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AULA SPITZER1
(GOE – NASA – IELF)
PRÁTICA FORENSE
1
"Só tem um milhão de anos. É suficientemente jovem para causar grandes alterações nas teorias mais
importantes sobre a formação dos planetas", disse Dan Watson, astrônomo da Universidade de
Rochester, em uma entrevista coletiva na sede da agência espacial em Washington. O planeta foi
situado em uma órbita em torno de uma estrela identificada como CoKu Tau4, cerca de 420 anos luz (um
ano luz equivale a quase 9,46 trilhões de quilômetros) da Terra e na constelação de Touro.
Os astrônomos identificaram mais de 100 planetas fora do Sistema Solar, mas na maioria dos casos têm
mais de um bilhão de anos. Os planetas do Sistema Solar têm uma idade meia que é de cerca de 4,5
bilhões de anos.
Os astrônomos afirmaram que o novo planeta foi uma das três descobertas mais importantes feitos até
agora pelo observatório "Spitzer", que segue a Terra em sua órbita ao redor do Sol.
O telescópio de raios infravermelhos também encontrou material orgânico congelado nos discos de pó
cósmico que rodeiam outras estrelas.
Esta é a primeira vez que se detecta este tipo de material nesses anéis, que precedem a formação dos
planetas.
Essa descoberta poderia ser muito importante, porque acha-se que a água e os ingredientes que
formaram a vida orgânica talvez tenham sido usados até a Terra pelos cometas, segundo os astrônomos.
"Spitzer" descobriu também mais de 300 estrelas nascentes na constelação de Centauro, a 13.700 anos
luz da Terra.
Lançado há apenas um ano, o telescópio é o quarto integrante da família de "Grandes observatórios
espaciais" da Nasa. Os outros são o "Hubble", o "Compton" de Raios Gamma, e o "Chandra", de Raios X.
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 1
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.
- "Culpado!"
- "Sim, todos nós olhamos para a porta, mas o seu cliente não..."
MORAL DA HISTÓRIA:
"NÃO BASTA TER UM BOM ADVOGADO, VOCÊ TEM QUE PARECER
INOCENTE".
Interdição policial (ou ação controlada) é a investigação feita pela Polícia em crimes
organizados, onde a lei permite o "flagrante retardado ou esperado-prorrogado",
chamado pela lei de "ação controlada", ou seja, a possibilidade de não prender em
flagrante por um crime praticado, para
chegar ao objetivo maior, qual seja, o desmantelamento da organização
criminosa.
O dispositivo em comento:
ENTREGA VIGIADA:
Ao lado da "interdição policial" temos outra figura distinta: a "entrega vigiada",
que, segundo doutrina, consiste, em suma, numa uma técnica de investigação pela
qual a autoridade judicial permite que um carregamento de entorpecentes enviado
ocultamente em qualquer tipo de transporte possa chegar ao seu destino sem ser
interceptado, a fim de se poder identificar o remetente, o destinatário e os demais
participantes dessa manobra criminosa, tendo como objetivo que todos os
integrantes da rede de narcotraficantes sejam identificados e presos
A "entrega vigiada" não era prevista em nossa legislação, que só admitia a
INTERDIÇÃO POLICIAL ("ação controlada”), que consiste em retardar a interdição
policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas" (art. 1.º, II,
da Lei do crime Organizado, Lei n. 9.034, de 3 de maio de 1995, alterada pela Lei
n.
10.217, de 11 de abril de 2001).
