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Direito Tributário
Em sentido amplo, é o ramo do Direito Público que trata das relações
entre o Estado e o contribuinte, que são as pessoas sujeitas às imposições
tributárias de qualquer espécie.
Após anos de relação de dependência com o direito Financeiro, o
direito tributário se firmou como ramo autônomo do direito, e tem como
principal finalidade limitar o poder de tributar do Estado e proteger o cidadão
contra os abusos do poder estatal.
O objeto do direito tributário é a relação jurídico-tributária
impositiva, que consiste na relação jurídica entre o fisco (sujeito ativo) e o
contribuinte ou responsável (sujeito passivo) envolvendo um tributo
(prestação pecuniária).
O tributo é fonte de receita derivada do Estado e tem seu conceito
esculpido no art. 3º do Código Tributário Nacional. ―É toda prestação
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir,
que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada‖.
Tal conceito merece atenção e tratamento específico.
Trata-se de prestação pecuniária, ou seja, cujo conteúdo é expresso,
de forma ordinária, em moeda. Com base neste conceito, não se pode
admitir o tributo in natura, que consiste na expressão do conteúdo do
tributo em bens (ex.: será inválida regra que determine que para cada
tonelada de trigo comercializada, trinta quilos serão entregues ao Estado a
título de imposto).
tributo in labore. (ex.: será inválida regra que determine que, para cada dez
horas trabalhadas em empresa privada, o empregado trabalhará uma hora
para o Estado a título de imposto).
O tributo deve ser expresso em moeda ou em valor que nela possa de
exprimir. Assim, a prestação tributária é pecuniária, admitindo-se como
exceção a entrega de bens cujo valor possa ser expresso em moeda (dação
em pagamento).
Tal situação merece uma análise mais detida. É indubitável que uma
automóvel tem valor que pode ser expresso em moeda. No entanto, não
pode ser utilizado para fins de extinção do crédito tributário. Isso porquê, o
art. 156, inciso XI do CTN é expresso ao determinar que somente extingue
o crédito tributário a dação em pagamento de bens imóveis. Assim, em
provas de concurso, o candidato não pode admitir como correta, assertiva
com posicionamento diverso, uma vez que somente extingue o crédito
tributário a dação em pagamento de bens imóveis, seja por natureza ou por
acessão física.
Além disso, o elemento quantitativo da relação jurídico-tributária
impositiva pode ser expresso em unidades de medida diretamente
conversíveis em moeda, como, por exemplo, as unidades de referência (a
extinta UFIR, a UFERJ etc.).
A prestação tributária é compulsória, ou seja, o contribuinte não pode
se eximir da imposição legal. O dever de pagar o tributo independe da
vontade de quem figura como obrigado (sujeito passivo). É uma obrigação
decorrente diretamente da lei, e não, por exemplo, do contrato ou da
declaração unilateral de vontade.
Aqui, resta claro o distanciamento entre a obrigação civil e a
obrigação tributária, tendo em vista que naquela, sua assunção depende da
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ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS
1. IMPOSTO
Previsto na Constituição Federal no art. 145, inciso I e no art. 16
do CTN, ―Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte‖.
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(...)
Assim, deve restar claro que o imposto não pode ser vinculado,
ressalvadas as hipóteses supra.
2.TAXA
Na forma do art. 77 do CTN, ―Taxa é o tributo que tem como
fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte‖.
Como se pode ver são duas as hipóteses de incidência da taxa,
quais sejam o exercício regular do poder de polícia e a utilização efetiva ou
potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte.
Assim, não restam dúvidas que são tributos retributivos ou
contraprestacionais.
O conceito de poder de polícia encontra-se no art. 78 do CTN:
―Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que
limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de
concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública, ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos‖.
Para que a taxa de polícia esteja de acordo com o ordenamento
jurídico, o exercício do poder deve ser regular. Vejamos abaixo a
jurisprudência do STF:
3. CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
4. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
Atualmente, é pacífico o posicionamento acerca da natureza jurídica
tributária do Empréstimo Compulsório, por estar inserido no Sistema
Tributário Nacional e estar sujeito a praticamente todas as limitações
constitucionais ao poder de tributar. Tal entendimento foi pacificado pelo
STF no julgamento do RE 146.733-9/SP.
Tributo de competência exclusiva da União, o Empréstimo
Compulsório somente pode ser instituído mediante lei complementar, na
forma do art. 148 da Carta.
Tal tributo poderá ser instituído em caso de despesas extraordinárias
decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência,
assim como para investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional.
