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Constitucionalismo e Direitos Sociais no Brasil após a CF de 1988

Constitucionalismo e Direitos Sociais no Brasil após a Constituição Federal de 1988 -

A evolução dos Direitos Sociais: Um Direito comparativo entre as Constituições de 1930 e


1934 e a Constituição de 1988.

Sumário: Introdução. 1. O Constitucionalismo 1.1 O Constitucionalismo no Brasil até 1930;


1.2. As Constituições de 1930 e 1934; 2. A evolução dos Direitos Sociais no Brasil a partir
de 1934; 3. Os Direitos Sociais e a Constituição de 1988; Conclusão; Referências.

ABSTRACT

Historical analysis of the social rights evolution in Brazil, starting from its appearance in
the Constitution of 1930 and 1934. The adoption of the social rights for the Constitution
of 1988, as well as critical analysis, concepts and characteristics of this historical-cultural
phenomenon being a factor of development for the Brazilian society, mainly for workers.

Keywords: Evolution, Social Rights, Constitutionalism , Constitution of 1988.

INTRODUÇÃO

O estudo do Constitucionalismo brasileiro deve ser apresentado por sua conceituação e


suas características essências, permitindo ao observador uma imediata visualização dos
contornos mais destacados. O histórico evolucional dos Direitos Sociais remete à época
colonial do Brasil e se estende até a Constituição de 1988, em seus dias atuais, tema que
será abordado de forma sucinta no trabalho aqui desenvolvido.

O exame do histórico dos Direitos Sociais e conseqüentemente, do Constitucionalismo


envolve o conjunto geral de normas individuais e coletivas que foram tema de debate por
muito tempo na sociedade e a definem uma Carta Magna que dará validade para as
demais normas do ordenamento jurídico.

1 O CONSTITUCIONALISMO

As ideologias ou movimentos que estudam as Constituições de determinado Estado são


chamadas de constitucionalismo . Canotilho define como uma “teoria (ou ideologia) que
ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão
estruturante da organização político-social de uma comunidade” . Portanto, para haver
Direito em um Estado, este deve possuir uma Constituição, com regras de limitação ao
poder autoritário e com prevalência dos direitos fundamentais.

O grande marco inicial do constitucionalismo deu-se com a Carta Magna de 1215, na


Inglaterra, onde era estabelecida a proteção dos direitos individuais da época. Outros
importantes documentos da evolução constitucionalista foram a Petition of Rights de
1628, o Bill of Rights de 1689 e o Act of Settlement de 1701. Quanto ao
constitucionalismo moderno, discute-se sobre a Constituição norte-americana de 1787 e a
Constituição francesa de 1781.

O constitucionalismo americano, o francês e o inglês influenciaram de forma significativa


a Constituição brasileira, como Paulo Bonavides fomenta:

“O nosso constitucionalismo, ao revés, levantou-se sobre as ruínas sociais do


colonialismo, herdando-lhe os vícios e as taras, e ao mesmo passo, em promiscuidade
com a escravidão trazida dos sertões da África e com o absolutismo europeu, que tinha a
hibridez dos Braganças e das Cortes de Lisboa, as quais deveriam ser o braço da liberdade
e todavia foram para nós contraditoriamente o órgão que conjurava a nossa recaída no
domínio colonial. [...]Com efeito, a fonte doutrinária fora a mesma: o constitucionalismo
francês, vazado nas garantias fundamentais do número 16 da Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão de 26 de agosto de 1789. Nesse documento se continha a essência e
a forma inviolável de Estado de Direito. Idêntica, por igual, a fonte positiva de inspiração
imediata: a Constituição de Cadiz. Fomos tão longe que lhe decretamos a vigência
durante 24 horas. Com efeito, entre nós o fraco rei espavorido a outorgou no Rio de
Janeiro num triste episódio que mal recomenda a memória política de D. João VI” .

1.1 O CONSTITUCIONALISMO NO BRASIL ATÉ 1930

A evolução político-constitucional brasileira se inicia com o Brasil ainda em fase colonial,


com a organização das capitanias hereditárias, criando-se centros econômicos e sociais
dispersos por todo país. Em seus domínios, o governo era exercido com jurisdição cível e
criminal e os donatários possuíam poderes quase absolutos. Já na fase monárquica, os
fatores reais do poder dariam ao Brasil a sua organização política e em 1815 ele é
elevado à categoria de Reino Unido de Portugal. Contudo, muitas das melhorias para a
política não ultrapassaram os arredores do Rio de Janeiro, por influência ainda dos três
séculos de vida colonial .

As recém-chegadas teorias da Europa, como o Liberalismo, o Parlamentarismo, o


Constitucionalismo, o Federalismo, a Democracia e a República traziam à sociedade
brasileira um sentimento de independência, que com o passar do tempo, foi suprido. A
unidade nacional ainda era um problema no país e estruturá-lo e organizá-lo
nacionalmente ainda era um grande desafio. O constitucionalismo foi, então, o princípio
fundamental utilizado na época :

“O constitucionalismo era o princípio fundamental dessa teoria, e realizar-se-ia por uma


constituição escrita, em que se consubstanciasse o liberalismo, assegurado por uma
declaração constitucional dos direitos do homem e um mecanismo de divisão de poderes,
de acordo com o postulado do art. 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
de 1789, segundo o qual não tem constituição a sociedade onde não é assegurada a
garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes.”

