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SANDRA SOLEYE MEDEIROS EPEGA

Awon
Ewé
Njé
Folhas
Funcionam
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N
ascido francês, viveu africano e E ficam perguntas: Dentre os escritores SANDRA SOLEYE
MEDEIROS EPEGA
morreu brasileiro. Este é Pierre do Ase, quem será seu continuador? Carlos é Ìyálòrìsà do Ile
Verger, o Fatumbi (1),Ojuoba (2) Eugênio Marcondes Moura, seu tradutor em Leuiwyato, templo de
por ordem de Sàngó e artes de Mãe Senhora, alguns artigos, amigo fraterno, discípulo culto a Sàngó em
Guararema, São
do Ase Opo Afonja (3). A mando deÒrúnmìlá, dileto? Marco Aurélio Luz, como ele do Ase Paulo.
Bàbáláwo, Pai do Segredo, Sacerdote Ifá (4), Opo Afonja, Osi Oju Oba por ordem de Sàngó?
Intérprete do Oráculo Sagrado dos Yorùbá. José Flávio Pessoa de Barros, para dar conti-
Ewé, o Uso das Plantas na So-
Mestre de incontáveis discípulos, fotógra- nuidade a seus escritos de plantas? ciedade Iorubá, de Pierre
fo, escritor, pesquisador, deixa livros, ensai- Babalosayin (13) competente, sua tese de Fatumbi Verger, São Paulo,
Companhia das Letras, 1995.
os, artigos, todo um mar de sabedoria e pes- mestrado já era livro disputado anos antes da
quisa, que em seus 93 anos de vida não con- publicação, via xerox.
seguiu atravessar. Navegou entre Brasil e Áfri- Não surge esta inquietação por julgarmos 1 Fatumbi: aquele que renas-
ca a partir de 1948, e neste 1996 volta em que Rei morto, Rei posto! São as dúvidas, são ceu por arte de Ifá, língua
Yorùbá.
definitivo para lá. Vai morar com Sàngó e as perguntas, são as ansiedades, que sua morte
2 Ojú Oba: os olhos do Rei –
Òrúnmìlá, no Orún (5) ancestral. logo após o lançamento de Ewé deixam nos Sàngó – Òrìsà do raio e do
trovão, do fogo e da justi-
Quando, em 1981, Verger deu à luz seus discípulos abandonados, em todo o povo ça.

Orixás, um clássico, livro de cabeceira de inú- Yorùbá – descendente, físico ou mítico. 3 Maria Bibiana do Espírito
Santo – Mãe Senhora –
meros pais e mães-de-santo de umbanda e de Nos perguntamos, depois de ler as 762 Osunmiwa, falecida em
1967, Iyalòrìsà do Ile Ase
candomblé, foi-lhe cobrado, durante alguns páginas e mais as capas, contra-capas e ore- Opo Afonja, antigo templo
anos, uma complementação que tivesse uma lhas, e de uma assentada só: A quem foi diri- de culto ao Òrìsà (Deus)
Sàngó em Salvador, BA.
abordagem mais simples e que falasse dos gido o livro? Qual seu público alvo? Botâni-
4 Òrúnmìlá: Òrìsà do destino
Òrìsà e de suas vidas, situando-os no cotidia- cos? Estariam eles interessados em fórmulas e da adivinhação. Bàbá-
láwo: cargo da hierarquia
no do povo do Ase (6). mágicas e primitivas, utilizariam um dia o sacerdotal de Òrúnmìlá.
Ifá: nome dado ao sistema
E surgiu então Lendas Africanas dos poder da palavra yorùbá? Sociólogos, Antro- de adivinhação – oráculo.
Orixás, em 1985, ilustrado por Carybé, onde 5 Orún: mundo paralelo, ter-
os Itan Ifá (7) são relatados de forma poética ceira dimensão que nos ro-
deia, onde moram Òrìsà e
e agradável, transformando Ogún e Sàngó, ancestrais.

