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Prática Forense

Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138


Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

AULA SPITZER1
(GOE – NASA – IELF)

"Spitzer", novo telescópio


espacial da Nasa, descobriu o que
poderia ser o planeta mais jovem
detectado até o momento

PRÁTICA FORENSE

PRISÕES & LIBERDADE PROVISÓRIA

Um réu estava sendo julgado por assassinato no Brasil (*** na verdade é


na Inglaterra)
Havia fortes evidências sobre a sua culpa, mas o cadáver não aparecera.

Quase no final da sua sustentação oral, o advogado - temeroso de que seu


cliente fosse condenado - recorreu a um truque:

- "Senhoras e senhores do júri, eu tenho uma surpresa para todos vocês",


disse o advogado, olhando para o seu relógio. "Dentro de um minuto, a
pessoa, presumivelmente assassinada, neste caso, vai entrar neste
tribunal."

E olhou para a porta.

Os jurados, surpresos, também ansiosos, ficaram olhando para a porta.

Um minuto passou. Nada aconteceu.

1
"Só tem um milhão de anos. É suficientemente jovem para causar grandes alterações nas teorias mais
importantes sobre a formação dos planetas", disse Dan Watson, astrônomo da Universidade de
Rochester, em uma entrevista coletiva na sede da agência espacial em Washington. O planeta foi
situado em uma órbita em torno de uma estrela identificada como CoKu Tau4, cerca de 420 anos luz (um
ano luz equivale a quase 9,46 trilhões de quilômetros) da Terra e na constelação de Touro.
Os astrônomos identificaram mais de 100 planetas fora do Sistema Solar, mas na maioria dos casos têm
mais de um bilhão de anos. Os planetas do Sistema Solar têm uma idade meia que é de cerca de 4,5
bilhões de anos.
Os astrônomos afirmaram que o novo planeta foi uma das três descobertas mais importantes feitos até
agora pelo observatório "Spitzer", que segue a Terra em sua órbita ao redor do Sol.
O telescópio de raios infravermelhos também encontrou material orgânico congelado nos discos de pó
cósmico que rodeiam outras estrelas.
Esta é a primeira vez que se detecta este tipo de material nesses anéis, que precedem a formação dos
planetas.
Essa descoberta poderia ser muito importante, porque acha-se que a água e os ingredientes que
formaram a vida orgânica talvez tenham sido usados até a Terra pelos cometas, segundo os astrônomos.
"Spitzer" descobriu também mais de 300 estrelas nascentes na constelação de Centauro, a 13.700 anos
luz da Terra.
Lançado há apenas um ano, o telescópio é o quarto integrante da família de "Grandes observatórios
espaciais" da Nasa. Os outros são o "Hubble", o "Compton" de Raios Gamma, e o "Chandra", de Raios X.
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 1
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
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Amém.

O advogado, então, completou:


- "Realmente, eu falei e todos vocês olharam com expectativa. Portanto,
ficou claro que vocês têm dúvida, neste caso, se alguém realmente foi
morto, por isso, insisto para que vocês considerem o meu cliente
inocente".

Os jurados, visivelmente surpresos, retiraram-se para a decisão final.


Alguns minutos depois, o júri voltou e pronunciou o veredicto:

- "Culpado!"

-"Mas como?" - perguntou o advogado

- "Vocês estavam em dúvida, eu vi todos vocês olharem fixamente para


aporta!"
E o juiz esclareceu:

- "Sim, todos nós olhamos para a porta, mas o seu cliente não..."

MORAL DA HISTÓRIA:
"NÃO BASTA TER UM BOM ADVOGADO, VOCÊ TEM QUE PARECER
INOCENTE".

Interdição Policial VS Entrega vigiada


(2º fase do concurso para Delegado de Polícia do RJ/2002)

Interdição policial (ou ação controlada) é a investigação feita pela Polícia em crimes
organizados, onde a lei permite o "flagrante retardado ou esperado-prorrogado",
chamado pela lei de "ação controlada", ou seja, a possibilidade de não prender em
flagrante por um crime praticado, para
chegar ao objetivo maior, qual seja, o desmantelamento da organização
criminosa.

O problema é que não há prazo previsto para "retardar o flagrante", logo, o


máximo disto é até o fim das investigações do Inquérito Policial, conforme
sustentamos na doutrina(eu e o professor LFG)

O dispositivo em comento:

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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Amém.

Artigo 2, II da Lei 9034/95 - a ação controlada, que consiste em retardar a


interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações
criminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e
acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz
do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações;

***Questão de concurso: Há alguma possibilidade da autoridade ou seus


agentes não prenderem outrem em flagrante conforme determina o artigo 301 do
CPP, sem que cometam crime de prevaricação ?

ENTREGA VIGIADA:
Ao lado da "interdição policial" temos outra figura distinta: a "entrega vigiada",
que, segundo doutrina, consiste, em suma, numa uma técnica de investigação pela
qual a autoridade judicial permite que um carregamento de entorpecentes enviado
ocultamente em qualquer tipo de transporte possa chegar ao seu destino sem ser
interceptado, a fim de se poder identificar o remetente, o destinatário e os demais
participantes dessa manobra criminosa, tendo como objetivo que todos os
integrantes da rede de narcotraficantes sejam identificados e presos
A "entrega vigiada" não era prevista em nossa legislação, que só admitia a
INTERDIÇÃO POLICIAL ("ação controlada”), que consiste em retardar a interdição
policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas" (art. 1.º, II,
da Lei do crime Organizado, Lei n. 9.034, de 3 de maio de 1995, alterada pela Lei
n.
10.217, de 11 de abril de 2001).
Todavia, foi prevista no art. 33, II, da Lei n. 10.409, de 11 de janeiro de 2002,
que alterou a Lei Antitóxicos (Lei n. 6.368/76):

Art. 33. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes


previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos na Lei n.° 9.034, de
3 de maio de 1995, mediante autorização judicial, e ouvido o
representante do Ministério Público, os seguintes procedimentos
investigatórios:

(...) II - a não-atuação policial sobre os portadores de produtos,


substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território brasileiro, dele
saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em colaboração ou não com
outros países, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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PRISÕES:

ESQUEMA GRÁFICO DE PRISÕES2

Reclusão

Prisão-Pena Detenção

Prisão
simples

Prisão civil

PRISÃO Prisão preventiva

Prisão em flagrante
delito
Prisão
Prisão sem cautelar Prisão temporária
pena ou
provisória
Prisão resultante
da Sentença de
Pronúncia

Prisão resultante
de Sentença penal
Condenatória
Recorrível

Prisão administrativa

Prisão disciplinar

O que é prisão sem pena ou cautelar ou provisória? Esta prisão fere o


princípio da inocência ? Quais as espécies no Brasil?
Consiste na supressão da liberdade de locomoção antes da condenação
definitiva. Trata-se de uma prisão cautelar, também conhecida como
prisão provisória.
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Professor Hidejalma Muccio, obras recomendada
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Amém.

Esta prisão não fere o princípio da inocência, pois também está prevista
na CF/88 (artigo 5º, LXI) e tem como meta o acautelamento da
sociedade, desde que presentes seus requisitos previstos em lei. Nesse
sentido:
Súmula 9 do STJ: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não
ofende a garantia constitucional da presunção de inocência” (referência
a CF/88, art. 5º, LVII e LXI; CPP, arts. 393, I, e 594 e Lei 6.368, de
21.10.1976, art. 35).
Inclui 5 espécies:
a) a prisão em flagrante (arts. 301 a 310 do CPP);
b) a prisão preventiva ( arts. 311 a 316 do CPP);
c)a prisão resultante da pronúncia ( arts. 282 e 408, §1.º, do CPP);
d) a prisão resultante de sentença penal condenatória ( art. 393, I, do
CPP);
e) a prisão temporária (Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989).

A prisão disciplinar é constitucional ?


Sim, é permitida pela Constituição para os casos de transgressão militar
e crime militar (art. 5.º, LXI). Em Minas Gerais, o Código de Ética da PM
terminou com este tipo de prisão disciplinar.

O que é mandado de prisão ?


Mandado de prisão é um instrumento escrito através do qual a
autoridade judicial faz expedir a ordem de prisão (cf. art. 285, caput, do
CPP). Portanto, não confundir mandado (ordem) com mandato
(procuração).

Quais os requisitos do mandado de prisão ?


Os requisitos do mandado de prisão, que estão elencados no parágrafo
único do art. 285 do CPP, são os seguintes:
a) ser lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade competente;
b) designar a pessoa que tiver que ser presa, por seu nome, alcunha os
sinais característicos;
c) mencionar a infração penal que motivou a prisão ( a Constituição
exige que a ordem seja fundamentada – art.5.º, LXI);
d) indicar qual o agente encarregado de seu cumprimento (oficial de
justiça ou agente da polícia judiciária);
e) declarar o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração.

Quando poderá ser efetuada a prisão ?


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Amém.

A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora,


inclusive domingos e feriados, e mesmo durante a noite, devendo ser
respeitada a inviolabilidade do domicílio.

Pode haver prisão sem a apresentação do mandado ?


Sim, desde que o preso seja apresentado imediatamente ao juíz que
determinou sua expedição.

Com mandado de prisão, quando poderá ser efetuada a prisão em domicílio


?
A captura pode ser efetuada durante o dia, no período das 6 às 18
horas, mesmo sem o consentimento do morador.

Durante à noite, na oposição do morador ou da pessoa a ser presa, poderá


o executor efetuar a prisão ?
Não, pois neste caso, o executor não poderá invadir a casa. Deverá
esperar que amanheça para dar cumprimento ao mandado. Só então, se
houver resistência, poderá usar dos meios necessários para entrar à
força na casa, inclusive arrombando a porta.

Qual a conseqüência da violação do domicílio à noite, para cumprimento do


mandado ?
Sujeita o violador a crime de abuso de autoridade, consistente em
“executar medida privativa de liberdade sem as formalidades legais ou
com abuso de poder” (art.4.º, “a”, da Lei n. 4.898/65).

14) Quais as hipóteses onde se permite adentrar na casa alheia ?


As hipóteses são: Excluindo o consentimento do morador, somente em
caso de flagrante delito ou desastre, ou prestar socorro, ou, ainda,
durante o dia, por determinação judicial (cf. art. 5.º, XI da CF).
Gráfico:

1) Com o consentimento do morador:


DIA E NOITE;
2) Sem o consentimento do morador:
2) a) em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar
socorro:
DIA E NOITE
2) b) em caso de mandado judicial de busca e apreensão e
arrombamento:
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Amém.

DIA (das 6 às 18 horas). No caso de iniciar


antes das 18 horas é possível ficar após às 18, desde que, repito,
tenha se iniciado antes das 18 horas.

Exemplo polêmico:
Imaginemos que num hotel, um hóspede escolhe um quarto para descansar.
Como é cediço, o hotel é lugar aberto ao público; todavia, os quartos onde
hajam hóspedes são considerados extensão do conceito de casa, para efeito de
inviolabilidade de domicílio (artigo 5º, XI da CF/88).
Pois bem, este hóspede resolve passear pela cidade que está viajando. Nisso, o
dono do hotel e o recepcionista, desconfiados de que o hóspede, pela sua
aparência, não tem condições de pagar a estadia, resolvem invadir o seu quarto
e mexer nos seus pertences, para desvendar se o mesmo pagará ou não a
conta. Ato contínuo, encontram substância entorpecente e chamam a polícia.
A milícia, chegando ao hotel, adentra ao quarto, na companhia do recepcionista
e do dono do hotel, localizando a substância entorpecente e prendendo em
flagrante o hóspede, após a sua chegada.
Neste caso, constata-se que, em primeiro lugar, houve invasão do domicílio por
parte do dono do hotel e recepcionista, de forma que a conduta deles foi ilícita
ao descobrir a droga. Assim, a prova que resultou na localização do
entorpecente foi ilícita, não podendo ser juntada no processo. Já por parte dos
militares, resta saber se os mesmos conheciam da prova ilícita (invasão de
domicílio do dono do hotel e do recepcionista).
Se não conheciam, por nada respondem. Se conheciam, responderão por abuso
de autoridade (artigo 4º, “a” da Lei nº 4.898/65) e, nesta hipótese, o dono do
hotel e o recepcionista não responderão por invasão de domicílio, mas por
abuso de autoridade junto dos militares, em face do artigo 30 do Código Penal e
pelo princípio da especialidade do tipo. Para os militares, ainda poderão alegar
erro de proibição, se, apesar de conhecerem do fato, agiram de forma
equivocada, ou seja, sabiam que estavam fazendo, achando que era legal a
prova obtida, quando na verdade era ilícita.
Portanto, em que pese o crime de entorpecente descrito ser crime permanente,
permitindo o flagrante a qualquer momento (artigo 303 do CPP), a prova deste
flagrante foi obtida por meio ilícito (invasão do quarto, fora das exceções legais
do artigo 5º, XI da CF/88), de forma que a única prova de condenação não pode
ser usada para esse fim, em face do artigo 5º, LVI da CF/88.

