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editorial Ano 12 - Edição 51 - Março/2011
Distribuição dirigida e a assinantes
Uma publicação da Rodovias Editora e Publicações Ltda.
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Brasil das idas e vindas em direção ao crescimento conselho editorial
parece ter encontrado caminho sem volta. Há no Dagoberto Rupp
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cenário político e financeiro, nacional e internacional, a João Rodrigo Bilhan João Augusto Marassi
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nítida sensação de que o ciclo virtuoso apenas começou. Carlos Marassi Fábio Eduardo C. de Abreu
Se, como costumava dizer o dramaturgo Nelson Rodrigues, marassi@rodoviasevias.com.br
Paulo Roberto Luz
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Edemar Gregorio
“Deus está nas coincidências”, a prova de que ele é paulo@rodoviasevias.com.br edemar@rodoviasevias.com.br

brasileiro vem no embalo de algumas das mais importantes auditoria e controller


Marilene Velasco
confluências de fatores positivos. mara@rodoviasevias.com.br

Quando, há pouco mais de duas décadas, o Brasil JORNALISTA RESPONSÁVEL - Davi Etelvino (SC 02288 JP)
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iniciou uma série de reformas no sentido de modernizar seu revisão - Karina Dias Occaso
sistema financeiro e preparar a economia para inserção no karina@rodoviasevias.com.br
Projeto gráfico e ilustrações
mercado global, estava lançando as bases para o progresso
sustentável a que demos início nesta década e que promete studio@verttice3d.com
inserir o país em definitivo no rol de nações desenvolvidas. Central de Jornalismo

Vencidos os primeiros desafios, outros se interpõem Carlos Marassi


marassi@rodoviasevias.com.br
Leonilson Carvalho Gomes
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entre o que somos e o que pretendemos ser. Talvez o da Fernando Beker Ronque
fernando@rodoviasevias.com.br
Estanis Neto
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infraestrutura, ao lado da educação, seja o de caráter mais Davi Etelvino Marcelo Ferrari
davi@rodoviasevias.com.br ferrari@rodoviasevias.com.br
improrrogável. Leandro Dvorak Oberti Pimentel
São muitas as questões que empurram nossa economia leandro@rodoviasevias.com.br
Paulo Negreiros
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Uirá Lopes Fernandes
para gargalos históricos: ameaça de não termos energia negreiros@rodoviasevias.com.br uira@rodoviasevias.com.br
Leonardo Pepi Santos Dagoberto Rupp Filho
para vencer a demanda gerada pelo crescimento, mão de leo@rodoviasevias.com.br dagoberto.filho@rodoviasevias.com.br

obra especializada insuficiente, alta carga tributária e juros atendimento e assinaturas

estratosféricos, além de nossa carência de investimentos Mari Iaciuk


mari@rodoviasevias.com.br
Raquel Coutinho Kaseker
raquel@rodoviasevias.com.br
em todos os modais de transportes, o que agrega custos Colaboradores
Webdesign
Fernando Beker Ronque
aos nossos produtos e tira nossa competitividade nos Anita Babinski Ramalho fernando@rodoviasevias.com.br
mercados externos. Carlos Guimarães Filho logística
Juliano Grosco
O governo da Presidente Dilma tem consciência de que juliano@rodoviasevias.com.br

é chegada a hora de enfrentar e vencer mais esta etapa na Juvino Grosco


jgrosco@rodoviasevias.com.br
Ricardo Adriano da Silva
ricardo@rodoviasevias.com.br
jornada brasileira rumo à civilidade. Por complexo o tema, Marcelo C. de Almeida
marcelo@rodoviasevias.com.br
Tiago Casagrande Ramos
tiago@rodoviasevias.com.br
Rodovias&Vias aprofunda a questão do modal ferroviário Alexsandro Hekavei Aélcio Luiz de Oliveira Filho
nesta edição. As grandes obras capazes de mudar realidades alex@rodoviasevias.com.br
Bem-Estar
aelcio.filho@rodoviasevias.com.br

