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Direito Civil I

ProfªAline Ribeiro de Freitas

Pessoa Jurídica

1 - Conceito

A pessoa jurídica não é algo de físico e palpável, que pode ser tocado como é o homem, pessoa
natural. É preciso que se explique por que e como o Direito reconhece personalidade com efeitos
amplos a certas entidades, cuja "realidade" é, desse modo, admitida.

Assim, a existência da pessoa jurídica e a natureza destas organizações que o Direito trata como
"pessoas", são identificadas, igualmente pelo Código Civil.

Pessoa Jurídica é o ente incorpóreo, que como as pessoas físicas, pode ser sujeito de direitos,
adquirindo patrimônio autônomo e exercendo direitos em nome próprio.

São entidades a que a lei empresta personalidade, isto é, são seres que atuam na vida jurídica,
com personalidade diversa da dos indivíduos que as compõem, capazes de serem sujeitos de direitos e
obrigações na ordem civil. ( Silvio Rodrigues)

São associações ou instituições para a realização de um fum e reconhecidas pela ordem como
sujeitos de direitos. ( Washington de Barros)

Pessoa Jurídica é a unidade de pessoas naturais ou de patrimônios, que visa à concepção d certos
fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direitos e de obrigações.(Maria Helena Diniz)

No Brasil, Alemanha, Espanha e Itália se usa a expressão “pessoa jurídica”, em Portugal,


“pessoa coletiva”, na França “pessoa moral”.

1.2 Constituição da Pessoa Jurídica

Consoante o art. 45 e 985 código civil, que estabelece regras a respeito do nascimento das
pessoas jurídicas:

Art.45 começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição
do ato construtivo no respectivo registro, precedida quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato construtivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo contado prazo da publicação e
sua inscrição no registro.

Art. 985. a sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição no registro próprio e
na forma da lei, dos seus atos constitutivos (art-45 e 1150).

A lei diz que registra-se o ato constitutivo, ou seja, o contrato social ou o estatuto à junta
comercial (registro público de empresa) ou ao cartório de pessoa jurídica. O CC denomina a sociedade
que não foi registrada de sociedade despersonificada, de maneira que os sócios respondem pessoal e
ilimitadamente pelas dívidas sociais (Art. 986 e ss).

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Pessoa jurídica de direito publico: existência decorre da lei. A pessoa jurídica de direito publico
tem seu inicio com fatos históricos, constituição, lei especial e tratados internacionais.

Já as pessoas jurídicas de direito privado são criadas por normas de natureza privada. Sua
existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção, ocorre pela lei.

Entretanto, o que importa é termos em mente, que legalmente a pessoa juridica inicia-se com a
inscrição do ato constitutivo no respectivo registro.

1.3 Requisitos para existência da Pessoa Jurídica

São as normas ou atos jurídicos que tornam as pessoas jurídicas existentes do ponto de vista
legal, e permitem, que elas possam realizar todos os atos que não lhes sejam vedados pela lei. Assim,
as pessoas jurídicas, em seu próprio nome, poderão abrir contas correntes, contrair empréstimos etc

• vontade humana - “affectio” - se materializa no ATO DE CONSTITUIÇÃO que se


denomina Estatuto (associações sem fins lucrativos), Contrato Social (sociedades civis ou
mercantis) e Escritura Pública ou Testamento (fundações).

• Observância das Condições Legais

- Registro - o ato constitutivo deve ser levado a Registro para que comece, então, a existência
legal da pessoa jurídica de Direito Privado. Antes do Registro, não passará de mera “sociedade
de fato”.
A pessoa jurídica passa a ter existência legal a partir do registro(art 45 CC). O registro tem
natureza constitutiva
Art. 46. O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

O art 1150 estabelece as Juntas Comerciais( Lei 8934/94) deve promover o registro dos atos
constitutivos do empresário e da sociedade empresaria: e do Registro Civil de Pessoas Jurídicas, o
registro da sociedade simples.