Todavia, imagine neste mesmo exemplo, que ao invés do dono do hotel e do


recepcionista invadirem o quarto de forma ilícita, fora das hipóteses do artigo
5º, XI da CF/88, uma arrumadeira, nos horários estipulados pelo hotel, resolve
fazer arrumação no quarto do hóspede e encontra sobre a mesa substância
entorpecente, chamando o dono do hotel que chama a polícia. Neste caso, a
prova que gerou o flagrante (entrada da arrumadeira no quarto) foi lícita e,
sendo caso de flagrante sem prova ilícita, permite a entrada no quarto e a
respectiva prisão, pouco importando o consentimento ou não do hóspede, já
que o artigo 5º, XI da CF/88 traz exceção legal (entrada em domicílio por prisão
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Amém.

em flagrante, com ou sem o consentimento do morador, de dia ou de noite) que


não contraria o artigo 5º, LVI, do mesmo texto legal.

O que se entende por prisão em perseguição ?


A prisão em perseguição ocorre quando o executor realize a prisão onde
quer que alcance o capturando, após procura ininterrupta, dentro do
território nacional (cf. art. 290 do CPP).

É possível a prisão fora do território do juiz (comarca), ou seja, fora de sua


competência ?
Sim quando o réu estiver em território nacional, em lugar estranho ao
da jurisdição, poderá ser deprecada a sua prisão, devendo constar da
precatória o inteiro teor do mandado ( art.289 do CPP). E, em caso de
urgência, como no de iminente fuga do território nacional, o juiz
poderá requisitar a prisão por telegrama ou telex, os quais reproduzirão
o conteúdo do mandado.

Em que consiste a prisão especial ?


A prisão especial consiste num benefício concedido a determinadas
pessoas, em razão da função que desempenham ou de uma condição
especial que ostentam, que lhes permite o recolhimento a quartéis ou
celas especiais, quando sujeitas à prisão provisória, repito, PRISÃO
PROVISÓRIA.

Quem tem direito à prisão especial ?


Os Ministros de Estado, os Governadores e seus secretários, os
Prefeitos e seus secretários, os membros do Poder Legislativo de
qualquer das esferas federativas, os Chefes de Polícia, os cidadãos
inscritos no Livro de Mérito, os oficiais, os Magistrados e membros do
Ministério Público, os portadores de diploma universitário, os Ministros
de confissão religiosa, os Ministros do Tribunal de Contas, os Jurados,
os Delegados de Polícia, os Policiais Militares, os oficiais da Marinha
Mercante Nacional, os dirigentes e administradores sindicais,
servidores públicos, os pilotos de aeronaves mercantes nacionais, os
funcionários da polícia civil, os professores de 1.º e 2.º graus e os
juízes de paz (art. 295 do CPP e leis especiais).
Qual o tempo de duração da prisão especial ?
A prisão especial perdurará enquanto não transitar em julgado a
sentença condenatória. Após esta, o condenado será recolhido a um
estabelecimento penal comum.

O Presidente da República, durante o seu mandato, está sujeito à prisão


provisória ?
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
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Amém.

Não, tendo em vista a exigência constitucional de sentença


condenatória (art. 86,§ 3.º, da CF).

Qual a denominação dos estabelecimentos penais fornecida pela Lei de


Execuções Penais, nos casos de prisão provisória (sem pena) e prisão
com pena (no regime fechado, semi-aberto e aberto) ?
1) PRISÃO SEM PENA/PRISÃO PROVISÓRIA (antes do trânsito em
julgado):
CADEIA PÚBLICA
Presos provisórios e presos civis.
Os presos civis (alimentos e depositário infiel), se não tiverem local
adequado, devem ficar em cela separada dos presos penais provisórios.

2) PRISÃO COM PENA (após trânsito em julgado):


a) REGIME FECHADO = PENITENCIÁRIA;
b) REGIME SEMI-ABERTO = INSTITUTO PENAL AGRÍCOLA (IPA)/
INSTITUTO PENAL INDUSTRIAL (IPI)
c)REGIME ABERTO = CASA DO ALBERGADO
Na prática, isto não acontece. Os estabelecimentos recebem
denominações não previstas na Lei de Execuções Penais, como
“COLÔNIA PENAL”, que aparenta ser um Instituto Penal Agrícola ou
Industrial (regime semi-aberto), mas na verdade funcional como
Cadeia Pública, Penitenciária e até Casa do Albergado.
O que se exige, nesta triste realidade, é que o preso civil fique
separado do preso provisório penal e este fique separado do preso
penal com pena.
Regras:
1) O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das
Leis do Trabalho. (artigo 28, §2º da LEP);
2) Trabalho interno – faculdade, tendo como prêmio, a remição. O
artigo 31, caput da LEP não foi recepcionado pela CF/88, que proibiu
o trabalho forçado, de forma que não é “obrigatório” o trabalho
interno e sim, faculdade com prêmio (remição de pena). Já para o
preso provisório, a LEP determinou que o trabalho não é obrigatório e
só poderá ser executado no interior do estabelecimento. Também
caberá ao mesmo a remição;
Trabalho externo – faculdade no regime fechado, tanto para o juiz
como para o preso (artigo 36 da LEP) e obrigação no regime aberto,
para saída do estabelecimento prisional. No regime aberto não há
remição, diante da obrigatoriedade do trabalho;

3) Assim, no:

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Amém.

a) regime fechado – trabalho interno é exceção (depende de convênios


com indústrias etc). Se houver, caberá remição;
b) regime semi-aberto – trabalho interno deveria ser regra, com a
conseqüente remição;
c) regime aberto – o trabalho é externo, de forma obrigatória, pois do
contrário não poderá sair do estabelecimento prisional.
Questão polêmica na execução penal:
? Caberá, diante de nossa realidade prisional, a remição no regime
aberto ?
? Caberá, diante da boa Política Criminal, remição para cada 3 dias de
estudo (com freqüência e nota/aproveitamento) ?

Em que hipóteses a Lei de Execuções Penais permite a prisão


domiciliar ? A Jurisprudência admite outras?

Como é cediço, a prisão domiciliar foi introduzida no Brasil pela Lei nº


5.256/67, para recolher o preso provisório (sem pena) à própria
residência, nas localidades onde não houver estabelecimento adequado ao
recolhimento dos que têm prisão especial.
Noutra lado, não tendo o Poder Público construído estabelecimentos
destinados ao regime aberto para o preso com pena (condenado com
trânsito em julgado), em todas comarcas, Juízes e Tribunais passaram a
conceder a chamada “PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR”.

A Lei de Execuções Penais, no entanto, somente permite a prisão


domiciliar para o preso com pena, isto é, após o trânsito em julgado de
sua decisão e no REGIME ABERTO, nas seguintes hipóteses:
I - condenado maior de 70 (setenta) anos;
II - condenado acometido de doença grave;
III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV - condenada gestante (vide artigo 117 da LEP).
Todavia, a Jurisprudência tem admitido, em hipóteses excepcionais, o
recolhimento do preso com pena em “prisão albergue domiciliar”,
quando no local da execução não há Casa do Albergado ou Cadeia
Pública que tenha acomodações para tanto, faltando um mínimo de
dignidade humana.

Concluímos, assim, que existem três espécies de prisão domiciliar:


a) para o preso provisório (sem pena), nas localidades onde não houver
estabelecimento adequado ao recolhimento dos que têm prisão especial
(Lei nº 5.256/67);

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Amém.

b) para o preso com pena, condenado a regime aberto, que se enquadra


numa das hipóteses da LEP, artigo 117, ou seja, condenado maior de
70 (setenta) anos; condenado acometido de doença grave; condenada
com filho menor ou deficiente físico ou mental; condenada gestante;
c) para o preso com pena, condenado a regime aberto, quando no local da
execução não há Casa do Albergado ou Cadeia Pública que tenha
acomodações para tanto, faltando um mínimo de dignidade humana –
esta hipótese não está prevista em lei e sim na Jurisprudência,
conforme já explicado alhures. É a chamada “prisão albergue
domiciliar”.

I - FLAGRANTE

Existe um prazo entre o horário do crime e a prisão em flagrante ?

Espécies de flagrante:

a) Próprio ou real ou verdadeiro: ocorre quando o agente é surpreendido


cometendo uma infração penal ou logo após cometê-la (art. 302, I e II,
do CPP).

Também é próprio o flagrante em crime permanente, pois enquanto não cessar


a permanência, o agente encontra-se em flagrante delito. Portanto, poderá ser
preso a qualquer momento, enquanto o delito estiver se consumando.

b) impróprio ou quase flagrante: ocorre quando o agente é perseguido,


logo após a prática do ilícito penal, em situação que faça presumir ser
ele o autor da infração (art. 302, III, do CPP).
Este flagrante deve ser combinado com o conceito de perseguição do artigo 290 do
CPP, ou seja, a perseguição deve ser ininterrupta ou se interrompida, apenas por
instantes para tomar informações fidedignas do paradeiro do perseguido. Assim, a
expressão “logo após” poderá durar dias, desde que ocorra a hipótese do artigo 290
do CPP. O prazo, contudo, para iniciar a perseguição é tido pela Jurisprudência
entre 30 minutos a algumas horas do flagrante (variando conforme os Tribunais
brasileiros);

c) Presumido ou ficto: ocorre quando o agente é preso, logo depois de


praticar uma infração penal, com instrumentos, armas, objetos ou
papéis que façam presumir ser ele o autor do ilícito.(fórmula
mnemônica: “PIÃO”) (art 302, IV, do CPP).

A expressão logo depois é interpretada pela Jurisprudência dos


Tribunais brasileiros, havendo decisões em vários sentidos, mas
variando entre 30 minutos a 7 horas depois do delito. Nesse sentido:

ROUBO – Prisão em flagrante. Segregação ocorrida sete


horas após a subtração da coisa. Legalidade. Inteligência do art. 302,
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Amém.

IV, do CPP. O fato de a prisão haver ocorrido cerca de sete horas


depois da subtração da coisa não torna ilegal a prisão em flagrante,
porque esse período de tempo pode ser considerado como alcançado
pela expressão logo depois, mencionada no art. 302, IV do CPP.
(TACRIMSP – HC 269.346/0 – 1ª C – Rel. Juiz Pires Neto – J.
05.01.1995) (RT 715/462);

d) “flagrante esperado prorrogado” ou “flagrante prorrogado retardado”


do artigo 2º, II da Lei nº 9.034/95(Lei do Crime Organizado); é aquele
previsto no artigo 2º, II da Lei nº 9.034/95, na qual, em se tratando de crimes
de organização criminosa, a lei permite ao policial retardar uma prisão em
flagrante(“ação controlada da Autoridade Policial), para chegar primeiro a
organização criminosa.

Ex: A Polícia Federal investiga uma grande organização criminosa de


cocaína e heroína, que tem ligações com o Cartel de Cali.

Todavia, após interceptar uma ligação telefônica, a Polícia se dirige a um


depósito abandonado, local do encontro de um dos membros da
quadrilha e presencia um homicídio.
Assim, para não flagrar de plano aquele homicídio, o que redundaria na
descoberta pela Organização Criminosa que está sendo investigada, a
Polícia Federal, com base nesta lei, pode prorrogar o flagrante, ou seja,
pode continuar investigando e quando conseguir desmantelar a
organização criminosa, voltará no tempo e prenderá em flagrante o
autor daquele homicídio.
Esta última espécie de flagrante é de duvidosa constitucionalidade, mas
sequer foi objeto, até então, de Ação Direita de Inconstitucionalidade.

Portanto, não existe um prazo entre o horário do crime e a prisão em


flagrante, pois a regra popular de que esse prazo é 24 horas não tem
qualquer fundamento.

No caso do flagrante impróprio, a perseguição pode levar até dias, desde


que ininterrupta.

Na Lei do Crime Organizado, o art. 2º prevê que a autoridade policial pode


adiar o flagrante para o momento mais oportuno no caso de “organização
criminosa”.
Por outro lado, no flagrante presumido, a expressão “logo depois”, não
pode ser interpretada como no “prazo de 24 horas”, mas no sentido de
“imediatamente após o crime” ou “logo em seguida”, conforme já visto.

O que ocorre é uma confusão criada entre o prazo para entrega da nota de
culpa ao preso em flagrante (24 horas) e o tempo para desconfigurar o
flagrante, que a lei não explicita, devendo o intérprete analisar as espécies
de flagrante e o caso concreto para resolver a questão.

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 12
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Modalidades de Prisão em Flagrante

As modalidades de flagrante não se confundem com as espécies vistas, uma vez


que estas decorrem de lei, enquanto que as modalidades decorrem da doutrina ou
da jurisprudência pátria:

1. Flagrante Forjado - é o flagrante inventado. Ex.: um policial joga maconha no


carro de uma pessoa e o prende em flagrante.

Quais suas conseqüências ?

