Professional Documents
Culture Documents
Resumo: Apesar dos crescentes progressos obtidos ultimamente no tratamento dos grandes queima-
dos, ainda são consideráveis as taxas de mortalidade e morbidade. As estratégias preventivas imple-
mentadas ainda não foram capazes de alterar significativamente o dramático quadro epidemiológico
das queimaduras. Os sobreviventes de queimaduras graves ainda carregam um pesado fardo de seqüe-
las físicas e psicossociais que geram grande sofrimento a ser superado. Não há dúvida de que o prog-
nóstico final de uma queimadura depende essencialmente de um pronto e adequado primeiro atendi-
mento. Daí a importância de todo médico, inclusive o dermatologista, estar habilitado a orientar os
primeiros socorros e a prestar o primeiro atendimento médico à vítima de queimadura. Este artigo
procura fazer uma revisão das bases fisiopatológicas das queimaduras e dos princípios de avaliação do
queimado, além de discutir de forma simples e objetiva a abordagem médica de urgência até a remo-
ção da vítima para uma unidade de queimados, se houver indicação.
Palavras-chave: Queimaduras/ diagnóstico; Queimaduras/epidemiologia; Queimaduras/fisiopatologia;
Queimaduras/terapia.
Abstract: Despite continued progress obtained recently in treating the massively burned, mortality
and morbidity rates remain quite high. Implementation of preventive strategies has still not
managed to significantly alter the dramatic epidemiological picture of burns patients. Survivors of
severe burns still carry a heavy load of physical and psychosocial sequelae, which engenders a
considerable share of suffering to overcome. There is little doubt that the final prognosis of a burn
essentially depends on prompt and adequate inicial management. This is why it is important for all
physicians, including dermatologists, to be able to guide first aid for and manage initially a burns
victim. The aim of this article is to review the pathophysiology of burns and the principles according
to which a burns victim is assessed. In addition, it is discussed a single and objective way of
carrying out the emergency medical care until the victim be moved to a burns unit, if needed.
Keywords: Burns/diagnosis; Burns/epidemiology; Burns/pathophysiology; Burns/therapy.
Recebido em 03.01.2005.
Aprovado pelo Conselho Consultivo e aceito para publicação em 11.01.2005.
* Trabalho realizado no Serviço de Dermatologia, Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.
1
Professor-assistente de Dermatologia, Departamento de Clínica Médica, Universidade Federal de Minas Gerais, Mestre em Dermatologia (UFMG), Pós-graduação em
Imunodermatologia, Universidade de Munique (Alemanha)
queimaduras, além de campanhas preventivas gerais nesses casos. Essa resposta sistêmica manifesta-se por
voltadas para toda a população.14 Campanhas educa- febre, circulação sangüínea hiperdinâmica e ritmo
tivas particulares, para serem mais eficazes, devem metabólico acelerado, com aumento do catabolismo
basear-se em dados epidemiológicos confiáveis que muscular, decorrente de alteração da função hipotalâ-
identifiquem causas específicas de queimaduras e mica (aumento da secreção de glucagon, cortisol e
respectivas populações de risco, às quais devem ser catecolaminas), da deficiência da barreira gastrointes-
periodicamente dirigidas.10 tinal (passagem de bactérias e seus subprodutos para
As normas legislativas contêm basicamente as a circulação sistêmica), da contaminação bacteriana
medidas compulsórias de instalação de equipamen- da área queimada (liberação sistêmica de bactérias e
tos de prevenção de incêndio em prédios públicos e subprodutos), da perda de calor (evaporação através
privados, assim como equipamentos específicos de da ferida levando à hipotermia) e da perda de fluidos
segurança no trabalho. No nosso meio, uma medida (desequilíbrio hidroeletrolítico).9,15
legal de extrema importância foi a proibição da
comercialização do álcool etílico líquido, mediante AVALIAÇÃO DAS QUEIMADURAS
resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, São múltiplos os fatores envolvidos nas quei-
mas que ainda tem esbarrado com a resistência dos maduras que devem ser observados em sua avaliação.
