse público à informação;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº. 45, de
2004)

Portanto, não poderia ser diferente, na esfera do direito processual do


trabalho, sendo a publicidade dos atos processuais, a regra geral dos feitos
trabalhista, logo, “as audiências, por exemplo, são realizadas a portas abertas,
podendo ser presenciadas por qualquer pessoa” 5.
Porém, a própria constituição, estabelece exceções a esta regra, nos
casos em que a defesa da intimidade, ou o interesse público exigirem.
Tal exceção é justificada pela doutrina:

“Em muitos casos, o interesse é mesmo privado, pois


se o processo for público pode humilhar determinada
pessoa, expor a parte a procedimento vexatório,
causando-lhe embaraço, revelando situação que lhe
seria desfavorável perante a sociedade, como ocorreria
também em determinada hipótese de dispensa com
alegação de justa causa” 6

Ou ainda:

“Em certos casos, pode haver interesse do empregador


em não ser divulgado determinado aspecto para fora
do processo, como na hipótese em que fosse discutido

5
MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008, pg.
76;
6
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
149;
9
o direito a um invento, que teria sido produzido durante
o contrato de trabalho” 7.

Neste mesmo sentido, dispõe o Código de Processo Civil:

Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm,


todavia, em segredo de justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
II - que dizem respeito a casamento, filiação, separação
dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos e
guarda de menores.
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de
pedir certidões de seus atos é restrito às partes e a seus
procuradores. O terceiro que demonstrar interesse
jurídico, pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da
sentença, bem como de inventário e partilha resultante
do desquite.

Por fim, cabe salientar que a Consolidação das Leis do Trabalho em seu
art. 770, também determina a publicidade dos atos, salvo quando o interesse
social determinar o contrário.

2.3. Classificação:

Há duas correntes que definem a classificação dos atos processuais,


não havendo unanimidade na doutrina, uma é a objetiva e a outra a subjetiva,
sendo que:

“A corrente objetiva classifica os atos processuais em


postulatórios (ex.: apresentação da petição inicial), de
desenvolvimento (ex.: atos que impulsionam o
processo), de instrução (ex.: alegações no curso do

7
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
149;
10
processo e atos probatórios) e atos de provimento
(sentenças, despachos e decisão interlocutória
proferida pelo juiz).” 8.

Entretanto, o Código de Processo Civil, adotou a corrente subjetiva, ou


seja, classificou os atos processuais, tendo em vista o sujeito que os praticas,
sendo, portanto classificados em atos do juiz, das partes e de terceiros.
Os atos do juiz, de acordo com o art. 162 do CPC, são as sentenças,
decisões interlocutórias e despachos, contudo,

“[...] esse elenco contido não é exaustivo. Há inúmeros


outros atos processuais praticados pelo juiz que não
estão incluídos nesse rol, como, por exemplo, a
audiência [...], a inspeção judicial [...], ou, ainda,
quando o juiz presta informações [...] no mandado se
segurança [...], quando impetrado contra ato judicial.” 9.

Por seu turno, Amauri Mascaro Nascimento, lecionando sobre o assunto,


descreve que os atos do juiz são:

“[...] a sentença, o interrogatório, o despacho, a


autorização, a advertência à testemunha, a informação
às autoridades judiciárias superiores, etc.” 10.

O art. 162 do CPC, ainda define, em seus parágrafos, o que é cada um


dos atos do juiz, ali descritos, sendo assim, pode-se dizer que:

“Art. 162. Os atos do juiz consistirão em sentenças,


decisões interlocutórias e despachos.

8
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.158;
9
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos
tribunais, 2007, pg. 183;
10
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2007, pg. 438;
11
§ 1o Sentença é o ato do juiz que implica alguma das
situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.
§ 2o Decisão interlocutória é o ato pelo qual o juiz, no
curso do processo, resolve questão incidente.
§ 3o São despachos todos os demais atos do juiz
praticados no processo, de ofício ou a requerimento da
parte, a cujo respeito a lei não estabelece outra forma.
§ 4º Os atos meramente ordinatórios, como a juntada e a
vista obrigatória, independem de despacho, devendo ser
praticados de ofício pelo servidor e revistos pelo juiz
quando necessários.”

Portanto, sentença é o ato que implica em extinção do processo sem


resolução de mérito (art. 267 CPC), que se chamará sentença terminativa, ou
ainda, implica na extinção do processo com resolução de mérito (art. 269
CPC), ocorrendo uma sentença satisfativa. Por sua vez, as decisões
interlocutórias são todas as outras decisões, que resolvem questões incidentes
e que não implicam em extinção do processo (com ou sem julgamento de
mérito), porém, haverá sempre um prejuízo para uma das partes. Por fim, os
despachos são “atos de impulso e encaminhamento do processo, que não
causam nenhum dano ou prejuízo à pretensão das partes [...]” 11.
Os atos das partes, por sua vez, estão descritos no art. 158, in verbis:

“Art. 158. Os atos das partes, consistentes em


declarações unilaterais ou bilaterais de vontade,
produzem imediatamente a constituição, a modificação
ou a extinção de direitos processuais [...]”.

É possível classificar os atos das partes em atos de obtenção (“que são


12
aqueles em que se visa a obter a satisfação de um pedido” ), que se
subdividem em postulatórios (que são aqueles em que a parte requer uma

11
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos
tribunais, 2007, pg. 185;
12
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos
tribunais, 2007, pg. 181;
12
providência certa, por exemplo, a petição inicial e a contestação), de evento
físico (não é um requerimento, mas a sua prática demonstra o desejo de
obtenção de um resultado, por exemplo, o pagamento de custas), e, em
instrutórios (são aqueles que visam comprovar os fatos alegados), e ainda, em
atos dispositivos (que “são aqueles em que se pretende a produção de efeitos
processuais, [...], e a produção de efeitos decorre da manifestação da vontade
13
das partes, e não de um ato decisório do juiz” ), estes, por sua vez, também
comportam subdivisão, podendo ser submissivos (representam a sucumbência
de uma das partes, por exemplo, quando há reconhecimento do pedido), de
desistência (a parte deixar de cumprir algo que lhe traz conseqüências, ou faz
algo, por exemplo, deixa de arrolar testemunhas, ou confessa) ou negócios
jurídicos processuais (as duas partes concordam sobre um ponto em que não
há controvérsia).
Por fim, “são atos de terceiros a perícia, elaborada pelos peritos, a
diligência, cumprida pelo oficial, a tradução, feita pelo intérprete, o pregão, etc.”
14
.
Salienta-se que a secretaria da vara, também pratica atos processuais,
como os atos de documentação (sendo aqueles em que se transferem para um
suporte as declarações emitidas pelos sujeitos processuais, podendo o suporte
ser o computador, um papel, etc.), os de comunicação (ou seja, é responsável
pela comunicação do andamento processual aos sujeitos processuais) e ainda,
outros atos de assessoramento do juiz, como o recebimento e depósito de
valores, de bens, lavrando certidões, etc. Há, ainda, os atos meramente
ordinatórios, previsto no art. 162, § 4º. do CPC, que dispõe que a juntada e a
vista obrigatória, será feita pelo servidor, independentemente de despacho pelo
juiz, podendo este, se for necessário, rever o ato, porém, há outros atos, além
dos previsto na redação do art. 162, que independem de despacho, podendo
ser praticado pela secretaria de ofício, como a remessa dos autos ao Ministério
Público, quando for o caso, a expedição de carta precatória, quando o juiz
deferiu a oitiva de testemunha que resida em outra comarca, e qualquer outro

13
WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo: Revista dos
tribunais, 2007, pg. 181;
14
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2007, pg. 438;
13
ato, que não tenham caráter decisório, que se destinem apenas a
operacionalização.

2.4. Forma:

Para Amauri Mascaro Nascimento, “as formas processuais são os atos


15
concretizados materializando-se no processo” , eles podem ser
datilografados, fotocopiados, manuscrito, carimbados, etc., pois, conforme
regra estabelecida pelo art. 154 do CPC, os atos processuais, não depende de
forma determinada, salvo quando a lei expressamente a exigir. “De modo geral,
os atos processuais trabalhistas podem ser praticados oralmente; mas, dos
atos orais lavra-se um termo, isto é, fica um registro escrito, por vezes um mero
resumo, nos autos” 16.
Ainda quanto à forma, é preciso destacar que, os atos processuais
devem estar escritos em português, outra trazer a devida tradução, feita por
tradutor juramentado, consoante os arts. 156 e 157 do CPC.

2.5. Características:

Os atos processuais possuem algumas características, que divergem


na doutrina, Toste Malta define como características dos atos processuais que:

“a) não se apresentam isoladamente. São sempre


coordenados em uma série contínua; b) ligam-se pela
unidade do fim, realizam-se tendo em vista o ato final, a
sentença; c) são interdependentes, como
conseqüência das características indicadas.” 17.

15
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2007, pg. 439;
16
MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008,
pg. 78;
17
MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008,
pg. 76;
14
Por seu turno, Amauri Mascaro Nascimento, diz que “os atos
processuais trabalhistas têm como principais características: a) a publicidade
[...]; b) a documentação [...]; c) a certificação.” 18.

2.6. Tempo e lugar de realização dos atos processuais:

Os atos processuais devem ser praticados em dias úteis, ou seja,


naqueles em que há expediente forense, das 6 às 20 horas, conforme regra
estabelecida pelo art. 770 da CLT, que segue:

Art. 770 - Os atos processuais serão públicos salvo


quando o contrário determinar o interesse social, e
realizar-se-ão nos dias úteis das 6 (seis) às 20 (vinte)
horas.
Parágrafo único - A penhora poderá realizar-se em
domingo ou dia feriado, mediante autorização expressa
do juiz ou presidente.

Porém, é possível realizar a penhora, nos sábados, domingos e feriados,


se o juiz autorizar expressamente, consoante disposição do parágrafo único do
art. 770, transcrito acima.
Caso o ato seja iniciado antes das 20 horas, aplica-se a regra contida no
art. 172, § 1º., ou seja, continua-se a realização, caso o adiamento possa
causar um grave dano a diligência.
Conforme dispõe o art. 813 da CLT, as audiências devem ser feitas
entre as 8 e às 18 horas, e não podem ter mais de 5 horas seguidas de
duração, não ser em caso de urgência.
O Código de Processo Civil (que, de acordo com o art. 769 da CLT, nos
casos omissos nesta, será aplicado subsidiariamente, exceto, naquilo em que
for divergente com este) dispõe, em seu art. 173, da prática de atos
processuais, durante as férias e feriados, como segue:

18
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2007, pg. 438;
15
Art. 173. Durante as férias e nos feriados não se
praticarão atos processuais. Excetuam-se:
I - a produção antecipada de provas (art. 846);
II - a citação, a fim de evitar o perecimento de direito; e
bem assim o arresto, o seqüestro, a penhora, a
arrecadação, a busca e apreensão, o depósito, a
prisão, a separação de corpos, a abertura de
testamento, os embargos de terceiro, a nunciação de
obra nova e outros atos análogos.
Parágrafo único. O prazo para a resposta do réu só
começará a correr no primeiro dia útil seguinte ao
feriado ou às férias.

Salienta-se que, com o advento da Lei Orgânica da Magistratura, o


recesso de 20 de dezembro a 6 de janeiro foi suprimido, contudo, na Justiça do
Trabalho, por força da Lei nº. 5.010/66, em seu art. 62, “não há expediente na
19
Justiça Federal, o que inclui a Trabalhista[...]” , como pode-se vislumbrar da
leitura da redação do artigo em questão:

Art. 62. Além dos fixados em lei, serão feriados na


Justiça Federal, inclusive nos Tribunais Superiores:
I - os dias compreendidos entre 20 de dezembro e 6 de
janeiro, inclusive;
II - os dias da Semana Santa, compreendidos entre a
quarta-feira e o Domingo de Páscoa;
III - os dias de segunda e terça-feira de Carnaval;
IV - os dias 11 de agosto e 1° e 2 de novembro.

Portanto, nessas situação, aplica-se o disposto no art. 173 do CPC,


quanto a prática de atos processuais durante os feriados.
Resta ainda, mencionar que o atos processuais, devem ser praticados
na sede do juízo, entretanto, será possível a sua realização em outro lugar,

19
MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008,
pg. 77;
16
quando for extremamente necessário, ou quando a natureza do ato assim o
exigir. É o que determina o art. 176 do CPC, in verbis:

Art. 176. Os atos processuais realizam-se de ordinário


na sede do juízo. Podem, todavia, efetuar-se em outro
lugar, em razão de deferência, de interesse da justiça,
ou de obstáculo argüido pelo interessado e acolhido
pelo juiz.

2.7. Comunicação dos atos processuais:

É a forma como as partes tomarão conhecimento do andamento


processual, “torna-se imprescindível para o desenvolvimento da cadeia
processual que haja comunicação dos atos processuais às partes” 20. O Código
de Processo Civil, traz como forma de comunicação, a citação e a intimação,
porém, o processo do trabalho, utiliza a palavra notificação, de forma
indiscriminada, mas para se referir tanto a citação, quanto a intimação.
A citação está prevista no art. 213 do CPC, e pode ser conceituada
como sendo “o ato de dar notícia ao réu de que existe contra ele uma ação,
21
para que, se quiser, apresente sua defesa” , ou ainda, é o “ato pelo qual se
chama a juízo o réu ou o interessado a fim de se defender (art. 213 CPC)” 22, já
a intimação, pode ser conceituada como sendo “o ato pelo qual se dá ciência a
alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma
coisa (CPC, art. 234)” 23.
Justamente pelo fato de que na legislação processual trabalhista, não há
uma diferenciação entre a citação ou a intimação, denominando todas como
notificação, é que Renato Saraiva, diz:

20
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.
160;
21
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
158;
22
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr,
2008, pg. 252;
23
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr,
2008, pg. 353;
17
“Na inicial trabalhista, portanto, não há citação do
reclamado, mas notificação do mesmo, por meio de
remessa automática pelo servidor da secretaria da
Vara, dentro de 48 horas do recebimento da ação, via
postal, de cópia da petição inicial ao reclamado,
notificando-o a comparecer à audiência de julgamento
[...] 24

Mas, não há problemas quanto à denominação, pois o que importa é que


o ato alcance sua finalidade, que é de dar conhecimento a parte de que ela
esta sendo demandada em juízo.
O art. 841 da CLT descreve como deve ser feita a citação do réu, ou
seja, o escrivão ou secretário, em 48 horas após a protocolização da peça
inicial, deverá remeter uma segunda via para o réu, notificando-o, ao mesmo
tempo, da data da audiência de instrução e julgamento, sendo que, esta, só
poderá ser feita, com o intervalo mínimo de cinco dias após seja efetivada a
intimação.
Essa regra se justifica pelo fato de que, o réu apresentará sua defesa,
durante a audiência de instrução e julgamento, logo após a proposta de
conciliação, caso esta não se efetive, portanto,

“[...] da data do recebimento da notificação até a data


da realização da audiência, há necessidade de um
intervalo de pelo menos cinco dias, sob pena de
nulidade.” 25.

Sendo assim, tal regra aplica-se somente ao réu, pois o autor não
apresentará sua defesa, logo, se for intimado com menos de cinco dias para a
realização da audiência, não haverá nenhuma nulidade.
Conforme dispõe o art. 841, § 1º., as notificações serão feitas em
registro postal com franquia, portanto, a regra é, todas as notificações (citações

24
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.
160;
25
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
159;
18
e intimações) serão feitas por correio, e a exceção, também prevista neste
mesmo dispositivo legal, é de que, quando o réu não for encontrado, ou criar
embaraços ao seu recebimento, a notificação será feita por edital, porém, na
prática, os juízes mandam fazer a citação por oficial, para evitar gastos com
editais e também, para assegurar o efetivo recebimento da notificação.
Apesar de o Código de Processo Civil, determinar em seu art. 222, ‘c’
que, as pessoas de direito público, não poderão ser citadas pelo correio, a
doutrina, de forma majoritária, entendeu que no processo do trabalho esta
prerrogativa, não se aplica, pois a CLT e o Decreto-lei 779/1969 (que aplicação
de normas processuais trabalhistas à União Federal, aos Estados, Municípios,
Distrito Federal e Autarquias ou Fundações de direito público que não explorem
atividade econômica), não determinam nenhuma exceção a regra da citação
por edital.
Nesse sentido, Renato Saraiva traz um julgado:

“A 2ª. Turma do TST, em 23.11.2005, no julgamento do


RR 804543/2001.0, firmou igual entendimento, qual
seja de que a notificação das pessoas jurídicas de
direito público também deverá ser feita por via postal,
visto que a legislação específica (art. 841, § 1º., da CLT
e Dec-lei 779/69, art. 1º. II) não prevê qualquer
exceção à regra geral de notificação das partes por
registro postal nos processos trabalhistas, não
podendo o julgador ampliar o alcance da norma, sob
pena de criar desigualdade processual entre as partes
litigantes.” 26.

Caso o correio não consiga encontrar o réu, deve devolver a notificação


ao juízo que a enviou, se isso não ocorrer, por força da súmula n. 16 do TST,
presume-se que a notificação postal foi recebida e que o réu está ciente de que
está sendo demandado em juízo.

26
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.
161;
19
É possível, porém, que o correio devolva a notificação, somente após a
revelia já ter sido decretada, neste caso, “o juiz deve anular o processo a partir
da sentença, procedendo-se a nova citação, visto que não houve citação” 27.
Entretanto, não é possível que o réu requeira a nulidade da notificação,
por não ter recebido a mesma pessoalmente, pois,

“[...] a jurisprudência e a doutrina têm considerado


válida a notificação postal entregue na empresa a
empregado do reclamado, zelador ou empregado da
administração do edifício ou mesmo depositada em
caixa postal, uma vez que não há previsão legal de
pessoalidade na realização da comunicação, sendo a
notificação considerada válida com a simples entrega
do registro postal no endereço da parte” 28.

Caso o réu se encontre em alguma das situações do art. 217 do CPC,


ou seja, situações em que não são feitas a citações, ele deverá provar que
recebeu a notificação enquanto se encontrava em alguma daquelas situações e
requerer a nulidade do referido procedimento.
Dificilmente haverá a notificação pelo oficial de justiça, entretanto, caso o
réu resida em um local não servido por correio, a citação será por oficial, e
ainda, pode-se citar como exemplo de exceção a regra, o art. 880 da CLT, que
determina a citação por oficial de justiça da fase da execução, mas, também
não precisa ser pessoal.
É preciso destacar que, no procedimento sumaríssimo, não é possível a
citação por edital, por força do disposto no art. 852-B, II da CLT, in verbis:

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no


procedimento sumaríssimo:
[...]

27
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
160;
28
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.
162;
20
II - não se fará citação por edital, incumbindo ao autor a
correta indicação do nome e endereço do reclamado;

Todavia, caso o réu encontre-se em local incerto e não sabido, o juiz


deverá converter o procedimento sumaríssimo em ordinário, e não terá outra
opção, a não ser, fazer a intimação por edital.
Acerca da comunicação dos atos processuais, é possível, ainda, que
sejam feitas por cartas, que podem ser de ordem, que “é expedida se o juiz for
subordinado ao tribunal de que ela emanar” 29, rogatória, que é a “comunicação
30
processual dirigida à autoridade judiciária estrangeira” , e por fim, precatória,
que “é expedida nos demais casos, principalmente quando a prova deva ser
feita fora da jurisdição do juízo, como no caso de oitiva de testemunhas que
residem fora desta jurisdição (art. 410, II CPC) ou, até mesmo, para a
realização de prova pericial, mas também poderá ser enviada para citação do
réu” 31. Tais cartas têm caráter itinerante, ou seja, ela pode ser enviada a outros
juízo, independentemente de retorno ao juízo deprecante.
Por fim, resta mencionar que é possível a transmissão de petições
escritas por fac-símile ou afins, é o que dispõe a súmula 387 do TST, in verbis:

SUM-387 RECURSO. FAC-SÍMILE. LEI Nº. 9.800/1999


(conversão das Orientações Jurisprudenciais nº. 194
e 337 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e
25.04.2005
I - A Lei nº. 9.800/1999 é aplicável somente a recursos
interpostos após o início de sua vigência. (ex-OJ nº. 194
da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)
II - A contagem do qüinqüídio para apresentação dos
originais de recurso interposto por intermédio de fac-
símile começa a fluir do dia subseqüente ao término do
prazo recursal, nos termos do art. 2º da Lei nº.
29
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
161;
30
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
161;
31
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
161;
21
9.800/1999, e não do dia seguinte à interposição do
recurso, se esta se deu antes do termo final do prazo.
(ex-OJ nº. 337 da SBDI-1 - primeira parte - DJ
04.05.2004)
III - Não se tratando a juntada dos originais de ato que
dependa de notificação, pois a parte, ao interpor o
recurso, já tem ciência de seu ônus processual, não se
aplica a regra do art. 184 do CPC quanto ao "dies a quo",
podendo coincidir com sábado, domingo ou feriado. (ex-
OJ nº. 337 da SBDI-1 - "in fine" - DJ 04.05.2004) 32.

