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ARTIGO ARTICLE S233

Método Mãe Canguru:


o papel dos serviços de saúde e das redes
familiares no sucesso do programa

Kangaroo Mother Care:


the role of health care services and family
networks in a successful program

Tereza Setsuko Toma 1

1 Instituto de Saúde. Abstract Kangaroo Mother Care (KMC) provides many benefits to low birth-weight babies. The
R. Santo Antonio 590,
family’s early and active participation in the care of these infants helps create and strengthen
2 o andar, São Paulo, SP
01314-000, Brasil. bonding. This study was intended to increase the knowledge on the effect of hospital and family
ttoma@isaude.sp.gov.br. conditions on the method’s implementation. Fourteen women and seven men taking part in
KMC in the Itapecerica da Serra General Hospital (São Paulo State) answered in-depth inter-
views. The respondents’ statements are focused on the decision-making process in the method’s
implementation, which depends not only on the mother’s desire and willingness, but also on the
support provided by the family network and empathetic health care teams. Although mothers re-
alize the importance of KMC for their infants’ recovery, personal and family problems may pre-
vent them from taking active part in the program. Interaction of such factors as history of peri-
natal death, presence of other children in the household, involvement of the father and other
family members, and household management can establish patterns that may or may not be fa-
vorable when choosing and implementing KMC.
Key words Kangaroo Mother Method; Low Birth Weight Infant; Family Relations

Resumo O Método Mãe Canguru (MMC) traz muitos benefícios ao recém-nascido de baixo pe-
so. A participação efetiva da família no cuidado desses bebês, desde o início da vida, favorece a
criação e o fortalecimento do vínculo afetivo. Este estudo teve como objetivo aumentar a com-
preensão sobre a influência das condições hospitalares e da organização familiar sobre a prática
do MMC. Foram realizadas entrevistas com 14 mulheres e sete homens participantes do Progra-
ma Canguru, do Hospital Geral de Itapecerica da Serra, São Paulo. Os depoimentos dos entrevis-
tados apontam o processo de decisão para a prática do MMC como um complexo que depende
não só da vontade da mãe, mas também do apoio de sua rede familiar e de uma equipe de saúde
compreensiva. Embora as mães percebam a importância do método para a recuperação de seus
filhos, os dilemas e as dificuldades pessoais e de ordem familiar podem impedi-la de participar
efetivamente do programa. A interação entre alguns fatores, tais como perda de uma criança em
gestação anterior, presença de outros filhos, participação do pai e de outros membros da família
e arranjos domésticos, pode determinar padrões mais ou menos favoráveis à opção e prática do
MMC.
Palavras-chave Método Mãe Canguru; Recém-nascido de Baixo Peso; Relações Familiares

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Atenção neonatal e vínculo afetivo família. Silva (1997), ao estudar a amamenta-