econômicas em regiões carentes da presença do Estado Clau Chastalo


clau@rodoviasevias.com.br
Maria Telma da C. Lima
telma@rodoviasevias.com.br
estão em pleno andamento. Nos milhares de quilômetros Ana Cristina Karpovicz Paulo Fausto Rupp
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que nossas equipes percorreram, são muitas as histórias Maria C. K. de Oliveira
paulofausto@rodoviasevias.com.br
Janete Ramos da Silva
advindas dos canteiros de obras, mas nada impressiona maria@rodoviasevias.com.br janete@rodoviasevias.com.br

mais do que o brilho no olhar de trabalhadores e moradores


das regiões contempladas, pois traduz como ninguém o
significado da palavra esperança.
FSC
Central de Jornalismo
Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Revista, sendo de total responsabilidade do autor.
ÍNDICE

iNTERNACIONAL 18

ESPECIAL 20
INTERMODALIDADE

capa 26

cIDADE 52
Salvador

SÃO PAULO 54
exclusiva 11
ESPÍRITO SANTO 58

ENERgia 61

portos 66
64

roDOvias 70
78
Beto Richa BR-376 E BR-277

abcp 76
EM TEMPO 16
mercado 79
imagem do mês 86 Arqueólogia

na medida 88 TECNOLOGIA 82

infopágina 92 energia 84
86

artigo 95

ARTIGO 97

8 RODOVIAS&VIAS
nesta edição:

26 por mais ferrovias

20 66

intermodalidade

70

rodovias PoRTOS

RODOVIAS&VIAS 9
10 RODOVIAS&VIAS
exclusiva

Fotos: Rodovias&Vias/Leonardo Pepi

beto richa
Governador dO paraná

E legante e educado, cumprimenta-nos e gentilmente posa para algumas fotos em


frente à bandeira do Paraná. O quadro de seu pai, o ex-Governador José Richa, ao
fundo, completa o cenário. Carlos Alberto Richa tem 45 anos, o mesmo número do seu
partido, o PSDB, que já o fez Deputado, Prefeito de Curitiba e agora Governador de es-
tado. Beto fala sobre qualquer assunto, agradável ou não, com objetividade. O parana-
ense de Londrina e engenheiro civil pela PUC do Paraná conversou com nossa equipe
durante o mês de março. Acompanhe a seguir.

RODOVIAS&VIAS 11
exclusiva

Como o senhor encontrou as finanças Curitiba (Ippuc) para tratar dos assuntos
dos estado? estaduais é uma demonstração da preo-
O legado do governo anterior não é cupação com um governo de longo prazo?
nada promissor. Herdamos um déficit que Vamos restaurar o sentido de plane-
ainda está para ser inteiramente dimen- jamento na administração estadual, que
sionado, com restos a pagar e muitas con- julgo essencial para as ações de longo pra-
tas que sequer tinham o empenho corres- zo. Para isso, conto com a experiência do
pondente. Só agora estamos concluindo o ex-Prefeito de Curitiba Cássio Taniguchi,
diagnóstico completo da situação. nomeado para a Secretaria do Planejamen-
to, que está sendo dotada das necessárias
Qual é a sua opinião sobre a participa- ferramentas para uma gestão guiada pela
ção da esfera privada na administração de visão estratégica que estamos imprimindo
bens públicos? A concessão de rodovias à administração. O Ippuc é nosso parcei-
é uma saída para as estradas brasileiras? ro nas ações específicas ligadas à Copa do
Como funciona no Paraná? Mundo, cujo êxito exige uma sinergia entre
Vejo sem nenhum preconceito a par- estado e capital.
ceria entre os setores público e privado,
desde que haja um equilíbrio financeiro e Como está a preparação de Curitiba
o processo seja rentável para os conces- para receber os jogos da Copa de 2014?
sionários sem comprometer a competitivi- Criamos uma Secretaria da Copa do
dade da produção nacional. No Paraná, as Mundo, específica para encaminhar as so-
rodovias federais estavam abandonadas, luções. Estamos atuando em estreito diálo-
até que o governo federal decidiu repassar go com o governo federal, o Ministério do
sua jurisdição ao estado, que abriu o pro- Esporte, a Fifa e a prefeitura de Curitiba a
cesso de concessões em 1998. Hoje há um fim de agilizar as obras de infraestrutura vi-
consenso de que o pedágio, em algumas si- ária e urbana, além da capacitação e treina-
tuações, veio para ficar. Contudo, as tarifas mento dos receptivos. Estive em Londrina
cobradas nas rodovias federais concessio- visitando um centro de treinamento que
nadas no Paraná estão causando um dese- é forte candidato a abrigar uma seleção.
quilíbrio econômico. Ameaçam inviabilizar Estamos muito otimistas no propósito de
a produção, tornando o transporte um item tornar Curitiba uma das melhores cidades-
muito caro na planilha de custos dos pro- -sede da Copa.
dutores. O governo anterior tratou o tema
de forma demagógica e irresponsável, sa- O que ficará para os curitibanos depois
tanizando as concessionárias e abrindo que o Campeonato acabar?
uma avalanche de ações que se arrastam Há uma previsão de R$ 722 milhões em
nos tribunais. (OLHO) Já nos primeiros dias investimentos, especialmente em mobili-
de nossa gestão, abrimos o diálogo com as dade urbana, incluindo os recursos federais,
empresas no sentido de revisar as tarifas. locais e o orçamento da União. A moderni-
Acredito que com bom-senso chegaremos zação da ligação viária entre a cidade e o ae-
a um denominador comum, com valores roporto Afonso Pena, que também será am-
interessantes para todos e mantendo as es- pliado, a modernização da rodoferroviária e
tradas em bom estado de conservação. a reforma do estádio do Atlético Paranaense
são algumas das obras previstas. Ao todo,
Para que um governo conte com gran- são três corredores viários, dois terminais de
des obras e soluções duradouras, o plane- integração de ônibus e o sistema de contro-
jamento é fundamental. Trazer o Instituto le, além de obras no aeroporto. São benefí-
de Pesquisa e Planejamento Urbano de cios permanentes para toda a população.