3. TERMOS PROCESSUAIS

Pode-se dizer, que são as reproduções gráficas dos atos processuais,


ou ainda:

“É a redução a escrito de certos atos processuais


praticados nos autos de um processo (ex: termo da ata
da audiência, termo da ata onde é realizado o
julgamento do processo, etc.) 33

Ou, ainda, para Tostes Malta, “termo processual tanto pode ser o início e
o fim de um prazo como o registro gráfico de um ato processual constante dos
autos” 34.
A CLT dispôs em três artigos (art. 771, 772 e 773 CLT) sobre o assunto,
de forma muito vaga, sendo, perfeitamente aplicáveis os arts. 166 a 171 do
CPC, portanto, ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão a
autuará, mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os
nomes das partes e a data do seu início; e procederá do mesmo modo quanto

32
Site: http://www.tst.jus.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da consulta: 6.10.2009;
33
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
150;
34
MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008,
pg. 80;
22
aos volumes que se forem formando, também numerará e rubricará todas as
folhas dos autos.
Conforme a regra da CLT, os termos processuais poderão ser escritos a
tinta, datilografados ou a carimbo, e assinados pelas partes interessadas (art.
771 e 772 CLT), caso as partes não possam assinar, por motivo justificado,
serão firmados a rogo, na presença de duas testemunhas, sempre que não
houver procurador legalmente constituído.
Por fim, é preciso mencionar que, não é admitido nos termos, espaços
em branco, bem como entrelinhas, emendas ou rasuras, salvo se aqueles
forem inutilizados e estas expressamente ressalvadas, tal regra é extraída do
art. 171 do CPC.

4. PRAZOS PROCESSUAIS

4.1. Conceito

É possível retirar da doutrina tal conceituação, para Carlos Henrique


Bezerra Leite, “o prazo processual [...] corresponde ao lapso de tempo para
prática ou abstinência do ato processual” 35, já para Sergio Pinto Martins, prazo
36
“é o período em que o ato processual deve ser praticado” , e por fim, para
Tostes Malta, “prazo é o tempo durante o qual um ato processual pode ser
praticado ou o período entre dado acontecimento e o instante final em que se
admite a prática de um ato processual” 37.
Sendo assim, conclui-se que o prazo é o tempo em que o ato processual
pode ser praticado, caso não seja praticado durante este lapso temporal, pode
acarretar, ou não, consequências para a parte.
É de suma importância a existência dos prazos, neste mesmo sentido, é
o entendimento de Amauri Mascaro Nascimento:

35
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr,
2008, pg. 356;
36
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
150;
37
MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São Paulo: Ltr, 2008,
pg. 82;
23
“A fixação de prazos é necessária como condição de
desenvolvimento do processo. Sem a rígida
determinação de prazos, o processo poderia ser
comprometido pela inércia das pessoas que nele
figuram. Assim, os prazos resultam da exigência
própria do processo, que é um movimento traçado para
o futuro. A inexistência de prazos traria, como
conseqüência, a impossibilidade de andamento do
processo.” 38

4.2. Classificação:

A doutrina, de forma majoritária, classifica os prazos, quanto à origem da


fixação, à natureza e aos destinatários.
Portanto, quanto a à origem da fixação, os prazos podem ser legais,
judiciais, e convencionais.
Serão legais, quando estiverem estabelecidos pela própria lei, “como o
prazo para apresentação de recurso, o prazo para o executado pagar ou
garantir a execução (48 horas – art. 880 da CLT)” 39.
Os judiciais, são aqueles fixados pelo juiz. Já os convencionais, são os
acordados entre as partes, “como a possibilidade de suspensão do processo
para tentativa de conciliação (art. 265, II, do CPC)” 40.
Quanto à natureza, os prazos classificam-se em dilatórios e
peremptórios.
Dilatórios, são os prazos que admitem prorrogação pelo juiz, a
requerimento da parte.
Peremptório, é o prazo improrrogável, que decorrem de normas
imperativas de ordem pública, tal regra, vem determina no art. 182 do CPC,
que segue:

38
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2007, pg. 441;
39
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.
175;
40
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007, pg.
175;
24
Art. 182. É defeso às partes, ainda que todas estejam
de acordo, reduzir ou prorrogar os prazos
peremptórios. O juiz poderá, nas comarcas onde for
difícil o transporte, prorrogar quaisquer prazos, mas
nunca por mais de 60 (sessenta) dias.
Parágrafo único. Em caso de calamidade pública,
poderá ser excedido o limite previsto neste artigo para
a prorrogação de prazos.

Portanto, somente nos casos do parágrafo único do art. 182 do CPC,


acima transcrito, é que poderá, um prazo peremptório, ser dilatado.
É de extrema importância, ressaltar que, normalmente, os prazos
judiciais e convencionais, são dilatórios, e os prazos legais, são peremptórios.
Por fim, quanto aos destinatários, os prazos podem ser próprios ou
impróprios.
São próprios aqueles que se destinam as partes, e, acarretam
consequências processuais, caso não seja cumprido, sendo portanto, um ônus
processual.
Os impróprios, são os prazos que os juizes e servidores do poder
judiciário tem para realizar os atos processuais, não estão sujeitos a
consequências processuais, entretanto, se não cumprirem o prazo
estabelecido, sem um motivo justo, estão sujeitos as sanções disciplinares.
Salienta-se que, os prazos ainda podem ser comuns, quando corre para
ambas as partes, ou particulares, quando o prazo corre somente para uma das
partes.
Nos casos de prazo comum, é possível que uma das partes, agindo de
má-fé, retire do cartório os autos, devolvendo-o somente após o transcurso do
prazo, neste caso, o juiz devolverá o prazo a parte prejudicada, conforme
dispõe o art._180 do CPC, in verbis:

Art. 180. Suspende-se também o curso do prazo por


obstáculo criado pela parte ou ocorrendo qualquer das
hipóteses do art. 265, I e III; casos em que o prazo será

25
restituído por tempo igual ao que faltava para a sua
complementação.

4.3. Contagem dos prazos:

Os prazos processuais, na esfera do processo do trabalho, seguem as


regras previstas nos arts. 774 e 775 da CLT.
Sendo assim, os prazos contam-se a partir da data em que for feita
pessoalmente, ou recebida a notificação, ou do dia em que for publicado o
edital no jornal oficial, ou, ainda, daquela em que for afixado o edital na sede da
Vara, Juízo ou Tribunal.
Lembrando que, a contagem deve ser feita excluindo o dia do início e
incluindo o dia do término, de acordo com o estabelecido no art. 755 da CLT, in
verbis:

Art. 775 - Os prazos estabelecidos neste Título contam-


se com exclusão do dia do começo e inclusão do dia
do vencimento, e são contínuos e irreleváveis,
podendo, entretanto, ser prorrogados pelo tempo
estritamente necessário pelo juiz ou tribunal, ou em
virtude de força maior, devidamente comprovada.
Parágrafo único - Os prazos que se vencerem em
sábado, domingo ou dia feriado, terminarão no primeiro
dia útil seguinte.

Assim, o prazo inicia com o recebimento da notificação pelo réu, mas a


contagem do prazo inicia somente, no primeiro dia útil após o início do prazo,
caso o termo final do prazo, seja um dia em que não há expediente forense,
aplica-se a regra do parágrafo único do art. 775 da CLT, ou seja, estende-se
até o primeiro dia útil seguinte.
Caso a notificação seja feita por meio de mandado, pois foi impossível
fazê-lo pela via postal, há certa divergência na doutrina, quanto a data em que
começará a contagem dos prazos, mas Sergio Pinto Martins, entende que:

26
“[...] alguns autores entendem que seria aplicável o
inciso I do art. 241, do CPC, contando-se o prazo a
partir de juntada aos autos do mandado devidamente
cumprido. Inexiste, porém, omissão para se utilizar o
CPC. O art. 774 declara que os prazos são contados a
partir da data em que for feita pessoalmente ou
recebida a notificação. Se a intimação for feita pelo
oficial de justiça, em audiência, ou o advogado tomar
ciência no balcão da Vara, a parte será considerada
intimada no momento da ciência” 41

Acerca deste tema, o Tribunal Superior do Trabalho já editou algumas


súmulas, vejamos:

“SUM-1 PRAZO JUDICIAL (mantida) – Res.


121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. Quando a intimação
tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com efeito de
intimação for feita nesse dia, o prazo judicial será
contado da segunda-feira imediata, inclusive, salvo se
não houver expediente, caso em que fluirá no dia útil
que se seguir.” 42
E ainda:

“SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU


INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº. 209 da
SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - Intimada ou notificada a parte no sábado, o início do
prazo se dará no primeiro dia útil imediato e a
contagem, no subseqüente. (ex-Súmula nº. 262 - Res.
10/1986, DJ 31.10.1986);

41
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
152
42
Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;
27
II – [...].” 43

“SUM-385 FERIADO LOCAL. AUSÊNCIA DE


EXPEDIENTE FORENSE. PRAZO RECURSAL.
PRORROGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. NECESSIDADE
(conversão da Orientação Jurisprudencial nº. 161
da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
Cabe à parte comprovar, quando da interposição do
recurso, a existência de feriado local ou de dia útil em
que não haja expediente forense, que justifique a
prorrogação do prazo recursal. (ex-OJ nº. 161 da SBDI-
1 - inserida em 26.03.1999)” 44.

Neste mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a súmula 310,


in verbis:

“Súmula 310: quando a intimação tiver lugar na sexta-


feira, ou a publicação com efeito de intimação for feita
nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda-feira
imediata, salvo se não houver expediente, caso em que
começará no primeiro dia útil que se seguir.” 45.

Convém mencionar, que os prazos, conforme estabelecido pelo art. 775


da CLT, são contínuos e irreleváveis, somente podendo ser prorrogados em
virtude de força maior devidamente comprovada.
Porém, há divergência na doutrina acerca da continuidade dos prazos
durante o recesso da Justiça do Trabalho, que, de acordo com a Lei nº.
5.010/66, é o período compreendido entre 20 de dezembro a 6 de janeiro.
Para alguns, o recesso é considerado feriado, sendo aplicado, portanto,
a regra do art. 178 do CPC, ou seja, não suspende o prazo, esse é o
entendimento de Sergio Pinto Marins, que segue:

43
Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;
44
Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;
45
Site:http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=310.NUME.
%20NAO%20S.FLSV.&base=baseSumulas, data da pesquisa: 7.10.2009;
28
“A lei nº. 5.010, em seu art. 62, é clara no sentido de
que o período compreendido entre 20 de dezembro e 6
de janeiro é contado como feriado. Aplica-se, por
conseguinte, o art. 178 do CPC e não o art. 179 do
mesmo código. Não há suspensão do prazo para o
recurso no período de 20 de dezembro a 6 de janeiro,
até porque os prazos são contínuos e irreleváveis (art.
775 da CLT)” 46.

Ocorre que, a corrente majoritária, encabeçada pelo Tribunal Superior


do Trabalho, firmou o entendimento de que o recesso forense (20/12 a 6/01)
suspense a contagem do prazo processual, pois a situação se equipara às
férias dos juízes, nesse sentido, o TST editou a súmula 262, que segue:

“SUM-262 PRAZO JUDICIAL. NOTIFICAÇÃO OU


INTIMAÇÃO EM SÁBADO. RECESSO FORENSE
(incorporada a Orientação Jurisprudencial nº. 209 da
SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I – [...];
II - O recesso forense e as férias coletivas dos
Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (art. 177, §
1º, do RITST) suspendem os prazos recursais. (ex-OJ
nº. 209 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)” 47.

Portanto, durante o recesso forense, suspendem-se todos os prazos,


“não se iniciando, correndo ou vencendo qualquer prazo” 48.
Sabe-se que a Constituição Federal aboliu as férias coletivas, sendo,
agora, obrigatória a presença de juízes de plantão, quando não houver

46
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
153;
47
Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 7.10.2009;
48
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2007,
pg.180;
29
expediente forense normal, porém, a constituição não aboliu o recesso forense,
permanecendo em vigor a Lei nº. 5.010/66.
Por fim, é preciso destacar que, na justiça do trabalho, não se aplica a
regra constante do art. 191 do CPC, que determina que os litisconsortes com
advogados diferentes, terão prazos em dobro, isso se justifica pela aplicação
do princípio da celeridade processual.

4.4. Suspensão e interrupção dos prazos:

A Consolidação das Leis do Trabalho, não regula expressamente esta


matéria, sendo necessária a aplicação do Código de Processo Civil.
Suspensão ocorre “quando se paralisa a contagem do prazo processo.
Cessada a causa suspensiva, recomeça-se a contagem do prazo, isto é,
retoma-se a contagem do prazo no estado em que parou” 49, já na interrupção,
“o prazo também se reinicia quando cessada a causa interruptiva, mas o prazo
é devolvido integralmente à parte interessada, como se ele nunca tivesse
iniciado” 50.
Por seu turno, o Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina (12ª.
Região), já decidiu:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. SUSPENSÃO DO


PRAZO RECURSAL. RECURSO APRESENTADO
TEMPESTIVAMENTE. O ato suspensivo do prazo
recursal emanado pelo Tribunal Regional do Trabalho
implica retomar o prazo pelo que remanesce a contar
do primeiro dia útil subseqüente após findo o alcance
da suspensão em delimitados dias. (Processo: Nº:
08153-2006-036-12-01-6 , Juíza Lourdes Dreyer -
Publicado no TRTSC/DOE em 03-04-2009) “51.
49
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr,
2008, pg. 361;
50
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr,
2008, pg. 361;
51
Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens
%E3o+do+prazo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=7&dt2_mes=10
&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&actio
n=Pesquisar, data da pesquisa: 7.10.2009;
30
Somente ocorre a suspensão do processo, nos casos de exceção de
suspeição e incompetência, conforme regra estabelecida pelo art. 799 da CLT.

5. SUSPENSÃO DO PROCESSO

No decorrer do processo, podem ocorrer situações em que este sofrerá


paralisações, que serão momentâneas.
Não há, na CLT, regulamentação acerca do tema, portanto, é necessário
aplicar o processo civil.
É possível, portanto, doutrinariamente, fixar alguns momentos em que a
suspensão vai ocorrer, como quando a as partes, em comum acordo
requererem ao juiz a suspensão, para tentar uma conciliação, e o juiz conceder
a suspensão, quando ocorrer a morte da parte, de seu representante ou
procurador, o mesmo ocorre quando a parte perde sua capacidade processual,
e em outras situações, em que o juiz entenda ser necessário suspender o
processo, como quando a decisão da causa depende de um pronunciamento
de outro órgão jurisdicional ou administrativo.
Quando, por exemplo, o julgamento da causa depende do retorno de
alguma carta que foi expedida no decorrer do processo, o mesmo ficará
suspenso, conforme leciona Sergio Pinto Martins:

“A carta precatória e a carta rogatória suspendem o


processo, quando a sentença de mérito depender de
julgamento de outra causa, ou da declaração da
existência ou inexistência da relação jurídica (art. 265,
IV, a, do CPC), desde que a prova nelas solicitadas
seja imprescindível. A carta precatória e a carta
rogatória, não devolvidas dentro do prazo ou
concedidas sem efeito suspensivo, poderão ser
juntadas aos autos até o julgamento final (parágrafo
único do art. 338 do CPC)” 52.

52
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
307;
31
É possível ainda, que o processo seja suspenso por decorrência de
força maior, “que tem que ser entendida como todo acontecimento inevitável e
imprevisível, para o qual a parte não concorreu, direta ou indiretamente (art.
501 da CLT)” 53
Entretanto, a suspensão nunca vai ocorrer, se ela for de alguma forma,
capaz de prejudicar o trabalhador, ou a terceiros de boa-fé, nesse sentido, o
Tribunal Regional de Trabalho da 12ª. Região já decidiu:

“SUSPENSÃO DO PROCESSO. LIMITAÇÃO. Ainda


que as partes possam requerer a suspensão do
processo por até 6 meses (art. 265, 3o, do CPC), o juiz
pode indeferir a suspensão ou limitá-la, se houver
prejuízos a terceiros. No caso dos autos, embora as
partes tenham requerido a suspensão por um
semestre, havia pendência de expedição de carta de
arrematação, de forma que a suspensão por seis
meses traria prejuízos a terceiros, impondo-se ao juiz
evitá-los. Prudente assim a limitação do trâmite por
apenas 10 (dez) dias, o que se confirmou pelo decurso
de lapso de vários meses, sem que o propalado acordo
tenha sido noticiado. (Processo: Nº. 01740-2007-055-
12-00-0, Juiz José Ernesto Manzi - Publicado no
TRTSC/DOE em 15-06-2009 )” 54.

O código de processo civil deixa a cargo de o juiz estabelecer um prazo


máximo para deixar o processo suspenso, no caso de convenção entre as
partes, o juiz pode deferir ou não, e é faculdade do juiz, não sendo nulo o
processo, caso o juiz indefira o prazo requerido pela parte para suspensão do
processo, no mesmo rumo, há julgados no TRT 12ª. Região, conforme o que
segue:
53
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
307;
54
Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens
%E3o+do+processo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=7&dt2_mes=
10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&act
ion=Pesquisar,data da pesquisa: 7.102009.;
32
“ART. 265, II DO CPC. SUSPENSÃO DO PROCESSO.
O art. 265, II do Código de Processo Civil assegura a
suspensão do processo quando assim convencionarem
as partes, de modo que inexiste óbice ao indeferimento
pelo Juízo do pedido de suspensão fruto de iniciativa
exclusiva de um dos litigantes. (Processo: Nº. 01938-
2007-055-12-00-4 , Juiz Gracio R. B. Petrone -
Publicado no TRTSC/DOE em 27-02-2009)” 55

Por força do princípio da instrumentalidade das formas, se forem


praticados atos processuais, durante a suspensão, eles não serão nulos se não
acarretarem nenhum prejuízo as partes, e, ainda, de acordo com o art. 266,
durante a suspensão poderá o juiz, determinar a realização de atos urgentes, a
fim de evitar dano irreparável.
O Código de Processo Civil estabelece expressamente as causas de
suspensão do processo, em seu art. 265, que dispõe:

Art. 265. Suspende-se o processo:


I - pela morte ou perda da capacidade processual de
qualquer das partes, de seu representante legal ou de
seu procurador;
II - pela convenção das partes;
III - quando for oposta exceção de incompetência do
juízo, da câmara ou do tribunal, bem como de
suspeição ou impedimento do juiz;
IV - quando a sentença de mérito:
a) depender do julgamento de outra causa, ou da
declaração da existência ou inexistência da relação
jurídica, que constitua o objeto principal de outro
processo pendente;

55
Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens
%E3o+do+processo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=7&dt2_mes=
10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&act
ion=Pesquisar,data da pesquisa: 7.10.2009;
33
b) não puder ser proferida senão depois de verificado
determinado fato, ou de produzida certa prova,
requisitada a outro juízo;
c) tiver por pressuposto o julgamento de questão de
estado, requerido como declaração incidente;
V - por motivo de força maior;
VI - nos demais casos, que este Código regula.

Entretanto, conforme entendimento de Amauri Mascaro Nascimento é:

“Inaplicável a hipótese ‘c’, porque a lei trabalhista rege os


efeitos das exceções: ‘nas causas da jurisdição da
Justiça do Trabalho, somente podem ser opostas, com
suspensão do feito, as exceções de suspeição ou
incompetência e as demais serão alegadas como matéria
de defesa (art. 799 CLT) 56.

Ocorre que, há divergência doutrinária acerca do tema, para Sergio


Pinto Martins:
“A exceção de impedimento também pode ser oposta
com a suspensão do feito, pois na época da edição da
CLT ainda não existia, pois só foi criada com o CPC de
1973. Assim, no processo do trabalho o processo fica
suspenso quando da oposição de exceção de
impedimento, suspeição ou de incompetência (art. 265,
III, do CPC)” 57.

Apesar de haver tal divergência acerca das exceções, as demais


situações previstas no art. 265 do CPC, aplicam-se inteiramente ao processo
do trabalho.

56
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:
Saraiva, 2007, pg. 446-447;
57
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009, pg.
306.
34
Por fim, resta mencionar que no procedimento sumaríssimo, não é
possível ocorrer a suspensão do processo, pois ele deve ser mais célere,
devido a seu procedimento.