ção sob a perspectiva da mulher que a vivên-
A criação das incubadoras e das unidades de cia, traz à luz questões acerca do processo de
cuidado intensivo possibilita, hoje, a sobrevi- tomada de decisão, no qual entra em jogo a no-
vência de recém-nascidos com pesos cada vez ção de riscos e benefícios de uma opção em de-
mais baixos. Nessas circunstâncias, rotinas hos- trimento de outra. A opção e a prática do MMC
pitalares que separam os pais de seus filhos pre- podem ser vistas sob esse enfoque, uma vez
maturos podem ter implicações negativas para que exigirá da mulher considerar tanto os as-
a formação do vínculo afetivo e, conseqüente- pectos pessoais, como aqueles relativos ao be-
mente, influenciar o posterior cuidado dessas bê e ao seu entorno social.
crianças (Klaus, 1993). No Método Mãe Cangu- Do ponto de vista pessoal, segundo Tessier
ru (MMC), a mãe substitui a incubadora, pro- et al. (1998), ela terá de lidar com seus senti-
gressivamente, mantendo o bebê aquecido por mentos de inadequação, bem como com o es-
meio do contato da criança com sua pele. A tresse e a sensação de isolamento decorren-
prática se inicia dentro do hospital e continua tes do nascimento de um bebê prematuro e da
em casa, mediante estreito acompanhamento permanência prolongada dentro do hospital.
da equipe de saúde. Os benefícios do MMC in- Por outro lado, a prática do MMC teria uma in-
cluem redução da morbidade e do período de fluência positiva, ajudando a mãe na supera-
internação dos bebês, e melhoria na incidência ção mais rápida desse processo (Affonso et al.,
e duração da amamentação e no senso de com- 1989), que envolve três estágios. No primeiro,
petência dos pais (Cattaneo et al., 1998; Char- elas buscam explicações para o fato de o bebê
pac et al., 1997; Christensson, 1996; Lima et al., ter nascido antes do tempo; no segundo, exer-
2000; Sloan et al., 1994; Tessier et al., 1998). cem o domínio da situação, lidando com o am-
A idéia de que a própria mãe pudesse ser a biente hospitalar, o cuidado e a alimentação da
fonte de calor para seu bebê prematuro surgiu criança; e, no terceiro, elevam sua auto-estima
na Colômbia, devido à escassez de incubado- e senso de competência.
ras (Whitelaw & Sleath, 1985). Hoje, o MMC Com relação às famílias e papéis de gênero,
tem sido adotado tanto nos países em desen- Bott (1976), em estudo realizado na Inglaterra
volvimento quanto naqueles desenvolvidos. No sobre a organização de famílias inglesas, ob-
Brasil, o Ministério da Saúde (MS, 2000), lan- servou diferenças importantes na forma como
çou a Norma de Orientação para a Implemen- os casais distribuem e desempenham as ativi-
tação do Método Canguru, estabelecendo as dades relacionadas à manutenção da unidade
diretrizes para sua aplicação nas unidades do doméstica e da família. Nesse trabalho, a auto-
Sistema Único de Saúde (SUS). Resolução se- ra identificou três tipos de organização: a com-
melhante foi aprovada pela Secretaria de Esta- plementar, a independente e a conjunta. Na
do da Saúde de São Paulo (São Paulo, 2001). Em organização complementar, as atividades do
linhas gerais, essa norma prevê: abertura das marido e da esposa são diferentes e separadas,
unidades neonatais de forma ampla aos pais, mas ajustadas umas às outras para se formar
para que eles possam, o mais rápido possível, um todo. Em uma organização independente,
tocar o(a) filho(a); contato pele a pele prolon- as atividades são levadas a cabo separadamen-
gado, particularmente com a mãe, para propi- te pelo casal, enquanto na conjunta são reali-
ciar o bem-estar e a adaptação mais rápida do zadas tanto pelo marido quanto pela esposa.
bebê à vida extra-uterina e estimular a prática O grau de participação desses três tipos de or-
da amamentação; alta hospitalar mais precoce ganização foi diferenciado de uma família pa-
do bebê e continuidade do contato pele a pele ra outra. Dessa forma, a autora estabeleceu o
no domicílio, até cerca de quarenta semanas grau de segregação dos papéis conjugais, par-
de idade gestacional. tindo de seus pontos extremos. Em um dos pó-
los, tem-se o relacionamento de papel conju-
gal segregado, no qual predominam os tipos de
A mulher, a organização das famílias organização complementar e independente e,
e os papéis de gênero no extremo oposto, o relacionamento de papel
conjugal conjunto, em que prevalece o tipo de
O MMC trata essencialmente do cuidar. Tendo organização conjunta. Entre as pesquisas so-
em vista que as mulheres são as cuidadoras bre papéis de gênero e organização familiar
primárias da criança, cabe uma reflexão sobre realizadas no Brasil, Sarti (1996), ao estudar fa-
os aspectos que poderiam influenciar a prática mílias pobres de São Paulo, encontrou uma
do MMC enquanto resultados de suas intera- clara diferenciação entre os papéis do homem
ções com a equipe hospitalar e os membros da e da mulher.