12 RODOVIAS&VIAS
exclusiva

“O governo anterior tratou o tema


de forma demagógica e irresponsável,
satanizando as concessionárias e abrindo
uma avalanche de ações que se arrastam
nos tribunais”.

O metrô é viável em Curitiba? Estamos otimistas. O Afonso Pena está


É viável, sim. Claro que em nenhum lu- entre os aeroportos que mais crescem no
gar do mundo os custos de construção do país, e estas obras habilitarão o aeroporto
metrô são arcados exclusivamente pela de São José dos Pinhais a ampliar significa-
autoridade local. O governo federal sem- tivamente sua capacidade operacional.
pre tem uma participação importante, não
apenas na obra, mas muitas vezes também Uma das principais obras de infraestru-
em subsídios ao sistema para torná-lo viá- tura viária de sua gestão como prefeito da
vel economicamente. A expectativa é de capital do Paraná é a Linha Verde, sobre a
que o governo federal participe do metrô BR-116. Como foi viabilizar esta obra?
de Curitiba. Quando Prefeito, tive conta- O projeto original, feito na gestão ante-
tos com o Ministro Paulo Bernardo, assim rior, tinha sua licitação questionada na Justi-
como o Prefeito Luciano Ducci já conver- ça. Ajustamos o projeto e fizemos uma nova
sou com representantes do governo fede- licitação, superando todos os obstáculos ju-
ral para discutir o metrô. rídicos, técnicos e operacionais. A obra hoje
é uma realidade: abriu um novo corredor de
E o aeroporto Afonso Pena, enfim tere- transporte e integrou uma região da cidade
mos a terceira pista? antes fadada à estagnação social e econô-
O plano de investimentos para a Copa mica. Este novo pólo de desenvolvimento
de 2014 prevê o novo terminal de passagei- atrai investimentos e encoraja os pequenos
ros e a terceira pista, com recursos do orça- negócios, além de proporcionar valorização
mento federal da ordem de R$ 73 milhões. imobiliária.