produtores, que por meio de liminares obtidas na A profundidade, extensão e localização da queimadu-
Justiça insistem em manter a distribuição do produto ra, a idade da vítima, a existência de doenças prévias,
no comércio em geral. a concomitância de condições agravantes e a inalação
Lamentavelmente todas as estratégias de pre- de fumaça têm de ser considerados na avaliação do
venção implementadas ainda não foram capazes de queimado. O ambiente da avaliação deve manter-se
produzir o esperado impacto no dramático quadro aquecido, devendo a pele ser descoberta e examina-
epidemiológico das queimaduras. da em partes, de modo a minimizar a perda de líqui-
do por evaporação.
FISIOPATOLOGIA DAS QUEIMADURAS
A queimadura compromete a integridade fun- Profundidade
cional da pele, responsável pela homeostase Depende da intensidade do agente térmico, se
hidroeletrolítica, controle da temperatura interna, gerador ou transmissor de calor, e do tempo de con-
flexibilidade e lubrificação da superfície corporal. tato com o tecido. É o fator determinante do resulta-
Portando, a magnitude do comprometimento des- do estético e funcional da queimadura e pode ser ava-
sas funções depende da extensão e profundidade liada em graus (Quadro 1).
da queimadura.15
A injúria térmica provoca no organismo uma Extensão
resposta local, traduzida por necrose de coagulação Os riscos gerais do queimado nas primeiras
tecidual e progressiva trombose dos vasos adjacen- horas dependem fundamentalmente da extensão da
tes num período de 12 a 48 horas. A ferida da quei- área queimada, sendo maior a repercussão sistêmica,
madura a princípio é estéril, porém o tecido necró- devido à perda das funções da pele, quanto maior for
tico rapidamente se torna colonizado por bactérias a área afetada. A extensão é calculada em porcenta-
endógenas e exógenas, produtoras de proteases, gem da superfície corporal total (SC), sendo conside-
que levam à liqüefação e separação da escara, dando radas apenas as áreas queimadas com profundidade
lugar ao tecido de granulação responsável pela cica- de segundo e terceiro graus.
trização da ferida, que se caracteriza por alta capaci- Um método prático para calcular a área quei-
dade de retração e fibrose nas queimaduras de ter- mada toma como medida de referência a palma da
ceiro grau.6,15 mão da vítima, considerando-se que a superfície pal-
Nas grandes queimaduras, além da resposta mar, incluindo os dedos unidos e estendidos, corres-
local, o dano térmico desencadeia ainda uma reação ponde aproximadamente a 1% de sua superfície cor-
sistêmica do organismo, em conseqüência da libera- poral. Excluindo os dedos, a superfície palmar repre-
ção de mediadores pelo tecido lesado. Ocorre exten- senta 0,5% da SC, independente da idade.15,16 Embora
so dano à integridade capilar, com perda acelerada de grosseiro, esse método é bastante útil para determi-
fluidos, seja pela evaporação através da ferida ou pela nar de imediato se a área, principalmente nas quei-
seqüestração nos interstícios, que é agravada por sub- maduras irregulares, ultrapassa 15% da SC do adulto
produtos da colonização bacteriana. Além disso, nas e 10% da SC da criança, situação em que se deve ins-
queimaduras extensas, superiores a 40% da área cor- tituir a reidratação de urgência. No entanto, para
poral, o sistema imune é incapaz de delimitar a infec- uma avaliação mais precisa da extensão da queima-
ção, que, sistematizando-se, torna rara a sobrevida dura, o método mais empregado é a regra dos noves
apresenta eritema, calor e dor apresenta dor, eritema, edema, causa lesão branca ou
bolhas, erosão ou ulceração marrom, seca, dura, inelástica
regride sem deixar cicatrizes cicatrização mais lenta (2-4 semanas) eventualmente pode cicatrizar,
porém com retração das bordas
de Wallace (Quadro 2), de fácil memorização. Esse relação ao peso. Nessas faixas etárias as complicações
método deve ser ajustado para crianças menores de são, portanto, mais comuns e mais graves.