Todavia, foi prevista no art. 33, II, da Lei n. 10.409, de 11 de janeiro de 2002,
que alterou a Lei Antitóxicos (Lei n. 6.368/76):
PRISÕES:
Reclusão
Prisão-Pena Detenção
Prisão
simples
Prisão civil
Prisão em flagrante
delito
Prisão
Prisão sem cautelar Prisão temporária
pena ou
provisória
Prisão resultante
da Sentença de
Pronúncia
Prisão resultante
de Sentença penal
Condenatória
Recorrível
Prisão administrativa
Prisão disciplinar
Esta prisão não fere o princípio da inocência, pois também está prevista
na CF/88 (artigo 5º, LXI) e tem como meta o acautelamento da
sociedade, desde que presentes seus requisitos previstos em lei. Nesse
sentido:
Súmula 9 do STJ: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não
ofende a garantia constitucional da presunção de inocência” (referência
a CF/88, art. 5º, LVII e LXI; CPP, arts. 393, I, e 594 e Lei 6.368, de
21.10.1976, art. 35).
Inclui 5 espécies:
a) a prisão em flagrante (arts. 301 a 310 do CPP);
b) a prisão preventiva ( arts. 311 a 316 do CPP);
c)a prisão resultante da pronúncia ( arts. 282 e 408, §1.º, do CPP);
d) a prisão resultante de sentença penal condenatória ( art. 393, I, do
CPP);
e) a prisão temporária (Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989).
Exemplo polêmico:
Imaginemos que num hotel, um hóspede escolhe um quarto para descansar.
Como é cediço, o hotel é lugar aberto ao público; todavia, os quartos onde
hajam hóspedes são considerados extensão do conceito de casa, para efeito de
inviolabilidade de domicílio (artigo 5º, XI da CF/88).
Pois bem, este hóspede resolve passear pela cidade que está viajando. Nisso, o
dono do hotel e o recepcionista, desconfiados de que o hóspede, pela sua
aparência, não tem condições de pagar a estadia, resolvem invadir o seu quarto
e mexer nos seus pertences, para desvendar se o mesmo pagará ou não a
conta. Ato contínuo, encontram substância entorpecente e chamam a polícia.
A milícia, chegando ao hotel, adentra ao quarto, na companhia do recepcionista
e do dono do hotel, localizando a substância entorpecente e prendendo em
flagrante o hóspede, após a sua chegada.
Neste caso, constata-se que, em primeiro lugar, houve invasão do domicílio por
parte do dono do hotel e recepcionista, de forma que a conduta deles foi ilícita
ao descobrir a droga. Assim, a prova que resultou na localização do
entorpecente foi ilícita, não podendo ser juntada no processo. Já por parte dos
militares, resta saber se os mesmos conheciam da prova ilícita (invasão de
domicílio do dono do hotel e do recepcionista).
Se não conheciam, por nada respondem. Se conheciam, responderão por abuso
de autoridade (artigo 4º, “a” da Lei nº 4.898/65) e, nesta hipótese, o dono do
hotel e o recepcionista não responderão por invasão de domicílio, mas por
abuso de autoridade junto dos militares, em face do artigo 30 do Código Penal e
pelo princípio da especialidade do tipo. Para os militares, ainda poderão alegar
erro de proibição, se, apesar de conhecerem do fato, agiram de forma
equivocada, ou seja, sabiam que estavam fazendo, achando que era legal a
prova obtida, quando na verdade era ilícita.
Portanto, em que pese o crime de entorpecente descrito ser crime permanente,
permitindo o flagrante a qualquer momento (artigo 303 do CPP), a prova deste
flagrante foi obtida por meio ilícito (invasão do quarto, fora das exceções legais
do artigo 5º, XI da CF/88), de forma que a única prova de condenação não pode
ser usada para esse fim, em face do artigo 5º, LVI da CF/88.
3) Assim, no:
I - FLAGRANTE
Espécies de flagrante:
O que ocorre é uma confusão criada entre o prazo para entrega da nota de
culpa ao preso em flagrante (24 horas) e o tempo para desconfigurar o
flagrante, que a lei não explicita, devendo o intérprete analisar as espécies
de flagrante e o caso concreto para resolver a questão.
Nesse sentido:
Como é cediço, no nosso sistema jurídico pátrio, não é possível tal figura, como
ocorre nos Estados Unidos da América, pois o induzimento da milícia para o agente
cometer a infração penal exclui a vontade da conduta e consequentemente, o fato
típico.