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Ainda segundo Bott (1976), a rede de rela- ta pelo programa, como também pelo fato de
ções das famílias mostrava graus bastante va- ter sido estabelecida a prática do canguru do-
riados em sua conexidade, desde seus extre- miciliar. É dentro deste contexto que surge a
mos denominados de malha estreita ou frouxa. inquietação para realizar o estudo, cujo objeti-
O termo malha estreita é empregado para des- vo foi aumentar a compreensão sobre as con-
crever uma rede na qual existem muitas rela- dições hospitalares e sociais/familiares relacio-
ções entre as unidades componentes, enquan- nadas à prática do MMC.
to a expressão malha frouxa é utilizada para
definir uma rede na qual há poucos relaciona-
mentos deste tipo. Notou-se uma tendência à Metodologia
correlação entre papéis conjugais segregados/
rede de malha estreita e papéis conjugais con- Foram realizadas entrevistas com 14 mulheres
juntos/rede de malha frouxa. Nessa linha de e sete homens, cujos bebês utilizaram o MMC
raciocínio, entre as famílias pobres estudadas no Hospital Geral de Itapecerica da Serra, um
por Sarti (1996), predominava a rede social de hospital da rede pública estadual. Dados sobre
malha estreita, em que os vínculos com o gru- o funcionamento do programa foram obtidos
po familiar mais amplo não se desfazem com o com base na leitura de documentos do hospi-
casamento. tal, da observação das práticas e por meio de
A propósito da importância que a família esclarecimentos prestados pela coordenado-
vem adquirindo nas políticas de saúde, Vascon- ra do programa e por alguns membros da equi-
celos (1999) afirma que, quando se analisa esse pe. A consulta aos registros hospitalares permi-
comportamento sob a perspectiva de realiza- tiu completar as informações sobre o período
ção de um modo de vida entre as classes popu- de internação e o acompanhamento ambula-
lares, verifica-se que o apego à família e a ma- torial.
nutenção dos padrões tradicionais nas relações Durante o período de seleção das mulheres
homem/mulher e pais/filhos permitem o sur- para o estudo, 15 de 16 mães participaram do
gimento de uma estratégia de sobrevivência e programa. A seleção ocorreu de 18 de julho a
a construção de projetos para o futuro. 19 de setembro de 2001, atendendo ao critério
de saturação dos dados no que se refere às in-
formações relevantes para a pesquisa. As mu-
A busca de uma melhor compreensão lheres foram entrevistadas no hospital e no
da prática do MMC domicílio. Em dois casos, a segunda entrevista
foi realizada no hospital e não em casa. Os ho-
A implementação das diretrizes preconizadas mens foram entrevistados no hospital e/ou em
pelo MS pressupõe equipes de saúde com habi- casa, sempre que estivessem presentes no mo-
lidades não só para orientar a prática do MMC mento da entrevista com suas respectivas com-
nas unidades neonatais, mas também para li- panheiras. As entrevistas gravadas, seguiram
dar com os aspectos que podem influenciar o um roteiro prévio e tiveram duração entre 15 e
ato de cuidar no âmbito da família. A normati- 30 minutos cada. Os nomes verdadeiros dos en-
zação visa a facilitar a expansão do programa, trevistados foram substituídos por nomes fic-
além de estabelecer parâmetros que garantam tícios, algumas vezes sugeridos por eles mes-
a segurança na atenção ao recém-nascido de mos. A análise dos depoimentos foi feita, em
baixo peso. Entretanto, considerando a tradi- uma primeira instância, por meio da organiza-
ção autoritária e normatizadora dos serviços ção em temas (pré-natal, parto, prática do can-
públicos nas suas relações com as classes po- guru, participação do pai e outros membros da
pulares, deve-se tomar cuidado para não subs- família, outros filhos, amamentação, retorno
tituir as iniciativas familiares, mas sim cami- ao ambulatório). Posteriormente, a montagem
nhar no sentido do seu fortalecimento (Mitja- de diagramas permitiu observar a participação
vila & Echeveste, 1994; Vasconcelos, 1999). da rede familiar nas fases hospitalar e domici-
Em 1997, projeto-piloto sobre viabilidade liar do MMC (Figuras 1 e 2).
da implantação do MMC em maternidade pú- O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética
blica da Cidade de São Paulo apontou a pre- do Instituto de Saúde. O formulário para con-
sença de outros filhos e a falta de dinheiro pa- sentimento informado, no qual se explicavam
ra o transporte como algumas das dificulda- os objetivos da pesquisa, foi lido para todos os
des para a participação das mães (Rea & Toma, entrevistados antes de concordarem em con-
1997). A implantação do MMC no Hospital Ge- ceder a entrevista.
ral de Itapecerica da Serra chama a atenção
não só porque a quase totalidade das mães op-

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Figura 1

Beatriz e Júnior – fatores intervenientes no processo de decisão sobre a prática do MMC no hospital e em casa.

Modelo pouco favorável à prática do MMC: perda de bebê em gravidez anterior,


apoio insuficiente do companheiro e da rede familiar.