RODOVIAS&VIAS 13
exclusiva

O senhor esteve com o Governador do O porto de Paranaguá tem estado na


Mato Grosso do Sul tratando da Ferroes- mídia por diversas razões: fila de cami-
te. O que vem por aí? nhões na supersafra da soja, investimen-
No início de fevereiro, estive em Bra- tos, como dragagem, por exemplo. Qual é
sília com o Governador André Puccinelli a real situação dos portos do Paraná?
discutindo um projeto de integração fer- A fila de caminhões decorreu de pro-
roviária entre o Paraná e o Mato Grosso do blemas pontuais que foram resolvidos de
Sul. A ideia é construir um ramal ferroviário pronto, no prazo de 48 horas, e voltou a se
ligando a Ferrovia do Pantanal, na região formar dias depois por causa das fortíssi-
de Maracaju e Dourados, com Cascavel/PR, mas chuvas que se abateram sobre pratica-
abrindo um novo eixo de exportação via mente todo o litoral do estado, derrubando
porto de Paranaguá. O projeto, de grande pontes e interrompendo o fluxo de veícu-
interesse para o país, é visto com simpa- los na BR-277, que liga Curitiba ao porto de
tia pelo governo federal, pois vai reduzir Paranaguá. A situação dos portos de Para-
custos no escoamento da safra agrícola de naguá e Antonina realmente era bastante
todo o Centro-Oeste e até do Norte do Bra- grave. Entre os muitos problemas técnicos
sil através de Paranaguá.

14 RODOVIAS&VIAS
exclusiva

“Apoiamos a reconstrução das estradas


em tudo quanto foi possível e elas foram
reabertas sem muita demora. A presença do
Estado foi mais necessária nas ações de
Defesa Civil e proteção social”.

Dallas, com total apoio da nova direção do


porto. Paranaguá havia se tornado um gra-
ve gargalo para a produção paranaense,
tirando competitividade dos nossos produ-
tores. Mas estamos revertendo a situação: o
porto se tornará um dos mais eficientes do
país.

Sabemos que as rodovias BR-277 e BR-


376 são de responsabilidade da iniciativa
privada. Suas recentes interdições aba-
e operacionais, destacava-se a falta de dra- laram diversos setores socioeconômicos
gagem em Paranaguá, que começamos a do Paraná. De que maneira o governo do
resolver já na primeira semana de janeiro. estado pode contribuir para resolver essa
Fizemos de forma emergencial a dragagem situação?
de berços – que não era feita havia vários Apoiamos a reconstrução das estradas
anos – e, tão logo tenhamos a licença am- em tudo quanto foi possível e elas foram re-
biental, vamos abrir a licitação para fazer abertas sem muita demora. A presença do
a dragagem dos canais de acesso. Mais estado foi mais necessária nas ações de de-
adiante, iniciaremos as obras de ampliação fesa civil e proteção social, no amparo às fa-
dos cais acostáveis, aumentando sua capa- mílias desabrigadas, mobilizando recursos,
cidade atual de movimentação de cargas transporte e o abastecimento de gêneros
de 38 milhões de toneladas/ano para 60 de primeira necessidade, destacadamente
milhões. Como resultado dos investimen- alimentos, remédios, água e roupas, atra-
tos iniciais, no dia 18 de março, depois de vés da Secretaria da Família. Paralelamente,
muitos anos, o porto de Paranaguá voltou a lançamos através de decreto o Programa
receber uma embarcação com capacidade Estadual de Recuperação Econômica do
para 68 mil toneladas de soja plenamente Litoral, que consiste na oferta de crédito a
carregada. Antes da dragagem, nenhum juros com taxas abaixo do mercado e apoio
navio poderia sair do porto com mais de técnico às empresas e à população da re-
55 mil toneladas de grãos. Outra questão gião, que abrange quase 200 mil pessoas.
eram as irregularidades em licitações, que O plano vai beneficiar os municípios de Pa-
desde janeiro estão sendo investigadas ranaguá, Morretes, Antonina e Guaratuba,
pela Polícia Federal, através da Operação mais atingidos pela chuva.