Por se tratar de empréstimo, a receita fruto de sua arrecadação está
vinculada ao fato gerador, no investimento público que acarretou sua
instituição, por exemplo.
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5.CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
PRINCÍPIOS
Princípio da Progressividade
1
SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito Tributário. 7 ed. São Paulo: Premier Máxima, 2005, pág.
38
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Princípio da Legalidade
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1) II, IE, IPI e IOF – alíquotas alteradas por ato do Poder Executivo
(art. 153, parágrafo 1º da CF)
Princípio da Isonomia
Irretroatividade
Previsto no art. 150, III, a, da CF, dispõe que o fato gerador do tributo
não retroage para abarcar fatos geradores pretéritos.
Mas existem situações em que a Lei Tributária retroage, na forma do
art. 106 do CTN. Segundo o dispositivo, quando a lei posterior for beneficiar
o contribuinte (cominando penalidade menos severa ou deixando de tratar
ato como infração à lei) ou quando for uma Lei meramente interpretativa.
Nesses casos, a lei tributária retroage, até mesmo para atingir o ideal
de justiça da tributação.
Princípio da Anterioridade
O art. 150, III, b, da CF traz o princípio da anterioridade simples.
Segundo esse princípio, criado ou majorado um tributo, este somente
poderá ser cobrado no exercício financeiro seguinte.
Frise-se que anterioridade não se confunde com anualidade. Esse,
princípio de direito financeiro, tem como base o fato de que as receitas e
despesas anuais devem estar presentes na lei cabível.
A anterioridade tem como base o princípio da não-surpresa, todo
cidadão, todo contribuinte tem o direito a não se surpreender com uma
carga tributária em que ele não esteja preparado a pagar. O contribuinte
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Princípio da Noventena
O princípio da anterioridade simples não atingia seu ideal de garantir
a não surpresa, tendo em vista que o Congresso votava leis nos últimos
dias do ano civil, respeitando o exercício financeiro seguinte, mas cobrando
tributos dias depois da publicação da lei que os criou.
Assim, a Emenda Constitucional 42/2003, alterou a Carta, trazendo a
noventena, no art. 150, III, c, da CF.
Agora, além do Estado ser obrigado a respeitar o exercício financeiro,
ele também tem que esperar 90 dias para cobrar o tributo.
A noventena é uma garantia do contribuinte, mas assim como a
anterioridade simples, possui algumas exceções.
Na forma do art. 150, § 1º da CRFB, não se aplica a noventena aos
seguintes tributos: empréstimo compulsório, somente no caso de
despesas extraordinárias, Imposto de Importação, Imposto de
Exportação, Imposto de Renda, Imposto sobre Operações de Crédito,
Câmbio e Seguro ou relativas a Valores Mobiliários e no caso do
Imposto Extraordinário de Guerra.
Além dessas, existem outras exceções. No caso de IPTU e IPVA, -
quando a alteração for da base de cálculo, não se aplica a noventena,
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Princípio do não-confisco
Previsto na CRFB, art. 150, IV, consiste na vedação constitucional a
instituição de tributos exorbitantes, que violem o princípio da dignidade da
pessoa humana, promovendo a injusta apropriação estatal dos bens ou
valores dos contribuintes.
Segundo o STF, deve haver proporcionalidade entre a multa e o
descumprimento da norma tributária, sob pena de violação ao princípio do
não confisco.
―Fixação de valores mínimos para multas pelo não-
recolhimento e sonegação de tributos estaduais.
Violação ao inciso IV do art. 150 da Carta da República.
A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e
sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter
confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do
contribuinte, em contrariedade ao mencionado
dispositivo do texto constitucional federal." (ADI 551,
Rel. Min. Ilmar Galvão, julgamento em 21-10-02, DJ
de 14-2-03)
IMUNIDADES
2
AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. p.148.
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(...)
3
BARROSO, Luís Roberto. Interpretação e aplicação da Constituição. 4ª ed. rev. e atual. São Paulo:
Saraiva, 2002. p. 107
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HIPÓTESES DE IMUNIDADE
A – IMUNIDADE RECÍPROCA
4
Júnior, Aécio Pereira. A imunidade das entidades beneficentes de
assistência social . in http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5649&p=2
5
Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário.
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(...)
O IPTU, ITR, ITBI, ITD, IPVA e IGF, no tocante aos tributos que incidem
sobre o patrimônio;
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6
Torres, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 11ª Edição.
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instituição, por exemplo, para que haja imunidade do IPTU deverá ser
analisado se o valor dos aluguéis esteja sendo utilizado na atividade-fim do
ente público.