Resultados e discussão to o bebê não tem capacidade para mamar no


peito, a mãe é orientada a extrair seu leite a ca-
Como funciona o MMC da três horas para ser oferecido por meio de
no hospital estudado sonda ou copinho. Após a resolução do quadro
clínico agudo, o bebê está apto a iniciar o MMC
Para as mulheres que freqüentam o pré-na- integral. Amarra-se o bebê junto ao corpo da
tal no próprio hospital, o Programa Canguru é mãe com uma faixa, de modo a permitir que
apresentado sempre que a gestação é de alto as mãos dela fiquem livres. O bebê permanece
risco. Após o nascimento, os pais são incenti- junto ao colo materno pelo maior tempo pos-
vados a visitar e a tocar seus bebês e o contato sível e a mãe é orientada a dormir sempre com
pele a pele é estimulado mesmo na Unidade a cabeceira elevada a cerca de 45 graus. Pais e
de Terapia Intensiva. A equipe também vem se avós são estimulados a realizar o método quan-
empenhando na adoção de ações que visam a do vêm visitar o bebê. A duração dessa etapa é
prevenção de danos, tais como redução do ní- variável de acordo com a evolução clínica da
vel de ruído e de luminosidade no ambiente, e criança e o senso de competência e autocon-
concentração dos procedimentos (banho, me- fiança da mãe. As visitas ao bebê são permiti-
dicamentos, colheita de exames, etc.). Enquan- das a todos os membros da família, inclusive

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Figura 2

Milena e Roberto – fatores intervenientes no processo de decisão sobre a prática do MMC no hospital e em casa.

Modelo favorável à prática do MMC: companheiro participativo,


apoio da rede familiar de ambos os lados.

aos irmãos. Os pais podem entrar na unidade dos devido à gestação. Três mulheres trabalha-
neonatal em qualquer horário e as mães po- vam e pretendiam retornar à atividade profis-
dem permanecer ou sair do hospital sempre sional. Para seis delas, estar grávida ou ter tido
que quiserem. Após a alta, quando necessário, filhos foi a justificativa para deixarem de traba-
a família poderá recorrer à equipe, sendo ga- lhar, situação comum entre as mulheres de fa-
rantida a reinternação dos bebês. O acompa- mílias pobres (Sarti, 1996). Todas, exceto uma,
nhamento ambulatorial é feito no próprio hos- moravam com o companheiro.
pital até que o bebê atinja 2.500 gramas. Entre seus companheiros, dez possuíam
menos de trinta anos. Apenas um encontrava-
Quem são as mães e os pais cangurus? se desempregado no momento da entrevista. O
grau de escolaridade dos homens era similar
As mulheres são, na maioria, jovens. Das 14 en- ao de suas companheiras, variando da quinta
trevistadas, 11 tinham menos de 25 anos e 10 série do ensino fundamental ao superior com-
eram mães de primeiro filho. O grau de escola- pleto (Tabela 1).
ridade variava de terceira série do ensino fun-
damental a curso superior completo. Cinco de-
las eram estudantes e interromperam os estu-

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Tabela 1

Características das mulheres entrevistadas e de seus respectivos companheiros.

Mulher entrevistada Companheiro*


Nome fantasia Idade Escolaridade Nome fantasia Idade Escolaridade Trabalho

Beatriz 30 8 a série Júnior 31 3 a série do ensino Vigia de escola


médio
Carolina 24 Curso superior Leandro 27 3 a série do ensino Representante
completo médio de vendas
Cláudia 19 6a série – 22 7 a série Motoboy
Fabíola 22 1a série do ensino – 26 5 a série Marceneiro
médio
Helena 20 2a série do ensino – ? 7 a série Servente
médio (em curso)
Luana 20 3a série do ensino – 22 8 a série Cozinheiro
médio (em curso)
Mariana 20 3a série do ensino William 23 Curso superior Representante
médio (em curso) (em curso) de vendas
Milena 20 Curso superior Roberto 24 Curso superior Comerciante
(em curso) completo
Nanci 38 3 a série do ensino – 40 ? Desempregado
médio
Nilce 33 8 a série Mário 21 1 a série do ensino Auxiliar de
médio (em curso) manutenção
Patrícia 22 3a série do ensino – 22 8 a série Motoboy
médio
Rosa 20 5a série – 27 5 a série Pedreiro
Valéria 18 3a série do ensino Nilo 34 7 a série Operador
fundamental de máquina
Vitória 19 3a série do ensino Pedro 22 6 a série Caseiro
médio (em curso)

* Aqueles com nome foram os homens entrevistados na pesquisa, cujos dados foram fornecidos por eles mesmos.
Para os demais, as informações foram fornecidas pelas respectivas mulheres.