- Autorização do Governo - algumas pessoas jurídicas precisam de AUTORIZAÇÃO DO


GOVERNO para existir. Ex.: seguradoras, factoring, financeiras, bancos, administradoras de
consórcio, etc.
Bancos para se constituírem legalmente necessitam além do registro em cartório de uma
autorização específica do Banco Central, é algo excepcional, a regra é que a pessoa jurídica se
constitui com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Algumas exigem para a sua
constituição e funcionamento, autorização ou aprovação especial do poder executivo. Segundo Caio
Mário a falta dessa autorização gera a inexistência da pessoa jurídica.
• Liciedade de seus objetivos - art 69 CC

2 - Natureza Jurídica
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Varias teorias foram elaboradas no intuito de justifica e esclarecer a sua existência em razão de
sua capacidade de direito:

Corrente negativista defendida por Planiol e Ihering: esta corrente negava existência à pessoa
jurídica, ou seja, rejeitava a condição de sujeito de direito à pessoa jurídica. Chegavam ao ponto de dizer que
elas eram condomínio ou que eram apenas um grupo de pessoas físicas reunidas.

Corrente afirmativista: afirma a existência da pessoa jurídica. Subdivide-se em três teorias:


a) Teoria da ficção: Savigny foi o grande defensor dessa teoria. Para esta teoria, a pessoa
jurídica teria existência ideal ou abstrata, sem existência social, sendo uma criação da técnica jurídica.
Por ser muito abstrata, não respondia a muitas questões, já que acreditava que todas elas eram meras
criações do direito. segundo a qual tudo não passava de ficção criada pela lei. Não se pode aceitar
esta concepção, que, por ser abstrata, não corresponde a realidade, pois se o Estado é pessoa jurídica e
se se conclui que ele é ficção legal ou doutrinaria, o direito que dele também emana o será.

b) Teoria da Equiparação ( Winsheid e Brinz): a pessoa jurídica é um patrimônio equiparando-


se no seu tratamento jurídico as pessoas naturais. Essa teoria é inaceitável, porque eleva os bens a
categoria de sujeitos de direitos e obrigações, confundindo pessoas com coisas.
c) Teoria da realidade objetiva ou Orgânica ( Gierke e Zitelmann). Esta segunda teoria, de
natureza organicista, sociológica, sustentava que a pessoa jurídica não teria mera existência ideal,
sendo um grupo ou núcleo social, real, como os indivíduos. Defendida por Clóvis Beviláqua e Lacerda
de Almeida. Entretanto essa concepção recai na ficção quando afirma que a pessoa jurídica tem
vontade própria, porque o fenômeno volitivo é peculiar do ser humano, não ao ente coletivo.
d) Teoria da realidade técnica ou das Instituições ( Hauriou, adotada pelo Código Civil
Brasileiro). Para esta teoria, a pessoa jurídica teria atuação social, na qualidade de sujeito de direito
com existência real, muito embora a sua personalidade fosse criada pela técnica jurídica (conferida
pelo direito). A personalidade jurídica é um atributo que a ordem jurídica estatal outorga a entes que o
merecem. Essa teoria é a que melhor atende a essência da pessoa jurídica, por estabelecer, com
propriedade que a pessoa jurídica é uma realidade jurídica.

3 - Classificação

3.1 Quanto à nacionalidade: nacionais ou estrangeiras

Tal classificação da-se tendo em vista sua articulação, subordinação à ordem jurídica que lhe conferiu
personalidade, sem se ater, em regra, à nacionalidade dos membros que a compõem e a origem do
controle financeiro( LICC, art 11, CF. arts 172§ 1º e 222, CC arts. 1126 a 1411)

3.2 Quanto à função ou órbita de sua atuação: Direito Público ou Direito Privado

Conforme o artigo 40 do Código Civil de 2002, as pessoas jurídicas (admitidas pelo Direito brasileiro)
são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.