―SÚMULA Nº 724
―SÚMULA Nº 75
SÚMULA Nº 583‖
b. há capacidade contributiva
Argumentos pró-imunidade:
7
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8
In Coelho, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense,
2005 pp.300
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―SÚMULA Nº 730
―SÚMULA Nº 657
Livro Eletrônico
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9
Coelho. Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro.
10
Torres, Ricardo Lobo. Curso de Direito Financeiro e Tributário. 11ª Edição.
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Regra que não pode ser esquecida é o que dispõe o art. 108, inciso I
e § 1º do CTN, ao dispor que admite-se o emprego da analogia desde que
tal uso não resulte ―na exigência de tributo não previsto em lei‖; esta
restrição deve-se ao fato de o CTN acatar, no art. 97, o princípio da
tipicidade, este de todo incompatível com a analogia.
Da Obrigação tributária
Assim, caso não seja praticado o fato gerador, não nasce a obrigação
tributária. Dessa forma, os contribuintes, com o objetivo de reduzir a
altíssima carga tributária existente no Brasil, investem em planejamento
tributário que consiste em evitar a prática de fatos geradores de tributos
para evitar o surgimento da obrigação tributária.
Para evitar a prática de tais atos, o parágrafo único do art. 116 do CTN,
introduziu no ordenamento jurídico pátrio a norma geral anti-elisão. Com
isso, a Fazenda fica autorizada a fugir dos limites da norma tributária
definidora da hipótese de incidência do tributo, podendo alcançar assim
situações que não estavam nela previstas.
Por fim, mas não menos importante, passemos a análise dos negócios
jurídicos condicionais. Nesse caso, tais negócios são considerados
perfeitos, para efeito da determinação do momento da incidência tributária,
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Prevista art. 132 do CTN: a pessoa jurídica de direito privado que for
constituída através de um processo de fusão, transformação ou
incorporação será responsável pelos tributos devidos, até a data da referida
operação, pelas sociedades fusionadas, transformadas ou incorporadas.
RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS
Tal situação tem clara aplicação prática nas dívidas tributárias nascidas
durante o processamento do inventário. Caso ocorra, por exemplo, fato
gerador de IPTU, e restando inadimplente o espólio (contribuinte), quem
responderá subsidiariamente pela dívida será o inventariante, pois ele
responde pelos tributos devidos pelo espólio, em caso de inadimplemento
deste, e caracterizada a sua conduta omissiva ou negligente.
Para ser considerado responsável tributário, não basta ser sócio, tendo
que exercer a administração da sociedade. Tal situação ocorre nos casos
se sócio gerente, sócio diretor, etc.).
No entanto, o dispositivo em análise determina que o empregado
também responde pessoalmente pelas dívidas tributárias quando
preenchidos os requisitos do caput.
Insta destacar que o art. 135 do CTN abrange os atos em virtude dos
quais a pessoa jurídica tornou-se inadimplente. Ou seja, o ato praticado
pelas pessoas de que trata o artigo – além de ter sido praticado com
excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos – deve
ter sido apto a acarretar a tributação.
11
Alexandre, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado – São Paulo: Método, 2007. p. 324
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Por outro lado, alguns Autores12 entendem haver uma culpa presumida,
que consiste na atribuição de responsabilidade independe da intenção do
agente.
12
Alexandre, Ricardo. Alexandre, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado – São Paulo: Método,
2007. p. 327
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Visto isso, não podemos esquecer que a lei ordinária pode prever
punições de caráter subjetivo, pois o art. 136 estabelece que disposição de
lei pode contrariar a regra da responsabilização sem culpa. Dessarte, cada
ente federado, tem a liberdade para instituir multas que serão aplicáveis
somente nas hipóteses em que fora caracterizada a culpa ou dolo.
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SOLIDARIEDADE
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
Tratada no art. 126 do CTN, a capacidade dos sujeitos não traz dúvidas
no âmbito tributário, pois todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que
pratiquem o fato gerador do tributo são capazes para ser considerados
sujeitos passivos da respectiva obrigação.
Além disso, ainda que a pessoa capaz sofra medida medidas que
importem restrição ou limitação da capacidade civil e ao exercício de
atividades comerciais ou profissionais, e ainda à administração direta dos
próprios bens ou negócios, a sujeição tributária passiva não é afetada.
Enfim, não importa se a pessoa é capaz para adquirir direitos civis, mas
para o direito tributário, sua capacidade será plena.
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
Como se pode ver, tais medidas têm como principal objetivo evitar a
ocorrência de fraudes.
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