Oya e Olokun, Òsun e Obàtálá (8) em seres 6 Ase: força, poder. Chamam-
se Povo do Ase aqueles
quase humanos, vivenciando amores e guer- que, nas religiões umban-
da, candomblé keto ou tra-
ras, brigas e humores, filhos e reinos. dição de Òrìsà, cultuam os
Òrìsà, deuses da Nature-
Em 1995, alguns anos e alguns livros e za que compõem o Pan-
teão Sagrado Yorùbá.
artigos depois (Fluxo e refluxo, Iya mi
aje) (9).volta Verger a nos brindar com Ewé 7 Poesia sacra que compõe o
Oráculo Ifá.
– O Uso das Plantas na Sociedade Iorubá.
E, antes de podermos absorver o livro, curtir
a publicação, aprender o ensinamento, eis que
embarca para o Orún o Fatumbi. Decerto para
tirar algumas dúvidas com Òrúnmìlá e com
Osanyin (10).
Oh! Fatumbi, vá e vol-
te. E volte gordo, volte sa-
dio, volte de um seu discípu-
lo, de um seguidor, de um ad-
mirador, e volte sábio e pacien-
te, volte para novamente ter vida
longa. Volte para ter família e dei-
xar descendência, volte para ser feliz
e realizar. Oju Oba. Vá e volte! (11).
Babalaô joga os búzios, pelo
Está o povo órfão, sem maiores ex-
plicações para seu último presente, o li- sistema de adivinhação de Ifá