Por este motivo, o Egrégio Supremo Tribunal Federal, Corte Máxima Judiciária
brasileira, sumulou:
NASA:
É possível a subsistência do flagrante em caso de flagrante preparado em
crime de ação múltipla e conteúdo variado c/c crime permanente ?
O flagrante preparado, como vimos, é crime impossível, não sendo aceito pela
Legislação Penal Pátria, pela Doutrina e pela Jurisprudência brasileira. Todavia, nos
crimes de ação múltipla ou conteúdo variado, se o flagrante preparado incidir num
dos verbos, por exemplo, no crime de ausência de registro/ausência de porte ilegal
de arma, “portar”(artigo 14 da Lei 10826/03), a saber, a polícia induz o agente a
sair de sua residência portando arma de fogo, neste verbo do tipo não há
enquadramento típico, face o flagrante ser preparado.
Mas, o flagrante ainda é possível, por exemplo, no verbo possuir, sem autorização
legal, arma de fogo, ou seja, a falta de registro da arma (artigo 12 da Lei
10826/03), eis que este é outro verbo do tipo, onde não houve induzimento e
ainda, crime permanente(inteligência do art. 303 do CPP).
Ressalva-se que a Comissão responsável pelo projeto do novo CPP impediu tanto a
prova obtida por meio ilícito, com base no artigo 5º, LVI da CF/88, bem como a
derivada da ilícita, deixando um recado muito sério aos aplicadores da lei, no
sentido de que não se permite, no Processo Penal, a teoria maquiavélica de que os
fins justificam os meios, pois no Processo Penal o princípio basilar é do favor rei,
não se permitindo chegar a uma condenação por meios escusos, ilícitos ou
obnubilantes.
NASA:
----- Original Message -----
From: "marciadfaro"
Sent: Wednesday, June 02, 2004 4:34 PM
Subject: prisão do contrabandista divulgada no JN
Prof. Thales, sou aluna do Ielf-Brasília, Asa Sul, e fiquei intrigada com a prisão do
advogado do contrabandista,salvo engano, coreano, divulgada ontem pelo JN.
Pareceu-me caso de flagrante preparado, pois o dep.federal combinou tudo
antes.Claro que o crime de corrupção ativa já estava consumado. Estou confusa,
por favor, se possível, dê- me uma luz esclarecedora. Desde já agradecendo,
abraços de sua aluna e fã,
Márcia
Nota:
Exemplo: 229 do CP
Outras questões
Quais as formalidades do auto de prisão em flagrante ?
As formalidades são as que se seguem:
1.ª) antes da lavratura do auto, a autoridade policial deve
comunicar à família do preso ou à pessoa por ele indicada acerca da
prisão (art.5.º, LXVII, da CF).Faz-se então o PREÂMBULO,
constando dia, hora e local onde o auto de prisão em flagrante delito
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 16
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.
PRÁTICA PROCESSUAL:
PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE
PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO
CASO DIRIGE-
SE AO JUIZ
II - Prisão Preventiva:
Requisitos
1. Fumus boni juris - é a prova do crime e os indícios suficientes de autoria(não
é necessária a prova plena de autoria)
A garantia da ordem pública visa impedir que o agente solto continue a delinqüir
e ainda, visa acautelar o meio social e garantir a credibilidade da Justiça em crimes
que provoquem grande clamor social, reinando a paz social.
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA = PAZ SOCIAL
A garantia da ordem econômica visa impedir que o agente solto volte a delinqüir
em crimes patrimoniais(corrente minoritária) ou contra a economia popular , contra
o Fisco ou Erário e ainda, contra o Sistema Financeiro Nacional.