3.2.1Pessoas jurídicas de Direito Público

a) EXTERNO ( CC, art 42)


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Reguladas pelo direito internacional público. São os Estados nacionais( nações estrangeiras), união
aduaneira( Mercosul, etc), Santa Sé e organismos internacionais (ONU, OEA, União Européia,
Mercosul etc).

Eles se constituem e se extinguem geralmente mediante fatos históricos (guerras, revoluções, etc).

b) INTERNO

* O próprio poder público (administração direta) em suas manifestações (União, Estados, Municípios, Distrito Federal)
Os órgãos descentralizados (administração indireta) criados por lei, com personalidade jurídica própria, para desempenhar
funções especiais de serviço público.
Autarquias e Fundações de direito público.

O art. 41 do Código Civil de 2002 estabelece:

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 11.107, de
2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a
que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.

a) União, que designa a nação brasileira. O Estado é a pessoa jurídica de direito publico por
excelência; é a nação politicamente organizada. Nos Estados de organização federativa, desdobra-se a
pessoa jurídica, como entre nós, em estado federados e municípios.

b) Estados Federados: se regem pela Constituição e pelas Leis que adotarem. Cada estado
federado possui autonomia administrativa, competência e autoridade na seara legislativa, executiva e
judiciária, decidindo sobre negócios locais.

A personalidade jurídica do Estado federado surge da Carta magna, que enumera suas
atribuições, reconhecendo seus direitos e prerrogativas.

c) O Distrito Federal: é a capital da União. É um município equiparado ao Estado Federado por


ser a sede da União, tendo administração, autoridades próprias e lei atinentes aos serviços locais.. É
regido por sua Lei Orgânica própria (art. 32, CF).

d) Territórios:

e) Municípios : assim como as demais Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno, são
entidades político-administrativas, tem autonomia (política, administrativa e financeira), sendo
também como entidades estatais, componentes da estrutura federativa.

f) Autarquia é “uma pessoa jurídica de direito publico, integrante da administração indireta,


criada por lei para desempenhar funções que, despida de caráter econômico, sejam próprias e típicas
do Estado” ( Jose dos Santos Carvalho Filho, 2003, p.27)
Exemplos de autarquias: INSS, IBAMA, INCRA.

**Grandes partes dos doutrinadores entendem que aqui se enquadram as agencias reguladoras

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Apenas para ilustrar, a Universidade de São Paulo é uma autarquia. É um serviço público do
Estado, mas organizado como se fosse um ente particular, com a descentralização e a autonomia
indispensáveis a uma entidade dessa natureza.
A USP não tem suas despesas discriminadas no orçamento geral do Estado, porquanto recebe
uma dotação maciça única, que é, depois, aplicada por seus órgãos de administração, estando previstas
em lei, assim como nos demais casos, a sua forma de controle e fiscalização, é exercida pelo Tribunal
de Contas do Estado.

g) Associações Publicas - Lei 11.107/06 “ dispõe sobre as normas gerais de contratação de


consórcios publicos e da outras providencias”, prevê que o consorcio publico será criado
contratualmente pela união dos entes da federação sob a forma de pessoa jurídica de direito privado ou
pela associação publica.
** Há questionamento acerca da inclusão das fundações publicas neste item pela própria natureza
jurídica das fundações que alguns entedem ser de direito privado e outros de direito publico.

h)as demais entidades de caráter público criadas por lei: Fundações Públicas (ex: Fundação
Centro Brasileiro para a Infância e Adolescência) que surgem quando a lei individualiza

3.2.3 Pessoas jurídicas de Direito Privado

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das
organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou
registro dos atos constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº
10.825, de 22.12.2003)
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades
que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de
22.12.2003)
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei
específica.