6. EXTINÇÃO DO PROCESSO

6.1. Modalidades

O processo trabalhista é subsidiário ao processo civil quanto aos modos de


sua extinção (art. 769, CLT). Sabemos que o processo pode extinguir-se de
duas maneiras: com resolução do mérito, de acordo com o artigo 269 do CPC
(também conhecido como sentença definitiva); e sem resolução do mérito,
definida pelo artigo 267 do CPC (sentença essa terminativa).

O Código de Processo Civil ao elencar nos artigos 267 e 269 os casos de


extinção do processo sem e com julgamento do mérito fez essa distinção com
o objetivo de determinar o efeito das decisões. Se for com mérito, faz coisa
julgada material e não mais pode ser discutida; se for sem julgamento de
mérito, pode ser apreciada em nova ação.

Conforme o entendimento de alguns autores, os modos de extinção do


processo são a sentença, a conciliação, o reconhecimento do pedido, o
abandono da causa, a desistência, a transação. Trata-se, no entanto, salvo a
sentença, de causas da extinção do processo (isso porque a sentença só põe
fim ao primeiro grau de jurisdição, cabendo ainda recurso). A sentença e o
despacho que indefere a inicial são modos de extinção do processo. O
reclamante dá causa, por exemplo, á extinção do processo quando o
abandona. A sentença que declara extinto o processo, por exemplo, é um
modo ou forma de extinção.

6.2. Sentença

A sentença já teve seu sentido modificado ao longo de reformas


processuais. Atualmente ela é sim uma das maneiras extintivas do processo,
porém, não eterna. Entende-se como sentença como “Ato do juiz que implica
alguma das situações previstas nos artigos 267 e 269 do CPC” (art. 162 §2º do
35
CPC); ou ainda, em outras palavras, “pronunciamento do juiz que põe fim ao
primeiro grau de jurisdição”.

Evidente que o conceito não poderia ser o simples da redação original


do artigo 162 §2º do CPC, que dizia que a sentença põe fim ao processo,
porque não a faz. Da sentença proferida pelo 1º grau de jurisdição, pode caber
recurso à outra parte, tornando o processo ainda quase que infindável.

A CLT emprega o termo “decisão” em seus artigos 831, 832 e 850 ao


invés de sentença. A palavra decisão na realidade é o gênero do qual sentença
é espécie, pois decisão também pode ser um despacho proferido pelo juiz, ou
uma decisão interlocutória, não podendo ser equiparado a sentença, ainda que
decida algo nos autos. Como já dito, o processo não se extingue com a
sentença, haja vista que é possível que a parte vencida entre com recurso.

Nos dissídios coletivos, que são de competência dos tribunais, as


decisões são chamadas de sentença normativa. Entretanto, sentença é
privativa do órgão do primeiro grau, por isso talvez o nome mais correto para
decisões dos tribunais fosse apenas acórdão ou acórdão normativo.

A sentença é a peça mais importante do processo, seu dispositivo


consiste na conclusão.

Deve a sentença ser clara, concisa e precisa. O juiz deve proferir a


sentença de maneira que todos os pedidos das partes sejam solucionados, não
dando margens a dúvidas, contradições e obscuridades.

A Constituição Federal em seu artigo 93, inciso IX e o CPC no artigo


131, determinam que os julgamentos serão públicos e todas as decisões
devem ser fundamentadas sob pena de nulidade; assim, o juiz poderá apreciar
livremente as provas, atendendo os fatos e circunstâncias constantes nos
autos, ainda que não alegadas pelas partes, porém, deve o juiz indicar na
sentença os motivos que lhe formaram o convencimento.

Se o juiz se convencer que o autor e réu estão usando do processo para


praticar ato simulado ou conseguir fim vedado em lei, o juiz proferirá a
sentença que obste o objetivo das partes (129, CPC), extinguindo o processo

36
sem julgamento de mérito. Um exemplo disso no processo do trabalho, é
quando as partes fazem uma reclamação simulada, com o objetivo de
computar tempo de serviço não trabalhado pelo reclamante, para efeitos de
aposentadoria. Percebendo o juiz tal fato, deverá extinguir o processo sem
julgar o mérito.

Pela visão da CLT, atualmente, tem-se quanto à sentença que uma vez
apresentadas às razões finais e rejeitada a última tentativa de conciliação, o
juiz proferirá decisão (sentença) que deverá atender ao cumprimento da lei,
bem como ao interesse social, (segundo determina o art. 850 consolidado, que
foi derrogado pela Emenda Constitucional 24/99).

6.3. Extinção do Processo sem Resolução do Mérito

De acordo com essa modalidade de extinção do processo, o processo se


extingue sem que seja analisada a matéria, ou seja, o mérito da causa. O rol
nos parece taxativo de acordo com o art. 267 do CPC:

Art. 267. Extingue-se o processo, sem a resolução do


mérito:

I – quando o juiz indeferir a petição inicial;

II – quando ficar parado durante mais de um 1 (um)


ano por negligência das partes;

III – quando, por não promover os atos e diligências


que lhe competirem, o autor abandonar a causa por
mais de 30 ( trinta) dias.

IV – quando se verificar a ausência de pressupostos de


constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo;

V – quando o juiz acolher a alegação de perempção,


litispendência ou de coisa julgada;

37
VI – quando não concorrer qualquer das condições da
ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das
partes e o interesse processual;

VII – pela convenção de arbitragem

VIII – quando o autor desistir da ação;

IX – quando a ação for considerada intransmissível por


disposição legal;

X – quando ocorrer confusão entre o autor e réu

§ 1º - O Juiz ordenará, no caso do n. II e III, o


arquivamento dos autos, declarando a extinção do
processo, se a parte, intimada pessoalmente, não
suprir a falta em 48 ( quarenta e oito) horas.

§ 2º - No caso do parágrafo anterior, quanto ao n. II, as


partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto
ao n. III, o autor será condenado ao pagamento das
despesas e honorários de advogado ( art. 28)

§ 3º - O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e


grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença
de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e VI;
todavia, o réu que não a alegar na primeira
oportunidade em que lhe caiba falar nos autos,
responderá pelas custas de retardamento.

§ 4º - Depois de decorrido o prazo para a resposta, o


autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir
da ação.

Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do


processo não obsta a que o autor intente de novo a
ação. A petição inicial, todavia, não será despachada

38
sem a prova do pagamento ou do depósito das custas
e honorários de advogado.

Parágrafo único: Se o autor der causa, por três vezes,


á extinção do processo pelo fundamento previsto no n.
III do artigo anterior, não poderá intentar nova ação
contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe
ressalvada a, entretanto, a possibilidade de alegar em
defesa o direito.

Segundo entende Sérgio Pinto Martins, não se aplicam as hipóteses


previstas nos incisos VII, IX e X do artigo 267 do CPC; embora sejam regras de
extinção sem julgamento do mérito. Essas sentenças transitam em julgado,
porém não fazem coisa julgada material, pois não se ingressa no mérito da
controvérsia.

Destaca-se que também haverá no processo do trabalho extinção do


processo sem resolução do mérito (sentença terminativa) quando o juiz acolhe
exceção de incompetência em razão da matéria ou das pessoas e envia os
autos para o juízo competente. O processo termina na Justiça do Trabalho, o
§2º do art. 799 da CLT utiliza a palavra terminativa.

Na CLT também se observam alguns casos específicos de proferimento


de sentença terminativa, com a extinção do processo sem a resolução do
mérito da causa, como na hipótese prevista pelo art. 844 da consolidação que
determina a possibilidade do arquivamento (sentença terminativa) da
reclamação trabalhista em caso de não comparecimento do reclamante à
audiência.

Vale salientar que a sentença proferida com resolução de mérito, por


fazer coisa julgada material, impede que a matéria seja levada novamente a
juízo, ressalvado o caso de ação rescisória ajuizada no prazo de 2 anos do
trânsito em julgado da decisão proferida. Já a sentença sem resolução do
mérito não impede que a causa seja levada novamente a juízo, sendo
suficiente para tanto que sejam solucionados os vícios que levaram a extinção

39
do processo. Diante disso, é possível afirmar que essa sentença não pode ser
combatida por meio de ação rescisória.

Embora ainda o CPC em seu artigo 268 diga expressamente que, extinto
o processo sem apreciação do mérito do pedido inicial, nas hipóteses previstas
no art. 267, com exceção do n. V, a parte pode renovar a ação, essa tese nem
sempre merece prosperar, quando na primeira se examinarem questões que
não se restringem á matéria estritamente processual (como é desistência da
ação), fica dependendo de alterarem-se as condições de fato. Seria realmente
absurdo que, por exemplo, a ação fosse declarada intransmissível por
determinação legal, que a parte fosse considerada ilegítima ou despida de
interesse e que nova contenda exatamente idêntica á primeira pudesse
prosperar. Seria necessário, por exemplo, que determinados acontecimentos
fizessem surgir um interesse antes inexistente.

6.4. Extinção do Processo com Resolução do Mérito

A sentença que resolve o mérito é também denominada pela doutrina


como sentença definitiva. É um modo de extinção do processo, que é
encontrado no Código do Processo Civil no artigo 269 e incisos.

Segundo Luis Rodrigues Wambier, a lei considera sentenças de mérito


ou definitivas aquelas cujos conteúdos forem encartáveis no art. 269 do CPC.
Só podem ter lugar se presentes os pressupostos de admissibilidade de exame
do mérito, ou seja, as condições da ação e pressupostos processuais, e se
assim também não configurar alguma das hipóteses do art. 267 do CPC.

Art. 269 – Haverá resolução do mérito:

I – quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

II – quando o réu reconhecer a procedência do pedido;

III – quando as partes transigirem;

IV – quando o juiz pronunciar a decadência ou a


prescrição;
40
V – quando o autor renunciar ao direito sobre que se
funda a ação.

O inciso I é denominado pela doutrina como extinção do processo com


resolução do mérito típica, pelo fato de ocorrer na maior parte dos casos.

Embora nas hipóteses dos incisos II, III e V do art. 269, haja uma
manifestação advinda das próprias partes para se chegar à resolução do
processo, é sempre necessário o pronunciamento do órgão jurisdicional para
ocorrer a extinção, assim como nos demais casos.

Ocorre na extinção do processo com resolução do mérito uma sentença


que literalmente resolve o conflito. O juiz ingressa no mérito da questão,
acolhendo ou rejeitando o pedido do autor.

Importante destacar que as alíneas do artigo 895 da CLT fazem


referência à sentença definitiva:

Art. 895 - Cabe recurso ordinário para a instância


superior:

I - das decisões definitivas ou terminativas das Varas e


Juízos, no prazo de 8 (oito) dias; e (Incluído pela Lei nº
11.925, de 2009).
II - das decisões definitivas ou terminativas dos
Tribunais Regionais, em processos de sua
competência originária, no prazo de 8 (oito) dias, quer
nos dissídios individuais, quer nos dissídios coletivos.
(Incluído pela Lei nº 11.925, de 2009). (...)

Como já se pode notar pela leitura do próprio artigo transcrito, a


sentença não é considerada definitiva por não caber qualquer recurso, mas
sim, é definitiva porque o autor não poderá ingressar com a mesma pretensão,
como ocorreria quando o processo é extinto sem julgamento do mérito.

41
Quando ocorrer a hipótese do inciso III, do artigo 269, CPC, ou seja, se
as partes transigirem, chegando assim a um acordo, sendo homologado pelo
juízo, vale como decisão irrecorrível (art. 831 parágrafo único da CLT). Aqui há,
portanto, resolução do mérito. Porém, vale destacar o que diz a súmula 269 do
TST:

Súmula 269, TST: Termo de conciliação. Ação


Rescisória.: Só por ação rescisória é impugnável o
termo de conciliação previsto no parágrafo único do art.
831 da CLT.

Conclui-se que o rol do artigo 269 do CPC será subsidiário ao direito


processual do trabalho, utilizando-se desta forma tais hipóteses na extinção
dos processos trabalhistas.

6.5. Suspensão e Extinção da Execução

Vide itens 5.0 e 6.5.1

6.5.1. Extinção da Execução

Antes da Lei nº 8.953/94, discutia-se, no foro trabalhista, se o exeqüente


tinha a livre disponibilidade da execução e, de conseguinte, se lhe era facultado
renunciar sem prévia audiência do Estado.

Em tempo anterior a vigência da Lei nº 8.953, que acrescentou um


parágrafo ao artigo 267 do CPC, havia consenso sobre a subsidiariedade das
normas do processo de conhecimento quanto ao processo de execução.

De regra, essa complementaridade só é válida se omissa a normação do


processo executivo.

Havia e ainda há debate sobre a norma expressa permitindo ao


Exeqüente renunciar à execução, o que leva a entender que no caso do art.
267, § 4º, do CPC é inaplicável à execução.

“Art. 267. Extingue-se o processo, sem resolução de


mérito:

42
§4 - quando se verificar a ausência de pressupostos de
constituição e de desenvolvimento válido e regular do
processo;”

No artigo 569 do CPC:

“Art. 569. O credor tem a faculdade de desistir de toda


a execução ou de apenas algumas medidas
executivas.

Parágrafo único. Na desistência da execução,


observar-se-á o seguinte:

a) serão extintos os embargos que versarem apenas


sobre questões processuais, pagando o credor as
custas e os honorários advocatícios;

b) nos demais casos, a extinção dependerá da


concordância do embargante.”

A norma limita o poder do Exeqüente de desistir da ação executiva e,


retira por completo a controvérsia a propósito do verdadeiro alcance da regra
no art. 569 CPC.

Momento processual em que é viável a desistência, facultada por lei ao


credor, que nas reclamatórias é o trabalhador:

I – Desde o início da execução até a penhora dos bens


do devedor, a desistência independe da aquiescência
do devedor.

II – O mesmo na hipótese de os embargos abordarem


somente questões processuais.

III – Imprescindível à anuência do devedor se, nos


embargos, o devedor debater matéria que não seja de
índole processual atinente ao crédito ou ao título
judicial.

43
Determina o art. 794 do CPC que se extingue a execução:

“Art. 794. Extingue-se a execução quando:

I - o devedor satisfaz a obrigação;

II - o devedor obtém, por transação ou por qualquer


outro meio, a remissão total da dívida;

III - o credor renunciar ao crédito.”

Detalhando o inciso I, podemos concluir que é o que mais condiz com a


natureza e os fins do processo executivo. Onde o executado paga
voluntariamente ou coercitivamente o que deve ao exeqüente.

Considerando o inciso II, o devedor obtém, por transação ou por


qualquer outro meio, a remissão (perdão) total da dívida. A transação não
significa, de imediato, a extinção do processo executivo, se, pelo acordo, o
executado ficou de pagar o seu débito parcelado mensalmente.Inadimplente no
pagamento de uma das parcelas fica o exeqüente autorizado a executar a
parcela vencida e as vincendas.

No inciso III, percebemos que renunciar o crédito não é comum na


Justiça do Trabalho, sendo que o trabalhador na maioria das vezes no papel de
exeqüente improvavelmente venha renunciar a um crédito resultante de uma
sentença passada em julgado.

Deve ser lembrada a discutível possibilidade de aceitação válida e


conseqüente homologação da renúncia formulada, considerada a natureza do
crédito trabalhista. Segundo o art. 795 do diploma processual, a extinção da
execução somente produzirá seus efeitos através de sentença declaratória
nesse sentido.

7. CUSTAS DO PROCESSO DO TRABALHO

7.1. Conceito de Custas Processuais

44
Custas são as despesas judiciais que a parte paga para postular em
juízo em razão dos serviços prestados pelo Estado58.

Para Amauri Mascaro do Nascimento, a razão de ser das custas é a


impossibilidade do Estado assumir todos os encargos referentes à
administração da Justiça – não se confundem com honorários advocatícios,
correção monetária e etc (estes podem ser despesas processuais).

Outros doutrinadores, a expressão custas pode ser empregada tanto no


sentido amplo, compreendendo assim todas as despesas processuais previstas
em lei (custas propriamente ditas – da ação de execução, emolumentos,
honorários, gastos com diligências etc.) como em seu sentido restrito, que no
processo trabalhista corresponde a uma porcentagem calculada sobre o valor
da condenação, do pedido, e etc.

Alguns autores sustentam que as custas em sentido restrito, por estas


obedecerem a um cálculo que se vincula em regra ao valor do pedido ou do
pagamento a ser feito, seriam uma taxa judiciária.

Neste momento de nosso seminário, enfocaremos o vocábulo custas no


sentido restrito e relativamente a reclamação.

As custas tão logo se distinguem dos emolumentos, estes representam o


pagamento de despesas relativas a certos atos processuais, como publicações
e traslados de peças constantes nos autos.

Custas são as despesas com atos judiciais praticados em razão do ofício


e especificados nas tabelas das Corregedorias, compreendendo autuação,
expedição e preparo dos feitos.

Essa distinção tão logo se verifica pela mudança ocorrida com a Lei
10.537/2002, que alterou alguns dispositivos da CLT, inclusive a Seção III do
Capítulo II do Título X, que passou então a ser denominada “Das Custas e
Emolumentos”, não se fala mais apenas em custas.

58
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009.
45
Uma das mudanças ocorridas com a Lei 10.537/2002 é que antes o
artigo 789 da CLT apenas tratava das custas nos dissídios individuais, sendo
que agora tanto as trata como trata ainda dos dissídios coletivos.

Tornou-se, assim, o artigo 789 da CLT critério básico para pagamento


de custas. Faz menção também às custas nos procedimentos de competência
da Justiça do Trabalho, como inquérito para apurar falta grave, consignação
em pagamento, ação rescisória, mandado de segurança, que são considerados
procedimentos especiais. Assim, entende-se através da leitura do artigo que as
custas serão as mesmas tanto do procedimento ordinário tanto do sumaríssimo
nos dissídios individuais. Entende-se ainda que até mesmo quando a Justiça
Estadual estiver exercendo a jurisdição trabalhista, as custas são as previstas
pelo art. 789 da CLT, e não as fixadas pela tabela de lei estadual. Os
processos do art. 114 da CF, inclusive os que tratam de relações de trabalho
tem suas custas previstas pela CLT.

7.2. Cálculo

À luz do artigo 789 da CLT:

Art. 789. Nos dissídios individuais e nos dissídios


coletivos do trabalho, nas ações e procedimentos de
competência da Justiça do Trabalho, bem como nas
demandas propostas perante a Justiça Estadual, no
exercício da jurisdição trabalhista, as custas relativas
ao processo de conhecimento incidirão à base de 2%
(dois por cento), observado o mínimo de R$ 10,64 (dez
reais e sessenta e quatro centavos) e serão calculadas:
I – quando houver acordo ou condenação, sobre o
respectivo valor;
II – quando houver extinção do processo, sem
julgamento do mérito, ou julgado totalmente
improcedente o pedido, sobre o valor da causa;
III – no caso de procedência do pedido formulado
em ação declaratória e em ação constitutiva, sobre o
valor da causa;
46
IV – quando o valor for indeterminado, sobre o
que o juiz fixar.
§ 1o As custas serão pagas pelo vencido, após o
trânsito em julgado da decisão. No caso de recurso, as
custas serão pagas e comprovado o recolhimento
dentro do prazo recursal.
§ 2o Não sendo líquida a condenação, o juízo
arbitrar-lhe-á o valor e fixará o montante das custas
processuais.
§ 3o Sempre que houver acordo, se de outra forma
não for convencionado, o pagamento das custas
caberá em partes iguais aos litigantes.
§ 4o Nos dissídios coletivos, as partes vencidas
responderão solidariamente pelo pagamento das
custas, calculadas sobre o valor arbitrado na decisão,
ou pelo Presidente do Tribunal.

A antiga redação do 789, CLT trazia uma forma complicada para calcular
custas. O cálculo era efetuado em 2% sobre o valor fixado pelo juiz. A nova
redação determinou que as custas serão calculadas à base de 2% observado o
valor mínimo de R$ 10,64; que é o valor mínimo que pode ser recolhido pela
guia Darf, mesmo que o cálculo de inferior a este valor na realidade.

Não se vincula mais a base do cálculo das custas no salário mínimo, já


que a própria CF proíbe isso no art. 7º inciso IV.

Como os incisos do art. 789 da CLT são claros quanto ao modo de


cálculo das custas, seremos breves nas explicações de pormenores.

Quando houver acordo ou condenação, calcula-se sobre tal valor (inciso


I).

O inciso II, calcular-se-á o valor das custas sobre o valor da causa,


quando o processo extinguir-se sem resolução do mérito ou for rejeitado
integralmente o pedido do autor (vide 267, CPC).

47
No acolhimento da ação declaratória e ação constitutiva, serão
calculadas as custas sobre o valor da causa. Exemplo de declaratória quando o
pedido for somente o reconhecimento do vínculo de emprego. A ação
constitutiva sempre pretende criar, modificar ou extinguir uma dada relação
jurídica, como quando se pretende equiparação salarial (inciso III).