Através da Constituição de 1824, os estadistas do Império conseguiram manter a unidade


do Estado, que declara que “o Brasil é a associação política de todos os cidadãos
brasileiros, que formam uma nação livre independente que não admite, com qualquer
outro, laço de união ou federação, que se oponha à sua independência” . No governo,
dois órgãos ajudavam a ação do poder soberano: o Conselho de Estado e o Senado.

Contra esse modelo centralizador, lutavam os liberais, que no Brasil ficaram mais
conhecidas como Balaiada, Sabinada e Cabanada, entre outras. As forças
descentralizadoras conseguem, por fim, ganhar, instalando-se a fase republicana e o
governo provisório, com presidência do Marechal Deodoro da Fonseca. No segundo
Reinado, a federação dos Estados Unidos do Brasil é constituída, decretando a
Constituição como definitiva .

AS CONSTITUIÇÕES DE 1930 E 1934

Com a Primeira República posta abaixo e o desenvolvimento econômico em alta,


enfraqueceu-se o coronelismo existente da época e nesse contexto, Getúlio Vargas sobe
ao poder como líder civil da Revolução. O Ministério do Trabalho é criado e juntamente
com ele, toda questão social é trabalhada. Getúlio Vargas se impõe perante os Estados,
acabando com toda política dos governadores e coronéis, prepara um sistema eleitoral
novo, instituindo a justiça eleitoral. Em São Paulo, estoura, pouco tempo depois, a
Revolução Constitucionalista. Os revoltosos foram derrotados pelo ditador e a convocação
das eleições foi mantida, organizando-se a segunda Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil em 16 de Julho de 1934.

“A Constituição de 1934 inaugurou a Segunda República. Teve ela, contudo, breve e


precária existência porquanto promanara de uma ambiência política marcada por
mutilações participativas, crises, desafios, suspeitas, incertezas, contestações e
ressentimentos. A Constituinte que a promulgou não auferiu a necessária densidade
legitimante que é de exigir de um colégio de soberania. “As lideranças do ancien régime
republicano permaneciam no exílio político, afastadas de toda participação. As forças
políticas situacionistas, por sua vez, elegeram presidente da República, por via indireta,
o ex-ditador e chefe revolucionário do movimento de outubro de 30, um homem cujo
apetite pelo poder o levou, três anos, depois a desferir o golpe de Estado de 10 de
novembro de 1937” .

A nova Constituição, apesar de breve, ampliou os poderes da União, em seus artigos 5º e


6º e criou, como tema principal deste paper, o que se chamaria hoje em dia de direitos
sociais, com grande influência da Constituição alemã de Weimar, sendo, basicamente,
um documento de compromisso entre o intervencionismo e o liberalismo, que mais tarde
seria revogado pelo mesmo Getúlio Vargas para, então, ter início a ditadura no Brasil.

2 A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS SOCIAIS NO BRASIL A PARTIR DE 1934

A ordem e os Direitos Sociais não haviam sido tema constitucional relevante no Brasil
antes da Carta de 1934. Como pondera o Prof. José Afonso da Silva: “no Brasil, a primeira
Constituição a inscrever um título sobre a ordem econômica e social foi a de 1934, sob a
influência da Constituição alemã de Weimar, o que continuou nas constituições
posteriores” .

Como já citado, com as Constituições de 1930 e 1934, vêm à tona a questão social e toda
preocupação no que cerne sobre os direitos e garantias individuais, inscrevendo o título
sobre ordem econômica e social e outro sobre a família, a educação e a cultura.

“A Constituição de 1934 reconheceu a maioria dos direitos sociais mais difundidos,


principalmente no tocante ao trabalho, entre eles: a isonomia salarial, o salário mínimo,
a jornada de trabalho de 8 horas; a proibição do trabalho de menores, o repouso
semanal, as férias remuneradas, a indenização por dispensa sem justa causa, a
assistência médica ao trabalhador e à gestante, bem como reconheceu a existência dos
sindicatos e associações profissionais, estabeleceu ainda a submissão do direito de
propriedade ao interesse social ou coletivo, entre outras medidas” .

3 OS DIREITOS SOCIAIS E A CONSTITUIÇÃO DE 1988

Após 1988, os Direitos Sociais ganharam um capítulo (capítulo II, título II) na Constituição
e regem sobre situações subjetivas pessoais ou grupais de caráter concreto, sendo
“prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente” . Como Paulo
Bonavides suscita, a Constituição avança de forma a desenvolver a tutela dos direitos:

“A Constituição de 1988, ao revés do que dizem os seus inimigos, foi a melhor das
Constituições brasileiras de todas as nossas épocas constitucionais. Onde ela mais avança
é onde o Governo mais intenta retrogradá-la. Como constituição dos direitos
fundamentais e da proteção jurídica da Sociedade, combinando assim defesa do corpo
social e tutela dos direitos subjetivos, ela fez nesse prisma judicial do regime
significativo avanço” .
Portanto, a análise demonstra que o surgimento da preocupação com os Direitos Sociais
no Brasil tornou-se efetivamente maior, não se dando erraticamente, tornando evidente
a mudança que ocorreu em 1988. Mesmo apesar das crises que sucederam pós-
Constituição, onde os Direitos Sociais demonstraram omissão no sentido de dar garantias
ao trabalhador, atualmente percebe-se, novamente, a ascensão de tais direitos, gerando
desenvolvimento social e melhores condições de vida.