Flagrante forjado é aquele onde o responsável pelo flagrante “forja”, “cria”


ou “planta” uma situação inexistente, apenas para incriminar o indigitado
preso em flagrante.

Assim, se por exemplo um agente policial coloca substância entorpecente


num carro de uma pessoa inocente, apenas para incriminá-la, responderá
pelo porte de substância entorpecente + abuso de autoridade +
denunciação caluniosa, pois esta modalidade é vil, abjeta e fere todos os
princípios constitucionais do cidadão.

2. Flagrante Esperado - se dá quando se sabe previamente do crime e espera-


se a conduta para o flagrante.

Flagrante esperado, pelo contrário, é aquele que a Polícia ou outrem legitimado


não influi na vontade do autor do crime e sim, sabendo que o mesmo irá praticá-lo,
espera o momento oportuno para surpreendê-lo.

Nesta modalidade, não há induzimento para que o meliante cometa o crime


e sim, este o comete de forma livre, sem saber que um flagrante lhe
espera. Esta modalidade é permitida no Brasil.

Ex: Câmeras em Supermercados, onde há aviso de filmagem, bem como em


estabelecimentos bancários etc.

Nesse sentido:

PRISÃO EM FLAGRANTE – FLAGRANTE ESPERADO – PRISÃO


DOMICILIAR – Não decorrendo a prática delituosa de induzimento ou
provocação da autoridade policial, que apenas assenhoreou-se de
informações que possibilitaram a prisão em flagrante, tem-se por
caracterizado o flagrante esperado, e não o preparado.... . (STJ – RHC 640
– PB – 6ª T. – Rel. Min. Costa Leite – DJU 13.08.1990)

3. Flagrante Provocado ou Preparado - se dá quando o agente é induzido


ardilosamente a praticar o fato. Súmula 145 do STF.

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Portanto, flagrante preparado ou provocado, também conhecido como “crime


de ensaio, de experiência ou de delito putativo por obra do agente
provocador”, é aquele em que o agente é induzido(esta é a palavra-chave) à
prática da infração penal, ao mesmo tempo em que são tomadas as providências
para a sua não consumação, como por exemplo, o aviso à polícia, a qual põe seus
agentes de sentinela, para apanhar o autor no momento da prática ilícita.

Portanto, flagrante preparado é o flagrante ocorrido por força do induzimento do


meliante à prática delitiva, influindo a polícia ou outrem em seu animus.

Como é cediço, no nosso sistema jurídico pátrio, não é possível tal figura, como
ocorre nos Estados Unidos da América, pois o induzimento da milícia para o agente
cometer a infração penal exclui a vontade da conduta e consequentemente, o fato
típico.

Por este motivo, o Egrégio Supremo Tribunal Federal, Corte Máxima Judiciária
brasileira, sumulou:

Súmula 145 do STF:


“Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna
impossível a consumação”.

Mutatis mutandis, a Egrégia Casa entendeu que no flagrante preparado, como os


meios empregados e o objeto material jamais poderiam levar à consumação da
infração penal, materializa-se o crime impossível (art. 17 do estatuto repressivo).

Corolário, no Brasil não é possível a modalidade de flagrante preparado.

NASA:
É possível a subsistência do flagrante em caso de flagrante preparado em
crime de ação múltipla e conteúdo variado c/c crime permanente ?

O flagrante preparado, como vimos, é crime impossível, não sendo aceito pela
Legislação Penal Pátria, pela Doutrina e pela Jurisprudência brasileira. Todavia, nos
crimes de ação múltipla ou conteúdo variado, se o flagrante preparado incidir num
dos verbos, por exemplo, no crime de ausência de registro/ausência de porte ilegal
de arma, “portar”(artigo 14 da Lei 10826/03), a saber, a polícia induz o agente a
sair de sua residência portando arma de fogo, neste verbo do tipo não há
enquadramento típico, face o flagrante ser preparado.

Mas, o flagrante ainda é possível, por exemplo, no verbo possuir, sem autorização
legal, arma de fogo, ou seja, a falta de registro da arma (artigo 12 da Lei
10826/03), eis que este é outro verbo do tipo, onde não houve induzimento e
ainda, crime permanente(inteligência do art. 303 do CPP).

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Exemplo: Imaginemos que um agente policial a paisana, induz um traficante a


vender-lhe maconha, marcando-se dia para tanto. O traficante, sem saber que o
comprador é policial, marca com o mesmo em sua casa, onde tem o hábito de
guardar grande quantidade de maconha. Ato contínuo, o policial pede a droga e
paga pela mesma. No instante em que o traficante lhe vende, o policial se identifica
e o prende em flagrante.

Na presente hipótese houve flagrante preparado, de sorte que a atitude - verbo


vender - está viciada, já que obtido por forma ilícita.

Contudo, o verbo guardar está caracterizado e o meliante será denunciado por


esta conduta, eis que não pode ser considerado prova derivado de ilícita, pois
não houve nexo de causalidade entre umas e outras. Da mesma forma, não
se pode alegar que a prova derivada(verbo guardar) não podia ser obtidas senão
por meio da ilícita(verbo vender), eis que, no exemplo dado, o traficante guardava
a droga em sua casa há certo tempo, o que poderia, inclusive, ser objeto de busca
e apreensão.

Todavia, se no exemplo dado, o traficante guardou a droga em sua casa, apenas


para vendê-la ao policial, neste caso o verbo guardar caracteriza prova derivada da
ilícita(verbo vender), de forma que não poderá ser processado, em face da teoria
do fruto da árvore envenenada, já prova derivada(verbo guardar), nesta hipótese,
não poderia ser obtida senão por meio da ilícita(verbo vender).

Ressalva-se que a Comissão responsável pelo projeto do novo CPP impediu tanto a
prova obtida por meio ilícito, com base no artigo 5º, LVI da CF/88, bem como a
derivada da ilícita, deixando um recado muito sério aos aplicadores da lei, no
sentido de que não se permite, no Processo Penal, a teoria maquiavélica de que os
fins justificam os meios, pois no Processo Penal o princípio basilar é do favor rei,
não se permitindo chegar a uma condenação por meios escusos, ilícitos ou
obnubilantes.

NASA:
----- Original Message -----
From: "marciadfaro"
Sent: Wednesday, June 02, 2004 4:34 PM
Subject: prisão do contrabandista divulgada no JN

Prof. Thales, sou aluna do Ielf-Brasília, Asa Sul, e fiquei intrigada com a prisão do
advogado do contrabandista,salvo engano, coreano, divulgada ontem pelo JN.
Pareceu-me caso de flagrante preparado, pois o dep.federal combinou tudo
antes.Claro que o crime de corrupção ativa já estava consumado. Estou confusa,
por favor, se possível, dê- me uma luz esclarecedora. Desde já agradecendo,
abraços de sua aluna e fã,

Márcia

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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Amém.

Professor Thales Tácito

Flagrante preparado é diferente do esperado. Qual a diferença ?

No preparado a polícia ou agente ou "isca" INDUZ outrem a praticar crime, ou seja,


o deputado("isca") induz o advogado a praticar o crime. Neste caso oSTF entende
ser crime impossível(Súmula 145).

Já no flagrante esperado, ao invés de induzir, o próprio meliante pratica o


crime e a milícia apenas espera o crime, ou seja, o deputado teve proposta
de propina(que seria corrupção passiva) por parte do próprio contrabandista(Law –
corruptor ativo) eainda o dinheiro a receber pelo advogado.
Portanto, não INDUZIU em nada o
crime, já que tudo ocorreu por iniciativa por próprios algozes. O flagrante é
permitido, pois esperado.

O problema que crime de corrupção é crime formal, ou seja, no momento da


conduta o crime se consumou, logo, o contrabandista não poderia ser pego no dia
seguinte, tampouco seu advogado, porquanto o pagamento era exaurimento do
crime e não sua consumação.

Mas porque isto foi possível naquele caso ?

Porque o contrabandista responde inquérito por crime organizado, logo, a polícia


pode retardar o flagrante, ou seja, o artigo 2, II da Lei 9034/95 permite "ação
controlada" da polícia, para desbaratar a organização criminosa(é o novo flagrante
"esperado-prorrogado" ou "prorrogado-retardado") - a polícia deixa o flagrante para
quando desmantelar a quadrilha ou bando.

Excelente sua pergunta amiga, mostra que está atualizada!

Nota:

Crimes Habituais - não admitem flagrante, pois esta modalidade delituosa


só se aperfeiçoa com a reiteração da conduta, o que não se verifica em um
momento isolado.

Exemplo: 229 do CP

Outras questões
Quais as formalidades do auto de prisão em flagrante ?
As formalidades são as que se seguem:
1.ª) antes da lavratura do auto, a autoridade policial deve
comunicar à família do preso ou à pessoa por ele indicada acerca da
prisão (art.5.º, LXVII, da CF).Faz-se então o PREÂMBULO,
constando dia, hora e local onde o auto de prisão em flagrante delito
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
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Amém.

está sendo lavrado, por quem (qual Autoridade), o nome do escrivão


responsável pelos serviços;
2.ª) Em seguida procede-se à qualificação, o compromisso e à
oitiva do condutor (motivo que aquela pessoa está sendo
apresentada presa à Autoridade Policial). O condutor é o agente
público ou particular que está apresentando o autor da infração a
Autoridade Policial, podendo ser o mesmo que efetuou a prisão ou
não). Portanto, o condutor é a pessoa que conduziu o preso até a
Autoridade;
3.ª) após, serão ouvidas as testemunhas (depoimentos) que
acompanharam o condutor, devendo ser no mínimo duas (a
jurisprudência tem admitido que o condutor funcione como
testemunha, só precisando, portanto, de mais uma).
A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto
de prisão em flagrante mas, neste caso, com o condutor deverão
assinar a peça pelo menos duas pessoas que tenham testemunhado
a apresentação do preso à autoridade (testemunhas instrumentais
ou indiretas, também conhecidas como “testemunhas de
apresentação”);
4.ª) após a oitiva das testemunhas, a Autoridade Policial tomará
as declarações da vítima, se possível (ou seja, se for homicídio
consumado óbvio que não dá para ouvir a vítima; se a vítima estiver
distante, adoentada, internada etc, poderá ser ouvida a posteriore).
A palavra da vítima é de suma importância para análise da autoria,
devendo ser recebida sempre com reservas, eis que o ofendido é
parte da relação jurídico-material e sendo um ser humano é
psicologicamente explicável que tenha uma visão parcial; todavia,
em crimes sexuais ou outros crimes “clandestinos”, a palavra da
vítima assume extraordinário valor, desde que a vítima faça valer
crédito para tanto, através de seu passado, personalidade,
idoneidade etc, elementos que a Autoridade Policial formará seu
convencimento quanto a formalização do flagrante e sua força
coercitiva.
5.ª) ouvidas as testemunhas e/ou a vítima, a autoridade
interrogará o investigado sobre a imputação de que lhe é feita (art.
304 do CPP), devendo alertá-lo de que tem o direito Constitucional
de permanecer calado (art.5.º, LXVIII);
6.ª) se o interrogado for menor de 21 anos, deverá ser lhe
nomeado curador, sob pena de relaxamento de prisão;
7.ª) o auto será lavrado pelo escrivão e por ele mesmo encerrado,
devendo ser assinado pela autoridade, pelo condutor, ofendido (se
ouvido), testemunhas, preso e seu curador ( se menor de 21 anos)
ou defensor – é a chamada PARTE AUTENTICATIVA;
8.ª) no caso de alguma testemunha ou do ofendido recusarem-se,
não souberem ou não puderem assinar o termo, a autoridade pedirá
a alguém que assine em seu lugar, depois de lido o depoimento na
presença do depoente (art.216 do CPP);

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


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Amém.

9.ª) se o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder


fazê-lo, o auto será assinado por duas testemunhas
(instrumentárias) que tenham ouvida a sua leitura na presença do
acusado, do condutor e das testemunhas (artigo 304, §3º do CPP);
10ª) 24 horas após a lavratura do auto será dado ao preso a nota
de culpa (artigo 306 do CPP);
11ª) o preso passará recibo da nota de culpa e no caso de não
saber, não poder ou não querer assinar, duas testemunhas por ele
assinarão (parágrafo único do artigo 303 do CPP).
Se a vítima não puder ser ouvida no auto de prisão em flagrante
delito, porque estava adoecida, internada ou outro motivo qualquer,
nada impede da Autoridade Policial ouvi-la durante o Inquérito
Policial instaurado.

Qual a conseqüência da não observância das formalidades do auto de


prisão em flagrante ? Pode-se falar em “nulidade do flagrante” em sede
de inquisitório ?
A conseqüência da não observância das formalidades essenciais do auto
de prisão em flagrante delito resulta na PERDA DE SUA FORÇA
COERCITIVA, ou seja, provoca o relaxamento da prisão em flagrante.
Todavia, o auto de prisão em flagrante, como peça processual tem
ainda seu valor, perdendo apenas sua força coercitiva, pois em sede de
inquisitório não há que se falar em nulidade, e sim, apenas “vício que
acarreta a perda da força coercitiva”, pois nulidade é termo técnico da
fase Processual, onde impera o contraditório e como tal, não sendo
observado este ou a ampla defesa, neste caso sim, usa-se o termo
técnico “nulidade”.