10 anos de idade (Quadro 3). Método mais acurado
para avaliar a área da queimadura utiliza o diagrama Doenças e condições associadas
de Lund & Browder,17,18 que pondera as variações da São condições que pioram o prognóstico os
forma do corpo conforme a idade. É, portanto, mais traumas concomitantes, principalmente neurológi-
adequado para crianças, mas tem de estar disponível, cos, ortopédicos e abdominais, ou mesmo politrau-
impresso na ficha da vítima, dada a dificuldade de ser matismos, assim como a presença de doenças pree-
memorizado. xistentes, tais como insuficiência cardíaca, insuficiên-
cia renal, hipertensão arterial, diabete e etilismo.
Localização das queimaduras Também tendem a evoluir com pior prognóstico as
Em razão dos riscos estéticos e funcionais, são vítimas alcoolizadas ou sob efeito de drogas ilícitas.
desfavoráveis as queimaduras que comprometem Essas situações devem ser consideradas e adequada-
face, pescoço e mãos. Além disso, aquelas localizadas mente abordadas. Nesses casos a recuperação das
em face e pescoço costumam estar mais freqüente- alterações decorrentes da queimadura fica substan-
mente associadas à inalação de fumaça, assim como cialmente prejudicada.
podem causar edema considerável, prejudicando a
permeabilidade das vias respiratórias e levando à Inalação de produtos de combustão
insuficiência respiratória. Por outro lado, as queima- Além dos danos provocados pela inalação de
duras próximas a orifícios naturais apresentam maior gases tóxicos, como monóxido de carbono, os pro-
risco de contaminação séptica. dutos de combustão são irritantes e causam infla-
mação com edema da mucosa traqueobrônquica,
Idade do paciente queimado que se manifesta por rouquidão, estridor, dispnéia,
Deve ser considerada na avaliação da gravidade broncoespasmo e escarro cinzento. Essas lesões
das queimaduras. Idosos e crianças costumam ter costumam ser graves, pioram muito o prognóstico e
repercussão sistêmica mais crítica, os primeiros pela são responsáveis por elevar a mortalidade dos quei-
maior dificuldade de adaptação do organismo, e os mados.5
últimos pela desproporção da superfície corporal em
PRIMEIROS CUIDADOS
An Bras Dermatol. 2005;80(1):9-19.
Primeiro atendimento em queimaduras... 13
QUADRO 3: Regra dos noves (Wallace), para cálculo da superfície queimada em crianças até 10 anos de idade
oral com cloridrato de tramadol 50mg/dose para meperidina na dose de 100mg diluída em 20ml de
adultos e 2mg/kg/dose para crianças, a cada quatro ou água destilada, administrada por 30 minutos, ou clo-
seis horas. Outra alternativa para adultos é o parace- ridrato de tramadol, na dose de 100mg. Pos-
tamol/fosfato de codeína na dose de 500mg/30mg a teriormente o controle da dor pode ser mantido por
cada quatro ou seis horas. Compressas de água fria via oral, na dose de 50mg a cada quatro ou seis horas.