Assegurar a aplicação da lei penal visa impedir que a iminente fuga do agente do
distrito de culpa, inviabilizando a execução da pena e às vezes até a própria
condenação, face a nova redação do artigo 366 do CPP(revelia no Processo Penal) e
o impedimento de no Júri, ser o réu levado a julgamento por revelia em crime
inafiançável.
O juiz pode, de ofício, decretar a prisão preventiva, devendo assim agir na fase
processual e não policial, pois a titularidade da ação penal pública é do MP e se
assim agisse livremente, poderia estar, via oblíqua, interferindo na própria
denúncia, uma vez que a preventiva exigiria a exordial, face a presença dos
requisitos mínimos(indícios de autoria e materialidade).
PRÁTICA PROCESSUAL:
PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE
PRISÃO POR PREVENTIVA
CONCLUSÕES:
(a) do professor Thales: basta a presença do inciso I ou II ou III da Lei da Prisão
Temporária + garantia da ordem pública/econômica ou assegurar a aplicação
do Direito Penal Objetivo ou conveniência da instrução Criminal;
(b) da jurisprudência dominante: somente caberá prisão temporária se presente o
inciso I c/c III do artigo 1º da Lei ou inciso II c/c III do artigo 1º da
mencionada Lei.
Não pode ser decretada de ofício Pode ser decretada de ofício pelo juiz
pelo juiz3
3
Na prisão preventiva é possível a decretação de ofício pelo juiz, mas a temporária
não, tendo em vista o disposto no artigo 2º da Lei nº 7.960/89(não previu o
legislador a decretação de ofício pelo juiz), que difere do artigo 311 do CPP(onde o
legislador claramente permitiu a decretação de ofício pelo juiz). Ora, se o legislador
quisesse prever esta possibilidade na temporária teria o feito, como o fez na própria
Lei da Prisão Temporária, ao determinar que o juiz de ofício pode determinar que o
preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito(artigo 2º, § 3º da Lei da Prisão
Temporária). Todavia, nesta lei, não fez igual previsão para decretação de ofício da
temporária.
PRÁTICA PROCESSUAL:
PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE
PRISÃO TEMPORÁRIA
ILEGALIDADE DA
CASOS ILEGALIDADE DA NÃO CABE ESTA PRISÃO, QUANDO
PRISÃO: PEÇA PROCESSUAL O JUIZ INDEFERE
1) NÃO ESTAR INCOMPATÍVEL A REVOGAÇÃO DA
PRESENTES OS TEMPORÁRIA
PRESUPOSTOS,
2) NÃO ESTAR
PRESENTES OS
INCISOS I+III OU II
+ III;
Não há previsão de
RSE,
sendo
que
alguns
admit
em
por
analog
ia
(corre
nte
minori
tária)
e
outros
CORRE
IÇÃO
PARCI
AL
COMP.
JUIZ TRIBUNAL
Duração:
(a) regra: dura 5 dias; pode uma única prorrogação por igual período, no caso
de extrema e comprovada necessidade;
PRISÃO PROVISÓRIA
EXCESSO DE PRAZO(FLAGRANTE E PREVENTIVA)
A Jurisprudência brasileira tem entendido que, até o fim da instrução, leia-se, até o
fim da última testemunha em juízo (seja de defesa ou do juiz), a prisão
processual(flagrante e preventiva4) não pode perdurar mais do que um prazo.
Os Tribunais, somando os prazos do rito ordinário, fizeram cada qual sua projeção,
sendo que:
(a) STF e STJ: entendem que o prazo é de 81 dias, porém, com algumas
flexibilizações. Assim, a construção jurisprudencial que estabeleceu o prazo
de 81 dias para a formação do sumário de culpa na hipótese de réu
submetido à prisão processual deve ser concebida sem rigor, em
consonância com o princípio da razoabilidade, sendo admissível o excesso
4
A temporária não é abrangida por este conceito, porquanto tem prazos próprios. Já a prisão
processual decorrente de sentença condenatória recorrível também não é abrangida pelo
instituto do excesso de prazo, porquanto finda a instrução, não se fala mais em excesso de
prazo(Súmula 52 do STJ). Por fim, a prisão decorrente de pronúncia também não se sujeita ao
instituto do excesso do prazo, face a Súmula 21 do STJ. Conclusão: o instituto – Excesso de
Prazo de Prisão Processual – somente se aplica para prisão em flagrante e preventiva.