Sendo o preso autuado em flagrante delito, a quais obrigações


constitucionais se submete a Autoridade Policial ?
A Autoridade Policial deve comunicar de imediato ao juiz competente e
a família do preso ou a pessoa por ele indicada, acerca da prisão (artigo
5º, LXII da CF/88); informá-lo de seus direitos, dentre eles, o de
permanecer calado e ter assistência de um advogado (artigo 5º, LXIII
da CF/88); fornecer-lhe a identificação dos responsáveis por sua prisão
ou por seu interrogatório policial (artigo 5º, LXIV da CF/88).

É possível prisão em flagrante nos casos de infrações penais de pequeno


potencial ofensivo ?
Atualmente, de acordo com o artigo 69, parágrafo único da Lei nº
9.099/95, se o indiciado preencher os requisitos objetivos e subjetivos
da citada lei E se comprometer a comparecer no Juizado Especial
Criminal (JECRIM), não se pode prender em flagrante ou formalizar o
flagrante ou exigir-lhe fiança; todavia, não preenchendo tais requisitos,
a prisão em flagrante é viável e somente resta ao indiciado, caso não

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Amém.

seja dado fiança de plano, o requerimento de relaxamento de flagrante


(se houver ilegalidade) ou, não sendo o caso de relaxamento do
flagrante, requerimento de Liberdade Provisória, se for cabível.
O artigo 69, parágrafo único da Lei 9.099/95 veio com uma novidade
trazida pela Lei 10.455/02::
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência
lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao
Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as
requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a
ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá
fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como
medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de
convivência com a vítima. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei
nº 10.455, de 13.05.2002, DOU 14.05.2002, com efeitos a partir de 45
dias da data da publicação)

Prática: qual peça devo fazer ?

PRÁTICA PROCESSUAL:
PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE
PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO

PEÇAS RELAXAMENTO DO LIBERDADE HABEAS


FLAGRANTE PROVISÓRIA CORP
US
ILEGALIDADE DO APFD:
1) NÃO ESTAR PRESENTE AS ILEGALIDADE
CASOS ESPÉCIES DE LEGALIDADE DO OU
FLAGRANTE; APFD LEGALIDADE
2) NÃO HOUVER CRIME; (VER CASOS QUE DO APFD,
3) FALTAR FORMALIDADES CABEM OU NÃO A QUANDO O JUIZ
LEGAIS LIBERDADE INDEFERE AS
PROVISÓRIA NA PEÇAS
APOSTILA) ALHURES
Também cabe
RSE

COMP. JUIZ JUIZ TRIBUNAL,


SALVO QUANDO
IMPETRADO
CONTRA
DELEGADO,
POIS NESTE
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
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Amém.

CASO DIRIGE-
SE AO JUIZ

II - Prisão Preventiva:

Requisitos
1. Fumus boni juris - é a prova do crime e os indícios suficientes de autoria(não
é necessária a prova plena de autoria)

2. Periculum in mora - são os motivos da prisão. Pode ser:


a) garantia da ordem pública
b) garantia da ordem econômica;
c) conveniência da instrução criminal;
d) prisão para assegurar a aplicação da lei penal.

Em primado Acórdão, o STJ define muito bem algumas destas figuras.

PRISÃO PREVENTIVA –FUNDAMENTAÇÃO – As decisões do Poder Judiciário


devem ser fundamentadas (Const., art. 93, IX) Fundamentar significa
indicar o fato (suposto fático); daí decorre a norma jurídica (dispensável a
indicação formal). No caso de prisão preventiva, individualização de
conduta que evidencie a necessidade da prisão cautelar. Especificamente,
ofensa à ordem pública, conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal. A ordem pública resta ofendida, quando
a conduta provoca acentuado impacto na sociedade, dado ofender
significativamente os valores reclamados, traduzindo vilania do
comportamento. A conveniência da instrução criminal evidencia
necessidade de a coleta de provas não ser perturbada, impedindo a busca
da verdade real.

Assegurar a aplicação da lei penal, por fim, traduz idéia de o indiciado, ou


réu demonstrar propósito de furtar-se ao cumprimento de eventual
sentença condenatória. Aqui, é suficiente o juízo de probalidade. (STJ – HC
3.169-5 – RJ – 6ª T. – Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro – DJU
15.05.1995)

A garantia da ordem pública visa impedir que o agente solto continue a delinqüir
e ainda, visa acautelar o meio social e garantir a credibilidade da Justiça em crimes
que provoquem grande clamor social, reinando a paz social.
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA = PAZ SOCIAL

A garantia da ordem econômica visa impedir que o agente solto volte a delinqüir
em crimes patrimoniais(corrente minoritária) ou contra a economia popular , contra
o Fisco ou Erário e ainda, contra o Sistema Financeiro Nacional.

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


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A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA = PROTEÇÃO AO ERÁRIO PÚBLICO


(***OU IMPEDIR A REITERAÇÕES DE INFRAÇÕES A PATRIMÔNIOS
PRIVADOS)

A conveniência da instrução criminal visa impedir que o agente perturbe ou


impeça a produção de provas, ameaçando testemunhas, juiz, Promotor ou outras
partes do processo(o que é crime de “Coação no Curso do Processo”- artigo 344 do
CPP), apagando vestígios do crime(corpo de delito) etc.
CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL = PROTEÇÃO ÀS PARTES
PROCESSUAIS

Assegurar a aplicação da lei penal visa impedir que a iminente fuga do agente do
distrito de culpa, inviabilizando a execução da pena e às vezes até a própria
condenação, face a nova redação do artigo 366 do CPP(revelia no Processo Penal) e
o impedimento de no Júri, ser o réu levado a julgamento por revelia em crime
inafiançável.

ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL = IMPEDIR A FUGA

Portanto, podemos afirmar que caberá prisão preventiva:

1º) prova de existência do crime(fumus boni juris);


2º) crime DOLOSO(logo culposo e preterdoloso não são admissíveis);
3º) indícios suficientes de autoria(fumus boni juris);
4º) crime de reclusão ou sendo de detenção, prova do réu ser vadio ou impedir ou
dificultar sua identificação pessoal;

5º) periculum in mora, consistente na garantia da ordem pública; garantia da


ordem econômica; assegurar a aplicação do direito penal objetivo ou garantir a
instrução criminal.

Não caberá prisão preventiva:

(a) CRIME CULPOSO(LOGO, PRETERDOLOSO);


(b) CONTRAVENÇÃO PENAL;
(c) EM CRIME EM QUE O RÉU SE LIVRA SOLTO, INDEPENDENTEMENTE DE
FIANÇA;
(d) NO CASO DO RÉU TER AGIDO ACOBERTADO POR CAUSA DE EXCLUSÃO DE
ILICITUDE(AQUI BASTA UMA APARÊNCIA, O QUE DEVE SER PROVADA
DURANTE A INSTRUÇÃO OU EM DETERMINAÇÀO DE ARQUIVAMENTO PELO
MAGISTRADO POR ESTA EXCLUDENTE DA ILICITUDE).

Em qual momento pode ser decretada a prisão preventiva ?

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer momento, seja durante o


Inquérito Policial ou durante o Processo, desde que seja antes do transito em
julgado da sentença.

Quem pode pleitear a prisão preventiva ?

O Ministério Público, o querelante, a Autoridade Policial, sendo os dois primeiros por


requerimento e a última, por representação para o juiz.

O juiz pode, de ofício, decretar a prisão preventiva, devendo assim agir na fase
processual e não policial, pois a titularidade da ação penal pública é do MP e se
assim agisse livremente, poderia estar, via oblíqua, interferindo na própria
denúncia, uma vez que a preventiva exigiria a exordial, face a presença dos
requisitos mínimos(indícios de autoria e materialidade).

Quem pode decretar a Prisão Preventiva ?


Somente o juiz pode decretar a Prisão Preventiva, sempre em decisão
fundamentada.

O juiz pode relaxar a prisão em flagrante e logo em seguida decretar a prisão


preventiva.
Já, se o juiz relaxar o flagrante por excesso de prazo, não pode mais decretar a
prisão preventiva.

A prisão preventiva pode ser decretada com a apresentação espontânea do


réu à Autoridade ?
Sim, de acordo com a regra do artigo 317 do CPP, a apresentação
espontânea do acusado não impede a decretação de prisão preventiva,
nos casos em que a lei a autoriza (isto é, estando presentes os
pressupostos legais e requisitos já vistos).
Assim, é possível que um cidadão, por exemplo, mate uma pessoa de
forma hedionda (qualificadoras do homicídio), “fuja do estado de
flagrante” e por orientação de advogado, se “apresente
espontaneamente”, mas, o Promotor de Justiça, vendo a periculosidade
do mesmo, requeira a prisão preventiva com base no artigo 317 do CPP.

O juiz pode revogar a prisão preventiva? Existe preclusão pro judicato na


prisão preventiva ?
Sim, o juiz pode revogar a prisão preventiva desde que no decorrer do
Processo Criminal verifique a falta de motivo para que ela subsista
(artigo 316 do CPP). Portanto, não faz preclusão “pro judicato” a
decisão do juiz sobre a preventiva, pois ele pode revogá-la e até
novamente decretá-la, bastando fundamentos para tanto. Isso somente
é possível porque a lei previu, pois do contrário, uma vez decidido, não
mais poderia reapreciar a medida. Da decisão que revoga a prisão
preventiva cabe Recurso em Sentido Estrito (artigo 581, V do CPP).

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

PRÁTICA PROCESSUAL:
PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE
PRISÃO POR PREVENTIVA

PEÇAS REVOGAÇÃO DA LIBERDADE HABEAS CORPUS


PREVENTIVA PROVISÓRIA
ILEGALIDADE DA ILEGALID. DA
PRISÃO: PRISÃO, QUANDO O
CASOS 1) NÃO ESTAR NÃO CABE ESTA PEÇA JUIZ INDEFERE A
PRESENTES OS REVOGAÇÃO DA
PRESUPOSTOS, PREVENTIVA
REQUISITOS OU Também cabe RSE
FUNDAMENTOS;
COMP.
JUIZ TRIBUNAL

III – PRISÃO TEMPORÁRIA

Cabimento: a prisão temporária e cabível em três hipóteses:

As situações estão previstas no artigo 1º da Lei nº 7.960/89 como:


I – imprescindibilidade da medida para investigações do Inquérito Policial;
II – casos em que o indiciado não tenha residência fixa ou não forneça dados
necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III – quando houver fundadas razões da autoria ou participação do indiciado em
qualquer um dos crimes ali apontados(latrocínio, estupro etc)
Discussão sobre tais requisitos: - jurisprudência dominante: os requisitos I
e III são imprescindíveis. No tocante a combinação dos três incisos acima, do artigo
1º da Lei da Prisão Temporária, os Tribunais brasileiros têm posicionamentos
diferentes:
a) para uns julgados é necessário a combinação dos três incisos(corrente
minoritária-interpretação sistemática, ou seja, análise destes incisos com o
princípio constitucional da inocência);
b) para outros, é necessário que se combine o inciso III, com o inciso I ou o inciso
III com o inciso II do mesmo artigo, para dar maior rigor e respeito ao princípio
constitucional da inocência(interpretação sistemática – posição dominante)
c) há julgados que entendem que basta um dos incisos estar
presente(interpretação literal).

O professor Thales entende que a corrente moderna para decretação


da prisão temporária deve consagrar a presença de apenas um dos incisos do artigo
1º da Lei, mas desde que os requisitos da prisão preventiva se façam
presentes(garantia da ordem pública ou econômica; assegurar a aplicação do

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Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

direito penal objetivo; garantir a instrução criminal), evitando, assim, prisão


processual injusta ou atentatória ao princípio constitucional do estado de
inocência(interpretação teleológica + sistemática).
Ademais, para o professor Thales parece ser esta a melhor doutrina,
pois no caso de um inveterado furtador, cujo crime não se encontra previsto no rol
do inciso III, se adotarmos as correntes “a” ou “b” acima explicadas, não seria o
caso de prisão temporária, mas poderia ser de prisão preventiva.

Todavia, tal raciocínio seria ilógico e sofista, na medida em que se a


prisão provisória mais precária, que é a prisão temporária, não era possível de
sustentação, como admitir a prisão preventiva, que exige muito mais requisitos do
que a prisão temporária, inclusive, denúncia em prazo diminuto?
Seria absurdo pensar que a prisão temporária (de natureza precária,
pois apenas exige meras suspeitas) não era cabível, pois o delito é de furto e
deveria ser interpretado todos os incisos do artigo 1º da Lei da Prisão Temporária,
mas, por outro lado, a prisão preventiva seria cabível, sendo que esta exige muito
mais requisitos do que a prisão temporária.
Por conseguinte, no entendimento pessoal do Professor Thales não é
necessário a combinação dos três incisos, tampouco o inciso III com o inciso I ou II
do artigo 1º(interpretações sistemáticas).
Da mesma forma, a interpretação literal ou gramatical do artigo 1º,
sem estar presentes os requisitos da preventiva, deve ser afastada, por ser medida
extremamente gravosa para os SUSPEITOS/INDICIADOS.