também auxiliam no alívio da dor, podendo ainda ser Controlada a dor pode-se então proceder a
empregado corticosteróide tópico em loção ou excisão das bolhas grandes, deixando intactas as
creme, para reduzir a inflamação. É importante reco- pequenas, e o debridamento dos tecidos desvitaliza-
mendar a fotoproteção de modo a evitar discromias dos, realizando uma limpeza profunda da ferida com
residuais. clorexidina diluída ou iodopolivinilpirrolidona (PVPI)
e enxaguando-se com água ou solução fisiológica.22,23
Queimaduras de segundo e terceiro graus A PVPI deve ser deixada por cinco minutos para que
Ao mesmo tempo em que se examina a vítima, ocorra a liberação do iodo, que tem propriedade anti-
colhe-se a história detalhada da queimadura, procu- microbiana. Nesse caso deve ser evitado o enxágüe
rando identificar possíveis injúrias concomitantes, com solução fisiológica, que pode inativar parcial-
inalação de fumaça e tratamento prévio instituído. Se mente a PVPI. Em seguida faz-se o curativo, aplicando
possível, uma breve história médica pregressa deve de preferência gaze vaselinada estéril, cobrindo com
ser tomada, incluindo doenças, medicamentos, aler- ataduras de gaze e enfaixando-se com bandagem de
gias e vacinações.21 Deve ser mantida a calma durante crepom sem compressão excessiva. A sulfadiazina de
todo o atendimento ao queimado, sendo importante prata deve ser evitada a princípio, pois pode dificultar
não se deixar impressionar pelo aspecto chocante da a avaliação da área queimada, que pode progredir nas
queimadura, que pode desviar a atenção do profissio- primeiras 48 horas.19
nal, deixando passar despercebidas lesões muitas Não se deve esquecer de verificar o estado da
vezes mais graves, como traumas neurológicos, orto- proteção antitetânica. Se seguramente imunizado (no
pédicos e viscerais. Se a história do acidente sugerir mínimo três doses), só há necessidade do reforço se
trauma com envolvimento da coluna vertebral, espe- a última dose foi há mais de cinco anos. No caso de
cial cuidado deve ser dispensado a sua avaliação e imunização desconhecida ou incompleta, deve-se
devida estabilização. Sempre que atingem face e pes- fazer reforço com toxóide tetânico e aplicar 250mg de
coço são consideradas queimaduras graves, porque gamaglobulina hiperimune para tétano.24
podem comprometer a permeabilidade das vias respi-
ratórias. Nos casos de queimaduras elétricas deve Queimadura grave
sempre ser lembrado o risco de parada cardiorrespi- - insuficiência respiratória instalada ou poten-
ratória, devido a arritmias cardíacas. Feita a avaliação cial (face e pescoço)
da queimadura e das condições respiratórias e circu- - queimaduras de segundo ou terceiro grau
latórias, torna-se imperativa a distinção entre uma superiores a 10% SC (crianças) e 15% SC (adultos)
queimadura benigna e uma queimadura grave.5 Nesses casos toda e qualquer medicação deve-
rá ser administrada exclusivamente por via endoveno-
Queimadura benigna sa, exceto o reforço de toxóide tetânico, se necessá-
- ausência de insuficiência respiratória instalada rio, que será intramuscular. Deve-se, portanto, provi-
- ausência de risco de insuficiência respiratória denciar imediatamente um acesso venoso superficial
futura (queimaduras de face e pescoço) com catéter de polietileno agulhado. O atendimento
- queimadura de segundo ou terceiro grau à vítima de queimadura grave obrigatoriamente deve
inferior a 10% SC (crianças) e 15% SC (adultos) ser prestado em ambiente hospitalar e compreende
Embora no caso de queimadura benigna o quatro estádios em ordem cronológica:5 1. controle
paciente raramente corra risco de vida, há situações da função respiratória (permeabilidade das vias
que indicam sua remoção para atendimento em nível aéreas); 2. reidratação parenteral e vigilância do esta-
hospitalar, por exigir cuidado especializado, como no do hemodinâmico; 3. tratamento analgésico; 4. acon-
caso de lesões de terceiro grau superiores a 1% da SC dicionamento do queimado para o transporte à
e de lesões de mãos, ou por oferecer maior risco devi- Unidade de Queimados.
do às condições da vítima, como faixa etária crítica
(idosos e crianças) e doenças associadas (diabete, 1. Controle da função respiratória
hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e insufi- Para a manutenção do controle da função res-
ciência renal, entre outras). piratória deve-se instituir oxigenioterapia por catéter
Do contrário, o atendimento ambulatorial con- nasal, administrando-se oxigênio umidificado - de
siste em analgesia imediata, por via endovenosa, com três a cinco litros por minuto. A intubação impõe-se
em presença de insuficiência respiratória aguda, 2ml/kg/h para ambos.5 Além disso devem ser monitora-
sendo altamente recomendável em casos de inalação das a freqüência cardíaca e a freqüência respiratória, e
de fumaça, queimaduras faciais extensas e em quei- controlada a pressão arterial.