vro Ewé (12). — a ilustração é de Carybé

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pólogos, Etnólogos, doutores, professores, como a palavra de Òrúnmìlá aos discípulos,
pesquisadores ? neófitos, e até mesmo aos leigos.
Ewé é um livro que traz o sagrado, a tra- Porém, como Bàbáláwo, caberia, também,
dução das palavras de Ifá, o conteúdo dos a ele ensinar que Òrúnmìlá envia um Odú
Odú Ifá (14), suas receitas medicinais ou durante uma consulta, em resposta a uma
8 Ogún: Òrìsà da agricultura,
que se transformou em fer-
mágicas para o cotidiano do brasileiro, do aca- pergunta específica, e esta resposta tem uma
reiro quando deu ao homem
o uso da forja. Hoje é reco-
dêmico, do homem comum, mas principal- utilização imediata. Toda consulta Ifá pres-
nhecido como Òrìsà da mente do sacerdote, dos Pais e Mães de Òrìsà, supõe um Ebo Etutu (18)e o uso de oògùn (19)
tecnologia. Oya: Òrìsà dos
ventos e do rio Níger, na dos afro-descendentes Yorùbá, ewe-fon, ou de outros tipos de Ebo. O Bàbáláwo Epega
Nigéria. Olokun: Òrìsà do
mar profundo, dos oceanos. bantu (15). dizia: “Odú muda todo dia, toda hora”.
Òsun: Òrìsà da fecundidade
feminina e do rio Òsun em O próprio autor situa sua obra no campo O consulente tem quatro dias para fazer a
Osogbo, Nigéria. Obàtálá:
Òrìsà que criou os homens. sacro, quando relata, na página 16, ainda no oferenda recomendada, tomar o remédio, utili-
Rei das roupas brancas.
prefácio: zar a magia. Este é um prazo mágico, o
9 Fluxo e refluxo do Tráfico de Ose (20), quando ainda estão válidas as pre-
Escravos entre o Golfo de
Benin e a Bahia de Todos “Minha iniciação como Bàbáláwo na ci- visões de Ifá.
os Santos, São Paulo,
Currupio, 1987; Carlos Eu- dade de Keto, hoje na República do Benin, Nada pode faltar no Ebo, elemento algum,
gênio Marcondes Moura,
Grandeza e Decadência do África Ocidental, em 1953, facilitou e folha alguma, ofo (21) nenhum pode deixar
Culto de Ìyà mi Òsòròngà
(Minha Mãe Feiticeira) en- oficializou minhas pesquisas, mesmo de ser dito ou utilizado no oògún.
tre os Yorùbá e Ih as Se-
nhoras do Pássaro da Noi- porque tomar conhecimento do uso das O Ebo, pode ser feito, às vezes pela própria
te, São Paulo, Edusp, Axis
Mundi, 1994, pp. 13-71.
plantas para a preparação das receitas, pessoa, mas oògún enviado por Ifá é prerroga-
10 Òrìsà das plantas e dos ve-
remédios e ‘trabalhos’ tradicionais cons- tiva de Oluwo ou Bàbáláwo, que saberão uti-
getais. tituíram para mim não somente um direi- lizar o ofo corretamente, e então desencadear
11 Os Yorùbá crêem que no to, mas uma obrigação. As plantas eram- a magia que fará o oògún funcionar. O mesmo
Orún se repousa e descan-
sa, e no Ilu Aiye (Planeta me entregues por meus confrades se aplica ao remédio. Remédio que não tem a
Terra) se realiza, se vive
plenamente. Por isso todos Bàbáláwo acompanhadas de seus nomes folha certa e a palavra certa não funciona.
que vão para o Orún voltam
ao Aiye. E se recitam bons iorubás e de frases curtas chamadas ofò, É preocupante verificar que houve esta
desejos aos que se vão,
para que voltem logo e fa-
as quais enunciam, em termos muitas falta de explicação em um livro que traz
çam uma boa escolha de
vida e destino.
vezes poéticos, suas qualidades”. ensinamentos de Ifá. Sem este acréscimo, Ewé
poderá ser considerado uma sofisticada edi-
12 Ewé (folha), Verger, 1995.
Nosso Pai adotivo, o Bàbáláwo Olarimiwa ção afro-brasileira do Livro de São Cipriano –
13 Cargo na hierarquia sacer-
dotal do Òrìsà Osanyin (“Pai Epega (cujo pai, Onadele Epega é muitas e, o que é pior, mais perigoso!
que tem as folhas”).
vezes citado por Fatumbi em seu livro Orixás), E mesmo que nos seja dito que é tão-somen-
14 Odú Ifá – resposta enviada
durante a consulta ao Orá- ensinava que, aquilo que um Sacerdote Ifá te um apanhado de receitas e frases, que visa
culo Ifá; conjunto de lendas
e poesia oraculares.
aprende no uso de suas prerrogativas de mostrar a cultura e a poesia sagrada Yorùbá, a
Oluwo (16) ouBàbáláwo, deve ser desta forma como a palavra é utilizada pelos yorùbá
15 Etnias africanas que vieram
escravizadas para o Brasil. mesma forma ensinado. Aos discípulos ou para obter fins mágicos, que não é livro de recei-
Aqui formaram a religião
candomblé, que se divide iguais, dentro de ritos sacerdotais, ou de for- tas para ser seguido por ninguém, leigo ou sa-
em alguns segmentos prin-
cipais: os keto – composto ma leiga, em livros, mas sempre de modo cerdote, isso nos remete novamente à página 16
por seguidores de Òrìsà, da
região yorùbá; os jeje – com- completo, sem deixar dúvidas, para que o do livro e também às palavras do Bàbáláwo
posto por seguidores de
Vodún, dos povos ewe-fon;
ensinamento possa ser utilizado totalmente. Epega, que tão-somente repete conceitos do Ifá:
os angola – composto por Então surge uma dúvida maior: Fatumbi
seguidores de Inkise, dos
“O que se aprendeu via sagrado deve ser difun-
povos bantu. escreveu Ewé como Bàbáláwo? dido de forma completa”.
16 Cargo na hierarquia sacer- Sim! Um Bàbáláwo é um sacerdote Ifá Os yorùbá gostam muito de falar por pro-
dotal de Òrúnmìlá.
24 horas por dia. Ele não despe seu cargo, à vérbios. Existe um que diz: “Quem adquire
17 Bastão enfeitado de guizos
que o Bàbáláwo utiliza ao noite, junto com a roupa. Ele não abandona o mando e poder assume responsabilidades”.
caminhar entre as aldeias.
É o símbolo do seu poder, e Ifá ao largar o Opa Saworo (17) na sua porta. Dentro do poder do Bàbáláwo, sua responsa-
fica enterrado, em pé, junto
à porta da casa onde reside
Tudo que faz, tudo que ensina, tudo que fala, bilidade é ensinar corretamente o sagrado.
ou se hospeda. Em frente a
este bastão são colocadas
é um reflexo do Òrúnmìlá que existe nele. E Ou explicar claramente que não é
oferendas de alimentos e Fatumbi cita os Odú Ifá, os Itan Ifá, os nomes ensinamento, que não é para ser seguido ou
dinheiro pelos clientes agra-
decidos. O Opa Saworo de louvação dos Odú não como ensinamento feito. E por quê ! Em um país como o Brasil,
nunca deve cair ou ser tom-
bado, para não perder Ase. acadêmico permeado pelo sagrado, e sim onde os sacerdotes do Ase estão ávidos de