O rol do art 44 não é taxativo, conforme determina o Enunciado 144 do CJF

São as associações, as sociedades, as fundações particulares, as entidades paraestatais


(sociedades de economia mista), empresas privadas e empresas públicas, os partidos políticos e as
ONGs (organizações da sociedade civil de interesse público).

a)Sociedades:

b) Partidos Políticos: pessoa jurídica de direito privado caracterizada pela união de pessoas com a
finalidade específica de exercer a atividade política. Não tem fins lucrativos
Os partidos Políticos são estudado pelo Direito eleitoral, estando regulados por lei própria ( Lei
9096/95)

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Devem ter seus atos registrados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas(art 114, Lei 9096/95),
devendo todavia registrar-se junto ao TSE para que possa exercer direitos eleitorais.

c) Organizações religiosas (Art 44, § 1ºCC)

Essa pessoa jurídica não esta disciplinada do Código Civil de 2002, e de acordo com o art 2031,
parágrafo unico fica dispensadas de a ele se adequar

Prevalece em relação as associações religiosa o que for previsto nos seus atos contitutivos, não
podendo criar disposições incompatíveis com o sistema jurídico, notadamente a Carta Magna.

O Enunciado 142 do CJF afirma que”

O Enunciado 143 do CJF diz que>

d) Associações
LEI No 9.790, DE 23 DE MARÇO DE 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito
privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de
Parceria, e dá outras providências.
e) Fundações de direito privado: as fundações resultam da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura
pública, que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina.

OBS1: PESSOA JURÍDICA “SUI GENERIS”:


• Sindicatos: PJ de direito privado; registrados no CRPJ e Ministério do Trabalho;
Art. 8º - CF (é livre a associação profissional ou sindical).
• Cooperativas: são regidas pela Lei nº 5.764; Tem natureza jurídica própria, fiscalizadas pelas Delegacias
Regionais do Trabalho e Ministério Público do Trabalho; Registradas na Junta Comercial.

OBS 2: PESSOA JURÍDICA DE COOPERAÇÃO GOVERNAMENTAL:

• AS DE SERVIÇOS SOCIAIS: elas são de direito privado, criadas por lei, registradas no CRPJ, seus
recursos normalmente são repassados pelo INSS e fiscalizadas pelo TCU.

- SESI (Serviço Social da Indústria)


- SESC (Serviço Social do Comércio)
- SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial)
- SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial)
- SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)
- SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural)
- SEST (Serviço Social de Transporte)
- SENAT (Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte)

3.3 Quanto a estrutura Interna

Quanto à estrutura interna: corporação (conjunto ou reunião de pessoas, tem como finalidade os
seus sócios, tem finalidade interna) ou fundação (reunião de bens, têm objetivos externos,
estabelecidos pelo seu fundador; p. ex.: Fundação Ayrton Senna).

3.3.1 Corporação (universitas personarum: conjunto ou reunião de pessoas)

Visam à realização de FINS INTERNOS, estabelecidos pelos sócios.


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Os objetivos são voltados para o bem de seus membros.
Existe Patrimônio, mas ele é elemento secundário, apenas um meio para a realização de um fim.

• Constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins


determinados
• Compõem-se de dois elementos:
o Patrimônio

Fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo)

Dividem-se em:
a)Associações: não tem fins lucrativos, mas sim religiosos, esportivos, morais, culturais, recreativos (clubes). Ex.:
Times de futebol (ainda, porque a Lei Pelé ordenou que eles virassem empresas), ACM (Associação Cristã de Moços),
Apae.

b) Sociedades: podem ser civis ou comerciais. Elas visam lucro. As sociedades comerciais fabricam ou vendem bens
(produtos). As sociedades civis são prestadoras de serviço e geralmente são constituídas por profissionais da mesma área
ou profissão.

Constituem-se as associações a união de pessoas que se organizem para fim não econômico, não
havendo entre associados direito e obrigações recíprocas, conforme art. 53.