Convém aqui distinguir o pedido ilíquido (§ 2º) daquele que o valor não
foi fixado, e pode-se fazer através de cálculo.

Quando o valor não foi fixado, o juiz não possui livre arbítrio, cumprindo-
lhe desde logo efetuar necessária operação para encontrar o valor do pedido.
Como exemplo se o reclamante afirma que recebe R$ 100,00 diários e tem
direito a 30 dias de aviso prévio. O juiz não terá dificuldade em ficar o valor de
R$ 3.000,00 como condenação. Esse pedido, assim, não deve ser considerado
ilíquido, não funcionando o arbítrio do juiz.

Será ilíquido o pedido quando sua fixação exata do cálculo for


exageradamente complexa ou impossível de fazê-la no momento por depender
ainda de esclarecimentos, ou porque a questão simplesmente não pode ser
calculada em moeda, quando ocorre, por exemplo, com o trabalhador que
pretende ver retificada a sua categoria profissional anotada em sua CTPS.
Nestes casos utiliza-se o arbítrio do juiz que, qual a importância que deverá, no
término da liquidação, ser apurada. Quando não se tratar de reclamação de
pagamento de importância, uma vez que, em tese, é possível converter as
obrigações de fazer em pagamento de moeda, o juiz fixará as custas devidas
com base no critério que adotaria se tivesse realmente de realizar tal
conversão no feito.

Quando o pagamento for em moeda, pode ocorrer que na liquidação se


apure que o montante da dívida é superior a estimativa do juiz. Nessa caso a
parte vencida deverá pagar a diferença de custas resultante da divergência
entre o cálculo do juiz e o valor do débito.

As custas serão pagas pelo vencido (§ 1º). Vencido será o empregador,


ainda que o pedido seja acolhido parcialmente. O empregado somente será
vencido quando perder integralmente sua pretensão. Verifica-se neste caso, a

48
adoção do princípio da proteção. (Sérgio Pinto Martins). Segundo Tostes Malta,
quando, “empregado e empregador sendo parcialmente vencedores e
vencidos, as custas serão pagas apenas pelo empregador, sobre a parte em
que foi vencido”.

Segundo a Instrução Normativa n° 27, TST, (art. 3º § 3º) se a demanda


não envolver relação de emprego aplica-se o princípio da sucumbência
recíproca para o pagamento das custas, vejamos:

Art. 3º Aplicam-se quanto às custas as disposições da


Consolidação das Leis do Trabalho.

§ 1º As custas serão pagas pelo vencido, após o


trânsito em julgado da decisão.

§ 2º Na hipótese de interposição de recurso, as custas


deverão ser pagas e comprovado seu recolhimento no
prazo recursal (artigos 789, 789-A, 790 e 790-A da
CLT).

§ 3º Salvo nas lides decorrentes da relação de


emprego, é aplicável o princípio da sucumbência
recíproca, relativamente às custas.

Quando na forma do § 3º (789, CLT) o pagamento das custas couber em


partes iguais aos litigantes por motivo de acordo, serão as custas denominadas
pro rata, e segundo Tostes Malta, o juiz poderá liberar o empregado de sua
cota.

Desta forma, conclui-se que de acordo com o art. 789 da CLT, nos
processos de competência da Justiça do Trabalho, as custas são as previstas
na CLT. Não se aplica, portanto, o CPC ou legislação federal sobre custas.

7.3. Forma de Pagamento

Passou a prever a redação do artigo 790, caput da CLT:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito,


nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a
49
forma de pagamento das custas e emolumentos
obedecerá às instruções que serão expedidas pelo
Tribunal Superior do Trabalho.

O TST poderá estabelecer a forma de pagamento das custas e


emolumentos, mas não o valor, de acordo com instrução por ele expedida. O
valor será fixado em lei.

7.4. Competência para Fixação das Custas

As custas serão fixadas pelo juiz na própria sentença; e nos dissídios


coletivos, a competência para fixar as custas será do presidente do Tribunal
(art. 832, § 2º da CLT).

7.5. Outras Despesas Processuais

a. Honorários dos Peritos59

A sentença deverá fixar o honorário dos peritos mesmo que estes já


tenham sido pagos. É que os honorários do perito, terminado o processo,
incubem a parte vencida, e pode ocorrer que aquela que pagou não seja a que
deverá arcá-los no final. É necessário que a sentença fixe os honorários do
perito a fim de que o vencedor caso tenha-os pago possa ter uma base para o
que receberá do vencido. Pode inclusive ocorrer do perito ter recebido mais do
que o fixado pela sentença, neste caso, o vencedor só poderá cobrar do
vencido o valor dado pela sentença.

O CPC em seu art. 33 preceitua que cada parte pagará a remuneração


do assistente técnico que houver indicado (este é escolhido pelas partes, pode
ser de sua confiança, para que acompanhe a realização da perícia); a do perito
será paga pela parte que houver requerido o exame, ou pelo autor, quando
solicitado por ambas as partes, e também se for determinado de ofício pelo
juiz.

A lei quer assim nos mostrar que os honorários do perito serão


adiantados, mas no final serão pagos pelo vencido. O art. 790-B da CLT
também preceituou a matéria:
59
MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª. Ed., 2009
50
Art. 790-B. A responsabilidade pelo pagamento dos
honorários periciais é da parte sucumbente na
pretensão objeto da perícia, salvo se beneficiária de
justiça gratuita.

Importante destacar os preceitos do art. 6º, parágrafo único, da Instrução


Normativa n° 27/2005:

Art. 6º Os honorários periciais serão suportados pela


parte sucumbente na pretensão objeto da perícia, salvo
se beneficiária da justiça gratuita. Parágrafo único.
Faculta-se ao juiz, em relação à perícia, exigir depósito
prévio dos honorários, ressalvadas as lides decorrentes
da relação de emprego.

Normalmente os honorários periciais serão dados em sentença, pode


ocorrer, porém, que sejam dados através de despachos, antes ou depois da
sentença. Assim, o perito pode aguardar o despacho ou sentença que os
arbitre honorários, ou ainda, pode convencioná-los com as partes. Pode, no
entanto, o perito, requisitar que sejam arbitrados seus honorários antes da
perícia, durante esta, ou até mesmo na ocasião da entrega do laudo. Se o juiz
achar razoável a pretensão do perito, pode desde já, deferi-la, e assim notificar
a parte que deverá pagar os honorários.

Porém, pode o juiz entender que deve ouvir as partes sobre a pretensão
do perito, e assim fixará um prazo (não estipulado em lei, mas em tese, 05
dias).

Caso as partes silenciem quanto à pretensão do perito, implicará em


concordância. Podem, ainda, externarem sua oposição, desde que fundamente
esclarecendo os motivos de sua divergência através de petição.

Pode ocorrer ainda que a parte incumbida do depósito dos honorários


não esteja em situação de depositá-los, estando, mesmo, amparada pelo
benefício da justiça gratuita. Caso isso ocorra, o perito deverá (é obrigado, não
é uma faculdade) realizar a perícia independente de pagamento, sob pena de
sofrer sanções.
51
Quanto às perícias realizadas por órgão estatal, o funcionário que a
efetua nada percebe pelo seu trabalho, segundo entendimento majoritário da
doutrina.

No pagamento de honorários do assistente, a súmula 341 do TST


solucionou tal problema:

Súmula 341, TST: Perito Assistente Técnico -


Honorários - Processo Judiciário do Trabalho: A
indicação do perito assistente é faculdade da parte, a
qual deve responder pelos respectivos honorários,
ainda que vencedora no objeto da perícia.

b. Honorários do Advogado

Doutrinariamente, há divergência acerca de tal tema, havendo duas


correntes, a minoritária que entende que em caso de sucumbência, os
honorários são sempre devidos ao advogado, e fundamenta tal posição no art.
133 da CF/88, art. 20 do CPC e art. 22 da Lei 8.906/94, portanto, para estes, a
condenação em honorários advocatícios decorre da simples sucumbência.

Entretanto, a segunda corrente, majoritária, a qual é adotada pelo TST,


entende que para o advogado receber os honorários, nas lides decorrentes da
relação de emprego, a parte deve ser beneficiária da assistência judiciária e
estar assistida pelo sindicato profissional, sendo que, a condenação é limitada
a 15 % (quinze por cento), nesse sentido, o TST editou as seguintes súmulas:

“SUM-219 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. HIPÓTESE


DE CABIMENTO (incorporada a Orientação
Jurisprudencial nº. 27 da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ
22, 23 e 24.08.2005.

I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento


de honorários advocatícios, nunca superiores a 15%
(quinze por cento), não decorre pura e simplesmente da
sucumbência, devendo a parte estar assistida por
sindicato da categoria profissional e comprovar a
percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo
52
ou encontrar-se em situação econômica que não lhe
permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou
da respectiva família. (ex-Súmula nº. 219 - Res.
14/1985, DJ 26.09.1985).

II - É incabível a condenação ao pagamento de


honorários advocatícios em ação rescisória no processo
trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei
nº. 5.584/1970. (ex-OJ nº. 27 da SBDI-2 - inserida em
20.09.2000)”. 60

“SUM-329 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 133


DA CF/1988 (mantida) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e
21.11.2003.

Mesmo após a promulgação da CF/1988, permanece


válido o entendimento consubstanciado na Súmula nº.
219 do Tribunal Superior do Trabalho” 61.

Tal posicionamento encontra amparo legal na Lei 1.060/50, a qual


dispõe em seu art. 11 qual a porcentagem máxima que o juiz pode arbitrar de
honorário.

Cabe ressaltar que, segundo a Lei 5.584/70, tais honorários são


revertidos ao sindicato assistente.

Todavia, após a EC 45/2004, a competência da justiça do trabalho


aumentou, sendo esta competente para julgar todas as lides decorrentes da
relação de trabalho, e justamente por isso que, o TST editou a Instrução
Normativa nº. 27/2005, que estabeleceu, em seu art. 5º. in verbis:

“Art. 5º Exceto nas lides decorrentes da relação de


emprego, os honorários advocatícios são devidos pela
mera sucumbência” 62.

60
Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 20.10.2009;
61
Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa: 20.10.2009;
62
Site: http://www.tst.gov.br/DGCJ/instrnorm/27.htm, data da pesquisa: 20.10.2009;
53
Neste mesmo norte, o Tribunal Regional do Trabalho da 23 ª. Região já
decidiu:

“EMENTA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


PROCESSO DO TRABALHO. EMBARGOS DE
TERCEIRO. A questão dos honorários advocatícios,
sumulada pelo C. TST, não comporta grandes
discussões, cingindo-se à verificação da presença dos
requisitos previstos no Enunciado n. 219, e reforçado
pelo Enunciado n 319, independente da natureza da
ação ajuizada na Justiça do Trabalho, in casu, embargos
de terceiro” 63.

Do mesmo entendimento, compactua o Tribunal Regional do Trabalho


da 12ª. Região, o qual já decidiu:

“Ementa: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. JUSTIÇA


DO TRABALHO. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA.
REQUISITOS. Os honorários advocatícios assistenciais
somente serão devidos nos processos típicos
trabalhistas, quando preenchidos os requisitos das Leis
ns. 1050/60 e 5584/70, isto é, com a apresentação de
declaração de hipossuficiência econômica e credencial
sindical (Súmulas ns. 219 e 329 do TST). A
especificidade da matéria exclui a aplicação subsidiária
dos dispositivos da lei substancial cível (arts. 389, 402 e
404 do CC). Processo: Nº. 01748-2008-035-12-00-3 ,
Juíza Sandra Márcia Wambier - Publicado no
TRTSC/DOE em 20-08-2009” 64

Por fim, cumpre salientar que, segundo leciona Renato Saraiva:

63
Site:http://www.trt23.gov.br/acordaos/2002/Pb0254/AP010799.htm, data da pesquisa:
21.10.2009;
64
Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=honor%E1rios+advocat
%EDcios&cb_em=S&dt1_dia=21&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_dia=21&dt2_mes=10&dt2_
ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pes
quisar, data da pesquisa: 21.10.2009
54
“Caso o sindicato profissional atue na qualidade de
substituto processual, não haverá condenação em
honorários, uma vez que não são atendidos os requisitos
previstos nas Súmulas 219 e 329 do TST” 65.

7.6. Justiça Gratuita

Segundo Sérgio Pinto Martins, a justiça gratuita irá compreender a


isenção de custas e a assistência judiciária.

Preceitua o artigo 790 § 3º da CLT: “É facultado aos juízes, órgãos


julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer instância
conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça gratuita, inclusive
quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem salário igual ou
inferior ao dobro do mínimo legal, ou declararem, sob as penas da lei, que não
estão em condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do sustento
próprio ou de sua família”.

Essa alteração trazida pela Lei n° 10.537/2002 modificou o que antes se


entendia com a Lei 5.584/70; antes entendia-se que não havia faculdade, mas
obrigação na concessão da justiça gratuita, hoje é certo que fica como
faculdade do juiz, desde que atendidos os requisitos previstos em lei.

A justiça gratuita não só abrange a isenção de custas e despesas


processuais, mas também traslados, instrumentos, emolumentos e honorários
periciais.

O artigo 790 § 3º da CLT fala em justiça gratuita e não em assistência


judiciária, que é a prestada pelo sindicato, da qual falaremos posteriormente.

A lei não menciona a participação do sindicato para ser concedida a


isenção. Assim, atendidos os requisitos do § 3º do art. 790 da CLT, o juiz tem a
faculdade de conceder a justiça gratuita.

65
SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: Método, 2005, pg.
222;
55
Para que se conceda a justiça gratuita, o juiz deve se atentar a verificar
quesitos como a profissão do requerente, seu endereço (se mora em bairro de
classe alta ou baixa), se têm propriedades, declaração de imposto de renda,
além de outras despesas incorridas como medicamentos, médicos e etc. Seria,
portanto, uma presunção relativa à declaração de pobreza.

Assim o artigo supra mencionado passou a prever a possibilidade do


requerente fazer a declaração sob as penas da lei, de que não está em
condições de pagar as custas do processo sem prejuízo do seu sustento ou de
sua família.

Quem deverá fazer tal declaração é o próprio empregado, e não seu


advogado, já que este não responderá criminalmente pela declaração que fizer.

Tratando-se de empregado que não tenha obtido o benefício da justiça


gratuita, ou isenção de custas, o sindicato que houver intervindo no processo
responderá solidariamente pelo pagamento das custas devidas (790, § 1º,
CLT).

A solidariedade no pagamento de custas pelo sindicato só vai ocorrer


quando houver intervenção do sindicato no feito, como na assistência judiciária.
Quando o sindicato presta assistência judiciária, não será condenado no feito
pois não é parte na demanda, nem assistente na forma de intervenção de
terceiros. Já se o sindicato ajuíza ação como parte ou substituto processual,
em que é parte, as custas serão devidas pelo sindicato caso perder a
demanda, não se aplicando a regra da solidariedade.

Se for deferida a isenção de custas ao empregado, o sindicato não ficará


responsabilizado por elas, por estarem isentas, conforme entendimento da
Súmula 223 do STF.

Antes das alterações feitas pela lei 10.537/2002 à CLT, era exigido que
o empregado fosse sindicalizado para que pudesse obter a justiça gratuita ou
isenção das custas. Tal exigência não é mais feita, podendo, portanto, o
empregado não associado fazer jus a tal benefício.

56
Importante frisar, quanto à assistência judiciária, o que preceitua a Lei
5.584/70:

Art. 18. A assistência judiciária, nos termos da


presente lei, será prestada ao trabalhador ainda que
não seja associado do respectivo Sindicato.

A assistência judiciária na justiça do trabalho encontra-se regida pela Lei


5.584/70. Entende-se como assistência judiciária na justiça do trabalho:

Art.14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária


a que se refere a Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de
1950, será prestada pelo Sindicato da categoria
profissional a que pertencer o trabalhador.

A mesma lei, conforme já acima mencionado, não exige que o


trabalhador esteja sindicalizado para obter tal benefício.

A assistência judiciária igualmente ao que dispõe a redação do artigo


790 da CLT preceitua alguns requisitos para sua concessão:

Art. 14 (...)§ 1º A assistência é devida a todo aquele


que perceber salário igual ou inferior ao dobro do
mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao
trabalhador de maior salário, uma vez provado que sua
situação econômica não lhe permite demandar, sem
prejuízo do sustento próprio ou da família.
§ 2º A situação econômica do trabalhador será
comprovada em atestado fornecido pela autoridade
local do Ministério do Trabalho e Previdência Social,
mediante diligência sumária, que não poderá exceder
de 48 (quarenta e oito) horas.
§ 3º Não havendo no local a autoridade referida
no parágrafo anterior, o atestado deverá ser expedido
pelo Delegado de Polícia da circunscrição onde resida
o empregado.

57
Assim, entende-se que a assistência judiciária faz parte da justiça
gratuita, sendo, portanto, prestada pelo Sindicato da categoria profissional a
qual pertence o trabalhador, que será assim representado por advogado.

Existem entendimentos de constitucionalistas que dizem que o termo


assistência judiciária está erroneamente sendo empregado pela Justiça do
Trabalho, o qual deveria ser interpretado à luz do verdadeiro sentido dado pela
Lei 1.060/50. Diz-se inconstitucional por estar tornando a assistência judiciária
atividade exclusiva dos sindicatos, o que estaria dificultando o acesso ao Poder
Judiciário dos trabalhadores, outra garantia constitucional, que não desejam
serem patrocinados pelo sindicato de sua categoria, e sim por advogado
particular66.

Consoante o artigo 5.º, inciso LXXIV da Constituição Federal "é dever do


Estado prestar assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos".

Voltando-se ao foco da justiça gratuita, essa ainda compreenderá a


isenção de custas, alguns doutrinadores dizem que estas poderão ser aquelas
elencadas na própria Lei 1.060/50, artigo 3º. São elas: I – as taxa judiciárias,
selos e custas; II – emolumentos e custas devidos aos órgãos do Ministério
Público e serventuários da justiça; III – despesas com as publicações no jornal
encarregado da divulgação dos atos oficiais; IV – indenização devida a
testemunhas; V – honorários de advogado, perito e intérprete; VI – despesas
com inspeção judicial, remoção e outras análogas.

O benefício da gratuidade é ato personalíssimo, extingui-se com a morte


do beneficiário, só será concedida aos herdeiros se verificadas as mesmas
condições a que foram concedidas ao antigo beneficiário.

Será concedida a gratuidade ao estrangeiro, desde que este resida no


Brasil e tenha filho brasileiro, ou quando sua lei nacional estabelecer
reciprocidade de tratamento.

A gratuidade abrange todos os graus de jurisdição, estendendo-se à


execução da sentença.
66
José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 11ª edição, São Paulo, ed. Malheiros.
58
Quanto ao pagamento de multas, estes já não abrangerão a gratuidade.

A concessão do benefício da justiça gratuita poderá ser revogada se o


juiz vier a ter ciência de que o beneficiário da isenção está em condições de
pagar as despesas do processo porque fato superveniente à concessão da
justiça gratuita o deixou em melhor situação financeira, ou porque informações
anteriormente prestadas pelo beneficiário não eram verdadeiras. Entende-se,
assim, que serão revogadas pela inexistência ou desaparecimento das
condições necessárias a concessão.

A justiça gratuita não poderá em nenhuma hipótese ser concedida ao


empregador pessoa jurídica de direito privado, embora haja jurisprudência em
contrário.

Sérgio Pinto Martins não dá margem a concessão da gratuidade ao


empregador, mesmo que não tenha condições financeiras para arcar com o
processo. Já Tostes Malta, afirma ainda que o empregador pessoa física,
encontrando-se em estado de miserabilidade jurídica, poderá fazer jus a tal
benefício (TST, ROAR nº 33.293/2002-900-06-00-2).

O artigo 790-A da CLT preceitua que além dos beneficiários da justiça


gratuita, são isentos do pagamento de custas a União, os Estados, o Distrito
Federal, os Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas federais,
estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica, bem como o
Ministério Público do Trabalho. As pessoas jurídicas referidas no artigo, porém,
não se eximem do reembolso das despesas judiciais realizadas pela parte
vencedora.

8. VALORES DAS CUSTAS PROCESSUAIS TRABALHISTAS DADOS


PELA CLT

A própria CLT fixou valores a serem pagos e a responsabilidade do


pagamento nos casos de processo de execução, bem como, no pagamento de
emolumentos.

