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, CÓDIGOS E
Esse poema relaciona a forma culta e a popular das palavras milho/mio, pior/pio, telha/teia, telhado/teiado.
Ao contrapor essas duas formas de expressão e terminar dizendo E vão fazendo telhados, o texto
Questão 02
Já se criticou com muita razão a proliferação de chavões e frases-feitas na chamada crônica esportiva. (...)
Mas há que reconhecer o outro lado da questão: o futebol deve muito de sua poesia à linguagem que se foi
criando ao seu redor (...). Pela magia das palavras, num campo gramado em que só há atletas correndo
atrás de uma bola, surgem de repente folhas secas, chapéus, meias-luas, carrinhos, lençóis, pontes,
chuveiros, balões, peixinhos.
SUZUKY, Matinas. Folha de S. Paulo, 17 de outubro de 1996.
O autor do texto demonstra
(A) ser preconceituoso em relação à linguagem usada pelos atletas.
(B) ser indiferente aos chavões e frases-feitas pela crônica esportiva.
(C) desaprovar o uso de expressões poéticas na crônica esportiva.
(D) ter admiração pela linguagem criativa e poética do futebol.
(E) desconhecer o valor da metáfora na construção da linguagem esportiva
Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele
sistematicamente me enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras da gramática, que eu não
respeitava, e sobre a grafia correta dos vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de uma palavra no
último “Quarto de Badulaques”.
Acontece que eu, acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em “varreção” .. do verbo “varrer”. De
fato, tratava-se de um equívoco que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu amigo, paladino da
língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário (...). O certo é “varrição”, e não
“varreção”. Mas estou com medo de que os mineiros da roça façam troça de mim, porque nunca os ouvi falar de
“varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes o xerox da página do dicionário (...).
Porque para eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas montanhas de Minas Gerais, fala
“varreção”, quando não “barreção”. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha dito nada sobre o
que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está
rachado.
Rubem Alves
http://rubemalves.uol.com.br/quartodebadulaques
Questão 03
Ao manifestar-se quanto ao que seja “correto” ou “incorreto” no uso da língua portuguesa, o autor revela sua preocupação
em
Questão 04
Questão 05
“Toma a minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o prato está rachado.”
Considerada no contexto, essa frase indica, em sentido figurado, que, para o autor,
A borboleta
Cada vez que o poeta cria uma borboleta, o leitor exclama: “Olha uma borboleta!” O crítico ajusta os nasóculos e, ante
aquele pedaço esvoaçante de vida, murmura: - Ah!, sim, um lepidóptero...
Mário Quintana, Caderno H.
nasóculos = óculos sem hastes, ajustáveis ao nariz.
Questão 06
a) a crítica de poesia é meticulosa e exata quando acolhe e valoriza uma imagem poética.
b) uma imagem poética logo se converte, na visão de um crítico, em um referente prosaico.
c) o leitor e o poeta relacionam-se de maneira antagônica com o fenômeno poético.
d) o poeta e o crítico sabem reconhecer a poesia de uma expressão como “pedaço esvoaçante de vida”.
e) palavras como “borboleta” ou “lepidóptero” mostram que há convergência entre as linguagens da ciência e da poesia.