Quem são os bebês cangurus? O coração dividido

Com relação aos recém-nascidos, havia duas A prática do canguru, embora reconhecida pe-
duplas de gêmeos. Os bebês apresentavam pe- las mães como fundamental para o desenvolvi-
sos ao nascer entre 1.150 e 2.300 gramas e ida- mento do bebê, apresenta dilemas nem sempre
des gestacionais de 28 a 37 semanas. A pron- fáceis de administrar, principalmente, na fase
tidão desses bebês para iniciar a prática do hospitalar. Algumas mulheres permaneceram
MMC variou de 3 a 39 dias de vida. Apenas três todo o tempo no hospital desde o parto até a al-
resultaram de gravidez planejada. Apesar de ta. Outras receberam alta e foram reinternadas
não esperada, a maioria das mulheres rece- quando o bebê estava em condições de receber
beu com felicidade a notícia da gravidez. Sil- o MMC. Assim, o total de dias que a mãe perma-
va (1997) comenta que tais sentimentos de- neceu internada para cuidar do(a) filho(a) foi
pendem da interação de fatores, como situação bastante variável: em alguns casos apenas dois
emocional e conjugal, aliada à relação com o dias e, em outros, o período chegou a 39 dias.
companheiro e familiares, além de sua condi- Parentes próximos, particularmente as avós
ção econômica e social. Chama a atenção, por maternas, assumiram os cuidados da casa e de
outro lado, que mulheres que já tinham um(a) outros filhos nessa fase. Mesmo assim, algu-
filho(a) com o atual companheiro deram indi- mas entrevistadas indicaram dificuldades em
cação de relutância em aceitar a nova gestação. lidar com a situação. Quatro mulheres possuí-
Ao representar a expressão concreta da alian- am outros filhos e demonstraram preocupa-
ça (Knauth, 1997), teria o primeiro filho maior ção quanto a eles. Uma delas, bastante apega-
chance de ser bem-vindo? da à filha de dois anos, acreditava que esta so-
freria com sua ausência, ao passo que o bebê