59
Art. 789-A. No processo de execução são devidas
custas, sempre de responsabilidade do executado e
pagas ao final, de conformidade com a seguinte tabela:
I – autos de arrematação, de adjudicação e de
remição: 5% (cinco por cento) sobre o respectivo valor,
até o máximo de R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e
quinze reais e trinta e oito centavos);
II – atos dos oficiais de justiça, por diligência
certificada:
a. em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis
centavos);
b. em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e
treze centavos);
III – agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e
quatro reais e vinte e seis centavos);
IV – agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e
quatro reais e vinte e seis centavos);
V – embargos à execução, embargos de terceiro e
embargos à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro
reais e vinte e seis centavos);
VI – recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e
cinco reais e trinta e cinco centavos);
VII – impugnação à sentença de liquidação: R$
55,35 (cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco
centavos);
VIII – despesa de armazenagem em depósito
judicial – por dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor
da avaliação;
IX – cálculos de liquidação realizados pelo
contador do juízo – sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco
décimos por cento) até o limite de R$ 638,46
(seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis
centavos).

60
Art. 789-B. Os emolumentos serão suportados
pelo Requerente, nos valores fixados na seguinte
tabela:
I – autenticação de traslado de peças mediante
cópia reprográfica apresentada pelas partes – por
folha: R$ 0,55 (cinqüenta e cinco centavos de real);
II – fotocópia de peças – por folha: R$ 0,28 (vinte
e oito centavos de real);
III – autenticação de peças – por folha: R$ 0,55
(cinqüenta e cinco centavos de real);
IV – cartas de sentença, de adjudicação, de
remição e de arrematação – por folha: R$ 0,55
(cinqüenta e cinco centavos de real);
V – certidões – por folha: R$ 5,53 (cinco reais e
cinqüenta e três centavos).

O conceito de custas e emolumentos não se confundem. Custas são as


despesas com atos judiciais praticados em razão do ofício e especificados nas
tabelas das Corregedorias, compreendendo autuação, expedição e preparo
dos feitos. E, consideram-se emolumentos as despesas com atos extrajudiciais
em razão do ofício próprio.

9. ALGUMAS QUESTÕES PROCESSUAIS REFERENTES ÀS CUSTAS


TRABALHISTAS

Importante lembrar, em sede trabalhista, as custas processuais somente


serão devidas uma única vez. Recolhidas a tempo e a modo de acordo com a
lei, não podem ser exigidas novamente.
Merece destaque na matéria trabalhista, é a inexistência de óbice legal
para que o valor das custas seja fixado individualmente no caso de
litisconsórcio ativo, quando totalmente sucumbentes os autores da ação
trabalhista.
O valor fixado das custas processuais deve ser claro e preciso. Caso a
decisão judicial não determine claramente o quantum das custas processuais

61
ou se o mesmo estiver em contradição com o montante referente à
condenação, cabe à parte prejudicada interpor embargos declaratórios a fim de
sanar a obscuridade ou a contradição.

9.1. Custas Processuais na Fase Recursal

Uma vez fixado o valor da causa e dada a decisão judicial de mérito que
decide a Reclamatória Trabalhista, as custas deverão ser calculadas no
quantum fixado pela decisão, e a parte recorrente deve ser notificada para
efetuar o preparo do recurso correspondente.

Frisa-se que a mera troca do código de recolhimento das custas


processuais não se confunde com a ausência da indicação do referido código
de recolhimento. A ausência do código de recolhimento das custas implica na
deserção do Recurso, vez que a finalidade do recolhimento das custas
processuais não foi atingida.

10.DAS NULIDADES PROCESSUAIS

10.1. Introdução

O Direito Processual em geral reconhece a necessidade e conveniência


de se adotar princípios quanto à forma dos atos processuais (ex: princípio da
instrumentalidade das formas, princípio da liberdade das formas, princípio da
convalidação e etc).
Embora se adotem princípios como o da liberdade das formas 67, é
necessário admitir a existência de certas formas para o desenvolvimento válido
do processo.
No direito Processual do Trabalho, as formas são ainda mais
simplificadas, valendo-se do princípio da oralidade e da concentração. A
maioria dos atos processuais são praticados em audiência, o que, todavia, não
quer dizer que o processo do trabalho seja informal. Ao contrário, o processo
do trabalho também possui várias formalidades, embora menos numerosas do
67
Princípio da Liberdade das Formas: enuncia que os atos processuais não dependem de forma, somente
quando a lei expressamente o determinar é que se poderá falar em anular um ato processual por falta de
forma. (vide Artigo 154, CPC).
62
que o processo civil e o processo penal, fazendo-se, desta forma, um processo
mais simples, breve, e célere possível.
Havendo violação das formas, deve haver a correspondente sanção,
uma penalidade, esta vista no direito processual como nulidade.

10.2. Conceito de Nulidade

Os atos processuais, assim como os demais atos jurídicos, podem


apresentar certos vícios que os tornem inválidos ou ineficazes. E no campo
direito processual, esses vícios em geral são decorrentes da inobservância da
forma pela qual o ato deveria ter sido regularmente realizado.
Entre os atos jurídicos processuais e o ordenamento jurídico deve existir
uma relação de conformidade. Se a declaração de vontade está harmônica
com a lei, será válida e terá aptidão para produzir os efeitos visados pelo
agente. Caso entre em atrito com a lei, será inválida (não produzirá o efeito
jurídico desejado).
A nulidade é, portanto, uma sanção determinada pela lei, que incide
sobre o ato jurídico que for contrário a forma que se estabelece pela norma
jurídica – a nulidade priva o ato jurídico de seus efeitos normais, em razão
desse descumprimento da forma dada pela norma jurídica.
Essa sanção, porém, admite graus de intensidade, podendo ser a
nulidade do ato relativa ou absoluta. Lembrando-se ainda, que existem atos
processuais que devido ao vício de forma, podem ser sanáveis ou não
sanáveis. Os sanáveis são a nulidade relativa, a anulabilidade e as
irregularidades. Os insanáveis são os atos inexistentes e a nulidade absoluta.

10.3. Nulidade Absoluta

A Nulidade absoluta compromete a execução normal da função


jurisdicional e, por isso, é vício insanável. É ditada por fins de interesse público,
de ordem pública absoluta, (tendo em vista a indisponibilidade da forma). As
partes, mesmo de acordo, não podem dispor desse interesse, já que é
determinado por normas de interesse público, sua infringência acarretará
nulidade absoluta.
63
Comprovada a ocorrência de nulidade absoluta, o ato deve ser
invalidado, podendo ser por iniciativa do próprio juiz, independente de
provocação da parte interessada, já que compromete todo o processo.
A vida do ato absolutamente nulo é aparente ou artificial, pois não é apta
a produzir a eficácia do ato jurídico processual. Perdura, exteriormente, até que
o juiz reconheça o grave defeito e o declare privado de validade.
É necessário assim, que o juiz o invalide, embora jamais possa ser
convalidado. Havendo a oportunidade para a prática eficaz do ato nulo
realizado, deverá o juiz ordenar sua repetição (249, caput do CPC).
Note-se ainda que a nulidade absoluta poderá recair tanto sobre atos
que podem ser repetidos ou supridos quanto atos os quais a repetição ou
suprimento não é permitido no processo. Pode-se suprir, por exemplo, quando
houver nulidade absoluta na citação (que pode ser suprida por nova citação ou
até pelo comparecimento espontâneo do réu), nulidade absoluta da sentença
(cassa-se a existente e profere-se outra). No entanto, não é possível a
repetição ou suprimento do ato absolutamente nulo nos casos de ilegitimidade
ativa, ofensa à coisa julgada e etc. Porém, mesmo nos casos possíveis de
suprimento, não caberá falar-se em “saneamento” da nulidade no sentido de
convalidação. Se o ato tem de ser repetido ou substituído por outro, significa
que a nulidade absoluta não tem como ser consertada, já que nos é claro que
outro ato tem de ser praticado. Por esses motivos, as nulidades absolutas
serão sempre insanáveis.
Outro exemplo bastante freqüente de nulidade absoluta é na ocorrência
de incompetência absoluta do juízo (113, CPC), que poderá ser declarado de
ofício pelo juiz.
Nas nulidades absolutas não se exige demonstração de prejuízo, pois
ele é evidente; viola norma de ordem pública absoluta. Lembrando-se ainda,
que pode ser decretada em qualquer momento do processo, e ainda como
exceção, caso não seja argüida pelo juiz, as partes poderão desta forma argúi-
la.

10.4. Nulidade Relativa

64
O defeito da nulidade relativa é muito mais leve do que o da nulidade
absoluta, pois este recai sobre interesses privados (disponíveis) do litigante.
Não pode a nulidade relativa ser declarada de ofício, depende de
argüição da parte interessada, no prazo legalmente previsto, (quando não
houver regra de prazo específico, será o prazo geral de cinco dias, 185 do
CPC), sob pena de preclusão.
Caso o legitimado não faça a argüição da nulidade no prazo e forma
previstos, o ato eivado de defeito é convalidado. Ou seja, a lei atribui-lhe
retroativamente o valor integral, sanando tacitamente o vício (artigo 245, caput
do CPC – “A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em
que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão”).
Nas lições de Sérgio Pinto Martins68: “Ocorre a nulidade relativa quando
o interesse da parte for desrespeitado e a norma descumprida tiver por base o
interesse da parte e não o interesse público, sendo o vício sanável. É uma
norma de ordem pública relativa, direcionada para a parte e não para o juiz. Se
a parte não está devidamente representada, assistida ou autorizada a nulidade
é relativa, pois pode o juiz dar prazo à parte para sanar o ato, ou sendo
repetido ou ratificado o ato já praticado, cumprindo sua finalidade. Nesse caso,
como se verifica, o interesse é da parte e não há interesse público.”

10.5. Irregularidades ou Atos Irregulares ou Mera Irregularidade

Este assunto está sendo exposto, no mais, por apenas menção, pois os
atos irregulares possuem defeito que nem mesmo em tese tem como gerar
prejuízo às partes ou terceiros, nem a Jurisdição.
São exemplos de irregularidades, o advogado que realiza sustentação
oral sem utilizar as vestes talares, regimentalmente exigidas; ou as folhas dos
autos que não foram numeradas e rubricadas (podendo ser corrigida esta
última irregularidade).

10.6. Inexistência ou Atos inexistentes

68
MARTINS, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas.
65
O ato inexistente é aquele que não reúne os mínimos requisitos de fato
para sua existência, do qual não apresenta nem mesmo aparência exterior. O
problema está na própria vida do ato, do ser ou não ser.
Exemplo de ato inexistente é de um ato praticado por um não-juiz, que
ocorreria na sentença assinada por um oficial de justiça.
Com relação ao ato juridicamente inexistente, não se pode sequer falar
de ato viciado, pois há apenas um simples fato, que será irrelevante para a
ordem jurídica. Este ato carece de elemento material necessário à sua
configuração jurídica.
O artigo 37, parágrafo único do CPC dispõe que serão considerados
inexistentes os atos não ratificados em 15 dias, se o juiz der à parte prazo para
regularizar procuração nos autos. Não regularizada a procuração, a sanção
que se impõe é a inexistência dos atos praticados a partir de certo momento.
O ato que for inexistente nunca poderá ser convalidado, e não necessita
nem mesmo ser invalidado.

11.ANULABILIDADE

Quando tratamos da anulabilidade, as coisas se complicam um pouco.


Isso porque alguns autores não mencionam a anulabilidade, e a tratam
igualmente a “nulidade relativa”, outros a tratam, mencionando aspectos quase
iguais com a nulidade relativa.
Isso porque a anulabilidade também é um vício sanável, realmente os
autores que a tratam as conceituam muito aproximadamente com a nulidade
relativa.
Devemos lembrar que o direito civil comum trata com diferença os atos
nulos e os anuláveis, principalmente quanto a seus efeitos. Mas aqui trata-se
de uma carreira processual, diferente do direito material.
Sérgio Pinto Martins69 admite tanto os atos relativamente nulos, quanto
os atos anuláveis, já Christovão Piragibe Tostes Malta, diz até mesmo que “não
existem atos relativamente nulos em nosso direito processual”.

69
MARTINS, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas
66
O importante para que se saiba neste caso, não são as discussões
doutrinárias levantadas, pois não podemos ignorar que existem os atos
relativamente nulos, bem mesmo atos anuláveis.
Ficaremos com o seguinte propósito: tanto os atos anuláveis quanto os
relativamente nulos são sanáveis (Sérgio Pinto Martins, Direito Processual do
Trabalho, 29ª edição, 2009).
A anulabilidade segundo Sérgio Pinto Martins é o vício decorrente de
violação de norma dispositiva, e só pode ser anulado por provocação do
interessado. O juiz também não poderá como na nulidade relativa de ofício
mandar suprir ou repetir o ato, por estar na esfera de disposição da parte.
Tostes Malta em seu posicionamento: “(...) são atos anuláveis os que
contêm vícios que não impedem que surtam os efeitos a que visam, podendo
tais efeitos ser eliminados por iniciativa do interessado seguindo os tramites
legais. Atos relativamente nulos são os que contêm vícios que impedem os
efeitos a que visam, admitindo-se, no entanto, que tais vícios sejam
eliminados”.
Para efeitos de distinção, acredito que o conceito dado pelo jurista
Tostes Malta tenha ficado mais adequado, já que mais claro. No entanto, Toste
Malta, preceitua que os atos nulos em geral não são sanáveis. Daí há de se
concordar com Sérgio Pinto Martins que diz que não são sanáveis os atos
absolutamente nulos, e sanáveis os relativamente.

12.NULIDADES NO PROCESSO DO TRABALHO

A lei é o principal alicerce para qualquer resposta de alcance prático. Em


matéria de direito processual trabalhista, consultar-se-á o disposto na CLT,
recorrendo-se subsidiariamente ao CPC e especialmente tendo-se em vista os
princípios gerais de nulidade e anulabilidade do Código Civil.
Iniciaremos o assunto diretamente com os artigos sobre nulidade da
CLT, que se encontram a partir do 794 ao 798 da CLT.

12.1. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo – Artigo 794, CLT

67
Preceitua o artigo 794 da CLT: “Nos processos sujeitos à apreciação da
Justiça do Trabalho só haverá nulidade quando resultar dos atos inquinados
manifesto prejuízo às partes litigantes”. Paralelamente, o CPC também tratou
da matéria em seu artigo 249 §2º, ao dizer que “quando o juiz puder decidir o
mérito a favor da parte a quem aproveitaria a declaração de nulidade, não a
pronunciará, nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta”.
Este artigo quer dizer que só haverá nulidade se houve prejuízo às
partes. Este prejuízo é processual, pertinente à defesa da parte, e não qualquer
outro.
O princípio do prejuízo diz respeito apenas aos atos anuláveis; pois a
ineficácia dos atos nulos é declarada ainda que dela não resulte dano a
qualquer dos interessados. Essa a solução adotada pela jurisprudência
trabalhista e que condiz com o conceito de ato nulo, que pela gravidade do
vício que possui, não pode surtir efeitos jurídicos.
Um bom exemplo para explicar o artigo é quanto à citação. A citação é
pressuposto para a validade do processo, torna o juízo prevento, induz
litispendência e faz litigiosa a coisa (219 do CPC). Se, digamos, ocorre algum
vício na citação, e ela não é realizada da forma correta, no entanto, se a parte
comparece espontaneamente à audiência, apresentando defesa, não há que
se falar de nulidade da citação.
Da mesma forma, não haverá nulidade se o juiz puder decidir o mérito
da questão em favor da parte a quem aproveite a declaração de nulidade (249
§ 2º do CPC). Nesse caso, não há prejuízo à parte, pois conseguiu obter o
acolhimento de sua pretensão em juízo, apesar de, por exemplo, não ter-se
realizado a oitiva de uma testemunha arrolada por essa parte, que inquinou o
ato de nulo, por cerceamento de defesa.
Vide também 249 §§ 1º e 2º, 250 caput, ambos do CPC; e 794 CLT.

12.2. Princípio da Convalidação – Artigo 795, CLT

Na transcrição do caput do artigo 795, CLT: “As nulidades não serão


declaradas senão mediante provocação das partes, as quais deverão argüi-las
à primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”.

68
Este artigo trata do momento em que deve ser argüida a nulidade.
Tratou o legislador nesse caso da nulidade relativa, ou também, na opinião de
Tostes Malta, das anulabilidades.
A primeira vez que a parte tiver de falar, alegará a nulidade sob pena de
preclusão. O CPC trata da matéria de maneira muito semelhante, o legislador
evita desta forma não só o esforço inútil dos atos que mais tarde seriam
anulados como, principalmente, a procura de irregularidades insinceras com a
finalidade de atacar a sentença que contraria a pretensão da parte; a reação
desta deve ser imediata ao conhecimento do ato que lhe parece ilegal e
prejudicial, sem aguardar momentos especiais ou específicos70.
Caso não seja argüida esta nulidade pela parte à primeira vez que tiver
que falar nos autos ou na audiência, ocorrerá a convalidação do ato nulo.
Não seria o caso de se interromper a audiência que estiver se realizando
para se alegar a nulidade, normalmente as partes fazem consignar na ata de
audiência, quando o ato está ocorrendo nesta, seus protestos, para que assim
não se opere a preclusão. Porém muitas vezes tais protestos são irrelevantes
por serem infundados.

12.2.2. Artigo 795, § 1º, CLT

Na transcrição do § 1º do artigo 795 da CLT: “Deverá, entretanto, ser


declarada ex officio a nulidade fundada em incompetência de foro. Nesse caso,
serão considerados nulos os atos decisórios”.
A incompetência que trata este artigo é a absoluta e não a relativa,
embora o texto do legislador a primeira vista nos parece confuso.
Não se refere à competência territorial, mas à incompetência em razão
de matéria, no sentido menos técnico de “foro criminal”, “foro cível” e “foro
eleitoral”. De outra forma se concluiria que o legislador apenas entende
improrrogável justamente a competência que se prorroga naturalmente (a
local) e não as outras que são mais graves (material, funcional etc). Assim o
silêncio das partes, quanto a incompetência territorial fixa o juízo certo, que

70
CARRION, Valentin – Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho, página 613, 33ª ed. – 2008,
Editora Saraiva.
69
poderia ser incompetente inicialmente. (TRT/SP, CJ 6.824/85, Valentin Carrion,
4ª G).
O que quer dizer, é que se uma lide trabalhista for parar em uma Vara
Cível, esta será incompetente absolutamente para julgar a causa, e deve ser
declarado de ofício.
Porém, pode haver a prorrogação de competência de uma Vara do
Trabalho que era incompetente, por se tratar de incompetência relativa,
prorrogável. O réu deve, argüir na audiência onde é apresentada a
contestação, sob pena de não ser mais possível fazê-lo, tornando-se
competente a Vara que era incompetente.

12.2.3. Artigo 795 § 2º, CLT

“O juiz ou Tribunal que se julgar incompetente determinará, na mesma


ocasião, que se faça remessa do processo, com urgência, à autoridade
competente, fundamentando sua decisão”.
Quando se tratar de incompetência em razão de matéria, das pessoas
ou do lugar, por exemplo: “a Justiça do Trabalho examinar relações envolvendo
funcionários públicos e a Administração Pública o Juiz ou Tribunal, determinará
a remessa dos autos à autoridade competente, fundamentando sua decisão”.
Partindo-se do Princípio de que toda decisão deve ser fundamentada
(art. 93 inciso IX, da CF), a decisão deverá indicar os motivos pelos quais o juiz
se julga incompetente71.

12.2.4. Artigo 796, CLT

“A nulidade não será pronunciada: a) quando for possível suprir-se a


falta ou repetir-se o ato; b) quando argüida por quem lhe tiver dado causa”.
A alínea “a” adota os princípios de aproveitamento da parte válida do ato
e da economia processual. O CPC também preceitua a matéria em
conformidade com a CLT no artigo 249, parágrafos.
Sérgio Pinto Martins nos traz bons exemplos em tratando-se de direito
processual do trabalho, como quando “o juiz poderá ordenar que a empresa
71
O mesmo se observa no artigo 131 do CPC.
70
junte seu contrato social, no prazo que assinar, sob pena de declarar nulidade
do ato praticado em audiência e, em conseqüência revelia da empresa”, ou
ainda, “o menor de 18 anos supre sua incapacidade, trazendo na próxima
audiência o responsável legal para assisti-lo em juízo”. Não o fazendo, o juiz
decretará a nulidade do processo (art. 13, I, CPC).
A nulidade não deve ser pronunciada quando argüida pela parte que lhe
tiver dado causa. Parte-se do princípio de que ninguém pode se beneficiar de
sua própria torpeza. Importante relembrar que trata-se no caso das
anulabilidades e nulidades relativas, pois as nulidades absolutas devem ser
declaradas de ofício.
Tostes Malta, em sua obra “Prática do Processo Trabalhista”72 faz uma
crítica a questão: “Quem reclama perante juízo absolutamente incompetente,
por exemplo, não fica impedido de sustentar a nulidade da sentença que vier a
ser proferida. Na prática, esse entendimento não deve prevalecer, eis que as
partes não podem se beneficiar de sua própria irregularidade”.