RODOVIAS&VIAS 15
em tempo

Rodovias&Vias
em terras capixabas
O Governador do Espírito
Santo, Renato Casagrande, com-
partilhou suas ideias com uma
de nossas equipes durante en-
trevista na edição de fevereiro e não deixou de conferir a edição da re-
vista. Suas palavras, diretas e sinceras, enriqueceram a entrevista com
profundidade, como quando afirmou que a BR-101 pode ser compa-
rada a uma roleta-russa, ou que o “aeroporto de Vitória é um símbolo
da ineficácia da administração pública. Da ineficácia e do travamento
ao qual está sujeito”. Assim como a Rodovias&Vias, Casagrande acre-
dita que “é preciso produzir”e “apresentar resultados”.

As pequenas diante das grandes


Pequenas empreiteiras, grandes obras. O paradoxo parece não convencer alguns setores do
governo federal, que querem regular a participação de empreiteiras de menor porte em obras grandes
de transportes. Alega-se que as pequenas empreiteiras não atendem os requisitos de qualidade na
execução das obras, nem dos projetos, além de usarem materiais deficientes e, consequentemente,
não cumprirem os cronogramas. Exemplos que comprovam a desconfiança não faltam. É o caso da
obra do Contorno Rodoviário de Cascavel/PR, parada há quase um ano por problemas financeiros da
empreiteira responsável, e do Rodoanel de Cuiabá/MT, também parada desde 2009. “O governo fica
exposto às pequenas empreiteiras, que oferecem preço baixo, mas executam um serviço de péssima
qualidade e demorado”, afirma o Diretor-Geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot. A saída, na visão do governo, é criar nova regra permitindo
a participação das menores, desde que reunidas em consórcios. A Câmara da Indústria Brasileira da
Construção Civil (CBIC) acredita que as alterações na Lei das Licitações devem ser bem feitas para
se evitar direcionamento de contratos. O Diretor Executivo da Associação Paulista de Empresários
de Obras Públicas (Apeop), Carlos Eduardo Lima Jorge, acredita que utilizar o critério preço como
desempate (como é feito atualmente) é arriscado, mas nem sempre a técnica prevalece, como no caso
de manutenções de estradas.

A mais antiga era empreiteira


Foto: Divulgação

Em última análise, a mais antiga empresa em


funcionamento de que se tem notícia, a Kongo
Gumi, era uma empreiteira, e japonesa. Suas opera-
ções, apesar de terem encerrado em 2006 após a li-
quidação da firma, que estava endividada, duraram
nada menos que 1.428 anos. Quarenta gerações
trabalharam na empresa, que construía e fazia ma-
nutenção de templos budistas e edificações como o
Castelo de Osaka, do século XVI.

16 RODOVIAS&VIAS
em TEMPO

Problema resolvido em seis dias


Talvez por suas tradições serem leva-
das a sério, tanto que até uma empresa
pode durar mais de 1.400 anos no país,
o Japão tenha também sido capaz de
reconstruir em apenas seis dias uma es-

Foto: Divulgação
trada destruída pelo recente terremoto
que gerou o tsunami e resultou na maior
tragédia dos últimos tempo. As imagens
da reconstrução circularam o mundo e
comprovam a competência na “ressusci-
tação” de 150 m da rodovia que liga uma
província à capital, Tóquio.

Talgo quer o Brasil

Foto:Rodovias&Vias
E veio até o nosso país para mostrar
seu entusiasmo com o mercado nacional.
A Rodovias&Vias conferiu com exclusivi-
dade o rápido – como seus trens – semi-
nário que aconteceu no hotel Sofitel, na
capital paulista. O CEO da empresa es-
panhola fabricante de trens, José Maria
Oriol, veio acompanhado do Diretor de
Inovação, Emilio Garcia, e do Diretor para
a América Latina e Portugal, João Cons-
tantino Meireles, mostrar a especialistas
do setor de transportes, do alto escalão
de empresas privadas e do setor público,
porque a Talgo pode ser um novo player
no Brasil no assunto trens, e principal-
mente de alta velocidade.