Já as sociedades, como dispõe o art. 981, são constituídas por pessoas que tenham em vista
realizar fins econômicos, obrigando-se a contribuir com bens ou serviços para alcançar os resultados a
serem partilhados entre si.

Uma das inovações na nova Lei Civil de 2002 consta na disciplina autônoma da vida societária,
destinando-lhe uma de suas partes especiais, à qual foi dada o nome de Direito de Empresa. Essa
denominação se justifica porque nela se trata mais amplamente da "sociedade empresária" que pode
ser comercial, industrial ou de prestação de serviços, sendo organizadas segundo um dos tipos
previstos no Código.

Em regra é o conteúdo, ou tipo de atividade que dá qualificação jurídica a uma entidade e, não,
a sua forma. Assim, por exemplo, se uma associação se organizar sob forma de sociedade por quotas
de responsabilidade limitada, que é tipicamente empresarial, será civil se visar, por exemplo, à
satisfação de finalidades recreativas ou culturais. As associações caracterizam-se, de modo geral, pelo
exercício de atividades de natureza cultural, comum a todos os membros da convivência, ou de
atividades que exigem qualificação especifica nas quais o elemento pessoal é dominante. Na realidade,
porém, varia, de País para País, e no decurso do tempo, dentro de um mesmo ordenamento, os critérios
adotados pelo legislador para considerar civil este ou aquele tipo de entidade. Às vezes, é a tradição
que matem no quadro das pessoas jurídicas civis entes que a rigor já reúnem todos os característicos de
estrutura empresária.

Corporações ( universitas personarum ) - Conjunto ou reunião de pessoas.

Visam à realização de FINS INTERNOS, estabelecidos pelos sócios.

Os objetivos são voltados para o bem de seus membros.

Existe Patrimônio, mas ele é elemento secundário, apenas um meio para a realização de um fim.
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• Constituem um acervo de bens, que recebe personalidade para a realização de fins
determinados
• Compõem-se de dois elementos:
o Patrimônio
o Fim (estabelecido pelo instituidor e não lucrativo)

3.3.2 Fundação (universitas bonorum: reunião de bens)

O art. 62 estabelece:

"Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou
testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se
destinam, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins
religiosos, morais, culturais ou de assistência."
A fundação:
• recebe personalidade para a realização de FINS PRÉ-DETERMINADOS;
• têm objetivos externos, estabelecidos pelo instituidor;
• o Patrimônio é o elemento essencial;
• Não visam lucro.
• São sempre civis.

Sua formação passa por 4 fases:

a) Dotação ou instituição - é a reserva de bens livres, com a indicação dos fins a


que se destinam. Faz-se por escritura pública ou testamento.

b) Elaboração dos Estatutos – Pode ser direta ou própria (feita pelo próprio
instituidor) ou fiduciária (feita por pessoa de sua inteira confiança, por ele designado).
Caso não haja a elaboração do Estatuto, o Ministério Público poderá tomar a iniciativa
de fazê-lo.

c) Aprovação dos Estatutos - São encaminhados ao Ministério Público, para


aprovação. O objetivo deve ser LÍCITO e os bens suficientes.

d) Registro - Feito no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. Só com


ele começa a existência legal da Fundação.