CONCLUSÕES:
(a) do professor Thales: basta a presença do inciso I ou II ou III da Lei da Prisão
Temporária + garantia da ordem pública/econômica ou assegurar a aplicação
do Direito Penal Objetivo ou conveniência da instrução Criminal;
(b) da jurisprudência dominante: somente caberá prisão temporária se presente o
inciso I c/c III do artigo 1º da Lei ou inciso II c/c III do artigo 1º da
mencionada Lei.

DISTINÇÃO ENTRE PRISÃO TEMPORÁRIA & PRISÃO PREVENTIVA

Prisão temporária Prisão preventiva


Somente em fase policial Em fase policial ou judicial

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Amém.

Não pode ser decretada de ofício Pode ser decretada de ofício pelo juiz
pelo juiz3

Meras suspeitas Indícios suficientes de autoria

3
Na prisão preventiva é possível a decretação de ofício pelo juiz, mas a temporária
não, tendo em vista o disposto no artigo 2º da Lei nº 7.960/89(não previu o
legislador a decretação de ofício pelo juiz), que difere do artigo 311 do CPP(onde o
legislador claramente permitiu a decretação de ofício pelo juiz). Ora, se o legislador
quisesse prever esta possibilidade na temporária teria o feito, como o fez na própria
Lei da Prisão Temporária, ao determinar que o juiz de ofício pode determinar que o
preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade
policial e submetê-lo a exame de corpo de delito(artigo 2º, § 3º da Lei da Prisão
Temporária). Todavia, nesta lei, não fez igual previsão para decretação de ofício da
temporária.

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Amém.

PRÁTICA PROCESSUAL:
PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE
PRISÃO TEMPORÁRIA

PEÇAS REVOGAÇÃO DA LIBERDADE HABEAS CORPUS


TEMPORÁRIA PROVISÓRIA

ILEGALIDADE DA
CASOS ILEGALIDADE DA NÃO CABE ESTA PRISÃO, QUANDO
PRISÃO: PEÇA PROCESSUAL O JUIZ INDEFERE
1) NÃO ESTAR INCOMPATÍVEL A REVOGAÇÃO DA
PRESENTES OS TEMPORÁRIA
PRESUPOSTOS,
2) NÃO ESTAR
PRESENTES OS
INCISOS I+III OU II
+ III;

Não há previsão de
RSE,
sendo
que
alguns
admit
em
por
analog
ia
(corre
nte
minori
tária)
e
outros
CORRE
IÇÃO
PARCI
AL
COMP.
JUIZ TRIBUNAL

Duração:
(a) regra: dura 5 dias; pode uma única prorrogação por igual período, no caso
de extrema e comprovada necessidade;

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Amém.

(b) nos crimes hediondos e equiparados(leia-se apenas tortura, já que


terrorismo ainda não tem lei específica e o tráfico tem norma própria- vide
abaixo) a duração da prisão temporária pode ser de até 30 dias, podendo
ter também uma única prorrogação, sendo o tempo máximo de 60 dias;
(c) com a Lei 10.409/02, o tráfico passou a ter no máximo 30 dias de
prisão temporária, já que a Autoridade Policial tem prazo de 15 dias para
terminar IP em caso de traficante preso, prorrogável por mais 15 dias,
sendo incompatível depois dessa lei, o prazo de temporária de 30 por mais
30 para o tráfico.

PRISÃO PROVISÓRIA
EXCESSO DE PRAZO(FLAGRANTE E PREVENTIVA)

A Lei do Crime Organizado(Lei nº 9.034/95), no seu artigo 8º (com


redação dada pela Lei nº 9.303, de 05.09.1996) estabeleceu o prazo para
encerramento da instrução criminal nos crimes de organização criminosa:

(a) 81 dias, quando o réu estiver preso e


(b) 120 dias, quando o réu estiver solto, sendo este último prazo impróprio,
sem conseqüência legal no caso de descumprimento

Com exceção da Lei do Crime Organizado, o excesso de prazo é uma típica


invenção da jurisprudência, que, aliás, foi incorporada na Lei 9034/95 alhures
mencionada.

A Jurisprudência brasileira tem entendido que, até o fim da instrução, leia-se, até o
fim da última testemunha em juízo (seja de defesa ou do juiz), a prisão
processual(flagrante e preventiva4) não pode perdurar mais do que um prazo.

E qual é esse prazo ?

Os Tribunais, somando os prazos do rito ordinário, fizeram cada qual sua projeção,
sendo que:

(a) STF e STJ: entendem que o prazo é de 81 dias, porém, com algumas
flexibilizações. Assim, a construção jurisprudencial que estabeleceu o prazo
de 81 dias para a formação do sumário de culpa na hipótese de réu
submetido à prisão processual deve ser concebida sem rigor, em
consonância com o princípio da razoabilidade, sendo admissível o excesso

4
A temporária não é abrangida por este conceito, porquanto tem prazos próprios. Já a prisão
processual decorrente de sentença condenatória recorrível também não é abrangida pelo
instituto do excesso de prazo, porquanto finda a instrução, não se fala mais em excesso de
prazo(Súmula 52 do STJ). Por fim, a prisão decorrente de pronúncia também não se sujeita ao
instituto do excesso do prazo, face a Súmula 21 do STJ. Conclusão: o instituto – Excesso de
Prazo de Prisão Processual – somente se aplica para prisão em flagrante e preventiva.
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de prazo em circunstâncias adequadamente justificadas. Logo, para o STF e


STJ não haverá excesso de prazo:

(1) artigo 403, 1ª parte do CPP;

(2) criações jurisprudenciais de prazo a prazo, analisado no conjunto(em Minas


Gerais segue-se o Provimento nº 02/68-TJMG e suas alterações, bem como a
Resolução nº 17/80);

(3) quando a mora estiver devidamente justificada nos autos(RT 538/461,


556/425, 604/382, 622/310);

(4) quando houver força maior provada por processo complexo: vários réus, vários
crimes, necessidade de citação editalícia, expedição de carta precatória,
instauração de incidente de insanidade mental, etc (RT 529/304, 580/403,
582/388, 624/363);

(5) quando a mora houver sido causada pela própria defesa ou no seu interesse
(RT 530/413, 539/364, 568/383, 569/311, 575/458, 583/379, 587/420)(Súmula
62 do STJ);

(6) se a instrução já houver sido encerrada(RT 562/426, 646/282). Súmula nº


52/STJ: “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de
constrangimento por excesso de prazo”

(7) caso o processo se encontre em fase de Alegações Finais(JTACrSP 36/97,


38/54, 47/66, 53/463, 55/100, 62/97);

(8) caso o processo se encontre na fase das diligências previstas no artigo 499
CPP(RT 646/312);

9) por óbvio, se o Processo já foi sentenciado(RT 543/426);

(10) “Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da


prisão por excesso de prazo na instrução”(Súmula 21 do STJ);

(b) Tribunais Estaduais: já incluindo possibilidade de exame de dependência


toxicológica ou de insanidade mental, estipulam prazo de 122 dias para o
término da instrução, enquanto outros de 122 dias até a sentença
(provimento 2/68 do TJ/MG).

Na Lei de Tóxicos antiga e nova:


b.1 – Lei 6.368/76: os prazos procedimentais da Lei 6.368/76, se
contados, computam no máximo 38 dias, sendo 76 em caso de
traficância(ou seja, o dobro, face a Lei 8.072/90).
Em Minas Gerais, a Súmula Criminal nº 08 do Egrégio TJMG(aprovadas pelo
Grupo de Câmaras Criminais), já havia alterado parte desse
entendimento(apenas para o crime de tráfico), no sentido de que:“nos
processos referentes aos delitos de tráfico de drogas, o prazo para

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encerramento da instrução criminal é de 90 dias, acrescido de mais 44 dias se


houver necessidade de exame toxicológico”(resolução nº 17/80, da Corte
Superior, com a alteração da Lei 8.072/90 – art.10 – unanimidade). Portanto,
em Minas Gerais, o réu preso por tráfico, o máximo que uma prisão provisória
poderia atingir era de 134 dias, se houver requerimento de exame de
dependência toxicológica(artigo 19 da Lei 6.368/76).
b.2 - já excesso de prazo para encerramento do feito em face da Lei nº
10.409, em vigor desde 28 de fevereiro de 2002, sem que haja qualquer
diligência para dilação de prazo, configura-se após o limite de 79
(setenta e nove) dias

II - LIBERDADE PROVISÓRIA

Crimes afiançáveis = pena mínima5 igual ou inferior a 2 anos.

Crimes inafiançáveis = pena mínima superior a 2 anos e critério


residual(quando não couber fiança)

Liberdade Provisória é o instituto processual que garante ao acusado o


direito de aguardar em liberdade o transcorrer do Processo até o
trânsito em julgado vinculado ou não a certas obrigações, podendo ser
o benefício revogado a qualquer tempo.

ESPÉCIES:

1) Obrigatória: infrações penais em que o indiciado/réu se livra solto.


Dois casos : pena não privativa de liberdade; pena privativa de liberdade
máxima igual ou inferior a três meses
Trata-se de direito incondicional do acusado, não lhe podendo ser negado
em hipótese alguma; ocorre no caso da infração penal não ser punida
como pena privativa de liberdade ou quando o máximo da pena
privativa de liberdade prevista não exceder a três meses.

5
Quando usamos pena mínima ? Na suspensão
condicional do processo(artigo 89 da Lei 9.099/95) e na
fiança
Quando usamos pena máxima ? Na transação penal e
no cálculo da prescrição da pretensão punitiva
propriamente dita
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Trata-se das chamadas infrações de que o réu se livra solto.


Contudo, somente não terá direito a esta Liberdade Provisória o indiciado/réu que
for vadio ou reincidente em crime doloso.

Com a Lei 9099/95, artigo 69, parágrafo único, esta espécie de


Liberdade Provisória praticamente ficou sem efeito.

2) Vedada/Proibida: não cabe LP: nos crimes hediondos; nos crimes


equiparados a hediondo (tráfico, tortura e terrorismo); quando estiverem
presentes os requisitos da preventiva (GOP, GOE, CIC, AALPO).
É aquela proibida por lei como, por exemplo, a proibição de Liberdade
Provisória para os crimes previstos na Lei nº 8.072/90 e os seus
equiparados (Lei dos Crimes Hediondos, artigo 2º, II)

Com fiança (artigos 323 e ss. do CPP)


3) Permitida

Sem fiança: artigo 310, “caput” e


parágrafo único do CPP

A Liberdade Provisória Permitida ocorre nas hipóteses onde não couber


prisão preventiva ou naquelas em que o réu pronunciado tem o direito
de aguardar o julgamento em liberdade (artigo 408, §2º do CPP) ou
ainda nas hipóteses em que o réu condenado tenha o direito em apelar
em Liberdade (artigos 594 do CPP, 35 da Lei nº 6.368/76 e artigo 2º, §
2º da Lei nº 8.072/90).
Subdivide-se em Liberdade Provisória COM FIANÇA e Liberdade Provisória
SEM FIANÇA.

Princípio constitucional relativo à Liberdade Provisória :


O princípio de que “ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando a
lei permitir liberdade provisória com ou sem fiança” (artigo 5º, LXVI da
CF/88).

FUNDAMENTO:
O fundamento da Liberdade Provisória é evitar a prisão de alguém antes que se
tenha certeza de sua responsabilidade. Seu fundamento, portanto, é o
princípio do estado de inocência, que só admite que alguém seja preso,
depois do trânsito em julgado de sentença penal condenatória

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Assim, o artigo 5º da CF/88 traz direito individual que, como é cediço, não é
absoluto, pois não pode ser usado como escudo de crime ou contra a
coletividade.
* O que é Liberdade Provisória vinculada ?
Liberdade Provisória vinculada é aquela onde o agente fica obrigado a
comparecer a todos os termos do Processo, sob pena de revogação do benefício
e conseqüente expedição do mandado de prisão. Pode ser concedida tanto aos
crimes afiançáveis, como inafiançáveis, com ou sem a exigência de prévio
pagamento de fiança, desde que não esteja presente nenhuma das
circunstâncias que autorizariam a decretação da prisão preventiva e desde que
não haja lei vedando tal hipótese (artigo 312 do CPP).
Para alguns doutrinadores, porém, Liberdade Provisória vinculada é somente
aquela concedida mediante pagamento de fiança. Sustentam que a razão desta
terminologia é o fato da Liberdade Provisória estar vinculada ao pagamento de
determinada quantia.
Diferença entre Liberdade Provisória com fiança e Liberdade Provisória
sem fiança
LIBERDADE
PROVISÓRIA SEM FIANÇA COM FIANÇA
Não estar presente os motivos
da prisão preventiva
Apenas +
Requisito(s) não estar presente os não estar presente as hipóteses
motivos da prisão dos artigos 323 e 324 do CPP
preventiva
Comparecer a todos atos e
termos do processo
+
pagar fiança
+
Apenas não se ausentar da comarca por
comparecer a todos atos e mais de 8 dias sem autorização
Condição (ões) termos do processo judicial
+
não mudar-se sem prévia
autorização judicial

Intervenção do MP MP se manifesta ANTES do MP se manifesta DEPOIS do juiz


juiz concedê-la concedê-la

Cabimento Infrações afiançáveis e Apenas infrações afiançáveis


inafiançaveis

Liberdade Provisória sem fiança


Esta modalidade acabou com o instituto da Liberdade Provisória com fiança ?