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 27
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.
(4) quando houver força maior provada por processo complexo: vários réus, vários
crimes, necessidade de citação editalícia, expedição de carta precatória,
instauração de incidente de insanidade mental, etc (RT 529/304, 580/403,
582/388, 624/363);
(5) quando a mora houver sido causada pela própria defesa ou no seu interesse
(RT 530/413, 539/364, 568/383, 569/311, 575/458, 583/379, 587/420)(Súmula
62 do STJ);
(8) caso o processo se encontre na fase das diligências previstas no artigo 499
CPP(RT 646/312);
II - LIBERDADE PROVISÓRIA
ESPÉCIES:
5
Quando usamos pena mínima ? Na suspensão
condicional do processo(artigo 89 da Lei 9.099/95) e na
fiança
Quando usamos pena máxima ? Na transação penal e
no cálculo da prescrição da pretensão punitiva
propriamente dita
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 29
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.
FUNDAMENTO:
O fundamento da Liberdade Provisória é evitar a prisão de alguém antes que se
tenha certeza de sua responsabilidade. Seu fundamento, portanto, é o
princípio do estado de inocência, que só admite que alguém seja preso,
depois do trânsito em julgado de sentença penal condenatória
Assim, o artigo 5º da CF/88 traz direito individual que, como é cediço, não é
absoluto, pois não pode ser usado como escudo de crime ou contra a
coletividade.
* O que é Liberdade Provisória vinculada ?
Liberdade Provisória vinculada é aquela onde o agente fica obrigado a
comparecer a todos os termos do Processo, sob pena de revogação do benefício
e conseqüente expedição do mandado de prisão. Pode ser concedida tanto aos
crimes afiançáveis, como inafiançáveis, com ou sem a exigência de prévio
pagamento de fiança, desde que não esteja presente nenhuma das
circunstâncias que autorizariam a decretação da prisão preventiva e desde que
não haja lei vedando tal hipótese (artigo 312 do CPP).
Para alguns doutrinadores, porém, Liberdade Provisória vinculada é somente
aquela concedida mediante pagamento de fiança. Sustentam que a razão desta
terminologia é o fato da Liberdade Provisória estar vinculada ao pagamento de
determinada quantia.
Diferença entre Liberdade Provisória com fiança e Liberdade Provisória
sem fiança
LIBERDADE
PROVISÓRIA SEM FIANÇA COM FIANÇA
Não estar presente os motivos
da prisão preventiva
Apenas +
Requisito(s) não estar presente os não estar presente as hipóteses
motivos da prisão dos artigos 323 e 324 do CPP
preventiva
Comparecer a todos atos e
termos do processo
+
pagar fiança
+
Apenas não se ausentar da comarca por
comparecer a todos atos e mais de 8 dias sem autorização
Condição (ões) termos do processo judicial
+
não mudar-se sem prévia
autorização judicial
Liberdade Provisória sem fiança é aquela que não exige prévio pagamento de
fiança, regulada no artigo 310, caput e 310 parágrafo único, ou seja, em duas
situações:
a) nas infrações penais em que o indiciado/réu se livra solto;
b) quando no auto de prisão em flagrante delito o juiz perceber que o
indiciado agiu acobertado por uma causa excludente de ilicitude;
c) ou quando não estiver presentes nenhum dos motivos ensejadores da
prisão preventiva.
Público, que tem prazo para se manifestar, para após ser julgado pelo
magistrado, o que demanda um tempo que pode configurar constrangimento
ilegal, dependendo do caso. Basta imaginar que a prisão ocorra numa Sexta-
feira e haja dificuldade em localizar o Promotor Plantonista e o Juiz
Plantonista, ficando praticamente no dia útil subseqüente a análise do
incidente.