Fundações de direito privado: as fundações resultam da afetação de um patrimônio, por testamento ou escritura pública,
que faz o seu instituidor, especificando o fim para o qual se destina. É um patrimônio personificado (Art. 62). A fundação se
personifica com o registro do seu ato constitutivo (estatuto). Por ato particular não é possível. Ela não pode gerar lucro para os seus
administradores, ela persegue um ideal como as associações. Só pode ser constituída para fins morais, culturais, religiosos ou de
assistência. A elaboração do estatuto pode ser feita diretamente pelo instituidor ou por um terceiro (elaboração fiduciária) ou
supletivamente pelo MP (Art. 65). Quem aprova o estatuto da fundação é o MP, que além dessa função, tem o encargo de fiscalizar
todas as fundações. O § 1º do Art. 66 deve ser visto com ressalva, uma vez que a fiscalização no DF deve ser feita pelo MPDFT. O
Código Civil fala que quem fiscaliza é o MPF (parágrafo inconstitucional - existe uma ADI proposta pela CONAMP no sentido de
declarar a inconstitucionalidade para fazer retornar a competência para o MPDFT, inclusive já com parecer favorável à procedência da
ADI 2794). Cuidado com o Art. 67: cuida da alteração do estatuto. Às vezes a alteração não é unânime (2/3 de quorum), a minoria
vencida pode impugnar a alteração do estatuto na forma do Art. 68 (10 dias – prazo decadencial). Requisitos para a criação: Dotação
patrimonial (afetação de bens livres)  escritura pública ou testamento (somente)  estatuto  aprovação do estatuto (pelo MP)
 registro civil do estatuto no cartório de pessoa jurídica. A fundação pública instituída pela União, estado ou município, na forma
da lei, rege-se por preceitos próprios de direito administrativo.

As fundações podem atender a todas as modalidades de assistência, desde as destinadas à saúde


até o desenvolvimento de fins científicos ou práticos. Como se vê, é extenso o campo de atuação das
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fundações, que se caracterizam pela subordinação expressa de certo patrimônio à consecução de
determinado fim.
A fundação é um dos tipos mais aperfeiçoados da técnica jurídica. Não se trata aqui de uma
congregação de pessoas, mas de uma universalidade de bens, que se situa e se individualiza tão-
somente em virtude dos fins a que está a serviço.
As fundações podem ser consideradas também sob o prisma genérico que discrimina o Direito
em público e privado. Há fundações de Direito Público, assim como há fundações de Direito Privado,
apesar da resistência que, às vezes, ate por motivos menos nobres, vem sendo oposta a esse
entendimento.
Completando este assunto, importante que tenhamos noção de como surge uma sociedade, ou
melhor, uma pessoa jurídica. Enquanto que a pessoa natural começa com o nascimento com a vida,
dependendo, portanto, de mero fato natural, já as associações e sociedades dependem, para a sua
existência plena no mundo do Direito, exigem certas formalidades que se chamam formalidades de
registro.
As pessoas jurídicas, como entidades histórico-culturais que são, desde o seu nascimento, até a
sua extinção, vivem no Direito e em função dos fins que este protege.
É a razão pela qual, se a técnica jurídica as considera "entes jurídicos" distintos das pessoas
naturais que as compõem, a doutrina mais recente vai abrindo exceções a esse princípio, a fim de que
os sócios de má fé não aufiram proveitos ilícitos à sombra da personalidade social.
Vai prevalecendo cada vez mais o entendimento de que a personalidade, conferida às
sociedades, não pode ser convertida em cobertura para enriquecimento ilícito, desviando as pessoas
jurídicas de seus objetivos sociais. Reprimindo os "desvios da personalidade", evitar-se-á que os
maliciosos dela usem em benefício próprio, fazendo crescer seu patrimônio pessoal. Nesse sentido
tanto o Código do Consumidor como o Código Civil de 2002 já cominam sanções aos sócios
infratores.

Características das Fundações 


• Seus bens são inalienáveis e impenhoráveis, exceto c/ autorização
judicial;
• Os Estatutos são sua Lei básica;
• Os administradores devem prestar conta ao Ministério Público;
• Não existe proprietário, nem titular, nem sócios;

Extinção das Fundações 


• No caso de se tornarem nocivas (objetivo ilícito);
• caso se torne impossível sua manutenção;
• se vencer o prazo de sua existência;
• Uma vez extinta uma fundação, o destino do seu patrimônio será o
previsto nos estatutos. Caso os estatutos forem omissos, destinar-se-ão a outras
fundações de fins semelhantes

SOCIEDADE

Representação da pessoa jurídica

Art. 47

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Enunciado 145 do CJF conclui que o at 47 do CC “ não afasta a aplicação da teoria da aparência”.