CONCLUSÃO

A evolução dos Direitos Sociais ao longo do século XX no Brasil possibilitou melhores


condições de vida aos mais fracos. Em primeiro momento, na Constituição de 1930 e
1934, percebe-se a questão social emergir como assunto de extrema importância
política, tendo uma grande ascensão na época em que o Liberalismo e a Revolução Civil
estavam em alta.

Com a ditadura nos anos subseqüentes, o Brasil acabou por mergulhar num caos
constitucional, onde todo poder centralizou-se nas mãos do Presidente da República,
surgindo um mar de crises políticas e uma série de violações aos direitos da sociedade.
Contudo, com a promulgação da Constituição de 1988, os Direitos Sociais voltam à tona e
mesmo com variadas crises políticas e econômicas no governo, ganham um capítulo
dentro da Carta, com direitos sociais relativos ao trabalhador, à seguridade, à educação
e cultura, à moradia, família, crianças, adolescentes, idosos e por fim, ao meio
ambiente.

A ampla garantia de direitos ao trabalhador no âmbito de suas relações individuais e


coletivas de trabalho acabam sendo de extrema importância no Constitucionalismo
brasileiro, permitindo-se dizer que o país se equipou de um grande desenvolvimento
social desde que estes foram validados na Constituição.

REFERÊNCIAS

ALVES, Fernando de Brito. Cidadania e Direitos Sociais. Disponível em: <


http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7627 > Acesso em: 15 mai 2009.

BONAVIDES, Paulo. A evolução constitucional no Brasil. Disponível em: <


http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142000000300016 >
Acesso em: 15 mai 2009.

CANOTILHO. J.J Gomes. Direito constitucional e teoria da Constituição. 7 ed. p. 51 apud


LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12 ed. rev. atual e ampl. São Paulo:
Saraiva. 2008. p. 4.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 12 ed. rev. atual e ampl. São Paulo:
Saraiva. 2008.

SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 30 ed. rev. atual. São Paulo:
Malheiros. 2008.

OLIVEIRA, Luiza. Constituição e Constitucional

BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DO CONSTITUCIONALISMO NO


BRASIL: A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS
CONSTITUIÇÕES
 
Camila Barroso Graça
Samara Viana Corrêa[1]
 
SUMÁRIO: 1 Introdução; 2 Classificação da
História Constitucional do Brasil; 2.1 O
Constitucionalismo do Império: inspiração francesa
e inglesa, 2.2 O Constitucionalismo da Primeira
República: Modelo Americano com o Federalismo e
o Presidencialismo; 2.3 Constitucionalismo do
Estado Social: o Advento da Influência das
Constituições de Weimar e Bonn; 3 As
Constituições do Brasil e os Direitos Fundamentais;
3.1 Constituição De 1824; 3.2 Constituição de 1891;
3.3 Constituição de 1934; 3.4 Constituição de 1937;
3.5 Constituição de 1946; 3.6 Constituição de 1967;
3.6.1 Emenda Constitucional de 1969; 3.7
Constituição de 1988; Conclusão; Referências
 
RESUMO
 
Constitucionalismo está intrinsecamente relacionada aos direitos humanos
fundamentais, uma vez que esses direitos limitam o poder do Estado garantindo o
desenvolvimento da pessoa humana. O ordenamento jurídico é resultado de vários
fatores, a análise constitucional dos direitos humanos fundamentais é abordada de modo
sucinto, a partir da classificação de Paulo Bonavides das épocas constitucionais do
Brasil e o estudo direto do contexto histórico, avanços e retrocessos das Constituições.
Verificou-se que apesar da influência constitucional, do progresso formal das
Constituições ao longo da História do Brasil, os avanços materiais, a concretização dos
direitos garantidos ainda é ineficaz, resultando em uma contradição entre o país legal e
o país real.
 
PALAVRAS-CHAVE
Constitucionalismo. História Constitucional. Direitos Fundamentais.
 
1 INTRODUÇÃO
 
A concepção atual de direitos humanos fundamentais resultou de várias
definições como a dos pensamentos filosóficos surgidos com o cristianismo e com o
direito natural. Dentre as acepções, Santos Júnior afirma que eles são os direitos
essenciais, sem os quais não se reconhece o conceito estabelecido de vida. [2] Flores
considera que os direitos humanos fundamentais compõem uma racionalidade de
resistência, na medida em que traduzem processos que abrem e consolidam espaços de
luta pela dignidade humana.[3] Entretanto, conforme Moraes, esses pensamentos
possuem um ponto fundamental - a “necessidade de limitação e controle de abusos de
poder do próprio Estado e de suas autoridades constituídas e a consagração dos
princípios básicos da igualdade e da legalidade como regentes de Estado moderno e
contemporâneo”.[4] Deste modo, a noção de direitos humanos fundamentais é mais
antiga que a idéia de constitucionalismo, que consagrou a necessidade de registrar em
um documento o rol mínimo de direitos fundamentais.
A partir dessa idéia faz-se necessário que todas as constituições tenham uma
previsão desses direitos, uma vez que eles fazem parte de seu conceito, garantindo a
limitação do poder e o pleno desenvolvimento da pessoa humana.
O ordenamento jurídico de um Estado depende significativamente de fatores
históricos, culturais, doutrinas e idéias filosóficas, jurídicas, políticas, religiosas e
econômicas que interagem e se influenciam mutuamente. [5] Por isso, esses direitos são
tratados de forma diferenciada ao longo da História Constitucional do Brasil.
 