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conhecimento, é de se pressupor que segui- viou o Odú Ìrosùn Òfún. E tem que ser feito
rão fielmente todo ensino que surgir, princi- de forma completa, um pouco dificultada neste
palmente vindo de um Bàbáláwo conceitua- caso, em que se indica Ewé Arán (pleiocarpa
do como Fatumbi. pychantha – Apocynaceae), e não se ensina
Ewé é um livro com várias faces. Pode- seu correspondente em português.
mos compará-lo a uma arma carregada. Nas E, traduzindo Odidi ataare kan, por “fru-
mãos de um sacerdote competente, com sóli- to inteiro” – Aframomum Melegueta, Zingi-
da base de conhecimento do sagrado, será uma beraceae (amomo) – não explicita que ataare
18 Ebó é oferenda, sacrifício,
bênção de sabedoria e um acréscimo inesti- é tão-somente o atare, pimenta-da-costa, que presente, enviados pelos
homens aos Òrìsà. Ebo
mável. Um presente de Ifá! se adquire em qualquer loja de ervas, estas Etutu: oferenda que esfria
e refresca (lembrar que a
Nas mãos do sacerdote típico brasileiro, onde se compram artigos das religiões África é muito quente, e
tudo que refresca é bem-
que conhece ligeiramente o Ifá, sem contudo umbanda e candomblé. vindo por lá), recomenda-
do por Òrúnmìlá a seus
entendê-lo, sem temer ofendê-lo por falta de Em seguida, nos ensina a queimar tudo e consulentes.
competência sacerdotal, torna-se arriscado. desenhar o Odú na preparação.
19 Oògún: preparado feito por
É uma faca de dois gumes. Eventualmente Quantos brasileiros conhecem os riscos um Bàbáláwo a mando de
Ifá, através de um Odú. Há
ele pode acertar, e mais certamente irá errar. dos Odú de Ifá (24)? E, especificamente, do oògún que são remédios,
ou magias, ou defesas.
E na mão daquele que mais procura o Odú Ìrosùn Òfún? Talvez estes riscos deves- São bons ou maus, depen-
dendo do contexto. Entre
conhecimento sagrado, justamente por não sem constar de um glossário à parte, e a um duas vontades opostas, o
que faz bem a uma parte
dispor de base alguma, do que quer de qual- Bàbáláwo transmitindo conhecimento. fatalmente será ruim para
E no Oògún Ojú Fífó, das páginas 220 e a outra.
quer maneira ser, acertar, obter, Ewé é um
perigo! Que Ifá nos proteja! Há coisas que 221, a folha òwálé (Oxyanthus Subpunctatus 20 Ose é semana em yorùbá.
Diferente da semana oci-
não devem ser sequer ditas, quanto mais es- Rubiaceae) e a folha e a raiz de Ìranjé dental de sete dias, ela tem
quatro: 1) Ojo Awo – dia do
critas. Oògún Àbìlù (22) nas mãos de um (Securinega Virosa – Euphorbiaceae) não segredo, quando se cultua
Esu, Ifá, Osanyin e os
Bàbáláwo, que tem um pacto com Ifá, que fez recebem também denominações brasileiras. Òrìsà femininos (Oya,
Òsun, Yemoja, Oba,
um juramento a Òrúnmìlá, é utilizado de modo E como temos que desenhar o Odú Òfún Iyewa); 2) Ojo Isegun –
dia da conquista, dedica-
sóbrio e só quando necessário. Como bem Meji na preparação, depois de secá-lo ao sol do aos Olode – deuses de
e antes de tomá-lo com água fria, se formos caça – Ogún, Osose,
disse Fatumbi, o que é Àbìlù para alguns, é Erinle, Oloogunede. E à
Àwúre (23) para outros. consultar o Ifá, e recebermos esta receita, família de Ananburuku –
Omolu e Osumare; 3) Ojo
Mas Oògún Àbìlù, nas mãos do feiticeiro, decerto continuaremos cegos. Jakuta – dia de se atirar
pedras, é para cultuar
do “Pai-de-santo” que não conhece caminhos, E notamos também outras plantas com Sàngó e seus irmãos Dada
Ajaka, Baiyani, Airá, e o
que não tem obrigações com Ifá, que não teme traduções e denominações falhas. Nas pági- povo de Oyo em geral; 4)
Ojo Aiku – dia que não se
ofender Òrìsà, que visa tão-somente seu con- nas 74 e 82, o fruto de aììdam (Tetrapleura morre, dedicado à Obàtálá,
Osagiyan, Egbe e todos os
forto e seu dinheiro, que deseja unicamente Tetraptera – Leguminosae Mimoisoideae) Òrìsà Funfun (Òrìsà que
participaram da criação do
agradar seu cliente, nas mãos deste é uma não tem nome brasileiro. Mas é tão-somente mundo e que vestem bran-
arma carregada e perigosa. Possa Òrúnmìlá a fava de aridam, conhecidíssima no candom- co).