12.2.5. Extensão da Nulidade - Artigos 797 e 798 ambos da


CLT

“O juiz ou Tribunal que pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela


se estende” (CLT, 797).
“A nulidade do ato não prejudicará senão os posteriores que dele
dependam ou sejam conseqüência” (CLT, 798).
Tanto a CLT artigo 797 como o CPC artigo 249, determinam que o juiz,
ao declarar a nulidade, diga os atos a que se estende. Se o juiz não o fizer,
aplicar-se-á a regra da CLT 798, segundo o qual a nulidade do ato só atingirá
os atos posteriores ao nulo e que do mesmo sejam conseqüência.
Utiliza-se aqui o Princípio da Utilidade, aproveitando-se os atos válidos
praticados no processo desde que sejam posteriores ao ato nulo (ou anulado)
ou que dele não sejam conseqüência. Atos independentes do tido por nulo
serão aproveitados, e considerados válidos. Deve, portanto, existir “nexo de

72
MALTA, Christovão Piragibe Tostes – Prática do Processo Trabalhista , página 113, 35ª ed., 2008 -
Editora Lt – São Paulo.
71
causalidade” entre o ato que foi dado como nulo e o subseqüente para a
nulidade do segundo ato processual.
Coerentemente com essa regra, o CPC preceitua que não se proclama a
nulidade quando, embora não obedecida a forma da lei, o ato atingiu a sua
finalidade. Porém, essa regra é apenas aos atos relativamente nulos e
anuláveis.

12.3. Regras Para o Pronunciamento das Nulidades

No processo que estiver na fase até a sentença, as nulidades serão


pronunciadas pelo juiz.
Já na fase recursal, serão as nulidades pronunciadas pelo tribunal ou
pela turma, se houver provocação das partes nesse sentido, ou se tratar de
norma de ordem pública a ser observada. Aqui também caberá o suprimento
do ato, podendo o relator supri-lo evitando a declaração de nulidade, como
quando determina à parte contrária apresentar suas contra-razões ao recurso,
que não foram oferecidas por falta de intimação. Na fase da execução, as
nulidades serão declaradas pelo juiz.
O juiz ainda pode de ofício, determinar a nulidade da citação, quando se
verificar que esta não chegou a ser realizada, mesmo que já tenha sido
proferida sentença à revelia da empresa. Desta forma, ao verificar o juiz que a
citação não ocorreu, pode e deve anular todo o processo a partir da sentença,
determinando nova citação da empresa, iniciando-se novamente o processo.
Não é necessário, porém, que se anule a sentença que julga fora ou
além do pedido, pois podem ser aproveitados os atos válidos verificados pela
sentença, por questão de economia processual. Exclui-se neste caso, apenas o
que julgou fora ou além do pedido. Já a sentença que julgou infra petita deve
ser anulada para que se profira outra, pois não apreciou integralmente os
pedidos das partes, não havendo como aproveitar a parte em que se apreciou
o pedido do autor.

12.4. Princípios das Nulidades Processuais no Direito do Trabalho

72
Esses princípios vêm do processo em geral, e representam uma “teoria
geral das nulidades processuais”.
Narraremos agora apenas os principais, para efeitos de
complementação de conhecimento e melhor entendimento das nulidades.

12.4.1. Princípio da Legalidade

As nulidades dependerão do que estiver previsto em lei para que sejam


observadas as formas nela previstas. Isso quer dizer, que, apenas havendo
previsão de forma, pode-se falar em nulidade. Violadas as formas, a lei irá
determinar a penalidade para a sua não observância. Podemos lembrar que o
processo será nulo quando o Ministério Público não for intimado a acompanhar
o feito em que deveria intervir, sendo que o juiz deverá anular o processo a
partir do momento em que o órgão deveria ter sito intimado (246, CPC). A
nulidade, no entanto, não vem dele participar do processo, e sim dele não ter
sido devidamente intimado.

12.4.2. Princípio da Instrumentalidade das Formas ou da Finalidade

Muitos doutrinadores o consideram um dos principais princípios para a


questão das nulidades processuais. O ato processual deve observar as formas,
porém, se de outro modo o ato atingir sua finalidade, haverá a validade do ato
praticado.
Se por exemplo, o réu não foi citado, e compareceu à audiência, na qual
apresentou inclusive defesa, o comparecimento espontâneo do réu supriu a
citação, pois mesmo que ocorrido de outra forma, atingiu a sua finalidade, e
não há porque se decretar a nulidade. (Vide 244, CPC)

12.4.3. Princípio da Economia Processual

Dentro das nulidades processuais, ele encaixa-se em vários aspectos.


Podemos citar o da convalidação dos atos, o do aproveitamento dos atos não
atingidos pela nulidade de outro, a não repetição de atos quando não prejudica
a parte etc.
73
Pode-se ainda analisar a economia processual dentro de quatro
aspectos: economia de tempo, economia de custas, economia de atos e
eficiência da administração judiciária.
A não observância da forma legal anula apenas os atos que não possam
ser aproveitados, desde que não resulte prejuízo a parte (113, § 2º do CPC,
248 segunda parte e 249 e § 1º ambos do CPC).

12.4.4. Princípio do Aproveitamento da Parte Válida do Ato

Não se anula todo o processado se houver a possibilidade de se


aproveitar um ato válido praticado no processo. Pode-se chamá-lo também de
Princípio da Utilidade73.
Por esse princípio a nulidade de uma parte do ato não prejudicará as
outras que dela sejam independentes.
Ligado inclusive a economia processual. Anula-se parte do processo, e
não o todo (artigos 248, CPC e 797 e 798 da CLT).

12.4.5. Princípio do Interesse de Agir

A parte prejudicada é quem deve argüir a nulidade. Não haverá nulidade


se a parte não argüir74. O CPC é expresso ainda em seu artigo 243: “Quando a
lei prescrever determinada forma, sob pena de nulidade, a decretação desta
não pode ser requerida pela parte”.
No caso, a norma processual é dirigida à parte e não ao juiz. Não se
trata de regra de ordem pública absoluta, em que o juiz poderia declarar a
nulidade de ofício75.

12.4.6. Princípio da Causalidade

73
MARTINS, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas – página
169.
74
Mais uma vez trata-se de uma nulidade relativa, pois conforme já estudamos, a nulidade absoluta
deverá ser declarada de ofício pelo juiz. Tostes Malta fala sempre da anulabilidade, e nunca da nulidade
relativa. Opinião que divergirá entre doutrinadores.
75
Martins, Sérgio Pinto – Direito Processual do Trabalho, 29º edição – 2009 – Editora Atlas – página 169.
74
Para que se declare a nulidade de um ato, deve existir uma causa e um
efeito. Os atos devem ser interdependentes.
Só os atos posteriores e que não sejam conseqüência do que foi
considerado nulo, desde que dele não dependam, podem ser aproveitados
(248, CPC). O juiz deve respeitar a regra, e declarar sempre ao decretar a
nulidade os atos a que ela se estende (249, CPC e 797/798 CLT, vide item
3.4).
Quando a nulidade tratar de incompetência absoluta, somente os atos
decisórios serão nulos, por questão de inclusive economia processual, os
demais serão aproveitados (artigo 113, §2º do CPC).

12.4.7. Princípio da Lealdade Processual

O artigo 14, inciso II do CPC trata deste princípio ao preceituar que “as
partes e seus procuradores devem proceder com lealdade e boa-fé no
processo”.
Exemplificando o princípio dentro das nulidades, podemos dizer que se
parte que deu causa a uma nulidade pudesse argüi-la estaria beneficiando-se
de sua própria torpeza, agindo de má-fé. E é por isso também que ocorre a
preclusão das nulidades relativas. Assim, devem se alegadas na primeira
oportunidade em que a parte tiver de falar nos autos, artigos 795 e 796 da CLT
e ainda 245 do CPC. (Vide itens 3.2, 3.2.1 e 3.3).

12.4.8. Princípio da Transcendência ou do Prejuízo

Não haverá nulidade se não houver prejuízo processual, (artigo 794 da


CLT, e 249 § 1º, 250, parágrafo único ambos do CPC). (Para melhor
compreensão desse item, rever item 3.1).

12.4.9. Princípio da Convalidação

75
Não havendo reação da parte, o ato nulo76 não argüido no tempo
oportuno vem a se convalidar, permanecendo válido (artigos 795 CLT e 245
CPC). (Vide item 3.2)

13. PARTES, REPRESENTAÇÃO, PROCURADORES E TERCEIROS

13.1. Denominação das partes no processo

As partes são denominadas sujeitos. As partes, segundo a nomenclatura


adotada na CLT, são denominadas, o autor, reclamante, e o réu, reclamado.
Isto se encontra expresso na Seção V, do capítulo I, do Título II da CLT que
dispõe Das reclamações por falta ou recusa de anotação e no artigo 651 da
CLT que emprega as palavras reclamante e reclamado. No caso de inquérito
para apuração de falta grave o autor, empregador, é chamado de requerente, e
o empregado, réu, de requerido.
O uso dessa nomenclatura se deve ao fato de que a origem da Justiça
do Trabalho é administrativa, de órgão vinculado ao Poder Executivo, como
ocorria antes de 1941, que não se falava em ação, mas de reclamação
administrativa. Outro motivo para a nomenclatura diferente da do processo
cível seria a tendência que a Justiça do Trabalho tem de marcar sua
autonomia, adotando novas designações.
Nos dias atuais, entretanto, não haveria mais interesse de utilizar
denominações diversas que, de resto, não caracterizam distinções profundas,
mas apenas superficiais de rótulo. Segundo a opinião do doutrinar Wagner D.
Giglio77, os termos “reclamação” (em lugar de ação), “reclamante” e
“reclamado”, entretanto, já se incorporam ao vocabulário popular de tal forma
que seria tarefa difícil, e, sobretudo um mau dispêndio de energia à
nomenclatura anterior.

76
Mais uma vez não se trata de matéria de ordem pública, e sim de interesse das partes, matéria
disponível, nulidade relativa ou a anulabilidade.
77
Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 5. Ed. São Paulo: LTr,
1984; 12 ed, Saraiva 2002, pág. 242.

76
Outras pessoas que intervêm no processo e que não são partes têm
suas denominações e atividades próprias: juiz, testemunha, perito, arrematante
etc. Alguns autores as denominam sujeitos processuais.
Segundo outros, o reclamante e o reclamado são partes principais.
Outras pessoas que intervêm no processo, como os auxiliares da justiça, são
partes secundárias; consoante outra classificação, o autor e o réu são partes
parciais e o juiz é parte imparcial.
Os demais termos utilizados pelo processo civil, são seguidos
normalmente: como agravante e agravado (para o agravo), recorrente e
recorrido (para o recurso), liquidante e liquidado (na liquidação de sentença),
exeqüente e executado (na execução), excipiente e exceto ou exceto (na
exceção).

13.2. Capacidade

“A capacidade em direito é a aptidão determinada pela ordem jurídica


para o gozo e exercício de um direito por seu titular.” 78

Segundo art 1º. Código Civil Brasileiro:

“Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na


ordem civil.”
É importante distinguir a capacidade de ser parte e
capacidade de estar em juízo, ou seja, a diferença da
capacidade de direito, da capacidade processual ou de
gozo e exercício equivalentes do Direito Civil.

a. Capacidade de direito: também chamada de jurídica ou de gozo. É a


aptidão da pessoa gozar seus direitos. O homem adquire essa
capacidade desde seu nascimento, que se designa personalidade civil
do homem (art. 2º Código Civil). O menor e o louco gozam de direitos e

78
Martins, Sergio Pinto.Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense; modelos de
petições, recursos, sentenças e outros. 29 Ed. – 2.reimpr. – São Paulo: Atlas, 2009, pág. 345.

77
obrigações, pois nasceram com vida, todavia não têm capacidade de
estar em juízo, podendo, porém, ajuizar ação, ou em linguagem mais
técnica carecem de legitimatio ad processum;

b. Capacidade processual: é a capacidade de fato ou de exercício. O


homem, ao nascer com vida, pode pleitear a tutela jurisdicional do
Estado, mas há a necessidade de que tenha capacidade processual. Por
exemplo, o louco tem capacidade de fruir e gozar seus direito, mas não
tem capacidade processual de estar em juízo, apesar de ter o direito de
ação. É por isso, que para um louco estar em juízo, tem que haver a
participação de outra pessoa para verificar seus interesses ao ajuizar a
ação. Daí se falar em representação, assistência e autorização.

É preciso fazer uma distinção entre a capacidade civil e a capacidade no


processo do trabalho, embora tenha doutrinadores que digam que todos que
tem capacidade no processo civil tem também no processo do trabalho.
No Direito Civil, são os absolutamente incapazes:

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer


pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem
exprimir sua vontade.

São incapazes relativamente:

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à


maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

78
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os
que, por deficiência mental, tenham o discernimento
reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental
completo;
IV - os pródigos.

A maioridade civil se inicia aos 18 anos completos (art. 5º. Código Civil).
Já no processo do trabalho, o menos de 16 anos não pode trabalhar, exceto na
condição de menor aprendiz, a partir dos 14 anos, havendo assim
incapacidade plena, segundo a lei, para o trabalho. Dos 16 aos 18 anos, a
pessoa é relativamente incapaz, já pode firmar recibos de pagamentos, mas no
termo de rescisão do contrato de trabalho terá a necessidade da assistência do
representante legal (art. 439 da CLT). A partir dos 18 anos, o trabalhador tem
capacidade plena para ajuizar a reclamação trabalhista e para assinar o termo
de rescisão contratual.

14. REPRESENTAÇÃO

Na representação, é atribuída a alguém a qualidade para agir em nome


de outrem, manifestando a vontade do representado, substituindo-o.
“O representante é completamente distinto do titular do direito (como
ocorre entre a pessoa jurídica e a pessoa física que a representa: diretor,
gerente etc). O representante é um terceiro. Muitas vezes, não é parte na
relação processual, como ocorre em relação ao advogado.”79 Segundo artigo
1.634, V, do Código Civil reza que os pais devem representar os filhos menores
até os 16 anos, ou seja, até os 16 anos o trabalhador menor seria representado
em juízo.

14.1. Espécies de Representação

79
Martins, Sergio Pinto.Direito processual do trabalho: doutrina e prática forense; modelos de
petições, recursos, sentenças e outros. 29 Ed. – 2.reimpr. – São Paulo: Atlas, 2009, pág. 346.

79
A representação pode ser legal (como a do curador em relação ao
curatelado) ou convencional (como a do empregado por um empregado em
audiência), está ultima é também chamada de técnica.

14.1.1. Representação do empregador

“Apesar de representadas, as partes deverão comparecer pessoalmente


à audiência, “independentemente do comparecimento de seus representantes”
(CLT, art. 843). O empregador, entretanto, poderá fazer-se “substituir-se pelo
gerente, ou qualquer outro preposto que tenha conhecimento do fato, e cujas
declarações obrigarão o prepotente (CLT, art. 843 § 1ª). “A jurisprudência se
firmou no sentido de que só o empregado da firma reclamada pode servir de
preposto, e não qualquer outra pessoa, como parecia indicar a redação do
dispositivo em questão.” 80
O falido perde a gestão de seu negócio, e será representado em juízo
pelo administrador da massa, o qual também poderá ser substituído Poe
preposto, nas mesmas condições facultadas ao empregador. Em recuperação
judicial ou extrajudicial, contudo, este conserva a capacidade processual.
A herança é representada pelo inventariante. A herança jacente ou
vacante é representada pelo curador.
A rigor os zeladores, faxineiros, ascensoristas etc,. que trabalham nas
partes comuns dos prédios em condomínio, seriam empregados dos
proprietários, em conjunto, das várias unidades que dispõem o imóvel.A Lei
número 2.757, de 23 de abril de 1956, que estendeu a esses empregados os
benefícios da legislação trabalhista, equiparando-os aos empregados do
comércio e indústria, determinou que os empregadores fossem representados,
em juízo, pelo síndico do prédio, eleito pelos condôminos. Diante do que
dispõem o atual art. 12, IX, do Código de Processo Civil, vem sendo admitida a
representação também pelo administrador do condomínio, ou por seu preposto
(do administrador).

14.1.2. Representação do empregado


80
Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. Ed.rev., ampl., atual e adaptada
São Paulo: Saraiva, 2007, pág. 248.
80
O empregado pode ser representado por sindicato, segundo o disposto
no art. 791, §1º, da CLT, coordenado com o art. 513, a, do mesmo diploma. O
texto desse último inciso legal concede aos sindicatos a prerrogativa de
“representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os interesses
gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses individuais
dos associados relativos à atividade ou profissão exercida.”
Não há dúvida sobre o poder de representação da categoria profissional
ou econômica, pelo sindicato respectivo, nos dissídios coletivos. Alguns
problemas, porém, resultam dessa representação, nos dissídios individuais.
Inicialmente o art. 18 da Lei número 5.584. de julho de 1970, revogou
parcialmente o art. 791, § 1º, da Consolidação, na sua parte final, ao dispor que
“a assistência judiciária, nos termos da presente Lei, será prestada ao
trabalhador ainda que não seja associado do respectivo Sindicato”.Não
subsiste, portanto, a exigência de a representação ser conferida apenas ao
associado da entidade de classe.
Além disso, salvo nos casos dos arts. 843, § 2º, e 872, parágrafo único,
o sindicato atuará através de seus advogados, mas tanto a doutrina como a
jurisprudência relutam quanto à necessidade de mandato (procuração) do
empregado.
A questão perde um pouco de seu interesse diante da orientação
jurisprudencial assente, no sentido de se admitir a outorga tácita de mandato:
basta que compareçam à audiência o empregado e o advogado para concluir
que aquele concordou em ser representado por este, dando-lhe procuração
apud acta, ou seja, nos autos.
“Assim sendo, parece que a reclamação deverá ser admitida, distribuída
e enviada à Vara, se assinada apenas pelo advogado do sindicato, ou até
mesmo por um dos seus dirigentes, mencionando nominalmente o reclamante
ou reclamantes, sem a exigência de procuração. O mandato será regularizado
na audiência. A inexistência do instrumento constituiria, de qualquer sorte,
mera irregularidade corrigível, mesmo porque somente em audiência é que o
juiz tomará o primeiro contato com a reclamação.E é óbvio que os funcionários
que encaminharem o processo até a audiência não têm poderes para apontar

81
ou corrigir irregularidades: não poderiam recusar processamento por falta de
procuração.”81

14.1.3. Representação por litisconsorte

Há litisconsorte quando a ação é movida por mais de um autor, ou por


um autor contra mais de um réu, ou ainda quando há multiplicidade de autores
e réus, na mesma ação. No primeiro caso, diz-se que há litisconsórcio ativo; no
segundo, passivo; e no terceiro, recíproco ou misto (ativo e passivo).

14.1.4. Assistência

Ocorre assistência quando é suprida a manifestação pessoal de vontade


das relativamente incapazes, quando a lei atribua eficácia adesiva para a tutela
de um interesse determinado à vontade do próprio interessado junto à vontade
de um terceiro. Desta forma, o assistente intervém na lide apenas para auxiliar
a parte. O assistido pode manifestar livremente sua vontade junto com um
terceiro (assistente). Por exemplo, nos casos de semicapacidade processual,
insuficiência de idade ou saúde.
O assistente diferentemente da representação, apenas supre a
deficiência de vontade do assistido, e não a substitui. Desta forma, não pode o
assistente fazer acordo em nome do assistido, mas após a consulta com seu
responsável legal, deve aceitar ou recusar a conciliação proposta. O assistente
não é parte na ação, mas um terceiro, auxiliando a parte.
A assistência pode ser simples ou adesiva e qualificada, autônoma ou
litisconsorcial.
Na assistência simples, há relação jurídica entre o assistente e a parte a
que assiste; na qualificada, o vinculo é entre o assistente e o adversário do
assistido e a prestação jurisdicional regulará também o conflito de interesses
entre o assistente e a parte contrária. A assistência simples quando o terceiro
ingressa em demanda na qual não se discute direito seu, mas, em que se pode

81
Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. Ed.rev., ampl., atual e adaptada
São Paulo: Saraiva, 2007, pág. 249.