2 CLASSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA CONSTITUCIONAL DO BRASIL
 
As três épocas constitucionais do Brasil são compostas por diferentes
valores políticos, jurídicos e ideológicos, cuja classificação realizada por Paulo
Bonavides, ocorre em Constitucionalismo francês e inglês do séc. XIX, Modelo norte-
americano e o Constitucionalismo alemão do séc. XXI.

2.1 O Constitucionalismo do Império: inspiração francesa e inglesa


 
A constituição do Império foi influenciada pela França no ponto de vista
teórico, mas na constituição real, em sua aplicação doutrinária e fática, se assemelhou
ao modelo inglês. Trocou o modelo de Montesquieu (a tripartição dos poderes) pelo
modelo de Benjamin Constant (quatro poderes) ainda que mais quantitativo e formal
que qualitativo e material. Assim, acrescentou-se aos Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário, o Poder Moderador cujo titular era o Imperador. Este poder era o eixo mais
visível de toda a centralização de Governo e Estado no Império. [6] Essa Constituição
garantia os direitos individuais e políticos sob inspiração da Constituição Francesa de
1797.
“A monarquia foi, não obstante, um longo passo para a estréia formal
definitiva de um Estado Liberal, vinculado, todavia, a uma sociedade escravocrata,
aspecto que nunca se deve perder de vista no exame das instituições imperiais”. [7]
Observa-se, então, uma contradição entre a Constituição escrita e a Constituição real.
 
2.2 O Constitucionalismo da Primeira República: Modelo Americano com o
Federalismo e o Presidencialismo
 
O advento da República possibilitou a mudança no eixo dos valores e
princípios de organização formal do poder. O Estado da Constituição de 1891 possuía a
plenitude formal das instituições liberais, “em alguns aspectos deveras relevantes,
transladadas literalmente da Constituição americana, debaixo da influência de Rui
Barbosa, um jurista confessadamente admirador da organização política dos Estados
Unidos”.[8] Os princípios que faziam da estrutura do nosso Estado diametralmente
oposta ao Império eram: “o sistema republicano, a forma presidencial de governo, a
forma federativa de Estado e o funcionamento de uma suprema corte apta a decretar a
inconstitucionalidade dos atos do poder (...)”.[9]
 
2.3 Constitucionalismo do Estado Social: o Advento da Influência das
Constituições de Weimar e Bonn
 
A Constituição de 1934 foi outorgada sob uma tempestade ideológica, época
de crises, golpes de Estado,agitação política, ideológica e social. Era extremamente
autoritária e apesar disso, seu cumprimento não se deu nem pelos titulares do poder.
[10]
Durante a ditadura militar, o Brasil testemunhou a ação de dois poderes
constituintes paralelos: um, tutelado, que fez sem grande legitimidade a Carta semi-
autoritária de 1967; o outro, derivado do poder autoritário e auto-intitulado poder
revolucionário, que expediu à margem da legalidade formalmente imperante, os atos
institucionais, bem como a Emenda nº 1 à Constituição de 1967. [11]
Esta época constitucional, os estatutos fundamentais expedidos com alguma
legitimidade e que durante certo tempo mantiveram as aparências de um regime normal
de governo, definidos pelas ideologias do liberalismo, foram as constituições de 1934,
1946, 1988. As Constituições ressaltavam o aspecto social, os direitos fundamentais da
pessoa humana, devido a influência de Weimar, que ocorreu de modo direto e decisivo
na caracterização dos rumos sociais do Novo Estado Constitucional Brasileiro.
Em 1934 a inspiração do constitucionalismo alemão weimariano é decisiva
para a formulação precoce da forma de Estado social que o constituinte
brasileiro estabeleceu em bases formais, num passo criativo dos mais
importantes, capaz de autenticar a significação e a autonomia doutrinária do
terceiro setor ou época constitucional, em cujos espaços o regime ainda se
move em busca de consistência, legitimidade e consolidação definitiva das
instituições fundamentais. Mas esse Estado, em razão de abalos ideológicos e
pressões não menos graves de interesses contraditórios ou hostis,
conducentes a enfraquecer a eficácia e a juridicidade dos direitos sociais na
esfera objetiva das concretizações, tem permanecido na maior parte de seus
postulados constitucionais uma simples utopia. [12]

Para que ocorresse a eficácia da Constitucional de 1988, ela instituiu um


“remédio novo de processualística constitucional: o mandado de injunção”, para que
não ocorra como nas Constituições anteriores do século XX, cujo conteúdo sobre os
direitos sociais foi convertido em “preceitos meramente pragmáticos, por
inaplicabilidade e decurso de tempo”. [13]
 