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ainda não a conhecia: “é, eu achei difícil porque Pensa que o nenê está bem
é igual eu falei antes pra senhora, que pra ela só porque foi para casa
que tá aqui, é pequenininha, ela não me conhe-
ce ainda, né? Ela só sente o meu calor, mas não Os bebês receberam alta com 5 a 60 dias de vi-
me conhece e a que tá em casa é mais difícil por- da e pesos variando de 1.640 a 2.220 gramas.
que ela já me conhece, já sabe como é que eu Dos 16 recém-nascidos do estudo, nove foram
sou, né”? (Nilce, 33 anos, terceira filha). A preo- para casa pesando pelo menos 1.800g, padrão
cupação pode estar presente mesmo quando considerado convencional. Na maioria dos ca-
os filhos são maiores: “mas, eu só espero que sos, a adaptação à rotina familiar não teve im-
corra tudo bem com o peso dele, ele vai, ele tá só plicações negativas para a saúde do bebê.
aumentando o pesinho pra mim poder ir embo- A fase domiciliar permite obter uma me-
ra porque eu também tenho outras crianças pra lhor compreensão das reais condições para o
olhar, né? Deixei cá minha irmã, é uma coisa cuidado da criança. Em casa entram em jogo
que nem irmã num óia igual a mãe, entendeu”? outros fatores, tais como a presença do compa-
(Nanci, 38 anos, filhos de 7 e 8 anos, não mora nheiro e de outros filhos e as tarefas domésti-
com o companheiro). cas. Há uma tendência de o MMC ser praticado
Algumas motivações levaram essas mulhe- de maneira mais livre, em geral, no período da
res a optar pelo programa e a acreditar que va- tarde e à noite. Parece que o bebê costuma dor-
lia a pena o investimento. Segundo elas, o bebê mir melhor pela manhã, momento em que as
ganha peso mais rápido e, dessa forma, pode mães aproveitam para realizar as tarefas do-
ir mais cedo para casa; a mãe fica mais sosse- mésticas. O conhecimento sobre como se dá a
gada e segura, porque acompanha tudo o que prática do MMC no dia-a-dia é importante,
acontece com o bebê. Além disso, pode dar particularmente, com relação aos bebês que
mais carinho e o bebê fica aconchegado, mais recebem alta com pesos mais baixos. Em dois
calmo e esperto. Durante a permanência no casos, a equipe relembrou aos pais a importân-
hospital, aos poucos elas foram assumindo o cia de continuar praticando o método cangu-
cuidado da criança e acostumaram-se a dormir ru nos mesmos moldes do período hospitalar:
em posição semi-sentada. Se o ato de cuidar de “...aí, a médica falou pra mim...que tem que fa-
um bebê prematuro e a prática do MMC pare- zer, né? Que ela tava perdendo peso, as energia
cem ser rapidamente assimilados pelas mu- dela tava se desgastando. Aí, eu comecei a fazer
lheres, manter a produção de leite e a ama- ontem, ontem eu fiz quase a tarde toda, ela já
mentação exclusiva pode ser uma tarefa árdua ganhou 20 grama já Então, já adiantou né? En-
e exigir persistência por parte tanto das mães tão, aí que eu vou fazer mesmo. Que eu puder
quanto da equipe. Percepção similar é relatada fazer, vou fazer mesmo, meu tempo vou dar to-
por Lima et al. (2000). Vitória, 19 anos, primei- do pra ela. Só ficava no berço, né? Eu ficava tipo
ra filha relata: “no primeiro dia, ela num ma- assim, sem dar valor mesmo pro canguru, nem
mou muito bem não, mas de uns cinco dias pra ligando assim; porque lá eu fazia quase toda
cá, agora tá um mama até demais, eu até cochi- hora, porque as médicas lá fala mesmo pra fa-
lo de vez em quando. Quando eu tô ...de madru- zer, tá? É uma diferença, né? Porque os médicos
gada, hoje mesmo eu dormi com ela... maman- tá toda hora ali, no seu pé, faz canguru, faz can-
do, que ela demora e demora e eu tava com mui- guru.... E aqui não, aqui ninguém pega no seu
to sono; quando eu vi tava cochilando e ela ma- pé, ... pensa que o nenê tá bem, só por que veio
mando. Olha, quando eu vi ela, eu fiquei com pra casa já tá bem, já tá mil maravilhas, mas
muito medo que eu achei ela muito pequenini- não é isso, né”? (Luana, 20 anos, primeira filha,
nha, entendeu? Tinha medo de mexer ela e ma- alta com 1.665g).
chucar ela, mas depois a enfermeira me orien- A presença de outros filhos, particularmen-
tou direitinho. Perdi o medo de mexer com ela”. te se ainda não freqüentam a escola, é um fator
A flexibilidade do programa mostrou-se re- que dificulta a prática do MMC domiciliar. Se,
levante para a tranqüilidade das mulheres, que, quando a mãe está no hospital, o outro filho é
dessa forma, sentem-se livres para ir e vir e sa- motivo de sua constante preocupação, em ca-
bem que podem contar com a atenção da equi- sa exige que sua atenção seja compartilhada.
pe no cuidado de seus bebês quando se ausen- Quanto à amamentação, um dos benefícios
tam: “minha casa, de vez em quando, eu vou lá indicados em vários estudos (Cattaneo et al.,
dá uma limpadinha nela. Às vezes eu durmo lá 1998; Lima et al., 2000), embora exigindo mui-
em casa, daí volto de manhã, no outro dia, daí to empenho da mãe, causou surpresa verificar
eu dou uma limpada lá. Eu vou pra igreja à noi- que, das 14 mulheres, 13 amamentavam exclu-
te e depois dou uma limpada na casa”. (Rosa, 20 sivamente até a idade de 32 a 90 dias de vida
anos, primeiro filho). (último dado coletado do registro hospitalar).

