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Figura 1. Curva de produção de matéria seca em Figura 2. Quantidade de N acumulada e relação C/N
função das doses de N aplicadas na aveia preta, na da parte aérea da aveia preta em função das doses de
média dos anos 1998 a 2002. N aplicadas, na média dos anos de 1998 a 2001.
A quantidade de nitrogênio acumulado pela aveia preta aumentou linearmente com as
doses de N aplicadas (Figura 2) e, correspondeu a um acréscimo de aproximadamente 320 %,
quando comparado ao tratamento sem a aplicação de N. Assim, diferentemente da produção
da matéria seca, houve resposta no acúmulo de N na fitomassa da aveia até a maior dose de N
aplicada, indicando possibilidade de resposta a doses ainda maiores do que 240 kg ha-1. A
quantidade de N estocada na parte aérea da aveia preta alcançou, aproximadamente, 111 kg
ha-1 para a maior dose de N avaliada. Com base na equação ajustada aos dados experimentais,
a recuperação aparente do N aplicado, pela parte aérea da aveia foi de 32%. A fonte de N
(uréia) e a forma de aplicação (a lanço) podem ter favorecido a ocorrência de elevadas perdas
por volatilização, conforme determinado por Lara Cabezas et al. (1997a;b). Este fato
justificaria, pelo menos em parte, a baixa recuperação de N verificada nesse experimento.
Além disso, parte do N aplicado pode ter sido imobilizado pela população microbiana, uma
vez que este solo possui baixo teor de MO, aliado à presença de resíduos de milho, de alta
relação C/N, condições estas que favorecem esse processo.
O aumento da dose de N aplicado na aveia foi inversamente correlacionada com a
relação C/N dos resíduos (Figura 2). Este fato indica que a medida que o requerimento de N
pela cultura é atendido, verifica-se incremento da concentração deste nutriente no tecido,
promovendo a redução da relação C/N. Esta redução pode alterar a dinâmica da
decomposição e da liberação de N dos resíduos da aveia, pois a relação C/N é considerada um
dos principais fatores que governam estes processos (Tian et al., 1992; Mary et al., 1996).
A equação linear ajustada aos dados experimentais, na média do período estudado,
indica que a cada 9 kg ha-1 de N aplicado houve uma redução de, aproximadamente, uma
unidade na relação C/N da aveia (Figura 2). A relação C/N dessa gramínea foi reduzida em
52% na maior dose de N aplicada, em relação àquela obtida na ausência de adubação
nitrogenada. O decréscimo da relação C/N pode aumentar o potencial da aveia em fornecer N
para a cultura em sucessão. Além disso, o decréscimo dessa relação pode ser importante
estratégia na melhoria da sincronia entre a disponibilização de nutrientes pelos resíduos com a
demanda da cultura em sucessão, aumentando a eficiência da ciclagem de nutrientes.
(a) (b)
Figura 3. Rendimento de grão de milho nos diferentes manejos de adubação nitrogenada (a) e rendimento de
grão de milho em função das doses de N na aveia (b), na média dos anos de 1999 a 2001. Médias seguidas
pela mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste de Duncan a nível de 5% de erro (CV.12,1 %).
Quanto ao parcelamento da adubação nitrogenada entre a cultura da aveia e o milho,
verifica-se o baixo rendimento quando se retira parte da adubação em cobertura do milho para
por na aveia. Apesar da adubação nitrogenada na aveia aumentar a produção de matéria seca e
nutrientes ciclados, não houve ganhos no rendimentos de grãos de milho cultivado em
sucessão (Figura 3a). Por outro lado, o tratamento com aveia como cobertura invernal, com
adubação nitrogenada no milho (160 kg de N ha-1) foi superior, na média dos três anos, em
662 kg de grão em relação ao pousio adubado com a mesma quantidade de N. Essa diferença
demonstra o efeito da cobertura do solo no aumento do rendimento de grão, sendo
provavelmente o efeito resultante da ciclagem de nutrientes e proteção do solo proporcionado
pela palhada de aveia. Os resultados apresentados neste trabalho indicam o elevado potencial
da aveia preta como cultura de cobertura de inverno, quando o requerimento de N é atendido
porém a utilização de nitrogênio na aveia preta visando fornecimento deste nutriente ao milho
mostrou-se ser uma prática de baixa eficiência (Figura 3b) e viabilidade econômica quando
comparada à aplicação de nitrogênio na cultura econômica.
Referências Bibliográficas