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Amém.

Liberdade Provisória sem fiança é aquela que não exige prévio pagamento de
fiança, regulada no artigo 310, caput e 310 parágrafo único, ou seja, em duas
situações:
a) nas infrações penais em que o indiciado/réu se livra solto;
b) quando no auto de prisão em flagrante delito o juiz perceber que o
indiciado agiu acobertado por uma causa excludente de ilicitude;
c) ou quando não estiver presentes nenhum dos motivos ensejadores da
prisão preventiva.

Embora o indiciado esteja vinculado a algumas obrigações (comparecimento a


todos atos e termos do Processo), alguns doutrinadores a chamam
impropriamente de Liberdade Provisória Desvinculada, apenas porque está
desvinculada do pagamento de fiança.
Discute-se muito na Doutrina, atualmente, se o instituto da Liberdade
Provisória sem fiança (artigo 310, parágrafo único do CPP) acabou ou não com
o instituto da Liberdade Provisória com fiança, enfim, com a própria fiança.
No meu entendimento pessoal, o instituto do artigo 310, parágrafo único do
CPP praticamente acabou com a fiança, salvo numa hipótese.
Para este agente Ministerial, se o juiz ao analisar o auto de prisão em
flagrante ou mesmo provocado pela defesa do indiciado/réu com requerimento
apartado de Liberdade Provisória do artigo 310, parágrafo único (com cópia de
emprego fixo, cópia de comprovante de residência, declarações de idoneidade
de testemunhas, se possível, Autoridades) perceber que não estão presentes
nenhum dos fundamentos jurídicos do periculum in mora da prisão preventiva
(garantia da ordem pública; garantia da ordem econômica; assegurar a
aplicação do direito penal objetivo; garantir a instrução criminal regular), esta
Liberdade Provisória é direito público subjetivo do indiciado/réu, sob pena de
constrangimento ilegal sanável via Habeas Corpus Act ou, no caso do juiz
conceder a Liberdade mas sob o argumento de fiança, cabe mandado de
segurança, pois o artigo 310, parágrafo único do CPP aplica-se a indiciados ou
réus, com bons ou maus antecendentes, primários ou reincidentes, enfim, a lei
processual não faz distinção e não cabe ao magistrado fazê-la in mala partem,
pois em Direito Penal, cujo foco é a liberdade do indivíduo, não é possível
analogia in mala partem, ou seja, não se pode aplicar a Liberdade Provisória
sem fiança do artigo 310, parágrafo único do CPP a analogia do instituto da
fiança, quando a lei não permitiu tal situação.
Assim, o artigo 310, parágrafo único do CPP revolucionou os mecanismos de
defesa, em favor do jus puniendi, jus libertatis, jus innoccence ou favor rei,
praticamente acabando com o instituto da fiança.
Entretanto, uma exceção é detectada neste contexto:
Como é cediço, a Liberdade Provisória com fiança dispensa a oitiva prévia do
Ministério Público, ou seja, a Autoridade Policial ou o Magistrado concedem a
fiança e após abrem vista ao parquet, que se for o caso, requererá a cassação
do benefício, se patente ilegalidade.
Assim, esta Liberdade Provisória é mais ágil, do ponto de vista processual,
pois a Liberdade Provisória sem fiança exige a prévia oitiva do Ministério
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Amém.

Público, que tem prazo para se manifestar, para após ser julgado pelo
magistrado, o que demanda um tempo que pode configurar constrangimento
ilegal, dependendo do caso. Basta imaginar que a prisão ocorra numa Sexta-
feira e haja dificuldade em localizar o Promotor Plantonista e o Juiz
Plantonista, ficando praticamente no dia útil subseqüente a análise do
incidente.
Nada impede, porém, que a parte requeira a fiança e após concedida, requeira
o incidente de Liberdade Provisória sem fiança para devolver a fiança, com
base no artigo 310 , parágrafo único do CPP, cabendo mandado de segurança
em caso de indeferimento injustificado. Nesta hipótese porém, ficará difícil a
restituição da fiança antes da sentença final, pois caberá aos Tribunais
aplicarem a exegese do artigo 310, parágrafo único e seu reflexo na fiança, o
que não torna possível o acolhimento da tese, pois o comando constitucional
do princípio da inocência é o corolário do artigo 310, parágrafo único do CPP.

Hipóteses em que não há necessidade de se prestar fiança para ser


concedida a Liberdade Provisória:
1º)infrações em que o indiciado/réu se livra solto (artigo 321, I e II do CPP);
2º)no caso do agente praticar o fato acobertado por uma causa de exclusão
da ilicitude (artigo 310, caput do CPP);
3º)quando o juiz verificar que não estão presentes nenhum dos motivos que
autorizam a decretação de prisão preventiva (artigo 310, parágrafo único
do CPP).

Recurso da decisão que conceder a Liberdade Provisória : Recurso em


Sentido Estrito (artigo 581, V do CPP).

LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA:


O que é fiança ?
Fiança é uma caução destinada a garantir o cumprimento das obrigações
processuais do indiciado/réu; denomina-se CONTRACAUTELA PENAL.

Qual a natureza jurídica da fiança ?


A natureza jurídica da fiança é direito subjetivo constitucional do indiciado/réu,
que lhe permite, mediante caução e cumprimento de certas obrigações,
conservar sua liberdade até a sentença condenatória irrecorrível.

Qual é o prazo de cabimento da fiança ?


A fiança terá cabimento desde a prisão em flagrante até o trânsito em julgado
da sentença condenatória.

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Amém.

Qual é a finalidade da fiança ?


A fiança é a CONTRACAUTELA PENAL. Tem a finalidade de substituir a prisão
provisória e, no caso de condenação transitada em julgado, assegurar o
pagamento das custas, bem como o pagamento da pena de multa e a
satisfação do dano em razão do delito.

Nos casos previstos em lei, está a Autoridade obrigada a conceder a Liberdade


Provisória ?
Sim, pois a não concessão poderá implicar crime de abuso de autoridade,
consistente em negar fiança, nos casos em que a lei a admite (artigo 4º, “e”
da Lei nº 4.898/65). Trata-se de um direito público subjetivo do réu,
consagrado no artigo 5º da CF/88.

Autoridade Policial poderá conceder fiança?


Sim, quando a infração for punida com detenção ou prisão simples
(artigo 322 do CPP). Nos demais casos cabe ao juiz concedê-la, dentro do
prazo de 48 horas (artigo 322, parágrafo único do CPP).
Ressalva importante é que se no local dos fatos não estiver presente a
Autoridade Policial, o juiz poderá fazer valer-se desta, pois se pode arbitrar
fiança para o mais, óbvio que pode para o menos, pois é o “chefe” da Polícia
Judiciária.
Nos casos de infração penal de menor potencial ofensivo, a Lei nº 9.099/95,
artigo 69, parágrafo único criou um obstáculo a prisão em flagrante, quando o
indiciado se comprometer a comparecer no Juizado Especial Criminal; não
fazendo jus a esta benesse, neste caso aplica-se possíveis Liberdades
Provisórias.

COMO CALCULAR FIANÇA ?


Devem ser levados em conta:
a) natureza da infração;
b) as condições pessoais de fortuna do agente;
c) sua vida pregressa;
d) circunstâncias indicativas de sua periculosidade (artigo 326 do CPP).
Como se calcula este valor ?
(Artigo 325 do CPP).
Exs:
Ameaça (artigo 147 do CP - pena de detenção, de 1 a 6 meses) – de 1 a 5
s.m;
Furto simples (art.155, caput CP – pena de reclusão de 1 a 4 anos) - de 5 a
20 s.m;

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Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Furto qualificado (art.155, §4º do CP-pena de reclusão de 2 a 8 anos)- de 20 a


100 s.m
Nota – redução de no máximo 2/3 ou aumento do décuplo pelo juiz
Nota – Para ser possível a Liberdade provisória com fiança, a pena mínima
não pode ultrapassar a 2 anos de reclusão; todavia, para fixar o valor, o
critério é outro, ou seja, do artigo 325 do CPP visto.

Quem arbitra o valor da fiança ?


A Autoridade Policial (detenção) ou a Autoridade Judiciária (reclusão),
dependendo do caso concreto; nos Tribunais quem concede e arbitra a fiança
é o Relator.

Os Tribunais Superiores poderão conceder fiança em grau de recurso?


Sim, do mesmo modo que os “Tribunais de 2º grau de jurisdição”, qualquer
dos Tribunais Superiores poderá arbitrar e conceder a fiança.

A quem será requerida fiança no caso de flagrante ?


À Autoridade Policial que presidir a lavratura do auto, salvo em se tratando de
crime apenado com reclusão, quando então, o requerimento deverá ser
dirigido ao juiz competente.

Se a Autoridade Policial conceder fiança em uma infração punida com reclusão,


quais serão as conseqüências ?
Caberá ao juiz de ofício ou a requerimento do Ministério Público cassá-la ou
dependendo do caso, se não for possível concedê-la, determinar o
recolhimento do infrator à prisão.

CASSAÇÃO DA FIANÇA:
Quando uma fiança poderá ser cassada ?
Quando se verificar posteriormente que a fiança concedida não era cabível
(artigo 338 do CPP).
PALAVRA CHAVE = ILEGALIDADE

QUEBRAMENTO DA FIANÇA:
a) quando o indiciado/réu legalmente intimado, deixa de comparecer a ato do
Processo;
b) quando o indiciado/réu muda de residência ou se ausenta por mais de 08
dias sem comunicar previamente ao juízo;

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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Amém.

c) quando na vigência do benefício, o indiciado/réu pratica outra infração


penal (artigos 328 e 341 do CPP).
PALAVRA CHAVE = NÃO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PELO INDICIADO/RÉU

Quais as conseqüências do quebramento da fiança ao afiançado ?


a) importará em perda de metade do valor da fiança;
b) obrigação do indiciado/réu recolher-se a prisão;
c) proibição de se conceder nova fiança no mesmo Processo (artigo 324, I e
343 do CPP).

PERDIMENTO TOTAL DA FIANÇA

Quando o réu, condenado, não se apresentar a prisão (artigo 344 do CPP).

CASSAÇÃO QUEBRAMENTO PERDA TOTAL REFORÇO DA


DA FIANÇA
FIANÇA
a) quando tomada
ILEGALIDADE LEGALIDADE QUANDO por
CASO MAS RÉU CONDENADO, O valor
DESCUMPRE RÉU NÃO SE insufi
OBRIGAÇÕES RECOLHE À cient
PRISÃO e;
b) depreciação de
bem;
c) inovação da
classificação do
crime e couber
fiança
Cabe de ofício.

1) RETORNO À 1) PERDA TOTAL


PRISÃO; DA FIANÇA;
OU O JUIZ 2) PERDA DE 2) DESERÇÃO DO
ARBITRA OU A METADE DO RECURSO
Cons. PESSOA SERÁ VALOR DA
PRESA FIANÇA;
3) NÃO PODE
SER
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Amém.

CONCEDIDA
NOVA FIANÇA
NO MESMO
PROCESSO

OBRIGAÇÕES DA FIANÇA:
a) comparecer perante a Autoridade todas as vezes em que for intimado para
atos do Inquérito Policial ou Processo-Penal;
b) não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar ou se ausentar por
mais de oito dias de sua residência, sem prévia autorização judicial;
c) PAGAR FIANÇA.
DISPENSA DA FIANÇA
Nos casos em que o juiz verificar que o indicado/réu não pode prestar fiança,
por motivo de pobreza (artigo 350 do CPP) e recentemente, se for infração
penal de pequeno potencial ofensivo e o indiciado se comprometer a
comparecer no JECRIM (artigo 69, parágrafo único da Lei nº 9.099/95). Da
mesma forma, nos crimes culposos de trânsito onde o causador do sinistro
presta socorro imediato à vítima (Lei nº 9.503/97).
MODALIDADES DE FIANÇA:
De acordo com o disposto no artigo 330 do CPP, a fiança poderá ser prestada
mediante:
a) depósito: consiste em depósito em dinheiro, pedras, objetos ou metais
preciosos e títulos da dívida pública;
b) hipoteca: desde que inscrita em primeiro lugar;

FIANÇA E LEI 9099/95:


A Lei nº 9.099/95, que estabeleceu a proibição de prisão em flagrante nos casos
de infrações de pequeno potencial ofensivo acabou com o instituto da fiança ?
De forma alguma, pois a Autoridade Policial atenta a interpretação teleológica
da lei, deverá somente aplicar o artigo 69, parágrafo único, quando o
indiciado, ao verificar a FA e demais circunstâncias, preencher os requisitos
subjetivos e objetivos da citada lei (artigo 76, §2º da Lei nº 9.099/95), sob
pena de sacrificar a sociedade e o próprio Estado, detentor do jus puniendi.