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O gênero do canguru dá, aí eu coloco ele. Mexer na cozinha, assim,


pra fazer comida, na pia também eu fico meio
A importância da participação do pai tem si- assim que respinga água, aí eu tenho medo, mas
do mencionada nos estudos e incentivada pe- só isso...” (Patrícia, 22 anos). Esses medos se-
las equipes dos hospitais (Christensson, 1996). riam justificados pela falta da técnica corporal,
Apenas um dos pais nunca experimentou o definida por Mauss (1974), como um ato tradi-
MMC. Os demais, se não o fizeram durante as cional eficaz, presente em algumas sociedades
visitas no hospital, o experimentaram depois e não em outras.
que o bebê foi para casa. Alguns homens po-
dem sentir-se envergonhados em participar do A rede familiar e os arranjos possíveis
programa na fase hospitalar, conforme referi-
do por duas mulheres. A classificação de Bott (1976), quanto aos pa-
Com relação aos papéis conjugais, o mais péis conjugais e à conexidade da rede fami-
freqüente é que sejam segregados, com o ho- liar serve como inspiração, não sendo possível,
mem atuando principalmente como o prove- entretanto, transpor completamente o mode-
dor da família e a mulher cuidando dos filhos e lo proposto pela autora, uma vez que não foi
da casa, em concordância com os estudos de feito aqui um estudo sobre papéis conjugais.
Sarti (1996). Embora os homens reconheçam as Porém, como modelo, ajuda a observar que, na
vantagens do método e sintam prazer em pra- situação limite de ter um bebê prematuro, al-
ticá-lo, nem sempre é possível para eles com- guns casais apresentaram maior conjunção
partilhar das tarefas que isso envolve. De fato, de papéis, enquanto a maioria manteve o pa-
a participação masculina efetiva, em que o pai drão de segregação. Considerando esse padrão
compartilha não só os prazeres mas também predominante de segregação dos papéis con-
as dificuldades da prática do MMC, pode ser jugais entre as entrevistadas, o sucesso do pro-
encarada como exceção, tendo sido observada grama dependeu, em grande medida, do grau
em três casais. Roberto, 24 anos, primeiro filho, de participação da rede familiar. Quase todas
compartilhou o cuidado da criança em pé de as mães entrevistadas constituíram seu pró-
igualdade com a mulher. Trabalhava com o pai prio núcleo familiar, morando separadas de
no comércio, o que lhe deu liberdade para or- seus pais e sogros. Entretanto, os laços com os
ganizar suas prioridades (Figura 2): “aos pou- parentes mantiveram-se bastante fortes.
cos, essa semana passada mesmo, eu fui fazer A avó materna foi a pessoa que mais pres-
compra...tal, já, tá voltando ao normal. Não tá tou apoio nas tarefas domésticas e no cuidado
igual eu tava antes, não, mas aos poucos tá vol- de outros filhos, durante o período em que es-
tando ao normal...Se de repente ele num acorda sas mulheres permaneceram no hospital. De-
no horário, então chega a hora da mamada ou pois que elas voltaram para casa, as avós con-
de alguma vitamina ou remédio, e aí, às vezes, tinuaram ajudando na maior parte das ativi-
se um tá cansado passa pro outro, reveza. Tem dades domésticas por tempo variável, particu-
noite que é um, só um. Mas a maioria a gente re- larmente nas tarefas de lavar e passar roupas.
veza, fica meio a meio”. As avós não foram a primeira opção de ajuda
A importância de um pai participativo evi- quando estavam doentes, tinham emprego re-
dencia-se na situação de filhos gêmeos. Maria- munerado ou filhos pequenos. As irmãs soltei-
na compartilhou o MMC com seu companhei- ras também ofereceram ajuda nos afazeres do-
ro durante a noite, apesar dele trabalhar o dia mésticos.
todo. Nesse caso, cada um dormia com um dos Quando os papéis conjugais são bem defi-
bebês e os trocava depois das mamadas. nidos e não se conta com o apoio substancial
À noite é mais freqüente que os bebês dur- de parentes, as mães podem enfrentar gran-
mam com as mães. Algumas mulheres não se des dificuldades. Beatriz e Júnior reúnem con-
sentem seguras deixando seus maridos dor- dições que dificultaram o cuidado do bebê em
mir com o bebê em posição canguru: “sempre casa. Lidar com o recém-nascido no hospital
eu, por que eu tenho medo de pôr ele no pai dele foi para ela um processo difícil, em função de
pra dormir e ele virar, machucar. Até eu tenho ter tido um natimorto dois anos atrás. A equipe
medo de machucar, imagine o pai dele” (Hele- do hospital manteve o bebê internado até que
na, 20 anos, primeiro filho). Vale a pena ressal- a mãe se sentisse em condições de levá-lo para
tar que algumas mulheres também não acha- casa. Entretanto, a reforma que estava fazendo
ram apropriado realizar determinadas tarefas em sua casa e o apoio insuficiente de seu com-
com o bebê na posição canguru: “é, quando eu panheiro levaram-na a mudar-se temporaria-
acho que é perigoso assim pra tá mexendo com mente para a casa de sua mãe. Doente, sua
ele, aí eu deixo ele no berço, mas se é coisa que mãe somente era capaz de ajudá-la segurando