maduras circulares do pescoço, situações em que
pode sobrevir edema tardio com obstrução das vias 3. Controle da dor
respiratórias, tornando a intubação difícil e às vezes Devem ser empregados os agonistas morfíni-
até impossível mais tarde.5,21 cos, como a meperidina na dose de 100mg para adul-
tos ou 2mg/kg/dose para crianças, via endovenosa,
2. Controle hemodinâmico diluída em 20ml de água destilada ou solução fisioló-
Nos queimados graves há perdas plasmáticas gica, administrada por 30 minutos. Posteriormente,
consideráveis, e a demora na reposição expõe a víti- quando necessário, pode ser mantida, se possível por
ma a grande risco de desenvolver choque hipovolêmi- via oral, na dose de 50mg a cada quatro ou seis horas.
co. Portanto, há urgência na reidratação parenteral Nos casos refratários podem ser associados benzodia-
em queimaduras de segundo e terceiro graus superio- zepínicos.25
res a 10% SC em crianças e a 15% SC em adultos, ou
seja, maiores do que 10 e 15 palmas da mão da víti- 4. Acondicionamento para transporte
ma, respectivamente.18 Para facilitar o cálculo da repo- Caso se faça necessário transportar o paciente
sição hidroeletrolítica utiliza-se a fórmula de para uma Unidade de Queimados, deve ser instalada
Parkland: uma sonda gástrica e providenciada a proteção da feri-
Volume diário (ml) = 2 a 4 x peso (kg) x área da com campo estéril e proteção térmica do paciente
queimada (% SC). com cobertores, de modo a evitar a hipotermia.
Como exemplo, um paciente de 50kg com 20% Na Unidade de Queimados o cuidado intensi-
da SC de área queimada deverá receber de 2000- vo tem por objetivo primordial limitar a progressão
4000ml nas primeiras 24 horas, contadas a partir do da repercussão sistêmica das queimaduras graves,
momento da queimadura. Essa regra é válida para área prevenindo o desenvolvimento de falência orgâni-
queimada de até 50% SC, que é o volume máximo per- ca, sobretudo respiratória, cardíaca, renal e cere-
mitido. Utiliza-se de preferência o ringer-lactato isotô- bral. Além disso devem ser mantidos o suporte
nico, reservando-se o hipertônico para casos de cho- nutricional e o controle de infecção, principal causa
que hipovolêmico e em queimaduras superiores a 40% de mortalidade, uma vez ultrapassado o período de
SC. Metade do volume calculado deve ser administra- ressuscitação.26
do nas primeiras oito horas, e o restante nas 16 horas Com a melhora nos índices de sobrevida dos
subseqüentes. A partir daí o volume deve ser orientado grandes queimados, crescentes progressos vêm sendo
pelas variáveis hemodinâmicas. Deve ser instalada uma alcançados no campo da reconstrução das áreas destruí-
sonda vesical com medição do fluxo urinário, que deve das, da reabilitação funcional e psicológica, e da reinte-
ser mantido num mínimo de 30-50ml/h para adultos e gração social das vítimas de queimaduras.27-31
0,5-1ml/kg/h para crianças, embora o ideal seja de
REFERÊNCIAS
1. Barret JP, Herndon, DN. Effects of burn wound excision Bras Med. 2003;84:56-62.
on bacterial colonization and invasion. Plast Reconstr 18. Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major
Surg. 2003;111:744-50; discussion 751-2. burn: II - assessment and resuscitation. BMJ.
2. Ramos-e-Silva M, Ribeiro de Castro MC . New dressings, 2004;329:101-3.
including tissue-engineered living skin. Clin Dermatol. 19. Hudspith J, Rayatt S. First aid and treatment of minor
2002;20:715-23. burns. BMJ. 2004;328:1487-9.
3. Sheridan RL, Hinson MI, Liang MH, Nackel AF, 20. Allison K, Porter K. Consensus on the pre-hospital
Schoenfeld DA, Ryan CM, et al. Long-term outcome of approach to burns patient management. Accid Emerg
children surviving massive burns. JAMA. 2000;283:69-73. Nurs. 2004;12:53-7.