nos ajudar! blé e mesmo na umbanda. 21 Ofo: palavras mágicas que


completam um Ebo. É o
Separamos duas receitas para serem dis- Aridam é citada em Barros (1993). poder e a força do que sai
da boca. A tradição de
cutidas, sem pretensão à análise profunda. E novamente na página 70, ewé Ojú Òrìsà é uma religião de tra-
dição oral.
Vejamos como Fatumbi coloca os oògún aos Ológbò (Abrus precatorius – Leguminosae
22 Oògún Àbìlú: magia malé-
leitores. As receitas foram escolhidas de for- Papilionoideae) não tem tradução. E é fica; ensino do Ifá.
ma aleatória. Ówérénjèjé, a ewé ase, folha e semente 23 Oògún Àwúre: magia be-
Fatumbi, em Ewé, ensina o que fazer frente conhecidíssimas no Brasil, o olho-de-pombo néfica; ensino do Ifá.

as mais diversas situações, desde “Trabalho miúdo, o jequiriti, citado em Barros (1993). 24 Os Bàbáláwo têm rico equi-
pamento. Em uma bande-
para Ter Boa Memória” (pp. 374-5 – Oògún Este é o ofo de Ówérénjèjé: ja entalhada, Opon Ifá, o
sacerdote, espalha um pó
Ìsòyè, do Odú Ìrosùn Òfún), até “Receita para vegetal amarelo chamado
Iyerosun (Baphia Nitida
Tratar Cegueira” (pp. 220-1 – Oògún Ojú Fífó “Ówérénjèjé, Ówérénjèjé Lodd., Leguminosae
Papilionoideae) e nele ris-
do Odú Òfún Meji). Ka kan ma b’òrìsà ca os desenhos específi-
Ìbà ni bàbá cos de cada Odú. São dois
Só que esquece de explicar que este Oògún grupos verticais, com qua-
Ìsòyè só terá valor se for utilizado como Ìbà ni yèyé tro subgrupos de um ou
dois riscos cada, que de-
complementação do Ebo Etutu indicado por Máa so kú arò terminam quais dos Odú
Òrúnmìlá enviou a seu
Ifá para o consulente, a quem Òrúnmìlá en- A fí ipa nla d’àseto consulente.

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Omo Obàtálá Fizemos um levantamento de quantas
Bàbáye Oba aláayé”. destas “receitas” estão completas, e dentre
219 achamos somente 12 com os nomes bra-
“Ówérénjèjé, Ówérénjèjé sileiros das plantas. E, mesmo assim, é im-
Adoramos somente o òrìsà portante conhecer o “jargão” utilizado. Se-
A bênção é do Pai não vejamos:
A bênção é da Mãe Receita no 20 (p. 117) – “Receita para boa
Direi bom dia saúde”:
Àquele que usa grande força para ordenar • Folha de òdúndún (Kalanchoe Crenata
Filho de Obàtálá – Crassulaceae) – folha-da-costa (que na
Pai favor, Rei do Mundo”. página 685 pode também ser conhecida por
seu Eru (27), a folha-da-fortuna (milagre-de-
Esta é sempre a última folha cantada na são joaquim), mas não é citada como saião,
Sasayin (25), e em qualquerOro (26) que leve mais fácil de identificar que a folha-da-costa,
folhas. nome usado somente nos candomblés. (En-
E a folha Ojúoró (Pistia Stratíotes – tão por que não identificar o jabuti-membeca
Araceae), chamada de flor-d’água, ou alfa- também com o nome ariri, de uso tão-somen-
ce-d’água – citada constantemente (p. 23 e te nos candomblés?);
outras) –, é tão-somente a erva-de-santa-lu- • Folha de Tètè (Amaranthus Hybridus
zia, ou lentilha-d’água, como é conhecida no subespécie Incurvatus – Amaranthaceae) –
nordeste. Citada em Barros (1993) e em Cra- cauda-de-raposa. Já nosso Bàbáláwo indicou-
vo (1994). nos, para ewé tètè, uma das primeiras folhas que
E Òsíbàtá (Nymphea Lotus L. Nym- nasceram no Ilu Aiye, o caruru-de-porco, ou
phaeaceae – p. 23), chamada lótus (p. 701), bredo (Amaranthus Viridis l – Amaranthaceae),
é encontrada em Barros (p. 118) como nenú- que é confirmado em Barros (p. 134);
far, golfo, bandeja-d’água (Nymphea Alba L. • Folha rìnrín (Piperomia Pellucida –
Nympheacea). E foi uma folha de golfo que Piperaceae) – jabuti-membeca (conhecida
nosso Bàbáláwo apanhou e nos indicou como no candomblé como ariri ou alfavaquinha-
sendo Òsíbàtá, e foi erva-de-santa-luzia que de-cobra);
nos foi ensinada como sendo Ojúóró – sem • Fruto de Musa Sapientum – bananeira;
referência literária (isto é, tradição oral • Uma pedra-de-fogo (mas não explica o
Yorùbá!). que é pedra-de-fogo);
E algo muito interessante e curioso se passa • Uma casca de ovo;
com Ewé rínrín (Piperomia Pellucida – • Sobras de ferro de ferreiro.
Piperaceae), que recebe o nome de jabuti- Moer tudo junto, secar ao sol e moer no-
membeca à p. 25. É conhecida em todo o vamente. Desenhar o Odú (mas não oferece o
Brasil, dentre o povo do Ase, como folha de risco do Odú) pronunciando a encantação.
ariri, e citada em Barros (1993) como Tomar à noite com akasa frio.
alfavaquinha-de-cobra. Encantação :
Pena que a maioria dos sacerdotes não
conhece seu nome yorùbá ou sua denomina- “O ferro nunca é tão pobre que não deixe
ção científica, para poder reconhecer o ariri sobras com o ferreiro.
25 Sasayin: conjunto de canti- com seu pomposo nome de jabuti-membeca. A galinha põe seus ovos calmamente, a
gas que liberam o poder das
folhas. Também chamadas Orogbo (Gaarcínia Kola Heckel, galinha os choca com calma.
Korin Ewé.
Gutiferae) também não é indicado simples- A casca do ovo é sempre encontrada vazia
26 Cerimônia religiosa, com ou
sem sacrifício. mente como orobô, muito conhecido no can- Òdúndún nunca está doente, nem na es-
27 Eru: escravo, substituto. As
domblé, como oferenda ao Òrìsà Sàngó. tação chuvosa nem na seca.
folhas têm geralmente um
“escravo”, outra folha, da
Na parte de receitas de uso medicinal, que Rinrin nunca está doente, nem na estação
mesma família ou não, com vai da página 100 até a página 269, temos 219 chuvosa nem na seca.
as mesmas propriedades
fitolátricas ou mágicas, que receitas de oògún, enviadas pelos mais vari- Fruto de banana nunca tem uma vida dura.
as substituem numa hora
de necessidade. ados Odú Ifá. Pedra-de-fogo nunca provoca dor”.