Nada impede, porém, que a parte requeira a fiança e após concedida, requeira
o incidente de Liberdade Provisória sem fiança para devolver a fiança, com
base no artigo 310 , parágrafo único do CPP, cabendo mandado de segurança
em caso de indeferimento injustificado. Nesta hipótese porém, ficará difícil a
restituição da fiança antes da sentença final, pois caberá aos Tribunais
aplicarem a exegese do artigo 310, parágrafo único e seu reflexo na fiança, o
que não torna possível o acolhimento da tese, pois o comando constitucional
do princípio da inocência é o corolário do artigo 310, parágrafo único do CPP.
CASSAÇÃO DA FIANÇA:
Quando uma fiança poderá ser cassada ?
Quando se verificar posteriormente que a fiança concedida não era cabível
(artigo 338 do CPP).
PALAVRA CHAVE = ILEGALIDADE
QUEBRAMENTO DA FIANÇA:
a) quando o indiciado/réu legalmente intimado, deixa de comparecer a ato do
Processo;
b) quando o indiciado/réu muda de residência ou se ausenta por mais de 08
dias sem comunicar previamente ao juízo;
CONCEDIDA
NOVA FIANÇA
NO MESMO
PROCESSO
OBRIGAÇÕES DA FIANÇA:
a) comparecer perante a Autoridade todas as vezes em que for intimado para
atos do Inquérito Policial ou Processo-Penal;
b) não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar ou se ausentar por
mais de oito dias de sua residência, sem prévia autorização judicial;
c) PAGAR FIANÇA.
DISPENSA DA FIANÇA
Nos casos em que o juiz verificar que o indicado/réu não pode prestar fiança,
por motivo de pobreza (artigo 350 do CPP) e recentemente, se for infração
penal de pequeno potencial ofensivo e o indiciado se comprometer a
comparecer no JECRIM (artigo 69, parágrafo único da Lei nº 9.099/95). Da
mesma forma, nos crimes culposos de trânsito onde o causador do sinistro
presta socorro imediato à vítima (Lei nº 9.503/97).
MODALIDADES DE FIANÇA:
De acordo com o disposto no artigo 330 do CPP, a fiança poderá ser prestada
mediante:
a) depósito: consiste em depósito em dinheiro, pedras, objetos ou metais
preciosos e títulos da dívida pública;
b) hipoteca: desde que inscrita em primeiro lugar;
DESTINO DA FIANÇA:
A fiança será recolhida a repartição arrecadadora Federal ou Estadual, ou
entregue ao depositário público.
REFORÇO DA FIANÇA:
Sim, será exigido quando:
a) a fiança for tomada por engano em valor insuficiente;
b) quando vier a ser inovada a classificação do delito para outro de maior
gravidade e for cabível a fiança;
c) quando houver depreciação do valor dos bens hipotecados ou caucionados
(artigo 340 do CPP).
PÉROLA:
O juiz substituto da comarca de Varginha (MG), Ronaldo Tovani, concedeu liberdade provisória para Alceu da Costa. A
decisão feita em forma de versos circulou pela Internet em listas de advogados. Ele foi preso em flagrante por ter
furtado duas galinhas. De acordo com a decisão, ele perguntou ao delegado "desde quando furto é crime neste Brasil
de bandidos?".
Subtraindo de outrem
Duas saborosas galinhas.
Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.
Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É pra pobre, preto e puta...
Por isso peço a Deus
Que norteie minha conduta.