4. Barillo DJ, Paulsen SM. Management of burns to the 21. Hettiaratchy S, Papini R. Initial management of a major
hand. Wounds. 2003;15:4-9. burn: I - overview. BMJ. 2004;328:1555-7.
5. Wassermann D. Évaluation et premiers soins d'une 22. Dhennin C. Traitment local des brûlures. Pathol Biol
brûlure thermique. Rev Prat. 2002;52:2228-33. (Paris). 2002;50:109-17.
6. Leão CEG. Queimaduras. In: Fonseca FP, Rocha PRS, 23. Ferreira E, Lucas R, Rossi LA, Andrade D. Curativo do
editors. Cirurgia ambulatorial. 3ª ed. Rio de Janeiro: paciente queimado: uma revisão de literatura. Rev Esc
Guanabara Koogan; 1999. p.122-8. Enferm USP. 2003; 37:44-51.
7. Costa DM, Abrantes MM, Lamounier JA, Lemos ATO. 24. Starling CEF, Silva EU. Antimicrobianos e síndromes
Estudo descritivo de queimaduras em crianças e ado infecciosas. Guia prático. Rio de Janeiro: Medsi; 2002.
lescentes. J Pediatr. 1999;75:181-6. p. 394.
8. Rossi LA, Barruffini RCP, Garcia TR, Chianca TCM. 25. Latarjet J. La douleur du brûlé. Pathol Biol (Paris).
Queimaduras: características dos casos tratados em um 2002;50:127-33.
hospital escola em Ribeirão Preto (SP), Brasil. Rev 26. Ansermino M, Hemsley C. Intensive care management
Panam Salud Publica. 1998; 4:401-4. and control of infection. BMJ. 2004;329:220-3.
9. Hettiaratchy S, Dziewulski P. ABC of burns: pathophysi- 27. Bello YM, Falabella AF, Eaglstein WH. Tissue-engi
ology and types of burns. BMJ. 2004;328:1427-9. neered skin. Current status in wound healing. Am J
10. Hettiaratchy S, Dziewulski P. ABC of burns. Clin Dermatol. 2001;2:305-13.
Introduction. BMJ. 2004;328:1366-8. 28. Papini R. Management of burn injuries of various
11. Brasil e a mortalidade por causas externas no ano 2000. depths. BMJ. 2004;329:158-60.
Disponivel em: 29. Barret JP. Burns reconstruction. BMJ. 2004;329:274-6.
http://www.cip.saude.sp.gov.br/Brasil2000.htm 30. Edgar D, Brereton M. Rehabilitation after burn injury.
Acessado em: 29 de Dezembro de 2004. BMJ. 2004;329:343-5.
12. Macedo JLS, Rosa SC. Estudo epidemiológico dos 31. Wiechman SA, Patterson DR. ABC of burns.
pacientes internados na Unidade de Queimados: Psychosocial aspects of burn injuries. BMJ.
Hospital Regional da Asa Norte, Brasília, 1992-1997. 2004;329:391-3.
Brasilia Med. 2000; 37:87-92.
13. Sheridan RL, Tompkins RG. What's new in burns and
metabolism. J Am Coll Surg. 2004;198:243-63.
14. Grant EJ. Burn prevention. Crit Care Nurs Clin North
Am. 2004;16:127-38.
15. Sheridan R. Evaluation and management of the
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA: / MAILING ADDRESS:
thermally injured patient. In: Freedberg IM, Eisen AZ,
Wolff K, Austen KF, Goldsmith LA, Katz SI, editors.