82
proferir sentença que afete direito dessa natureza. O assistente simples, como
nada pleiteia para si na demanda, não é parte.
Há assistência qualificada quando se justifica a intervenção de terceiro
que porque o direito em litígio é do assistente, mas também do assistido, o qual
poderia debatê-lo em si mesmo ou em litisconsórcio com outros co-titulares
desse direito
A assistência litisconsorcial é um litisconsórcio facultativo ulterior. O
assistente litisconsorcial é tratado como litisconsorte (CPC 54), entretanto
permanece por sua natureza jurídica, a ser assistente.
A assistência pode ser requerida em qualquer fase do processo, não
podendo o assistente praticar qualquer ato pertinente à fase processual já
superada. Se a assistência for inicialmente inferida, mas depois admitida por
causa de recurso, o assistente não poderá praticar atos relativos a fases
processuais que se encerram durante o caminho do processo.
“A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em
todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em
que se encontra.” (CPC 50,parágrafo único).
No processo trabalhista a assistência pode ser requerida oralmente em
audiência.
Nos Dissídios Coletivos não cabe assistência, as empresas que estão
representadas por seus sindicatos não podem peticionar como assistentes.

15. AUTORIZAÇÃO

“Na autorização o concurso o concurso da pessoa ou pessoas diversas


do representado se realiza mediante uma declaração de vontade a efetivar-se
“fora do processo” quer dizer, mediante uma declaração que não se dirige,
como a do representado, ao ofício, mas que se volve ao próprio interessado.”82

16. IUS POSTULANDI

82
Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 16. Ed.rev., ampl., atual e adaptada
São Paulo: Saraiva, 2007, 252.

83
O ius postulandi é a capacidade postulatória. Esta capacidade, em
regra, pertence ao advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB -
Ordem dos Advogados do Brasil. Temos então que, como regra geral, a parte
deverá ser assistida por advogado, cabendo a este praticar todos os atos
processuais necessários à defesa dos interesses da parte patrocinada.
O doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite83 assim nos ensina:

“O ius postulandi nada mais é do que a capacidade de


postular em juízo. Daí chamar-se, também, de
capacidade postulatória, que é a capacidade
reconhecida pelo ordenamento jurídico para a pessoa
praticar pessoalmente, diretamente, atos processuais”.

Não obstante a regra geral seja aquela que nos diz que a parte deverá
ser assistida por advogado, há exceções. Isto ocorre na Justiça Trabalhista,
onde a presença do advogado é dispensada no primeiro e segundo graus de
jurisdição, sendo a presença do advogado, no entanto, indispensável quando o
litígio encontra-se no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho - TST,
consoante comando do art. 791 da CLT, fazendo-se aqui oportuna a sua
transcrição, para melhor entendimento:

Art. 791 - Os empregados e os empregadores poderão


reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e
acompanhar as suas reclamações até o final.

A título ilustrativo, veja-se que o mesmo ocorre nos Juizados Especiais,


na Ação Direta de Inconstitucionalidade, na Ação Declaratória de
Constitucionalidade, e no Hábeas Corpus. Imperioso salientar que tal fato se dá
mediante expressa autorização legal, como é o caso do artigo 791 da CLT, pois
note-se que no processo civil, salvo nos casos previstos nestas exceções, o ius
postulandi é conferido exclusivamente aos advogados.

83
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2006,
pág. 340.
84
Em mais uma lição, Carlos Henrique Bezerra Leite84 nos diz que
“pode-se dizer, portanto, que o ius postulandi, no processo do trabalho, é a
capacidade conferida por lei às partes, como sujeitos da relação de emprego,
para postular diretamente em juízo, sem necessidade de serem representadas
por advogado”.
Muito se discute sobre o tema, pois repare-se que a CLT – que é de
1.943 – dispensa a presença do advogado, enquanto a Constituição Federal –
que é de 1.988, portanto posterior, e também sabidamente superior – considera
o advogado essencial à administração da Justiça. Desta feita, alguns
doutrinadores nos dizem que o artigo 791 da CLT não foi recepcionado pela
Constituição Federal, que em seu art. 133 consigna:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da


justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no
exercício da profissão, nos limites da lei.

Contudo, o Tribunal Superior do Trabalho, em sua súmula de n. 329,


buscando pacificar o tema, firmou-se no seguinte sentido:

“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – ARTIGO 133 DA


CONSITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988. Mesmo
após a promulgação da Constituição da República de
1.988, permanece válido o entendimento
consubstanciado na súmula n. 219 do Tribunal
Superior do Trabalho” (RA 21/93 – DJU 21.12.1993)

A Súmula 219 do TST, por sua vez no diz que:

SUM-219 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.


HIPÓTESE DE CABIMENTO (incorporada a
Orientação Jurisprudencial nº 27 da SBDI-2) - Res.
137/2005, DJ 22, 23 e 24.08.2005

84
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr,
2006, pág.341.
85
I - Na Justiça do Trabalho, a condenação ao
pagamento de honorários advocatícios, nunca
superiores a 15% (quinze por cento), não decorre pura
e simplesmente da sucumbência, devendo a parte
estar assistida por sindicato da categoria profissional e
comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do
salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica
que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família. II - É incabível a
condenação ao pagamento de honorários advocatícios
em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se
preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/1970. (ex-OJ
nº 27 da SBDI-2 - inserida em 20.09.2000)

Consultando-se o sítio na internet do TST - Tribunal Superior do


Trabalho85, é possível verificar, inclusive, o histórico das Súmulas. Observe-se
que a Súmula de n. 219 tem sido mantida ao longo dos anos:

“Histórico: Súmula mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20


e 21.11.2003
Redação original - Res. 14/1985, DJ 19.09.1985 e 24,
25 e 26.09.1985
Nº 219. Honorários advocatícios. Hipótese de
cabimento
Na Justiça do Trabalho, a condenação em honorários
advocatícios, nunca superiores a 15%, não decorre
pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte
estar assistida por sindicato da categoria profissional e
comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do
mínimo legal, ou encontrar-se em situação econômica
que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio
sustento ou da respectiva família.”

85
Tribunal Superior do Trabalho, sítio: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_html_atual.html , consulta em
12.09.09.
86
Acerca destas Súmulas, Carlos Henrique Bezerra Leite86 salienta que
“muito embora os verbetes acima (súmulas n. 329 e 219, do TST) tratem
apenas de honorários advocatícios, não há negar que eles deixam implícito
que, no processo do trabalho, as partes continuam tendo a faculdade de
utilizarem o ius postulandi”. (Grifo nosso)
Muito embora sumulada, a questão não ficou estanque, e muitas são as
divergências. Amador Paes de Almeida87, citando Adilson Bassalho Pereira
nos diz: “(...) favorável à extinção (do art. 791 da CLT), observa Adilson
Bassalho Pereira que: “...com a promulgação da Nova Constituição da
República, deixou de ter vigência, claramente, o art. 791 da CLT, que previa o
‘jus postulandi’ (...)” (Grifo nosso)
Mais adiante, Amador Paes de Almeida88, utilizando-se das palavras
de Orlando Teixeira, demonstra a clara divergência doutrinária configurada no
meio intelectual do Direito, quando transcreve:

“Com a acuidade decorrente das suas funções de


Ministro do Tribunal Superior do Trabalho e no
magistério superior, escreve Orlando Teixeira da Costa,
com inequívoca propriedade: ‘A expressão
‘indispensável à administração da justiça’, não
assegura aos advogados nenhum monopólio e nenhum
cerceio a qualquer pedido de prestação jurisdicional da
própria parte, assegurado, por exceções legais à regra
geral publicista, de que o jus postulandi compete ao
advogado... elevado à dignidade de servidor da
justiça’...”

Muito embora haja divergências doutrinárias, a jurisprudência tem se


mostrado uníssona no sentido de que o artigo 791 da CLT permanece em
86
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr,
2006, pág.341.
87
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso Prático de Processo do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008,
pág. 72.
88
ALMEIDA, Amador Paes de. Curso Prático de Processo do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008,
pág. 73.
87
vigor. Até mesmo porque o STF - Supremo Tribunal Federal julgou, já em 1994
- época em que eram acaloradas as discussões acerca do tema -, Ação Direta
de Inconstitucionalidade de n. 1.127-8, proposta pela AMB – Associação dos
Magistrados do Brasil, decidindo já em sede de provimento liminar que a
capacidade postulatória do advogado não é obrigatória nos Juizados de
Pequenas Causas (atuais Juizados Especiais), na Justiça do Trabalho e na
chamada Justiça de Paz. Nestes, então, as partes podem exercer diretamente
o ius postulandi.
Todavia faz-se necessário atentar ao seguinte: a desnecessidade de
assistência de advogado só é possível enquanto a ação estiver tramitando no
âmbito da Justiça Trabalhista até o seu segundo grau de jurisdição (TRT). Ou
seja: em havendo interposição de Recurso ao TST ou Extraordinário para o
Supremo Tribunal Federal, esgota-se a possibilidade de o
trabalhador/empregador não estar assistido por advogado, esgotando-se, no
segundo caso, a jurisdição trabalhista (STF), razão pela qual a parte deverá
estar necessariamente representada por advogado regularmente inscrito nos
quadros da Ordem dos Advogados do Brasil.
Neste sentido, cumpre-nos salientar que até pouco tempo o TST admitia
que o trabalhador/empregador não estivesse assistido por advogado, tendo
recentemente decidido, no entanto, que é essencial a presença do advogado
nos litígios que forem levados ao TST.
Da mesma forma, se os sujeitos do processo não forem empregado ou
empregador, não poderão exercer por si os ius postulandi, devendo
necessariamente ser assistidos por advogado.

17. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA


Tema já abordado de forma superficial no item 7.3

Consoante disposto nos artigos 14 e 18, da Lei de n. 5.584/1970, a


assistência judiciária é prestada exclusivamente ao trabalhador, pelo sindicato
da categoria profissional à qual pertence, mesmo que este não seja seu
associado, não sendo lítico ao sindicato tentar esquivar-se deste ônus,
alegando que o trabalhador não é associado.

88
Renato Saraiva89 explica ainda que “antigamente, era necessário que a
situação econômica do trabalhador fosse comprovada por meio de atestado
fornecido pela autoridade local do Ministério do Trabalho ou mesmo pelo
Delegado de Polícia da região onde residia o obreiro, mediante diligência
sumária no prazo de 48 horas”

Em 1.983 foi editada a Lei de n. 7.115, que em seu art. 1º derrubou a


obrigatoriedade da apresentação do atestado de pobreza, bastando que o
interessado, de próprio punho, ou por procurador com poderes específicos, sob
as penas da lei, declare na petição inicial que não tem condições de arcar com
as custas e despesas processuais sem prejuízo do próprio sustento ou da sua
família.
Da leitura dos dispositivos acima elencados pode resultar aparente
divergência. Isto porque, por um lado, a Lei de n. 5.584/1970 a coloca como um
dever do sindicato. Por outro, a Lei de n. 7.115 coloca como um benefício que
deve ser requerido ao Juiz. Bem por isto se faz necessário esclarecer alguns
pontos.
Primeiramente, importante deixar claro que a Lei de n. 5.584/1970 fala
sobre a obrigação do sindicato de aparar juridicamente o trabalhador da
categoria a que pertence, independentemente se o trabalhador é ou não filiado
ao sindicato.
O segundo ponto que deve ser esclarecido concerne ao benefício da
justiça gratuita, de que trata a Lei de n. 7.115/1983. Este benefício compreende
todos os atos do processo até a decisão final do litígio, em todas as instâncias,
abrangendo, conforme previsto no art. 3º, da Lei de n. 1.060/1950 (esta Lei
estabelece normas específicas para a concessão de assistência judiciária) as
seguintes isenções de pagamento:

a) taxas judiciárias e selos;


b) emolumentos e custas devidos as Juízes, órgãos do Ministério Público e
serventuários da Justiça;

89
SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: Método, 2007, pág.
209.
89
c) despesas com publicações indispensáveis ao jornal encarregado da
divulgação de atos oficiais;
d) indenizações devidas às testemunhas que, quando empregados, receberão
do empregador salário integral, como se em serviço estivessem, ressalvado o
direito regressivo contra o poder público federal, no Distrito Federal e nos
Territórios, ou contra o poder público estadual, nos Estados;
e) honorários de advogado e perito;
f) despesas com a realização de exame de DNA, quando for requisitado pela
autoridade judiciária nas ações de investigação de paternidade ou
maternidade.

O terceiro ponto a ser considerado é que a assistência judiciária é mais


ampla que o benefício da justiça gratuita, tendo em vista eu engloba a
assistência e o acompanhamento jurídico do trabalhador pelo sindicato, ou
seja, nada impede que o trabalhador tenha um advogado particular e possa
usufruir do benefício da justiça gratuita, desde que, conforme foi dito acima,
afirme e demonstre que não tem condições de arcar com as custas do
processo e honorários sem prejuízo próprio ou da sua família. E no mesmo
passo, a assistência judiciária englobará também os benefícios da justiça
gratuita, sendo prestada pelo sindicato.
Fique também claro que a parte contrária poderá, a qualquer momento,
em qualquer fase que o processo se encontre, requerer a revogação dos
benefícios de assistência, desde que comprove a inexistência ou o
desaparecimento dos requisitos essenciais à sua concessão, conforme
redação do artigo 7º da Lei de n. 1.060/1950, in verbis:

Art. 7º. A parte contrária poderá, em qualquer fase da


lide, requerer a revogação dos benefícios de
assistência, desde que prove a inexistência ou o
desaparecimento dos requisitos essenciais à sua
concessão.

90
Além disto, é facultado aos Juízes, órgãos julgadores e presidentes dos
tribunais do trabalho conceder de ofício o benefício da justiça gratuita à parte
que entender necessitada, in verbis:

Art. 790. Nas Varas do Trabalho, nos Juízos de Direito,


nos Tribunais e no Tribunal Superior do Trabalho, a
forma de pagamento das custas e emolumentos
obedecerá às instruções que serão expedidas pelo
Tribunal Superior do Trabalho.
§ 3o É facultado aos juízes, órgãos julgadores e
presidentes dos tribunais do trabalho de qualquer
instância conceder, a requerimento ou de ofício, o
benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a
traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
salário igual ou inferior ao dobro do mínimo legal, ou
declararem, sob as penas da lei, que não estão em
condições de pagar as custas do processo sem
prejuízo do sustento próprio ou de sua família.

Nos casos em que o empregado não tenha obtido o benefício da justiça


gratuita, o sindicato que interveio no processo responderá solidariamente pelo
pagamentos das custas processuais:

§ 1o Tratando-se de empregado que não tenha


obtido o benefício da justiça gratuita, ou isenção de
custas, o sindicato que houver intervindo no processo
responderá solidariamente pelo pagamento das custas
devidas.

Engana-se aquele que pensa que o benefício da justiça gratuita


estende-se tão somente ao empregado. O empregador que provar que não
possui mais recursos para arcar com custas, tem direito a isentar-se do
pagamento. A própria Constituição Federal, em seu artigo 5ª, inciso LXXIV,
assegura a assistência jurídica integral e gratuita do Estado aos que
91
comprovarem insuficiência de recursos, sem fazer qualquer distinção entre
pessoa física ou jurídica. Da jurisprudência colhe-se diversos julgados:

“BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA -


EMPREGADOR - DEPÓSITO RECURSAL - A
assistência judiciária prevista na Lei n.º 1060/50
configura benefício concedido ao hipossuficiente para
que ele possa movimentar o processo de
forma gratuita. Rege-se no âmbito da Justiça do
Trabalho de acordo com os requisitos contidos no
artigo 14 e seguintes da Lei n.º 5.584/70. O artigo 14
da Lei n.º 5.584/70, no entanto, excluiu deste benefício
o empregador. Basta fazer uma exegese literal do
aludido preceito para se chegar a esta conclusão. Na
hipótese vertente, há dois óbices para o não
deferimento da assistência judiciária: primeiro, trata-se
de empregador (pessoa jurídica), enquanto o artigo 14
da Lei n.º 5.584/70, tão-somente, prevê tal
possibilidade ao hipossuficiente; segundo, que mesmo
que se entendesse que a Lei n.º 1.060/50 não
excepcionou a figura do empregador, existiria outro
impedimento, pois o artigo 3.º da aludida Lei exime
apenas o pagamento das despesas processuais, e o
depósito recursal trata-se de garantia do juízo de
execução. Agravo a que se nega provimento.” (TST -
AIRR 713 - 5.ª T. - Rel. Min. Rider Nogueira de Brito -
DJU 09.05.2003).

“BENEFÍCIO
DA JUSTIÇA GRATUITA - EMPREGADOR - A
discussão que se coloca, hodiernamente, é sobre a
possibilidade de concessão do benefício
dajustiça gratuita à pessoa jurídica. O simples fato de
ser empregador não a desautoriza, principalmente em
92
se tratando de empregador doméstico. O benefício da
Assistência Judiciária Gratuita tem sede na
Constituição e na Lei n.º 1.060/50, que disciplina os
requisitos para a sua concessão, quais sejam, não ter a
parte condições para demandar sem prejuízo do
próprio sustento e o de sua família, sendo bastante a
declaração do próprio interessado. O Regional registra
a existência dessa prova. Destarte,
o empregador doméstico, desde que declarada a sua
miserabilidade jurídica, é também destinatário do
benefício da justiça gratuita. Entretanto, o benefício se
limita às custas processuais, visto que a Lei exime
apenas do pagamento das despesas processuais, e o
depósito recursal trata-se de garantia do juízo de
execução. Recurso provido. (...)” - TST - RR 771197 -
4.ª T. - Rel. Min. Antônio José de Barros Levenhagen -
DJU 14.02.2003).
“JUSTIÇA GRATUITA - DEPÓSITO RECURSAL
- EMPREGADOR - O depósito recursal e o
adimplemento das custas processuais constituem
requisitos indispensáveis ao conhecimento dos
recursos interpostos, conforme disposição legal
contida, respectivamente, nos arts. 899, § 1.º e 789, §
4.º da CLT. O fato de oempregador encontrar-se em
situação de dificuldade financeira não garante, por si
só, quer a isenção, quer a suspensão da
obrigatoriedade de efetuar o depósito recursal, vez que
o art. 3.º da Lei N.º 1.060/50 não abarca, em seu rol,
referida hipótese, sendo, pois, vedado seu deferimento.
A inexistência de efetivação do depósito recursal
acarreta deserção, não havendo falar em violação do
princípio da isonomia. Mister destacar, ainda, que a
assistência judiciária na Justiça do Trabalho, de que
trata a Lei N.º 5.584/70, pode ser deferida ao
93
trabalhador, não agasalhando a figura
do empregador.” (TRT 15.ª R. - Proc. 17652/03 -
29963/03 - 3.ª T. - Rel. Juiz Ernesto da Luz Pinto Dória
- DOESP 03.10.2003 - p. 74).

“RECURSO - JUSTIÇA GRATUITA - EMPREGADOR -


A apresentação de atestado de pobreza não tem o
condão de elidir a obrigação de o reclamado realizar o
pagamento do depósito recursal, pois sua natureza
jurídica é de garantia recursal, de garantia do juízo
para futura execução. Recurso ordinário deserto.”(TRT
21.ª R. - RO 03281-2002-921-21-00-2 - 46.716 -
Relatora Juíza Joseane Dantas dos Santos - DJRN
20.08.2003).

“EMPREGADOR - JUSTIÇA GRATUITA -


Ao empregador, pessoa física, é garantida gratuidade
da justiça, nos termos estabelecidos no inciso LXXIV
do art. 5.º da Constituição Federal. Tal gratuidade,
todavia, não abrange o depósito recursal, que não é
despesa do processo, mas decorre da condenação e
visa à garantia do juízo. Ademais, o depósito recursal
não está no elenco contido nas Leis 1.060/50 e
5.584/70.” (TRT 24.ª R. - AI 0082/2003-002-24-40-0 -
Rel. Juiz João Marcelo Balsanelli - J. 25.09.2003).

Cumpre-nos esclarecer, também, acerca do papel da Defensoria Pública


em relação ao tema. A portaria de n. 1, de 08 de janeiro de 2007, da
Defensoria Pública da União, publicada no Diário Oficial da União em
09.01.2007, em seu artigo 3º. dispõe que a atuação da Defensoria Pública da
União no âmbito das causas trabalhistas deverá ocorrer de forma integral nas
Unidades em que isso for possível, atendendo a população carente junto à
Justiça do Trabalho, e dando preferência aos hipossuficientes não
sindicalizados.
94
Não sendo possível que a Defensoria Pública da União atenda a algum
trabalhador, deverá o Defensor Público informar sobre isto, alegando então a
falta de estrutura física da Defensoria Pública, observando o prazo de cinco
dias, contando da data do primeiro atendimento ao trabalhador. Caso este
prazo seja descumprido, a assistência deverá ser regularmente prestada se
presumida ou comprovada sua necessidade, nos termos do art. 4º. e do
parágrafo único da Portaria.

