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Reis Lobato inicia sua obra, Arte da Grammatica Portugueza, oferecendo-a ao

Ilmo. Senhor Sebastião José de Carvalho e Mello, Conde de Oyeras. Ele faz uma
dedicatória enfatizando o interesse do Conde em tornar a língua portuguesa a mais culta
e conhecida entre as línguas civilizadas da época, inclusive elogiando os textos escritos
pelo Conde, bem como, o seu modo de falar.
Na introdução o autor justifica a necessidade de se escrever uma gramática de
língua materna, por duas razões: a primeira, para que se possa falar a língua portuguesa
sem cometer erros; e a segunda, para que se conheçam os fundamentos de uma língua
que já era falada usualmente.
Ele ressalta que todas as “nações cultas” já possuíam gramáticas de suas línguas
maternas e faz referência aos costumes romanos de ensinarem o latim nas escolas
públicas. Apresenta também um outro argumento para justificar sua obra, afirma que
uma pessoa que aprende a gramática de sua língua materna tem mais facilidade de
aprender outras línguas, como por exemplo, o latim. Em sua opinião, os professores das
escolas de “ler e escrever” deveriam ser pessoas que conhecessem profundamente a
língua portuguesa para que assim, fossem capazes de ensinar as regras de gramáticas
com competência e incentivando a leitura de autores da literatura portuguesa afim de os
alunos entrarem em contato com a gramática aplicada de maneira culta e correta.
O ensino da gramática não era incentivado naquela época porque muitas pessoas
julgavam desnecessário o aprendizado de regras de uma língua que já era falada, então o
autor faz um apelo aos leitores dizendo que já era tempo de a Nação Portuguesa
proporcionar o ensino de gramática da língua materna nas escolas assim como fazia a
sábia cultura romana, pois a felicidade de uma Monarquia dependia muito da “cultura
das Letras”.
Analisando os argumentos do autor, fica evidente ao leitor a intenção dele de
utilizar o ensino da gramática da língua materna para atingir o ensino do latim. Um bom
exemplo disto é a maneira como Reis Lobato trata os substantivos em sua gramática.
Ele afirma que os substantivos declinam em dois números: singular e plural, assim
como em mais seis casos: nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo.
Desta forma, ele sugere que é possível aprender as regras gramaticais das duas línguas
ao mesmo, mostrando em que aspectos ambas são semelhantes, ressaltando as
particularidades de cada uma.
Para sistematizar o ensino da gramática, Reis Lobato organiza sua obra da
seguinte forma: parte I: Da Etimologia – livro I: do artigo, nome, pronome, suas
diferenças, e declinações; livro II: do gênero dos nomes substantivos; livro III: do verbo
e suas conjugações; livro IV: dos pretéritos, e particípios do pretérito dos verbos; livro
V: das partes indeclináveis da oração; livro VI: da prosodia. Parte II: Da Sintaxe – livro
I: da sintaxe de concordância; livro II: da sintaxe de regência; livro II: da sintaxe
figurada; livro III: das figuras da dicção.

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