3 AS CONSTITUIÇÕES DO BRASIL E OS DIREITOS FUNDAMENTAIS
3.1 Constituição de 1824
 
Em junho de 1822, Dom Pedro I convocou a Assembléia Constituinte
Brasileira, antes, portanto da Proclamação da Independência que ocorreu em 7 de
setembro de 1822. Este ato consumou a ruptura formal definitiva com Portugal. Por
sentir ameaçado com a idéia da diminuição de seu poder, o monarca fechou a
Assembléia Constituinte e nomeou um conselho de Estado, com dez membros,
encarregado de elaborar a Constituição. [14]
Assim, em 1824, foi outorgada a primeira Constituição do Brasil, através de
um decreto imperial. É marcada pelo liberalismo que se apresentava, sobretudo, no rol
dos direitos humanos individuais e na separação de poderes. Entretanto, a Carta restrita
à população livre, branca ou mestiça, assegurava o voto e a participação política,
garantia os direitos individuais e previa deveres. Assim, limitou-se em tratar dos direitos
de primeira geração, os direitos civis e políticos, que têm por titular o indivíduo,
traduzidos como características da pessoa, assumindo uma subjetividade que é a sua
característica mais marcante.
Deste modo, baseando-se na Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, de 1789, ela assegurou a inviolabilidade dos direitos civis e políticos a partir
da liberdade, da segurança individual e da propriedade. E do constitucionalismo inglês,
ela herdou o direito à petição, à proibição das penas cruéis e o direito de julgamento
legal. [15]
Sinteticamente, as principais conquistas foram: liberdade de expressão do
pensamento; liberdade de convicção religiosa e de culto privado, respeitando a religião
do Estado; igualdade de todos; abolição da tortura e de todas as demais penas; exigência
de lei anterior e autoridade competente, para sentenciar alguém; liberdade de trabalho;
instrução primária gratuita.[16]
Apesar de estabelecer a igualdade perante a lei, a sociedade era
escravocrata, patrimonialista, conservadora. Por isso, Bastos afirma “A Constituição
Imperial de 1824 é bastante original em sua matéria, mas apresenta a distinção entre a
Constituição formal e a Constituição material”. [17]
A queda da monarquia ocorreu devido a decomposição de suas instituições e
inadequação resultantes das transformações que aconteceram no país a partir de 1850.
[18] Assim, a Constituição outorgada de 1824 foi revogada pelo Governo Republicano
depois de 65 anos de vigência.[19]
 
5.2 Constituição de 1891
 
O movimento de cúpula controlado pelos militares e pelas elites agrárias
resultou em 1889 na Proclamação da República. [20] Nela não houve preocupação em
promover mudanças, ainda que superficiais na estrutura econômica do país, cuja base
continuou a ser a propriedade rural, monocultura e exportação.
Ao Marechal Deodoro da Fonseca, como Chefe de Governo, coube algumas
medidas imediatas como decretar a extinção de instituições políticas do Império, separar
o Estado da Igreja e convocar a Assembléia Constituinte. O novo governo necessitava
de uma nova Constituição, pois a antiga seguia as idéias imperiais. Assim, a
Constituição de 1891 sintetizou juridicamente o regime republicano.
A Constituição Republicana foi influenciada pelas cartas norte americana,
argentina e suíça para a elaboração do seu estatuto fundamental. [21] Essa Constituição
garantia alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações por
representar interesses das elites agrárias. Ela implantou o voto universal e aberto para os
cidadãos (homens, alfabetizados, maiores de 21 anos) e instituiu o presidencialismo
como forma de governo, ampliou os Direitos Fundamentais, mantendo os direitos que
foram reconhecidos no Império. Entre esses direitos estavam a liberdade religiosa; a
liberdade de associação sem armas; garantia da ampla defesa aos acusados; abolição
das penas de galés, banimento judicial e morte; criação do habeas corpus.[22]
 
5.3 Constituição de 1934
 
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil promulgada em
1934 foi elaborada em um período de intensa atividade ideológica, devida a influência
da critica realizada ao liberalismo político e econômico, resultado da Primeira Guerra
Mundial. [23] O Estado liberal foi substituído pelo Estado Social, instituindo matérias
de uma ordem social justa, regulando normas constitucionais relacionados às relações
de trabalho, à família, à educação, à saúde, à paz internacional e outros assuntos de
alcance social. [24]
A Carta de 1934 manteve a estrutura do Estado anterior com características
como a república, a tripartição de poderes, o federalismo, o municipalismo e o
presidencialismo[25], assegurava o direito à liberdade, a subsistência, à segurança
individual e a propriedade.
Inspirou-se na Constituição de Weimar, promulgando legislação social e do
trabalho, entretanto também foi copiada, em parte, da Constituição Fascista da Polônia
de 1935, apresentando também características de autoritarismo e fascismo. Apesar de
apresentar um caráter liberal, assegurando direitos trabalhistas até então ignorados,
proibia a livre e autônoma organização dos trabalhadores através de sindicatos e
associações. Muitos teóricos afirmam que esses direitos trabalhistas foram uma
estratégia política para apaziguar o ânimo dos trabalhadores.
As mudanças que ocorreram quanto aos direitos fundamentais foram o
sufrágio universal; a não discriminação quanto o sexo em relação ao voto; proibição da
prisão por dívidas, multas e custas; assistência judiciária concedida pela União e pelos
Estados à pessoas de pouco recurso; amparo à educação e à maternidade; proteção da
juventude contra a exploração. A economia deveria ser organizada conforme o princípio
da justiça, possibilitando uma existência digna a todas as pessoas, ocorreu também o
reconhecimento dos sindicatos, a proteção social do trabalho, assegurou um salário
mínimo que atendesse as necessidades normais do trabalhador, entre outras mudanças
formais.
Entretanto,
A realidade constitucional deste período determinou-se pelo estiolar das
liberdades (com muitas perseguições a intelectuais, nomeadamente) e por
alguma demofilia, traduzida em muitas medidas sociais. Na verdade, a
Constituição nunca terá sido verdadeiramente normativa, mas semântica. [26]
A Constituição de 1934 no art. 113, inciso 1 afirma “Todos são iguais
perante a lei. Não haverá privilégios, nem distinções, por motivo de (...) idéias
políticas”. Para comprovar a ineficiência da Constituição quanto as Direitos Humanos
Fundamentais, observa-se a contradição entre esse preceito e o caso da AIB (Ação
Integralista Brasileira) e ANL (Aliança Nacional Libertadora).
O Governo Vargas era apoiado por políticos conservadores que
consideravam a ANL ilegal, assim ordenou em 1935, a prisão dos líderes alegando que
pretendiam promover um golpe de Estado e derrubar o governo. Diante da repressão, a
ANL planejou uma revolta militar contra o governo. Essa rebelião foi pretexto para
radicalizar o regime político devido o perigo comunista prendendo milhares de
sindicalistas, operários, militares, intelectuais. [27]
Apesar do pouco tempo de vigência e da ineficiência material, esta
Constituição deixou formalizado as conquistas sociais preparando para o
aperfeiçoamento do Estado Social.[28]
 