Velocidade garantida
Com o TAV (Trem de Alta Velocidade) ameaçando surgir no horizonte, a Talgo, que detém o
recorde mundial de velocidade em trem com tração a diesel (256 km/h, em 1998), por exemplo,
fez questão de deixar claro que quer participar da concorrência do projeto que, segundo os
maiores conhecedores do ramo, tem altas possibilidades de ultrapassar os R$ 35 bilhões em in-
vestimentos totais. Presente em países como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, além – é
claro – de sua terra natal, a Espanha, e ainda Cazaquistão e Bosnia-Herzegovina, apenas para
citar alguns, a Talgo possui tecnologias exclusivas como o “sistema pendular natural”, rodas
livres, uso de alumínio no fabrico das composições para diminuir o peso total e, assim, garantir
mais velocidade com menos consumo energético, que certamente podem garantir sua entra-
da no cenário da obra que representará, no mínimo, um novo começo “triunfal” do setor ferro-
viário brasileiro.

RODOVIAS&VIAS 17
Ilustração: Rodovias & Vias/Marco Jacobsen
Internacional

Desconstrução na Líbia
Brasileiros que trabalhavam na Líbia conseguem voltar para o Brasil depois de
dias de tensão. Quatro grandes empresas brasileiras trouxeram seus funcionários
de volta e agora vivem a incerteza da retomada dos trabalhos.

18 RODOVIAS&VIAS
desconstrução na líbia

A situação política na Líbia


paralisou importantes
obras de infraestrutura daquele
país. Entre as principais, estão a
construção de dois novos termi-
nais para o Aeroporto Interna-
cional de Trípoli e um novo anel
viário na capital. Tanto os termi-
nais quanto o contorno estavam
sendo tocados por consórcios
com a participação da construtora
brasileira Odebrecht, cujo quadro
de funcionários no país tinha 187
brasileiros. A empresa Queiroz
Galvão, com 130 brasileiros, teve
paralisados seis contratos (entre
obras de saneamento, drenagem,
abastecimento de água, ilumina-
ção pública e pavimentação) em
seis cidades próximas a Benghazi.
Além dessas empresas, Andrade
Gutierrez e Petrobrás completam
a lista das brasileiras com negó-
cios na Líbia.
O país do Norte da África tem
1,7 mil km de litoral no Mar Me-
diterrâneo. De acordo com a em-
presa Odebrecht, os investimen-
tos em infraestrutura seriam um
preparativo para torná-lo a princi-
pal entrada do continente.
Os novos terminais do aero-
porto de Trípoli foram projetados
para receber 20 milhões de pas-
sageiros ao ano. As obras esta-
vam orçadas inicialmente em 970
milhões de euros. Para o Terceiro
Anel Rodoviário de Trípoli (uma
autopista com 24 km de extensão
e 21 obras de arte especial), se-
rão gastos cerca 250 milhões de
euros. Fundada no século VII a.C.,
Trípoli tem, hoje, 1,7 milhão de
habitantes.
A saída dos brasileiros do país
não foi nada fácil. Voos lotados ou
cancelados aumentavam o senti-
mento de incerteza. As empresas
brasileiras chegaram a pedir auto-
rização para fretar voos, o que foi
negado pelo governo líbio. Uma
das alternativas encontradas foi
o caminho pelo mar. No dia 27 de
fevereiro, chegou à Grécia um na-
vio fretado pela Queiroz Galvão,
que partiu de Benghazi com 390
pessoas de várias nacionalidades,
entre elas, 148 brasileiros.
RODOVIAS&VIAS 19
intermodalidade

Intermodalidade
A falta de integração entre os modais agrava problemas de logística
no Brasil. A dependência de uns em relação aos outros pede investimentos
paralelos e simultâneos.

E ntre os inúmeros problemas de in-


fraestrutura de transporte no Bra-
sil, possivelmente um dos mais graves é
“O crescimento do Brasil só vai ser
sustentável com uma melhora da in-
fraestrutura logística do país como um
a falta de um planejamento estruturado, todo. E, sem dúvida, a integração de mo-
fundamentado na integração entre os dais é um dos aspectos principais”, diz o
vários modais básicos. O país ainda não engenheiro mecânico Rogério Pires, do
pensa, de maneira integrada, seus por- Comitê de Caminhões e Ônibus do con-
tos, aeroportos, rodovias, ferrovias, aero- gresso SAE Brasil – associação que reúne
vias e hidrovias. engenheiros, técnicos e executivos rela-
Entre os especialistas, a avaliação é cionados à tecnologia da mobilidade.
de que o país perde competitividade por Segundo Pires, o país precisa pen-
não ter essa visão em conjunto, o que sar na questão de maneira mais ampla,
agrava ainda mais os problemas causa- no sentido de buscar mais eficiência no
dos pela falta de investimentos na área transporte não só de cargas, mas tam-
de logística e aumenta o obstáculo para bém de passageiros. “Há um problema
empresas e indústrias. generalizado de transporte a granel no