1.1 - segundo o artigo 21 da Lei, nos crimes previstos nos artigos 16(posse ou
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), 17(comércio ilegal de arma de
fogo) e 18(tráfico internacional de arma de fogo) não cabe LIBERDADE
PROVISÓRIA - note que a lei usou o termo gênero(Liberdade Provisória): logo,
não cabe liberdade provisória com ou sem fiança;
1.2 - nos crimes dos artigos 12(posse irregular de arma de fogo) e 13(omissão
de cautela), pela pena mínima de 1 ano, caberá liberdade provisória com fiança,
como também, por força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que dispensa
pena mínima), caberá Liberdade Provisória sem fiança;
IP nº 55-01
Termos em que
Pede deferimento
Processo-crime nº 325-01
IP. nº 22-01
IP. nº 43-01
Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu
advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de
Vossa Excelência para requerer, com fundamento nos arts. 322, parágrafo
único, e 326, ambos do Código de Processo Penal, arbitramento de fiança,
como segue:
I – A requerente foi autuada em flagrante delito por infração ao art.
124, caput, do Código Penal, na data de ontem, pelo 2º Distrito Policial
(Vila Falcão), desta cidade e comarca. Anexas cópias do auto de prisão em
flagrante e demais peças do inquérito policial (doc. 01);
II – Apesar de o crime de auto-aborto, em tese praticado pela
requerente, ser punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos (CP, art.
124, caput), portanto, nos termos do disposto nos arts. 323 e 324 do CPP,
afiançável, a D. autoridade policial determinou a instauração de inquérito
policial e o recolhimento da indiciada, sem nada dizer sobre a fiança;
III – Mesmo assim, a requerente peticionou à autoridade policial o
arbitramento da fiança, sem que fosse atendida (doc. 02);
Dessa forma, salientando que a indiciada é primária, não possui
antecedente criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 12), possui
residência fixa e é trabalhadora (doc. 03), aguarda, com urgência, a
fixação da fiança, para que possa recolhê-la, e ganhar a liberdade, tendo
em vista o disposto no art. 5º, LXVI da Constituição Federal e art. 4º, letra
e, da Lei nº 4.898/1965, clamando pela fixação do valor no mínimo legal,
com a redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I,
também do CPP, haja vista que, nos termos do art. 32, § 1º, do mesmo
Código, é pobre, conforme atestado de pobreza anexo (doc. 04).
Termos em que
Pede deferimento
Bauru, 26 de janeiro de 2001
Jorge Augusto Desdém Filho
Advogado – OAB/SP nº 33.668
Modelo de requerimento formulado à autoridade policial (delegado e
polícia)
para arbitramento de fiança, quando de sua alçada
IP. nº 43-01
Vossa Senhoria para requerer, com fundamento nos arts. 322 e 326,
ambos do Código de Processo Penal, arbitramento de fiança, como segue:
I – Na presente data (25.1.2001), a requerente foi detida e presa em
flagrante delito por infração ao art. 124, caput, do Código Penal. O
flagrante foi lavrado neste Distrito Policial, determinando a D. autoridade
policial a instauração de inquérito policial e o recolhimento da indiciada,
silenciando quanto à fiança;
II – O crime de auto-aborto praticado, em tese, pela requerente, é
afiançável, uma vez que punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos
(CP, art. 124, caput), nos termos do disposto nos arts. 323 e 324 do CPP;
III – Quando a infração for punida com detenção, compete à autoridade
policial conceder a fiança (CPP, art. 322);
IV – A indiciada é primária; não é possuidora de antecedente criminal
(DVC juntado aos autos do inquérito policial); possui residência fixa e é
trabalhadora (documentos anexos).
Diante do exposto, aguarda, com urgência, a fixação da fiança, para
que possa recolhê-la, e ganhar a liberdade, tendo em vista o disposto no
art. 5º, LXVI, da Constituição Federal e art. 4º, letra e, da Lei nº
4.898/1965, clamando pela fixação do valor no mínimo legal, com a
redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I, do
Código de Processo Penal, haja vista que, nos termos do art. 32, § 1º, do
mesmo Código, é pobre (atestado de pobreza anexo).
Termos em que
Pede deferimento
MERCÊ.