Personalidade legal

A personalidade legal de uma pessoa jurídica, incluindo seus direitos, deveres, obrigações e ações, é
separada de qualquer uma das outras pessoas físicas ou jurídicas que a compõem. Assim, a
responsabilidade legal de uma pessoa jurídica não é necessariamente a responsabilidade legal de
qualquer um de seus componentes. Por exemplo, um contrato assinado em nome de uma pessoa
jurídica só afeta direitos e deveres da pessoa jurídica; não afeta os direitos e deveres pessoais das
pessoas físicas que executaram o contrato em nome da entidade legal.

Extinção da Pessoa Jurídica:

De diferentes formas se extinguem as pessoas jurídicas de direito público e privado. As primeiras


terminam da mesma maneira como foram criadas, "Logo, extinguem-se pela ocorrência de fatos
históricos, por norma constitucional, lei especial ou tratados internacionais." (DINIZ, 1997, p.162)
Quantos às pessoas jurídicas de direito privado:

— Convencional: seus sócio decidem assim, se reúnem e decidem por fim à empresa.

— Natural: morte de um dos sócios que impossibilita a continuação da empresa.

— Judicial: quando já se configurou um dos casos de extinção legal ou contratual, e os sócios


continuam com as atividades, obrigando um deles a ingressar em juízo contra isso.

— Administrativa: decorre da cassação da licença para as que exigem autorização do poder executivo
(bancos e seguradoras, por exemplo).

— Legal: ocorre qualquer dos casos previstos no art. 1399, do Código Civil: I - pelo implemento da
condição, a que foi subordinada a sua durabilidade, ou pelo vencimento do prazo estabelecido no
contrato; II - pela extinção do capital social, ou seu desfalque em quantidade tamanha que a
impossibilite de continuar; III - pela consecução do fim social, ou pela verificação de sua
inexeqüibilidade; IV - pela falência, incapacidade, ou morte de um dos sócios;.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURIDICA

há casos especiais em que a personalidade jurídica pode ser desconsiderada, possibilitando o juiz, em
determinado processo judicial, a atingir o patrimônio dos sócios ou responsáveis pela pessoa jurídica: é
a desconsideração da personalidade jurídica ("disregard of legal entity").

1.3 Surgimento da pessoa jurídica

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A personificação da pessoa jurídica opera-se no momento do seu registro civil (art 45CC e art
985 CC)1.
Bancos para se constituírem legalmente necessitam além do registro em cartório de uma
autorização específica do Banco Central, é algo excepcional, a regra é que a pessoa jurídica se
constitui com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Algumas exigem para a sua
constituição e funcionamento, autorização ou aprovação especial do poder executivo. Segundo Caio
Mário a falta dessa autorização gera a inexistência da pessoa jurídica.
A lei diz que registra-se o ato constitutivo, ou seja, o contrato social ou o estatuto à junta
comercial (registro público de empresa) ou ao cartório de pessoa jurídica. O CC denomina a sociedade
que não foi registrada de sociedade despersonificada, de maneira que os sócios respondem pessoal e
ilimitadamente pelas dívidas sociais (Art. 986 e ss).
Pessoa jurídica de direito publico: existência decorre da lei. A pessoa jurídica de direito publico
tem seu inicio com fatos históricos, cenação constitucional, lei especial e tratados internacionais.

Já as pessoas jurídicas de direito privado são criadas por normas de natureza privada. Sua
existência legal (personalidade), ou seja, sua criação e extinção, ocorre pela lei.

Domicilio da Pessoa Jurídica

Art 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da
pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.

1
. O art. 45 chega a ser até pedagógico no sentido de que dá uma noção, mais do que uma
determinação ou preceito. Reza esse artigo:"Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, procedida, quando necessário, de
autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo".

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