Por outro lado, a Autoridade Policial somente deverá colher o compromisso do


indiciado de comparecer ao JECRIM, evidentemente se o mesmo estiver são;
logo, estando completamente embriagado, passa a ser absurdo ou mesmo
perigoso a Autoridade Policial liberar o indiciado, sob o sofisma cômodo que o
“mesmo se comprometeu a comparecer no JECRIM”, pois este compromisso
pressupõe capacidade de entendimento e autodeterminação.

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Amém.

Portanto, não preenchendo os requisitos legais (objetivos e subjetivos) da Lei


nº 9.099/95, resta a Autoridade Policial analisar a possibilidade imediata do
flagrante.

DESTINO DA FIANÇA:
A fiança será recolhida a repartição arrecadadora Federal ou Estadual, ou
entregue ao depositário público.

REFORÇO DA FIANÇA:
Sim, será exigido quando:
a) a fiança for tomada por engano em valor insuficiente;
b) quando vier a ser inovada a classificação do delito para outro de maior
gravidade e for cabível a fiança;
c) quando houver depreciação do valor dos bens hipotecados ou caucionados
(artigo 340 do CPP).

HIPÓTESES ONDE NÃO CABE FIANÇA


a) crimes punidos com reclusão em que a pena mínima for superior a dois
anos6;
b) contravenções penais de vadiagem e mendicância (artigos 59 e 60 do
Decreto-Lei nº 3.688/41-Lei das Contravenções Penais);
c) crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade em que o
indiciado/réu for reincidente em crime doloso;
d) indiciado/réu comprovadamente vadio;
e) crimes punidos com reclusão que provoquem clamor público ou que
tenham sido cometidos com violência ou grave ameaça a pessoa;
f) crimes de racismo (artigo 5º, XLII da CF/88 e Lei nº 7.716/89-conhecida
como “Lei Afonso Arinos”). Atenção: Crimes de racismo são aqueles
previstos nesta Lei, que são todos aqueles que importam em segregação de
direitos (impedir que alguém suba em elevadores ou tenha emprego porque
é negro etc); não confundir com injúria (qualificação negativa) qualificada
pelo emprego de elementos de raça (ex: chamar outrem de preto, macaco,
branco-azedo, etc), pois este está previsto no artigo 140, §3º do CP
(Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.459, de 13.05.1997);
g) crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo (artigo 5º,
XLIII da CF/88 e artigo 2º, II da Lei nº 8.072/90);
h) crimes praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático (artigo 5º, XLIV da
CF/88);
i) no caso de prisão civil e militar;

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
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Amém.

j) para o réu que tiver quebrado a fiança no mesmo Processo;


k) para o réu que deixar de comparecer a qualquer ato processual a que tenha
sido intimado;
l) quando estiverem presentes qualquer dos motivos que autorizam a
prisão preventiva (artigo 312 do CPP);
m) no caso da Lei nº 9.613/98 (“Lei da lavagem ou ocultação de
bens, direitos e valores”), não cabe Liberdade Provisória com ou
sem fiança e, no caso de sentença condenatória, o juiz decidirá
fundamentadamente se o réu pode apelar em liberdade.
Nota:
As hipóteses alhures que não admitem Liberdade Provisória com ou sem fiança
são:
“e”; “g”; “h”; “i”, “l” e “m”.

Em resumo: quais as hipóteses em que a Liberdade Provisória pode ser


deferida?
a) quando o juiz verificar que o agente praticou o fato acobertado por causa
de exclusão da ilicitude;
b) quando couber fiança;
c) quando o magistrado verificar que não estão presente as circunstâncias que
autorizariam a decretação da prisão preventiva (Artigo 310 do CPP).

PÉROLA:

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA 6:

No dia cinco de outubro


Do ano ainda fluente,
Em Carmo da Cachoeira,
Terra de boa gente,
Ocorreu um fato inédito
Que me deixou descontente.

O jovem Alceu da Costa,


Conhecido por "Rolinha",
Aproveitando a madrugada
Resolveu sair da linha,
6
Juiz concede liberdade para preso por furto de galinhas

O juiz substituto da comarca de Varginha (MG), Ronaldo Tovani, concedeu liberdade provisória para Alceu da Costa. A
decisão feita em forma de versos circulou pela Internet em listas de advogados. Ele foi preso em flagrante por ter
furtado duas galinhas. De acordo com a decisão, ele perguntou ao delegado "desde quando furto é crime neste Brasil
de bandidos?".

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A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Subtraindo de outrem
Duas saborosas galinhas.

Apanhando um saco plástico,


Que ali mesmo encontrou,
O agente muito esperto
Escondeu o que furtou,
Deixando o local do crime
Da maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório,


Homem de muito tato,
Notando que havia sido
A vítima do grave ato
Procurou a autoridade
Para relatar-lhe o fato.

Ante a notícia do crime,


A polícia diligente
Tomou as dores de Osório
E formou seu contingente:
Um cabo e dois soldados
E quem sabe até um tenente.

Assim é que o aparato


Da Polícia Militar,
Atendendo a ordem expressa
Do delegado titular,
Não pensou em outra coisa
Senão em capturar.

E depois de algum trabalho


O larápio foi encontrado.
Estava no bar do Pedrinho.
Quando foi capturado
Não esboçou reação
Sendo conduzido então
À frente do delegado.

Perguntado pelo furto,


Que havia cometido,
Respondeu Alceu da Costa,
Bastante extrovertido,
Desde quando furto é crime
Neste Brasil de bandidos?

Ante tão forte argumento


Calou-se o delegado.
Mas por dever do seu cargo
O flagrante foi lavrado

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Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Recolhendo à cadeia
Aquele pobre coitado.

E hoje passado um mês,


De ocorrida a prisão,
Chega-me às mãos o inquérito
Que me parte o coração.
Solto ou deixo preso
Esse mísero ladrão?

Soltá-lo é decisão
Que a nossa lei refuta
Pois todos sabem que a lei
É pra pobre, preto e puta...
Por isso peço a Deus
Que norteie minha conduta.

É muito justa a lição


Do pai destas Alterosas.
Não deve ficar na prisão
Quem furtou duas penosas,
Se lá também não estão presos
Pessoas bem mais charmosas,
Como das fraudes do governo que até hoje rolam.

Afinal não é tão grave


Aquilo que Alceu fez,
Pois nunca foi do governo
Nem seqüestrou o Martinez.
E muito menos do gás
Participou alguma vez.

Desta forma é que concedo


A esse homem da simplória,
Com base no CPP,
Liberdade provisória
Para que volte para casa
E passe a viver na glória.

Se virar homem honesto


E sair dessa sua trilha
Permaneça em Cachoeira
Ao lado de sua família.
Devendo, se ao contrário,
Mudar-se para Brasília

Revista Consultor Jurídico, 8 de novembro de 2002.

A Liberdade Provisória e o Estatuto do Desarmamento.


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Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 41
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Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Em relação à questão da Liberdade


provisória:

1.1 - segundo o artigo 21 da Lei, nos crimes previstos nos artigos 16(posse ou
porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), 17(comércio ilegal de arma de
fogo) e 18(tráfico internacional de arma de fogo) não cabe LIBERDADE
PROVISÓRIA - note que a lei usou o termo gênero(Liberdade Provisória): logo,
não cabe liberdade provisória com ou sem fiança;

1.2 - nos crimes dos artigos 12(posse irregular de arma de fogo) e 13(omissão
de cautela), pela pena mínima de 1 ano, caberá liberdade provisória com fiança,
como também, por força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que dispensa
pena mínima), caberá Liberdade Provisória sem fiança;

1.3 - no crime do artigo 14(porte ilegal de arma de fogo de uso permitido), a


pena é de 2 a 4 anos, o que sugere, pela pena mínima, a liberdade provisória
com fiança. Porém, o parágrafo único do artigo 14 diz que o crime é
inafiançável, "salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do
agente". O mais curioso é que apesar deste crime ser parcialmente inafiançável,
o legislador esqueceu que por força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que
dispensa pena mínima), caberá Liberdade Provisória sem fiança, muito mais
vantajosa para o acusado. Absurdo, pois esta inafiançabilidade(ainda que
parcial) de nada serve, face a Liberdade provisória sem fiança!!!;

1.4 - no crime do artigo 15(disparo de arma de fogo), a pena é de 2 a 4 anos,


sugerindo fiança(pena mínima). Porém, o legislador aqui foi mais radical: no
parágrafo único diz não caber fiança(crime inafiançável), esquecendo que por
força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que dispensa pena mínima), caberá
Liberdade Provisória sem fiança, muito mais vantajosa para o acusado. Absurdo,
pois esta inafiançabilidade de nada serve, face a Liberdade provisória sem
fiança!!!;

LEI 10.826/03: CONCURSO DE CRIMES


O professor Thales conclui que o
instrumento jurídico adequado ao caso concreto, será o concurso de crimes
(concurso material – art. 69 do Codex Penal) entre os crimes previstos nos
artigos 12(posse irregular de arma de fogo de uso permitido), 14(porte
ilegal de arma de fogo de uso permitido) e 16(posse ou porte ilegal de
arma de fogo de uso restrito) na Lei nº 10826/03 com o delito almejado
pelo agente ativo (homicídio, roubo, seqüestro etc.).
Já para o delito do artigo 13(omissão de
cautela), como trata-se de delito culposo, havendo dolo eventual responde o
agente por homicídio doloso e não pelo crime do artigo 13 da Lei 8626/03(princípio
da subsidiariedade tácita).

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Já para o delito do artigo 15(disparo de


arma de fogo), aplica-se o princípio da subsidiariedade expressa(“...desde que essa
conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime...”).
As figuras dos artigos 17(comércio ilegal de
arma de fogo) e 18(tráfico internacional de arma de fogo) também podem provocar
o concurso de infrações com os delitos previstos nos artigos 12, 14 e 16, exceto
com os delitos previstos nos artigos 13 e 16 por serem subsidiários.
Importante frisar que apenas o crime do
artigo 13(omissão de cautela) será da competência do Juizado Especial Criminal,
porquanto o único, com a mudança legislativa, que a pena máxima é de 2 anos de
detenção(Lei 10259/01)

MODELOS DE LIBERDADE PROVISÓRIA7

Liberdade provisória com fundamento no art. 310, caput, do CPP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE


AVARÉ – SP.

IP nº 55-01

Perseu Cruz Zanize, brasileiro, solteiro, industriário, portador do RG nº


10.486.788 e CPF nº 123.455.876-13, residente e domiciliado na rua das
Pedras, nº 34, nesta cidade e comarca de Avaré – SP, neste ato
representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa),
vem à presença de Vossa Excelência para expor e requerer o seguinte:
I – O requerente, na data de ontem, foi autuado em flagrante delito por
infração ao art. 121, caput, do Código Penal, encontrando-se preso na
cadeia pública local. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e
demais peças do inquérito policial (doc. 01);
II – A prova do flagrante é no sentido de que o indiciado se encontrava
na direção de seu veículo, um GM-Corsa-placas-Bauru-SP,NNN-3333,
parado na rua Anchieta, sentido centro – bairro, precisamente no
semáforo existente no cruzamento formado com a rua Paes Leme, nesta
cidade, quando foi abordado pela vítima, que, portando uma arma de
fogo, lhe apontou o objeto, mirando sua cabeça, e anunciou que era “um
assalto”. A vítima exigiu dinheiro e objetos pessoais, tais como: relógio,
caneta, aparelho de telefone celular etc.

O indiciado já havia entregado R$ 1.000,00 em dinheiro e os objetos


referidos, quando, não se podendo precisar por qual motivo, a vítima fez
um disparo que, felizmente, não atingiu o requerente, mas sim o veículo
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 43
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

(perícia e fotos anexadas). Nesse momento, agindo instintivamente, o


requerente sacou a arma de fogo que portava e alvejou o ofendido que
caiu morto no local, com um tiro na cabeça, chegando, em seguida, a
polícia, efetuando a prisão;
III – Não há dúvida de que o indiciado, ora requerente, conforme
descrito no item II, amparado pela prova do auto de flagrante, agiu em
legítima defesa. A probalidade do acolhimento, em sentença, da
excludente de antijuridicidade invocada, caso iniciada a ação penal
(admitindo-se esta só por hipótese), é acentuada, nada justificando o
encarceramento provisório.
No mais, o indiciado é primário, trabalhador, radicado no distrito da
culpa, e não possui antecedente criminal (doc. 02).
Assim, requer:
a) a concessão de liberdade provisória sem fiança, com fundamento no
art. 310, caput, do Código de Processo Penal, sujeitando-se à condição de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação;
b) no caso de não se reconhecer, ao menos nesse momento, o estado
de legítima defesa, que seja a liberdade provisória concedida com
fundamento no art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal,
uma vez que inocorre qualquer das hipóteses que autorizam a prisão
preventiva (garantia da ordem pública ou econômica, conveniência da
instrução criminal e asseguramento da aplicação da lei penal).