5.4 Constituição de 1937
 
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1937 foi
outorgada após o golpe de Estado, iniciando assim o Estado Novo. Inspirada no regime
fascista italiano alargou os poderes presidenciais diminuindo o poder legislativo e o
poder judiciário. [29]
Prescrevia o nacionalismo, anticomunismo, construção do Estado e direitos
sociais. Era contrária às idéias comunistas, o que resultou na prisão, tortura e morte dos
adeptos. Isso ocorreu, porque a Constituição de 1937 previa a pena de morte para crimes
contra o Estado, expressão de pensamento limitado com censura à imprensa, proibição
das greves, os sindicatos controlados pelo Estado e estabeleceu um tribunal especial
para crimes contra o Estado. Como o governo não se sustentava somente a base da
repressão, Vargas buscava através da propaganda a simpatia popular, apoio de
intelectuais como Pontes de Miranda e o sociólogo Oliveira Viana. [30]
O art. 123 declarava que os direitos e garantias tinham por “limite o bem
público, as necessidades de defesa, do bem estar, da paz e da ordem coletiva, bem como
as exigências da segurança da Nação e do Estado em nome dela constituído e
organizado nesta Constituição”. Deste modo, todos os direitos fundamentais e garantias
constitucionais estavam subordinados aos interesses do Estado, à ordem coletiva e a
segurança da Nação, legitimando ações contrárias à dignidade da pessoa humana, que
eram comuns nesse período, uma vez que era crime questionar as ações do governo, sob
pena de prisão, tortura e morte.
Decretou-se o estado de emergência, suspenderam-se os direitos e garantias
individuais, extinguiram-se os partidos políticos, (...) dissolveram-se o
Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas estaduais e as Câmaras
municipais, o Chefe do Estado assumiu plenos poderes legislativos e
executivos.[31]

O Estado de emergência autorizava a invadir casas, prender pessoas, julgá-


las sumariamente e condená-las. Assim, Vargas detinha em suas mãos os mais amplos
poderes e seus atos não poderiam ser submetidos à Justiça. A Constituição de 1937
afirmava a plenitude de poder do Presidente para expedir decretos-leis sobre as matérias
de competência legislativa da União, até que fossem realizadas as eleições do
Parlamento Nacional que seriam marcadas pelo Presidente da República, entretanto o
plebiscito nunca aconteceu.[32]
“A constituição de 1937 permaneceu na sua maior parte inaplicada, pois
foram dissolvidos os órgão do Poder Legislativo de todos os níveis de governo, e não se
realizou o plebiscito determinado pelo texto constitucional”.[33] Pelos fatores
apresentados acima, a ditadura do Estado Novo, foi juridicamente inconstitucional, uma
vez que não ocorreu o plebiscito que garantia a sua legitimidade.
 
5.5 Constituição de 1946
 
No Brasil crescia o descontentamento com o regime ditatorial de Getúlio
Vargas e o movimento de redemocratização do país, apoiados pelos trabalhadores e
outros grupos descontentes com o governo. Após a ditadura do Estado Novo, a
Constituição instaurou a democracia, o pluralismo e o federalismo inspirado na
democracia social weimariana.[34] Ela retoma a democracia social da Constituição de
1934, uma vez que voltam as instituições clássicas e os institutos jurídicos como
liberdade, mandado de segurança, ação popular, controle da inconstitucionalidade das
normas.[35]
A Constituição de 1946 assegurava o direito à liberdade, segurança
individual e propriedade, o pelo direito à vida. Instituía também a proibição da pena de
morte e a individualização da pena.
Comparando à Constituição de 1934, a Carta de 1946, apresentava algumas
diferenças quanto aos direitos e garantias individuais, à ordem econômica e social, à
família, à educação e à cultura. Acentuou o sentido social da ordem econômica
dispondo que deveria “ser organizada conforme os princípios da justiça social,
conciliando a liberdade de iniciativa com a valorização do trabalho humano”.
“Na prática das relações sociais, grande parte desses direitos não foram
incorporados ao cotidiano da maioria dos brasileiros. Nessa época, como em outros
períodos, permaneceu no Brasil uma considerável distancia entre o país legal e o país
real.”[36] Assim, os avanços materiais foram poucos, uma vez que alguns direitos
ficaram assegurados somente no papel, entretanto os avanços formais cresciam
aperfeiçoando a fisionomia social do Estado brasileiro.
 