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Lida com atenção a receita, uma das úni- capítulo. Ninguém nos nomeou advogados
cas completas, enviada pelo Odú Òtúrá Òdí, ou peritos para isso. Queremos tão-somente
verificamos que ainda assim não é acessível lamentar que um livro deste porte, com este
ao público dos sacerdotes tradicionalistas potencial maravilhoso, que traz muito do que
brasileiros, aqueles que professam a tradição Ifá fala sobre plantas, tenha vácuos tão gran-
de Òrìsà, ou o candomblé Ketu, uma vez que des, falhas tão extensas.
Òrúnmìlá é um Òrìsà nosso e o Yorùbá é o E novamente surgem as questões.
nosso dialeto, nossa língua mãe, nosso meio Se não é dirigido aos sacerdotes yorùbá
de nos comunicarmos com os Òrìsà. Cremos descendentes, por que tantos detalhes religi-
ser, então, o público-alvo de Ewé. osos? E a utilização de certa nomenclatura,
E o mesmo acontece em outras receitas, como a citada folha-da-costa (p. 117), pouco
como a de no 24 (pp. 118-9), para tratar incha- conhecida fora dos candomblés?
ções, que usa alumã – Ewé ewúro (Vernonia Se é para ser lido e muito apreciado pelos
Amigdalina – Compositae), folha seca de sacerdotes, por que não acrescentar o essen-
fumo – Ewé tábà (Nicotiana Tabacum – cial, como os riscos dos Odú Ifá menciona-
Solanaceae) e Orí – limo-da-costa (Butyro- dos, a denominação menos rígida das folhas,
spermum Paradoxum subespécie Parkii – como o ariri (usual nos candomblés), o atare,
Sapotaceae). o bejerekun, o orí, e tantas outras?
Esperamos que o sacerdote que precise Seria interessante também citar alguns
utilizar o oògún enviado por Odú Òfúnméjì autores e títulos, dentro especificamente da
leia a frase sobre limo-da-costa em Yorùbá e botânica, que pudessem nos ajudar a locali-
conclua que é tão-somente orí, conhecida zar folhas citadas somente por seu nome
gordura vegetal, vendida com esse nome em Yorùbá e científico.
qualquer loja de ervas. Porque apenas alguns São pouquíssimos, quase raros, os sacer-
escolhidos sabem que limo- da-costa ou man- dotes brasileiros que tenham conhecimento
Estilização
teiga de karite é o mesmo que orí. de botânica, ao contrário dos Bàbálosayin
do machado
Nas páginas 152 e153, receita no 66 – envi- Yorùbá, sábios herbalistas.
ada pelo Odú Ogbè Òyèkú – “Receita para tratar O próprio Fatumbi, que começa seu livro de Xangô,