18. SUCESSÃO PROCESSUAL

A sucessão processual é a substituição das partes, ou de uma delas, no


decorrer do processo, podendo ocorrer inter vivos ou causa mortis, podendo
ocorrer tanto em relação ao empregado como ao empregador.
A sucessão processual de pessoa física se dá pela sua morte (causa
mortis), de modo que, falecendo o empregado ou o empregador no transcorrer
do processo, serão estes substituídos por seu espólio, representado,
naturalmente, pelo inventariante.
Pode ocorrer que o empregado, sendo hipossuficiente, não tenha bens,
de modo que não há inventário. Neste caso, haverá a habilitação no processo
de seus dependentes inscritos perante a Previdência Social. Em não sendo
este inscrito perante a Previdência Social, serão seus sucessores os
habilitados.
Sérgio Pinto Martins90, nos ensina sobre o tema:

“Normalmente, se o empregado não deixa bens ou tem


filhos maiores não há por que se falar em inventário.
Nesses casos, tem-se entendido que a viúva e os filhos
ingressarão no pólo ativo da ação em curso, mediante
apresentação da certidão de casamento e nascimento
dos filhos ou por meio de certidão do INSS que
comprove dependência das pessoas anteriormente
mencionadas. Não havendo qualquer impugnação da
reclamada, o fato é tolerado.”
90
MARTINS, Sérgio Pinto. Comentários à CLT. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2008, pág. 198.
95
Em havendo inventário, o processo trabalhista ficará suspenso até que
seja nomeado o inventariante, devendo este então requerer sua habilitação nos
autos. Atente-se à redação do Código de Processo Civil neste sentido:

Art. 265. Suspende-se o processo:


I – pela morte ou perda da capacidade processual de
qualquer das partes, de seu representante legal ou de
seu procurador;

Art. 1.055. A habilitação tem lugar quando, por


falecimento de qualquer das partes, os interessados
houverem de suceder-lhe no processo.

Art. 1.056. A habilitação pode ser requerida:


I – pela parte, em relação aos sucessores do falecido;
II – pelos sucessores do falecido, em relação à parte.

Art. 1.060. Proceder-se-á à habilitação nos autos da


causa principal e independentemente de sentença
quando:
I – promovida pelo cônjuge e herdeiros necessários,
desde que provem por documento o óbito do falecido e
a sua qualidade;

Ademais, caso venha o empregado a morrer anteriormente ao


ajuizamento da ação, naturalmente não haverá sucessão processual, e sim a
propositura da ação diretamente por seus sucessores, desde que,
evidentemente, comprovem sua legitimidade para tal, nos autos, quando da
propositura da ação.
Já quando falece o empregador, isto não importará, necessariamente,
na extinção do contrato de trabalho, considerando-se que a atividade
econômica pode perdurar e ser desenvolvida por seus herdeiros, facultando-se

96
ao empregado a permanência no emprego ou, se for de sua vontade, a
resilição do seu contrato.
Também da mesma forma que ocorre na hipótese de morte do
empregado, quando o empregador morre, o Juiz intimará o inventariante de
seu espólio. Em verdade, é bastante comum que quando o empregador morre,
seus herdeiros não tenham interesse em, voluntariamente, habilitarem-se nos
autos, naturalmente para evitar perda de valores com eventual condenação.
Neste caso, o empregador poderá requerer a intimação do inventariante do
espólio para habilitar-se no processo, conforme o já visto comando do artigo
1.056, inciso I, do Código de Processo Civil.

Por outro lado, quando o empregador é pessoa jurídica, a sucessão


processual ocorrerá nas hipóteses dos artigos 10 e 448 da Consolidação das
Leis do Trabalho, ou seja, estamos aqui falando da sucessão processual inter
vivos. Para otimizarmos a compreensão deste tema, transcrevemos a seguir o
teor dos artigos supracitados:

Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da


empresa não afetará os direitos adquiridos por seus
empregados.
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura
jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalho dos respectivos empregados.

Entende-se, então, que em havendo qualquer alteração na propriedade


ou na estrutura da pessoa jurídica, tais como cisão, incorporação, fusão ou
transferência, isto não afetará os direitos do empregado, respondendo o novo
proprietário por todas as obrigações atinentes.
Caso a mudança na propriedade ou estrutura da empresa ocorra antes
da propositura da ação, o empregado poderá ajuizar a ação diretamente contra
o novo proprietário, utilizando-se, inclusive, caso houver, a nova denominação
da empresa.

19. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL


97
Verifica-se a substituição processual quando a parte, em nome próprio,
pleiteia direito alheio, desde que expressamente autorizado por lei, conforme a
regra do artigo 6º do Código de Processo Civil:

Art. 6º. Ninguém poderá pleitear, em nome próprio,


direito alheio, salvo quando autorizado por lei.

Assim, diz-se que a substituição processual confere à parte a


legitimidade extraordinária, podendo o substituto praticar todos os atos
processuais como a propositura da ação por meio da peça exordial, a defesa,
produção de provas, interposição de recurso, dentre outros.

Cumpre-nos salientar, todavia, que não é dado ao substituto o poder


para transigir, renunciar ou reconhecer o pedido, eis que o direito material não
lhe pertence.

Sobre este aspecto nos fala Nelson Nery Junior91:

“Poderes do substituto. Tem atividade autônoma da


vontade do substituído. Pode praticar todos os atos
processuais permitidos às partes (produzir prova,
recorrer, etc.). Como autor pode ajuizar ação; como
réu, contestar. Para poder reconvir ou ajuizar
declaratória incidental, deverá também estar legitimado
ordinária ou extraordinariamente para tanto. Como a
pretensão discutida em juízo não lhe pertence, não
pode o substituto processual praticar atos de
disposição do direito material, como a transação,
renúncia e reconhecimento jurídico do pedido. Para
tanto, deverá ter anuência expressa do substituído.”

19.1. Breve Histórico Do Instituto Da Substituição Processual Trabalhista


91
NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado. São Paulo: RT, 2008, pág. 388.
98
Antes da promulgação da Constituição de 1.988, a substituição
processual trabalhista ocorria pelo sindicato da categoria, todavia de forma
bastante limitada, restrita tão somente àquelas hipóteses previstas
expressamente no ordenamento jurídico até então vigente, tais como:

a) Art. 195, parágrafo único, da CLT – Reclamações trabalhistas promovidas


pelo sindicato da categoria profissional, postulando pagamento de adicional de
insalubridade ou periculosidade em favor de grupos de associados;

b) Art. 872, parágrafo único, da CLT – Ações de cumprimento promovidas pelo


sindicato profissional em favor dos associados objetivando o pagamento de
salários fixados em sentença normativa;

c) Lei de n. 6.708 de 1979, art. 3º, parágrafo 2º, e Lei de n. 7.238 de 1984, art.
3º, parágrafo 2º - Ações trabalhistas promovidas pelo sindicato em favor de
todos os integrantes da categoria, objetivando o pagamento das correções
automáticas dos salários.

Posteriormente, com a promulgação da Constituição Federal de 1.988,


verificando-se a redação do art. 8º, inciso III, conferiu-se ao sindicato a defesa
dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
questões judiciais ou administrativas. Este dispositivo constitucional gerou
grande polêmica doutrinária e jurisprudencial, no sentido de que muitos
doutrinadores e Magistrados entenderam que a Constituição havia autorizado a
substituição processual ampla e irrestrita aos sindicatos. Todavia,
posteriormente surgiram algumas Leis, que trouxeram uma legitimação
extraordinária aos sindicatos. Vejamos algumas delas:

a) Lei de n. 7.788/1.989 – Versava sobre política salarial, estabelecida em seu


artigo 8º., que, nos termos do artigo 8º., inciso III, da Constituição Federal, de
1.988, as entidades sindicais poderiam atuar como substitutos processuais da
categoria, não tendo eficácia a desistência, a renúncia e a transação

99
individuais. Todavia, esta Lei foi revogada pela Lei de n. 8.030 de 1.990, em
seu artigo 14;

b) Lei de n. 8.036/1.990 – Trouxe autorização para o sindicato profissional a


ajuizar ação trabalhista acionando diretamente a empresa, para compeli-la a
efetuar o depósito das importâncias devidas a titulo de FGTS, em autêntica
hipótese de substituição processual;

c) Lei de n. 8.073/1.990 – Previu no art. 3º. que as entidades sindicais


poderiam atuar como substitutos processuais dos integrantes da categoria.

Inicialmente, o TST adotou uma posição bastante restritiva acerca do


tema. Já o STF adotou desde início posição favorável à substituição processual
por parte do sindicato. Posteriormente, o TST curvou-se ao entendimento do
Supremo, por meio da Resolução de n. 119/2003, cancelando o enunciado
310, que impedia a substituição processual ampla e irrestrita pelos sindicatos.
Atualmente, o TST e o STF tem admitido a substituição processual por
parte do sindicato, por meio de diversos julgados, como o Recurso
Extraordinário de n. 210.029, interposto pelo Sindicato dos Empregados em
Estabelecimentos Bancários de Passo Fundo (RS), em face de decisão anterior
proferida pelo TST, o qual havia entendido que o art. 8º., III, da Constituição
Federal não autorizava a substituição processual ampla pelo sindicato,
estabelecendo a Suprema Corte que o sindicato poderá atuar tanto nas ações
de conhecimento como na liquidação e nas execuções das sentenças
trabalhistas, entendendo, portanto, que os sindicatos detêm legitimidade para
defender todo e qualquer direito do trabalhador relacionado ao vínculo
empregatício. Posteriormente o TST, por meio da súmula de n. 406, entendeu
desta forma:

“Súmula 406, do TST – AÇÃO RESCISÓRIA.


LITISCONSÓRCIO. NECESSÁRIO NO PÓLO
PASSIVO E FACULTATIVO NO ATIVO. INEXISTENTE
QUANTO AOS SUBSTITUÍDOS PELO SINDICATO.

100
(Conversão das orientações jurisprudenciais 82 e 110
da SDI-II – Res. 137/2005 – DJ 22.08.2005.)
I – (...)
II – O Sindicato, substituto processual e autor da
reclamação trabalhista, em cujos atos fora proferida a
decisão rescindenda, possui legitimidade para figurar
como réu na ação rescisória, sendo descabida a
exigência de citação de todos os empregados
substituídos, porquanto inexistente litisconsórcio
passivo necessário. (ex-OJ 110 – DJ 29.04.2003)”

Por fim, ainda nos cabe destacar que no âmbito da jurisdição civil
coletiva, quanto aos direitos individuais homogêneos, este de natureza
individual e divisível, em que cada titular pode buscar a reparação individual do
dano, a legitimação para propositura de eventual Ação Civil Pública é
extraordinária, ocorrendo também a denominada substituição processual por
parte dos entes legitimados, dentre eles o Ministério Público e os Sindicatos.

20. LITISCONSÓRCIO

No processo trabalhista, assim como no civil, pode haver um autor ou


vários, da mesma forma que pode haver um ou mais réus. Portanto é admitida
a pluralidade de pessoas demandantes ou demandadas. Assim, diz-se que há
litisconsórcio. O artigo 46 do Código de Processo civil nos diz que duas ou
mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando:

“I – entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações


relativamente a lide.
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo
fundamento de fato ou de direito.
III – entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa
de pedir.

101
IV – ocorrer afinidade de questão por um ponto comum de fato
ou de direito.”

Ademais, o CPC, em seu artigo 46, parágrafo único, declara que o


Magistrado pode limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de
litigantes, quando este compromete a rápida solução do litígio ou da dificulta a
defesa, e pedido a limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça
da intimação da decisão.
O procurador tem o direito de requerer a limitação, e o Juiz de deferi-la
mesmo de oficio, quando houver entendimento por parte do Juiz que o número
de litisconsortes facultativos pode dificultar o normal andamento do processo.

20.1. CLASSIFICAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO

20.1.1. Quanto à posição

a) litisconsórcio ativo: vários autores e um único réu;


b) litisconsórcio passivo: vários réus e um único autor;
c) litisconsórcio misto: vários autores e vários réus.

20.1.2. Quanto ao poder aglutinador das razões que conduzem à sua


formação

a) litisconsórcio necessário: diz-se que o litisconsórcio é necessário


quando a presença de todos os litisconsortes for essencial para a
correta prestação da tutela jurisdicional pelo Estado. Este tipo de
litisconsórcio é formado por determinação legal, à exemplo do artigo 10,
inciso I do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 10. O cônjuge somente necessitará do


consentimento do outro para propor ações que versem
sobre direitos reais imobiliários.
§ 1º. Ambos os cônjuges serão necessariamente
citados para as ações:
102
I – que versem sobre direitos reais imobiliários;

Na Justiça do Trabalho, um exemplo de litisconsórcio necessário ocorre


quando o Ministério Público do Trabalho interpõe Ação Anulatória de Cláusula
Convencional, em que ambos os sindicatos convenentes, necessariamente,
integrarão o pólo passivo da demanda.
O artigo 47, do CPC, nos trás a regra do litisconsórcio necessário:

Art. 47. Há litisconsórcio necessário, quando, por


disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o
juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas
as partes; caso em que a eficácia da sentença
dependerá da citação de todos os litisconsortes no
processo.
Parágrafo único. O juiz ordenará ao autor que
promova a citação de todos os litisconsortes
necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de
declarar extinto o processo.

b) litisconsórcio facultativo: é a regra geral, na qual a reunião das partes


se dá por opção delas, e não por imperativo de lei, devendo este tipo de
litisconsórcio ser formado no início da ação, não podendo haver, assim,
formação posterior. O artigo 46, do Código de Processo Civil, elenca as
hipóteses de formação de litisconsórcio passivo, quais sejam, in verbis:

Art. 46. Duas ou mais pessoas podem litigar, no


mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente,
quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de
obrigações relativamente à lide;
II - os direitos ou as obrigações derivarem do mesmo
fundamento de fato ou de direito;
III - entre as causas houver conexão pelo objeto ou
pela causa de pedir;
103
IV - ocorrer afinidade de questões por um ponto comum
de fato ou de direito.
Parágrafo único. O juiz poderá limitar o litisconsórcio
facultativo quanto ao número de litigantes, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a
defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para
resposta, que recomeça da intimação da decisão.

20.1.3. Quanto ao regime de tratamento dos litisconsortes

a) litisconsórcio unitário: a sentença é igual para todos os litisconsortes,


uniforme;
b) litisconsórcio simples: também chamado de litisconsórcio comum, o
litisconsórcio simples ocorre quando a sentença contém particularidades
atinentes a cada um dos litisconsortes, ou seja, cada um deles poderá
contrair direitos e obrigações diferentes dos demais.

20.1.4. Quanto ao momento de sua formação

a) litisconsórcio original ou inicial: ocorre logo no momento da


propositura da ação, na petição inicial;
b) litisconsórcio ulterior ou superveniente: ocorre apões a distribuição e
andamento da ação, sendo comum nos casos de sucessão processual;

21. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

A intervenção de terceiros ocorre quando uma terceira pessoa, por


provocação de uma das partes, ou voluntariamente, ingressa no processo, para
defender interesse próprio. O doutrinador Carlos Henrique Bezerra Leite92
ensina que “pelo fenômeno da intervenção, um terceiro, até então estranho ao
processo, se torna parte, ou seu coadjuvante. Ao tornar-se parte na relação
processual, o terceiro poderá sofrer os efeitos da coisa julgada”.

92
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr,
2006, pág. 371.
104
A CLT é omissa acerca da intervenção de terceiros, de modo que utiliza-
se o Código de Processo Civil como diploma subsidiário. São cinco os tipos de
intervenção de terceiro, a saber:

a) Assistência: é o ato pelo qual um terceiro, voluntariamente, intervem no


processo, tendo interesse jurídico em que a sentença venha a ser favorável ao
assistido. Este procedimento é chamado de assistência adesiva;

b) Oposição: só pode ser admitida no processo de conhecimento, até ser


proferida a sentença de acordo com o art. 56 do CPC. Não cabendo na
execução;

c) Nomeação à Autoria: encontra-se regulada no art. 62 ao 69 do CPC.


Ocorre quando o possuidor ou detentor de determinada coisa alheia nomeia o
proprietário ou possuidor direto desta coisa, a fim de evitar as conseqüências
processuais pertinentes;

d) Denunciação da Lide: o Código de Processo Civil classifica a Denunciação


da Lide como uma medida obrigatória, que leva uma sentença sobre a
responsabilidade do terceiro em face do denunciante, de par com a solução
normal do litígio de início deduzido em juízo, entre autor e réu. Consiste em
chamar o terceiro (denunciado), que mantém um vínculo de direito com a parte
(denunciante), para vir responder pela garantia do negócio jurídico, caso o
denunciante saia vencido no processo.

Os casos em que tem cabimento a denunciação da lide, segundo o


artigo 70, são, in verbis:

I – o de garantia da evicção;
II – o da posse indireta;
III – o do direito regressivo de indenização;

105
e) Chamamento ao Processo: encontra-se disciplinado nos artigos 77 a
80 do Código de Processo Civil, sendo admissível o chamamento ao
processo:

a) do devedor na ação em que o fiador for réu;


b) dos outros fiadores quando para a ação for citado
apenas um deles;
c) de todos os devedores solidários quando o credor
exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente
a dívida comum.

O objetivo do chamamento ao processo é promover a liquidação da


responsabilidade recíproca existente entre os devedores, e para tornar isto
possível, na mesma sentença em que o Magistrado condenou os réus, o réu
primitivo deverá requerer, no prazo para contestar, a citação do chamado ou
chamados.
Cumpre-nos salientar que, enquanto se procede à citação, obedecendo-
se aos prazos acima aludidos do art. 73 do Código de Processo Civil para a
denunciação da lide, o processo ficará suspenso.

22. CONCLUSÃO

106
Baseado no que foi exposto no presente trabalho de pesquisa denota-se que o
direito processual do trabalho será ordenado pelo que consta na CLT, socorrendo-se
subsidiariamente ao CPC quando aquele for omisso.

Os temas estudados estão interligados, sendo a maneira pela qual se regem os


dissídios trabalhistas tanto em primeiro grau de jurisdição quanto nos Tribunais.

Não há de se negar à importância de tal estudo, pois o direito processual do


trabalho rege-se de forma diferente do direito processual civil ou penal.

Há também outras leis esparsas as quais são utilizadas para os procedimentos


trabalhistas, como por exemplo para a obtenção da justiça gratuita, custas
processuais, entre outras, devendo ainda lembrar dos regimentos internos dos
tribunais, os quais são importantíssimos em causas originárias desses e para os
procedimentos recursais, além das custas e emolumentos.

Contudo, quem deseja laborar com o direito trabalhista, deve-se atentar as


diferenças dos outros direitos; quais momentos se deve socorrer ao direito processual
comum, quando será usada a CLT, e etc., pois muitas vezes um procedimento errado
pode prejudicar todo o processo.

23. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

107
1. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de direito processual do trabalho. São
Paulo: Saraiva, 2007;

2. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. São


Paulo: LTr, 6ª. Ed., 2008;

3. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Atlas, 29ª.
Ed., 2009;

4. MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Prática do processo trabalhista. São


Paulo: Ltr, 2008;

5. SARAIVA, Renato. Curso de direito processual do trabalho. São Paulo:


Método, 2007;

6. WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso avançado de processo civil. São Paulo:


Revista dos tribunais, 2007 e 2008;

7. Site: http://www.tst.jus.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da consulta:


6.10.2009;

8. Site: http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_pdf_atual.pdf, data da pesquisa:


7.10.2009;

9. Site:http://www3.trt12.gov.br/juris/scripts/juris.asp?val=0&tex=suspens
%E3o+do+processo&cb_em=S&dt1_dia=7&dt1_mes=10&dt1_ano=2008&dt2_
dia=7&dt2_mes=10&dt2_ano=2009&limpaDatas=on&cdjuiz=0&cdlocal_julg=0&
cla_esp=NAOESPECIFICAR&action=Pesquisar,data da pesquisa: 7.10.2009;

10. José Afonso da Silva, Curso de Direito Constitucional Positivo, 11ª


edição, São Paulo, ed. Malheiros;

108
11. Valentin Carrion – Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho,
página 613, 33ª ed. – 2008, Editora Saraiva;

12. Wagner Giglio – Giglio, Wagner D. Direito Processual do Trabalho. 5.


Ed. São Paulo: LTr, 1984; 12 ed, Saraiva 2002;

13. Tribunal Superior do Trabalho, sítio:


http://www.tst.gov.br/Cmjpn/livro_html_atual.html , consulta em 12.09.09;

14. ALMEIDA, Amador Paes de. Curso Prático de Processo do Trabalho.


19. ed. São Paulo: Saraiva, 2008;

15. NERY JUNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado. São


Paulo: RT, 2008.

109

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