5.6 Constituição de 1967
 
A Ditadura Militar, resultado de outra crise política, enfocou a segurança
nacional e a construção do Estado. [37] Assim, antes da Constituição Brasileira de
1967, foram expedidos Atos Institucionais que estavam acima da Carta Magna de 1946.
Entre eles, podemos citar o AI-1 (1964) que autorizava o Poder Executivo Federal a
cassar mandatos de parlamentares, suspender direitos políticos de quaisquer cidadãos,
modificar a Constituição e decretar o estado de sítio, suspendendo direitos e garantias
individuais previstas da Constituição, sem aprovação do Congresso. Como
conseqüência desse ato institucional aumentou a repressão policial e em 60 dias, mais
de 300 pessoas tiveram seus mandatos cassados e seus direitos políticos suspensos –
entre eles, três ex-presidentes da República: Juscelino, Jânio e João Goulart. [38]
Com o AI-4, o governo adquiriu poderes para produzir uma nova
constituição. Deste modo, a Constituição de 1967 volta explicitamente ao autoritarismo,
ainda que sem a demofilia de Vargas. Os direitos individuais foram severamente
comprimidos, imperando o conceito de segurança nacional. [39]
A Constituição de 1967 apresenta algumas superioridades e inferioridades
formais em relação à de 1946. No que tange a liberdade religiosa, a Constituição de
1946 declarava inviolável, enquanto que a de 67 dizia-a plena, não garantindo a sua
inviolabilidade. Em relação à legalidade das prisões, afirmava a Carta de 1946 que, “nos
casos previstos em lei, [o juiz] promoverá a responsabilidade da autoridade coatora”. Na
de 67 esta regra foi desprezada. A respeito da integridade física do preso à de 67 faz
referência, enquanto que as anteriores não fazem. [40]
A possibilidade de suspenderem-se os direitos políticos do cidadão brasileiro,
por abuso de direitos individuais relativos à manifestação do pensamento, de
convicção política ou filosófica, à prestação de informações, ao exercício de
atividade profissional, liberdade de associação e de reunião, conforme o art.
157 na Carta de 1967, não constava na Constituição de 1946. [41]
O AI-5 foi expedido após a Carta Magna ser outorgada, com o intuito de
aumentar a repressão, uma vez que este autorizava o presidente a reprimir e perseguir as
oposições, além de decretar o estado de sítio, intervir nos Estados e Municípios, cassar
mandatos eletivos, suspender direitos políticos garantindo que suas ações não seriam
submetidas ao exame do Judiciário.
 
5.6.1 Emenda Constitucional de 1969
 
Em 1969 ocorreu um golpe dentro de outro golpe, pois os militares não
aceitaram um civil no poder. As Forças Armadas se uniram e tomaram o poder e
decretaram a Emenda Constitucional nº 1, através da qual juntaram todos os Atos
Institucionais à Constituição de 1967, oficializando o arbítrio do regime militar no
Brasil. Os 21 anos de ditadura militar no Brasil foram marcados por repressão contra os
trabalhadores, estudantes, dirigentes sindicais, políticos, intelectuais e outros, que foram
perseguidos, presos, torturados e mortos. [42]
A Emenda Constitucional de 1969 incluiu aos direitos individuais, a
possibilidade de pena de morte, prisão perpétua, banimento e confisco para os casos de
“guerra psicológica adversa ou revolucionária ou subversiva”; [43] suprimiu a soberania
do júri; sujeitou à limitações e restrições da lei ordinária a aquisição da propriedade
rural, visando a defesa da integridade do território, a segurança do Estado e a justa
distribuição da propriedade.
Em meio a várias pressões sociais e políticas contra o autoritarismo e a
repressão, anos depois, o general Ernesto Geisel assinou uma Emenda Constitucional
que tornava sem efeito os Atos Institucionais, traçando o caminho para a
redemocratização do Brasil.
 
5.7 Constituição de 1988
 
O processo de redemocratização do Brasil foi caracterizado por etapas
executadas em vários governos. O Governo Geisel (1974 - 1979) em outubro de 1978
extingui o AI-5 e os demais Atos Institucionais que marcaram a legislação arbitrária da
ditadura. [44] O Governo Figueiredo (1979 - 1985) concedeu a todos os exilados pela
Ditadura Militar o direito a regressar ao país e devolveu dos direitos políticos que foram
casados. [45]
No Governo de José Sarney (1985-1990) milhares de brasileiros passavam
fome, desnutrição, falta de moradia e péssimas condições de saúde. Melhorar as
condições sociais, ainda que somente no papel, era urgente. [46] Assim, um dos
principais objetivos da Constituição era democratizar o país, substituindo os
instrumentos jurídicos criados pela Ditadura Militar e assegurar o bem estar social. [47]
Deste modo, a Constituição de 1988, instaurou valores como a democracia,
direitos civis, políticos e sociais, descentralização política e desenvolvimento, sendo
então um marco na construção constitucional, e especialmente preocupada com a
cidadania, por isso mereceu o cognome de “Constituição Cidadã”. [48]
Os fundamentos do Estado brasileiro estabelecidos foram a soberania, a
cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre
iniciativa e o pluralismo político. Como objetivos foram instituídos construir uma
sociedade livre, justa e solidária, garantindo o desenvolvimento nacional, erradicando a
pobreza e a marginalização, reduzindo as desigualdades sociais e regionais e
promovendo o bem de todos, sem distinção de origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer
outra discriminação.
Os direitos humanos fundamentais abrangem os direitos e deveres
individuais e coletivos, os direitos sociais, a nacionalidade e os direitos políticos
contidos. Além de possuir o Título sobre a Ordem Social que trata acerca do primado do
trabalho e o bem-estar e a justiça sociais, contendo matérias relativa à seguridade social,
à saúde, à previdência social, à assistência social e outros assuntos de interesse social.
Em comparação com as outras Constituições, esta contém um maior elenco de direitos
individuais e coletivos e é mais abundante em matéria de direitos econômicos, sociais e
culturais.
 