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MÉTODO MÃE CANGURU S241

o bebê. Em que pese não se tratar de uma si- Conclusão


tuação ideal, o melhor arranjo foi esse. Ela cui-
dava de todas as tarefas domésticas e, em tro- O MMC traz muitos benefícios ao bebê prema-
ca, sua mãe a confortava e compartilhava o cui- turo e/ou de baixo peso ao nascer, e às famí-
dado do bebê (Figura 1): “...mas como tá nessa lias. A oportunidade de uma participação efe-
situação, porque lá não tenho com quem ficar, tiva dos pais, desde o início da vida, favorece a
assim alguém pra auxiliar. ...eu gosto das mi- criação e o fortalecimento do vínculo, bem co-
nhas coisas tudo organizada e infelizmente eu mo a possibilidade de elaborar arranjos mais
tô vendo assim tudo fora de ordem, mas por ser favoráveis para o cuidado da criança. Entre-
obrigada... eu falo que ela auxilia, a nível, va- tanto, o sucesso do Programa Canguru depen-
mos supor, às vezes, ele tá sentindo alguma dor, de não só da vontade da mãe, mas também do
aí ela pega. Ela só não pode pegar pra sair an- apoio de sua rede familiar e de uma equipe de
dando com ele, mas ela sentada assim, ela se- saúde compreensiva. O pai, por sua vez, cada
gura enquanto eu tô fazendo as coisas” (Beatriz, vez mais instigado a participar do cuidado dos
30 anos, primeiro filho). filhos, pode não ser capaz de corresponder a
Outras pessoas prestaram ajuda, parentes essa expectativa, devido aos papéis de gênero
ou não, porém por tempo menor. Carolina e que ainda prevalecem na maioria dos casos.
Leandro são os que mais se aproximam do mo- Nesse sentido, a rede familiar, em especial os
delo papéis conjugais conjuntos. Eles traba- parentes consangüíneos, tem função impor-
lham juntos como promotores de vendas e o tante na prática do MMC. Conseqüentemente,
trabalho de ambos foi assumido por Leandro. o papel da equipe de saúde poderia ser apri-
Contando pouco com a ajuda de suas famílias morado por meio do conhecimento da rede fa-
de origem, o casal mantém uma empregada pa- miliar relacionada à mãe canguru, planejan-
ra a realização das tarefas domésticas. do, em conjunto com ela, a organização neces-
Encontrar a solução apropriada nem sem- sária para que a criança receba o cuidado apro-
pre é fácil e possível. O processo de interação priado.
envolve lidar com sentimentos e opções dis- Este estudo aponta alguns aspectos que
poníveis, bem como com a reelaboração das mereceriam ser considerados no plano de cui-
atitudes que direcionarão a cada momento as dados do bebê canguru: gravidez desejada ou
ações mais adequadas do ponto de vista de não, perdas em gestações prévias, possibili-
quem as decide (Silva, 1997). A situação ideal, dades e limitações da participação do pai e de
capaz de amenizar a carga física e emocional outros membros da família. A realização de
das mães cangurus, parece ser aquela em que pesquisa semelhante em outros locais pode-
há uma participação efetiva tanto do compa- ria contribuir para ampliar a compreensão so-
nheiro quanto dos avós. Uma rede encadeada bre a participação da rede familiar.
de maneira a dar apoio também ao pai pode-
ria potencializar a vivência da maternagem (Fi-
gura 2).

Agradecimentos

A Fátima Yukie e Fabiana; a Monique e Luis Eduar-


do; a Honorina, Luana e Olga (Hospital Geral de Ita-
pecerica da Serra); aos motoristas Augusto e Valter; a
Lúcia e Adriana (Núcleo de Estudos Populacionais –
NEPO/Universidade Estadual de Campinas – UNI-
CAMP), pela colaboração que prestaram durante o
planejamento e a prática do projeto. Agradecimento
especial ao NEPO/UNICAMP, a Regina Barbosa, às
orientadoras Maria Luiza Heilborn, Daniela Knauth
e Estela Aquino, assim como a Ceres G. Victora pelas
críticas e sugestões valiosas.

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S242 TOMA, T. S.

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