úlceras em várias partes do corpo”, um dos in- colocando-o num contexto sagrado, explican- por Carybé
gredientes é Èèrù, identificado com Xylopia
Aetiopica – Annonaceae – pimenta-da-guiné.
E também não se explica que Èèrù é o
simples Bejerekun, presença obrigatória em
todas as preparações yorùbá, utilíssimo em
pós e usado para dores de barriga de nossos
bebês. Raros são os que conhecem Bejerekun
por Èèrù ou pimenta-da-guiné.
Completas estão também as receitas de no
79 (pp. 160-1), no 85 (pp. 164-5), no 87 (pp.
166-7), no 108 (pp. 182-3), no 129 (pp. 196-
7), no 155 (pp. 214-5), no 170 (pp. 224-5), no
187 (pp. 236-7), no 216 (pp. 264-5).
Mas, em muitas, o sacerdote terá que des-
cobrir que limo-da-costa é orí, que pimenta-
da-guiné é Bejerekun, que jabuti-membeca é
ariri, que amomo é atare, que flor-d’água é
erva-de-santa-luzia.
E terá também que ser um expert em ris-
car os Odú Ifá.
Não pretendemos fazer uma crítica folha
por folha, página por página, capítulo por

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do como obteve suas informações de uma O sacerdote brasileiro não tem este co-
forma religiosa, como tal deveria divulgá-las. nhecimento. Nem dispõe de mestre para
E levando em conta que o culto de Osanyin, aprender. Então substitui valentemente o co-
que na África é professado por sacerdotes de nhecimento pela intuição. Errado? Que
Ifá e herbalistas, aqui no Brasil é tão-somente Òrúnmìlá julgue!
mais um dos deveres do Pai ou Mãe de Òrìsà. Oh! Fatumbi, você que lançou um livro tão
Foi incluído em seu dia-a-dia, por falta de aguardado, tão esperado, tão ansiado, e viajou
opção do sacerdote brasileiro. Qual o templo sem passagem de volta ao Orún ancestral!
de Òrìsà, qual o terreiro de candomblé que E antes que nossos telefonemas, nossas car-
tem um Olosayin, um Bàbálosayin que cum- tas, nossos artigos, nossas perguntas o alcan-
pra rigorosamente suas funções? São parcos çassem ! Antes de desfazer nossas dúvidas!
e pouco difundidos os conhecimentos sobre E fica a pergunta final:
Ewé no Brasil. – Quem é seu herdeiro, Fatumbi? Não o
E é por isso que este livro foi tão ansiosa- herdeiro físico do acervo de Pierre Verger, o
mente aguardado. Conhecimento, Sabedoria, pesquisador. Não o herdeiro do Oyë (31) de
Ase! Como precisamos disso! Oju Oba, os olhos de Sàngó. Para isso o Ase
Da mesma forma os Odú Ifá, os riscos, os Opo Afonja, de luto por tão grande perda, tem
ofò que Ifá nos envia. um Otun e um Osi (32). Não o herdeiro do
Nos templos de Òrìsà no Brasil, qual o Opa Saworo do Bàbáláwo. Òrúnmìlá saberá
Pai ou a Mãe no Òrìsà que tem um Bàbáláwo indicar o caminho, mostrar qual o discípulo
ou um Oluwo presente e atuante ? mais sábio e mais próximo do mestre. Mas o
28 Testemunha do destino.
Cargo dado a Òrúnmìlá por E mais um cargo da hierarquia sacerdotal herdeiro de Ìmoran (33), Conhecimento, de
Olodúmare, o Òrìsà que
criou Ilu Aiye. Òrúnmìlá es- é acoplado ao quotidiano do Pai e Mãe. Não Ìmòye (34), Sabedoria que todo este navegar
taria presente quando o ho-
mem fizesse sua escolha por escolha nossa, pelo desejo de concentrar o entre Brasil e o mundo lhe outorgou.
de Orí, destino que cada ser
humano escolhe ao vir para poder, de não dividir o Ase. Mas justamente E que venha o herdeiro, e nos tire as dú-
Ilu Aiye.
pela falta de conhecimento, pelo fracionamento vidas que ficaram.
29 Ese: pés; são os caminhos,
os capítulos em que se di-
do saber. Há poucos anos se ouve falar em Ifá, No Odú Ogbeyonu, Òrúnmìlá nos diz :
videm os Odú Ifá. Òrúnmìlá, Odú, Itan. Somos um povo de tra-