Termos em que
Pede deferimento

Avaré, 17 de setembro de 2001

Carmo Feliz Augusto Filho


Advogado – OAB/SP nº 6.666

Liberdade provisória com fundamento no art. 310, parágrafo único, do CPP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE AVARÉ – SP.

Processo-crime nº 325-01

Perseu Cruz Zanize, brasileiro, solteiro, industriário, portador do RG nº


10.486.788 e CPF nº 123.455.876-13, residente e domiciliado na rua das

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 44
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Pedras, nº 34, nesta cidade e comarca de Avaré – SP, neste ato


representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa),
nos autos do processo-crime nº 325-01, vem à presença de Vossa
Excelência para requerer que lhe seja concedida liberdade provisória com
fundamento no art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal,
sujeitando-se à obrigação de comparecer a todos os atos do processo,
pelos motivos que passa a expor:
O requerente foi denunciado pelo Ministério Público como incurso no art.
121, caput, do Código Penal (fls. 2-3). O crime de homicídio, em tese
praticado pelo acusado, se deu em 2 de setembro de 2001. Sua prisão
ocorreu cerca de duas horas após o crime, quando se encontrava no
interior de um bar com uma arma de fogo que se afirma ser a do crime, e
porque, ligeiramente embriagado, dizia ter matado uma pessoa que o
vinha ameaçando de morte (fl. 5).
O requerente é primário, trabalhador, radicado no distrito da culpa, e
não possui antecedente criminal (doc. 01). Também é pobre, nos termos
do § 1º do art. 32 do CPP (doc. 2).
O motivo do crime, até aqui explicitado, não revela insensibilidade
moral, nem é indicativo de que o réu seja pessoa perigosa, voltada para o
crime, mostrando-se, a conduta tipificante do art. 121, caput, do Código
Penal, fato isolado em sua vida.
Assim, forçoso é reconhecer que, em liberdade, o acusado não oferece
qualquer risco à ordem pública, nem tampouco à instrução criminal e à
aplicação da lei penal. Não há falar, aqui, na presença de qualquer das
condições autorizadoras da prisão preventiva, não se justificando, por isso,
a prisão provisória do requerente, que já se encontra preso há mais de 10
(dez) dias.
Termos em que
Pede deferimento
Avaré, 27 de setembro de 2001
Carmo Feliz Augusto Filho
Advogado – OAB/SP nº 6.666
Liberdade provisória com fundamento no art. 350, caput, do CPP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA


CRIMINAL DA COMARCA DE ARAÇATUBA – SP.

IP. nº 22-01

Tiburcio Feliciano da Cunha, brasileiro, casado, lixeiro, portador do RG


nº 57.348.221/3 e CPF nº 481.576.248-72, residente e domiciliado na rua
Espumoso, nº 2B, nesta cidade e comarca de Araçatuba – SP, neste ato
representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa),
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 45
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 322,


parágrafo único, e 350, caput, ambos do Código de Processo Penal, expor
e requerer o seguinte:
I – O requerente foi autuado em flagrante delito por infração ao art.
155, caput, do Código Penal, no dia 25 de janeiro de 2001, pela
autoridade policial desta cidade de Araçatuba, encontrando-se preso na
cadeia pública local. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e
demais peças do inquérito policial (doc. 01);
II – O crime de furto simples, em tese praticado pelo requerente, é
afiançável, uma vez que é punido com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)
anos (CPP, art. 323, I);
III – O indiciado, ora requerente, é primário, não possui antecedente
criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 10), é trabalhador e
radicado no distrito da culpa (doc. 02). O crime não foi cometido com
violência contra a pessoa ou grave ameaça;

IV – O requerente, nos termos do art. 32, § 1º, do mesmo Código, é


pobre, conforme atestado de pobreza anexo (doc. 03). O estado de
pobreza do requerente é tamanho que, fixada a fiança mesmo no mínimo
legal, não terá condições de recolhê-la, uma vez que deve no açougue, na
padaria, no mercado, as contas de luz e água etc. (doc. 04).
Requer, assim, liberdade provisória sem fiança, sujeitando-se às
obrigações constantes dos arts. 327 e 328 do CPP, bem como a de não
praticar outra infração penal, sob pena de revogação do benefício.
Termos em que
Pede deferimento

Araçatuba, 30 de janeiro de 2001


Alvino Petrônio Pereira da Silva
Advogado – OAB/SP nº 172.514

Modelo de requerimento formulado à autoridade judiciária (Juiz), para


arbitramento de fiança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE


CAFELÂNDIA – SP.

IP. nº 43-01

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 46
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Manoel Castanheira Iacanga, brasileiro, casado, lavrador, portador do


RG nº 12.386.688 e CPF nº 345.567.439-22, residente e domiciliado no
Sítio Ribeirinha, neste município e comarca de Cafelândia – SP, neste ato
representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa),
vem à presença de Vossa Excelência para expor e requerer o seguinte:
I – O requerente foi autuado em flagrante delito por infração ao art.
155, caput, do Código Penal, no dia 8 de setembro de 2001, pela
autoridade policial desta cidade de Cafelândia, encontrando-se preso na
cadeia pública local. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e
demais peças do inquérito policial (doc. 01);
II – O crime de furto simples, em tese praticado pelo requerente, é
afiançável, uma vez que é punido com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro)
anos (CPP, art. 323, I);
III – O indiciado, ora requerente, é primário, não possui antecedente
criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 10), é trabalhador e
radicado no distrito da culpa (doc. 02). O crime não foi cometido com
violência contra a pessoa ou grave ameaça;
IV – O requerente, nos termos do art. 32, § 1º, do CPP, é pobre,
conforme atestado de pobreza anexo (doc. 03).
Requer, assim, seja arbitrada a fiança, postulando, nos termos dos arts.
322, parágrafo único, e 326, ambos do Código de Processo Penal, o valor
mínimo legal, com a redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”,
e seu § 1º, I, do mesmo Código, para que possa recolhê-la e ganhar a
liberdade, tendo em vista o disposto no art. 5º, LXVI, da Constituição
Federal e art. 4º, letra e, da Lei nº 4.898/1965.
Termos em que
Pede deferimento

Cafelândia, 10 de setembro de 2001

Jorge Augusto Desdém Filho


Advogado – OAB/SP nº 33.668

Modelo de requerimento formulado à autoridade judiciária (juiz),


para arbitramento de fiança, quando omitida ou negada pela autoridade
policial
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE BAURU – SP.
IP. nº 43-01
Maria Joana Idalgo, brasileira, casada, balconista, portadora do RG nº
11.486.677 e CPF nº 567.345.199-23, residente e domiciliada na rua dos
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 47
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu
advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de
Vossa Excelência para requerer, com fundamento nos arts. 322, parágrafo
único, e 326, ambos do Código de Processo Penal, arbitramento de fiança,
como segue:
I – A requerente foi autuada em flagrante delito por infração ao art.
124, caput, do Código Penal, na data de ontem, pelo 2º Distrito Policial
(Vila Falcão), desta cidade e comarca. Anexas cópias do auto de prisão em
flagrante e demais peças do inquérito policial (doc. 01);
II – Apesar de o crime de auto-aborto, em tese praticado pela
requerente, ser punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos (CP, art.
124, caput), portanto, nos termos do disposto nos arts. 323 e 324 do CPP,
afiançável, a D. autoridade policial determinou a instauração de inquérito
policial e o recolhimento da indiciada, sem nada dizer sobre a fiança;
III – Mesmo assim, a requerente peticionou à autoridade policial o
arbitramento da fiança, sem que fosse atendida (doc. 02);
Dessa forma, salientando que a indiciada é primária, não possui
antecedente criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 12), possui
residência fixa e é trabalhadora (doc. 03), aguarda, com urgência, a
fixação da fiança, para que possa recolhê-la, e ganhar a liberdade, tendo
em vista o disposto no art. 5º, LXVI da Constituição Federal e art. 4º, letra
e, da Lei nº 4.898/1965, clamando pela fixação do valor no mínimo legal,
com a redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I,
também do CPP, haja vista que, nos termos do art. 32, § 1º, do mesmo
Código, é pobre, conforme atestado de pobreza anexo (doc. 04).
Termos em que
Pede deferimento
Bauru, 26 de janeiro de 2001
Jorge Augusto Desdém Filho
Advogado – OAB/SP nº 33.668
Modelo de requerimento formulado à autoridade policial (delegado e
polícia)
para arbitramento de fiança, quando de sua alçada

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DELEGADO DE POLÍCIA DO 2º DISTRITO


POLICIAL DE BAURU – SP.

IP. nº 43-01

Maria Joana Idalgo, brasileira, casada, balconista, portadora do RG nº


11.486.677 e CPF nº 567.345.199-23, residente e domiciliada na rua dos
Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu
advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 48
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Vossa Senhoria para requerer, com fundamento nos arts. 322 e 326,
ambos do Código de Processo Penal, arbitramento de fiança, como segue:
I – Na presente data (25.1.2001), a requerente foi detida e presa em
flagrante delito por infração ao art. 124, caput, do Código Penal. O
flagrante foi lavrado neste Distrito Policial, determinando a D. autoridade
policial a instauração de inquérito policial e o recolhimento da indiciada,
silenciando quanto à fiança;
II – O crime de auto-aborto praticado, em tese, pela requerente, é
afiançável, uma vez que punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos
(CP, art. 124, caput), nos termos do disposto nos arts. 323 e 324 do CPP;
III – Quando a infração for punida com detenção, compete à autoridade
policial conceder a fiança (CPP, art. 322);
IV – A indiciada é primária; não é possuidora de antecedente criminal
(DVC juntado aos autos do inquérito policial); possui residência fixa e é
trabalhadora (documentos anexos).
Diante do exposto, aguarda, com urgência, a fixação da fiança, para
que possa recolhê-la, e ganhar a liberdade, tendo em vista o disposto no
art. 5º, LXVI, da Constituição Federal e art. 4º, letra e, da Lei nº
4.898/1965, clamando pela fixação do valor no mínimo legal, com a
redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I, do
Código de Processo Penal, haja vista que, nos termos do art. 32, § 1º, do
mesmo Código, é pobre (atestado de pobreza anexo).
Termos em que
Pede deferimento

Bauru, 25 de janeiro de 200

Jorge Augusto Desdém Filho


Advogado – OAB/SP nº 33.668

Modelo de requerimento para a convolação da liberdade provisória


com fiança em liberdade provisória sem fiança
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE
LINS-SP
Processo-crime 234-01
Maria Joana Idalgo, brasileira, casada, balconista, portadora do RG nº
11.486.677 e CPF nº 567.345.199-23, residente e domiciliada na rua dos
Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu
advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de
Vossa Excelência, nos autos do processo-crime nº 234-01, para requerer,
com fundamento nos art. 310, parágrafo único, do Código de Processo
Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira
Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 49
Prática Forense
Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138
Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega.
A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,
Amém.

Penal, a convolação da liberdade provisória com fiança, que lhe foi


concedida à fl. 60, em liberdade provisória sem fiança, obrigando-se a
comparecer a todos os atos do processo, pelos motivos que passa a expor:
I – A requerente, autuada em flagrante delito, foi posta em liberdade
após o recolhimento da fiança que lhe foi arbitrada (fls. 33-35). Acabou
sendo denunciada pelo Ministério Público, como incursa no art. 124, caput,
do Código Penal (fls. 2-3);
II - A necessidade e a urgência determinaram que a acusada, para
ganhar a liberdade, recolhesse a fiança. Ocorre que a acusada, sendo
primária (fl. 20), empregada com carteira assinada (fl. 47), com
residência fixa no distrito da culpa (doc. anexo) e sem qualquer
antecedente criminal, faz jus, porque, nenhuma das condições da prisão
preventiva se faz presente, à liberdade provisória sem fiança, uma vez que
seu segregamento provisório não é indicado: para garantir a ordem
pública, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal.
Termos em que
Pede deferimento

Lins, 2 de outubro de 2001

Carmo Feliz Augusto Filho


Advogado – OAB/SP nº 6.666

MERCÊ.

THALES TÁCITO PONTES LUZ DE PÁDUA CERQUEIRA


INSTITUTO DE ENSINO JURÍDICO PROF. LUIZ FLÁVIO GOMES
I.E.L.F.

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira


Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP
Pg. 50

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