Everton Carlos Siviero do Vale
Fitzpatrick's dermatology in general medicine. 6th ed. Rua Orenoco, 51/502
New York: McGraw-Hill;2003. p.1220-9. Belo Horizonte MG 30310-060
16. Jose RM, Roy DK, Vidyadharan R, Erdmann M. Burns Telefone: (31) 3241-2535
area estimation-an error perpetuated. Burns. Fax: (31) 3241-6827
2004;30:481-2. E-mail: everton.vale@terra.com.br
17. Novaes FN. Primeiro atendimento ao paciente queimado.
1. São condições que contribuem para a mortalidade 6. São eventos fisiopatológicos que acontecem nas
nas queimaduras extensas, exceto: queimaduras, exceto:
a) infecções a) perda de fluidos por evaporação através da área
b) complicações renais queimada e seqüestração nos interstícios
c) complicações pulmonares b) hiperatividade circulatória
d) complicações hepáticas c) deficiência da barreira gastrointestinal
d) redução na produção de cortisol e catecolaminas
2. É correto afirmar que constitui a principal causa de
queimaduras: 7. Assinale a alternativa incorreta referente à avalia-
a) a chama de fogo em crianças menores ção da profundidade da queimadura:
b) a corrente elétrica em adultos a) a queimadura de primeiro grau se reconhece
c) objetos quentes como aquecedores e grelhas pela presença de eritema sem formação de bolha e
em indivíduos durante crise convulsiva não é considerada no cálculo da área queimada
d) agentes químicos cáusticos em idosos com finalidade da instituição de reposição hidroe-
letrolítica
3. Assinale a alternativa incorreta: b) a queimadura de segundo grau se identifica pela
a) as queimaduras por chama de fogo tendem a ser presença de bolha, com conseqüente erosão ou
mais profundas ulceração, e por implicar repercussão sistêmica é
b) as queimaduras por líquidos quentes tendem a considerada na avaliação da extensão da área quei-
ser mais extensas mada
c) as queimaduras por objetos quentes tendem a c) por ser mais profunda, a queimadura de tercei-
ser mais superficiais ro grau costuma ser mais dolorosa do que aquelas
d) as queimaduras estão entre as principais causas de primeiro e segundo graus
externas de morte no Brasil d) a queimadura de terceiro grau apresenta-se sem
eritema, com coloração brancacenta ou acastanha-
4. É correto afirmar que: da, além de superfície seca e endurecida
a) ainda é comum a ocorrência de queimaduras
por chama de fogo em crianças e adolescentes 8. É incorreto afirmar que:
devido à manipulação com álcool etílico líquido, a) as queimaduras de extremidades apresentam
apesar da existência de resolução restringindo sua maior risco de contaminação séptica
comercialização b) a gravidade da queimadura guarda íntima rela-
b) a promoção de campanhas educativas tem con ção com a dimensão da área queimada
seguido atingir o objetivo de reduzir a incidência c) os extremos de idade representam maior gravi-
de queimaduras graves no Brasil dade no prognóstico das queimaduras, seja pela
c) medidas legais obrigando a instalação de detec desproporção da superfície corporal em relação ao
tores de incêndio em locais públicos têm cola- peso ou pela maior dificuldade de readaptação
borado substancialmente na redução da ocorrên- orgânica
cia de queimaduras d) as queimaduras do pescoço podem comprome-
d) os custos decorrentes da hospitalização de víti- ter a permeabilidade das vias respiratórias, levando
mas de queimaduras não são significantes a ponto à insuficiência respiratória, em conseqüência do
de justificar programas educativos preventivos desenvolvimento de edema circular
18. São procedimentos corretos no controle da fun- 20. O cuidado intensivo na unidade de queimados
ção respiratória dos grandes queimados, exceto: tem por objetivo, exceto:
a) administrar 3-5 litros/minuto de oxigênio a) impedir progressão da repercussão sistêmica da
umidificado através de catéter nasal queimadura, de modo a prevenir sobretudo falên-
b) proceder intubação nos casos de insuficiência cia renal, cardíaca, respiratória e cerebral
respiratória instalada b) garantir o suporte nutricional do paciente
c) aguardar evolução das queimaduras extensas de c) manter rígido controle de infecção
face e pescoço para se decidir pela intubação d) iniciar precocemente a reconstrução das áreas
endotraqueal destruídas pela queimadura
GABARITO
Mecanismos de resposta imune às infecções
2004;79(6):647-664
1) d 11) d
2) a 12) c
3) a 13) a
4) a 14) c
5) b 15) b
6) d 16) c
7) c 17) d
8) a 18) a
9) c 19) d
10) d 20) a