30 A família Epega, originária dição oral, pesada herança recebida dos ances- “Ele que é sábio
de Ijebu – Ode Nigéria – é
conhecida por estar há seis trais. Não temos mestres! Foi feito sábio pelo seu Orí
gerações à frente do Imole
Oluwa Institute, em Lagos, Quem sabe Òrúnmìlá, Eleri Ipin (28), Ele que não é sábio
Nigéria, que se propõe a
ensinar o Ifá e publicar li- envia suas respostas as nossas perguntas ao Foi feito mais tolo que um pedaço de
vros religiosos para o ensi-
no do Ifá. O ramo Epega, oráculo sagrado através de Odú? inhame pelo seu Orí” 35).
(
no Brasil, nasceu no Ile
Leuiwyato, em Guararema,
Que são 16 Odú principais – quando se
São Paulo, que abriga a 6a
e a 7a geração da família
repetem, ou 240 intermediários – quando se Oh! Você, Fatumbi, feito sábio pelo seu
Epega, cultuadores de Ifá. combinam? Orí, não nos falte agora. Envie a nós, seus
31 Oye: cargo, posição social Que cada Odú é um conjunto de poesias, discípulos, o seu Otun, o seu braço direito, e
ou sacerdotal, honraria,
status. e se compõe de 8 Ese (29)? continue a viver entre o Povo do Ase!
32 Otun e Osi: toda pessoa que Que cada Ese se compõe de 1.680 Itan, ou Oh ! Pierre Fatumbi Verger, você que
tem importância na vida
social ou religiosa yorùbá é versículos de quatro linhas? nasceu em uma terra fria, e foi à África, ao
assessorada por um Otun Brasil e a todo mundo buscando o calor do sol
Oye, a mão direita do de-
E que um Bàbáláwo ou Oluwo recita todo
tentor do cargo, seu auxili- o Oráculo Ifá de cor, cantando, e que gasta e do conhecimento.
ar direto. E o Osi é sua mão
esquerda, seu segundo au- neste aprendizado pelo menos 14 anos de sua Você que viveu entre sábios, que apren-
xiliar.
vida? E continua aprendendo até a morte? deu profundamente o Ifá.
33 Ìmoran: conhecimento, con-
selho. Nosso Bàbáláwo Epega faleceu aos 88 Você que teve muitos amigos e muitos
34 Imòye: sabedoria, sapiên- anos, em 1988, dizendo: “Mo nko Ifá” (“Es- discípulos.
cia.
tou aprendendo Ifá”). Você que falava muitas línguas e todas
35 Orí: cabeça, força vital,
aquela parte imortal que
E, filho, neto, bisneto de Bàbáláwo, já elas entendia.
existe em cada ser huma- era a 5a geração da família Epega a estudar Você que viveu muitos anos, como o ele-
no. Orí também é o destino
que cada homem escolhe e pregar o Ifá, estudando o oráculo sagrado fante e a tartaruga.
ao vir do Orún para o Ilu
Aiye. desde o berço (30). Você que recebeu cargos e honrarias de

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muitos reinos e muitas terras. melhor roupa, colocado em uma caixa de
Você, que sem o estudo formal recebeu o madeira que o levará para a Terra, de onde
título doutor em uma Universidade. você veio, e para onde voltará, através de
Você que era amigo de Sàngó, de Esú e de Obaluaiye. Que Oya o leve ao Orún!
Ifá, e contava seus feitos. Que você vá e volte.
Você que deu cidadania e dignidade ao E escolha novamente ser sábio, ser pa-
povo negro com seus escritos. ciente, ser bonito, ser sadio, ter vida longa,
Você, que docemente foi levado por Iku, realizar, ser competente, ter dinheiro.
a morte, para o Orún. Vá e volte, Fatumbi, que um pedaço dos
Você, que foi lavado com o sabão mais nossos corações vai com você!
puro, untado com o melhor orí, perfumado A juba, Bàbá!
com o mais fino perfume, vestido com a Nós o Louvamos, Pai! (36).

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nias mortuárias. Quanto
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–––––. Ewé, O Uso das Plantas na Sociedade Iorubá. São Paulo, Companhia das Letras, 1995. maior a louvação.

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