6 CONCLUSÃO
Ao longo da história constitucional do Brasil percebe-se a contradição entre
o Brasil real e o legal. Verifica-se uma Constituição liberal em uma sociedade
escravocrata, patrimonialista e conservadora. Constituição que garante a liberdade, mas
limita a liberdade de expressão, das idéias políticas, entre outros exemplos de
contradição. Deste modo, abalos ideológicos e pressões de várias formas enfraquecem a
eficácia e a juridicidade dos direitos, diminuindo a concretização permanecendo como
uma simples utopia. [49]
Assim, a Constitucional de 1988 instituiu um “remédio novo de
processualística constitucional: o mandado de injunção”, para que não ocorra como nas
Constituições anteriores do século XX, cujo conteúdo sobre os direitos sociais foi
convertido em “preceitos meramente pragmáticos, por inaplicabilidade e decurso de
tempo”. [50]
“A constitucionalização dos direitos humanos fundamentais não significou
mera enunciação formal de princípios, mas a plena positivação de direitos, a partir do
qual qualquer indivíduo poderá exigir sua tutela perante o Poder Judiciário para a
concretização da democracia”. [51] Portanto, além da formalização desses direitos, a
materialização é pressuposto do constitucionalismo atrelado aos direitos fundamentais.
 
REFERÊNCIAS
 
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Disponível em < http://www.dhnet.org.br/< acesso em 28. Out. 2008.

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SALOMÃO, Gilberto Elias. História. São José dos Campos, Poliedro, 2007.

[1] Alunas do 2° Período do Curso de Direito Vespertino da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco
- UNDB
[2] SANTOS JÚNIOR, Belisário dos. Direitos Humanos priorizados pela justiça. Revista da Faculdade de
direito das faculdades Metropolitanas Unidas, São Paulo, ano 10, n.14, jan/jun. 1996. p.282.
[3] FLORES, Joaquim Herrera. Direitos Humanos, Interculturalidade e Racionalidade de
Resistência.
[4] MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts.
1°a 5° da Constituição da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência.
São Paulo: Atlas, 1998. p. 19
[5] OLIVEIRA, Almir de. Os direitos humanos no âmbito nacional. In:__. Curso de Direitos
Humanos. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 135.
[6] BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. p.
363.
[7] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 363
[8] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 365
[9] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 365
[10]A INCORPORAÇÃO dos direitos humanos no direito constitucional brasileiro. Disponível em <
http://www.dhnet.org.br/> acesso em 28. Out. 2008. p. 4.
[11] FAUSTO, Boris. História do Brasil. 12. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São
Paulo, 2004. p. 466.
[12] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 368.
[13] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 370
[14] SALOMÃO, Gilberto Elias. História. São José dos Campos, Poliedro, 2007, p.18.
[15]A INCORPORAÇÃO dos direitos humanos no direito constitucional brasileiro. Disponível
em < http://www.dhnet.org.br/> acesso em 28. Out. 2008. p. 3.
[16]A INCORPORAÇÃO dos direitos. Op. Cit. p. 5
[17] BASTO, Celso Ribeiro. Curso de direito constitucional. 20. ed. atual. São Paulo: Saraiva, 1999.
[18] SALOMÃO, Gilberto Elias. Op. Cit. p.53.
[19] NOGUEIRA, Octaciano. Constituições Brasileiras: 1824. Brasília: Senado Federal e Ministério
da Ciência e tecnologia, Centro de Estudos Estratégicos, 2001, p.14.
[20] FIGUEIRA, Divalte Garcia. História. São Paulo: Àtica, 2003, p.303.
[21] FERREIRA, Luiz Pinto. Princípios Gerais do Direito Constitucional Moderno. In: Pedro Dallari.
Constituição e relações exteriores. p. 75
[22] A INCORPORAÇÃO dos direitos. Op. Cit. p.5.
[23] OLIVEIRA, Almir. Op. cit., p. 136.
[24] OLIVEIRA, Almir. Op. cit., p. 136.
[25] CUNHA, Paulo. Do Constitucionalismo Brasileiro: uma introdução histórica. Disponível em
<http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/29142206.html>. Acesso em 16 out. 2008.
p. 5.
[26] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p. 6.
[27] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 330.
[28] OLIVEIRA, Almir. Op. cit., p. 138
[29] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p. 6.
[30] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 332
[31] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 399
[32] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 399
[33] COSTA, Luiz César Amad; MELLO, Leonel Itaussu. História do Brasil. 9.ed. São Paulo: Scipione,
1996. p. 237
[34] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p.7
[35] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p.7.
[36] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 394
[37] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 467.
[38] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 468.
[39] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p.8.
[40] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p.8.
[41] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p. 8.
[42] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p. 7.
[43] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p.8.
[44] COSTA, Luiz César Amad; MELLO, Leonel Itaussu. FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 329
[45] COSTA, Luiz César Amad; MELLO, Leonel Itaussu. FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 341
[46] Idem, p. 305.
[47] FAUSTO, Boris. Op. Cit. p. 525.
[48] CUNHA, Paulo. Op. Cit. p.8.
[49] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p.368.
[50] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 370
[51] BONAVIDES, Paulo. Op. Cit. p. 21.

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