20 RODOVIAS&VIAS
Especial

Brasil. O mínimo que se precisa pensar é


em uma ligação adequada entre a área Cidades
de produção e escoamento dos produ-
tos”, diz.
O engenheiro cita como exemplo Para Rogério Pires, a intermoda-
bem-sucedido o modelo europeu de lidade dentro das próprias cidades
transporte, que tem uma maior par- também é uma questão fundamental.
te concentrada em ferrovias. “Há toda “O que vemos hoje são linhas de ôni-
uma cadeia que fica prejudicada quan- bus paralelas às linhas de metrô, por
do há algum gargalo. Não há dúvida de exemplo, quando elas deveriam ser
que o país perde competitividade.” complementares, uma alimentando
Para o empresário Everton Sche- a outra”, aponta o engenheiro da SAE
ffer, dono da empresa de exportação e Brasil. Para ele, esse pensamento es-
importação SW, os problemas de infra- tratégico a partir das cidades é funda-
estrutura fazem com que o transporte mental para que a logística do país seja
no país seja lento e burocrático. Recen- eficiente.
temente, a empresa precisou de oito É o que deve acontecer em relação
dias para levar do interior ao Paraná ao ao trem-bala, por exemplo. Na avalia-
porto de Paranaguá uma carga de bis- ção de Pires, esse meio de transporte
coitos equivalentes a oito contêineres. não pode ser pensado isoladamente,
“Precisei contratar caminhões para levar apenas para ligar duas cidades. É fun-
o produto à estação, transferir para um damental pensar, por exemplo, nos
trem, que levou os biscoitos até o porto. acessos às estações via metrô. “É difícil
É um absurdo de tempo”, diz. “Além dis- imaginar que alguém que chega ao Rio
so, o trem no Brasil é muito caro, o que ou a São Paulo de trem-bala vá pegar
inviabiliza a exportação para negócios um ônibus do transporte coletivo co-
de médio porte.” mum”, alerta.
Foto: Rodovias&Vias / Alex Hekavei

Caminhão sendo carregado no porto de Antonina/PR.

RODOVIAS&VIAS 21
intermodalidade

Foto: Rodovias&Vias / Leonardo Pepi

Fila de caminhões para o porto de Paranaguá/PR, BR-277.

Paraná Trem-bala
Há poucas semanas, o Departamen- Algumas apostas do governo fede-
to de Estradas de Rodagem do Paraná ral para garantir a logística de transpor-
(DER-PR) anunciou que está estudan- tes de passageiros nos próximos anos,
do as ações administrativas necessá- em especial na Copa do Mundo de 2014
rias para integrar o setor rodoviário aos e nas Olimpíadas de 2016 no Rio de Ja-
demais modais de transporte e, assim, neiro, são o ônibus e os trens. O trem de
aumentar a competitividade do estado. alta velocidade (TAV), uma das priorida-
Entre os pontos, segundo o governo, des do atual governo e que passa pelo
estão as reivindicações do setor produ- processo de viabilidade, deve ajudar a
tivo sobre obras e gerenciamento de desafogar aeroportos e rodovias.
operações de rodovias por parte das Estudos sobre o projeto do novo
concessionárias. trem, que deve ligar o Rio de Janeiro a
O Diretor-Geral do DER-PR, Amauri São Paulo – possivelmente passando
Medeiros Cavalcanti, citou como ações por outros municípios do trajeto, como
fundamentais um plano diretor para lici- Campinas e Aparecida (por conta do
tação de linhas de transporte intermunici- viés turístico-religioso) –, revelam que
pal de passageiros e a ampliação do ferry- ele pode absorver até 53% do tráfego
boat que opera na baía de Guaratuba. entre os dois estados.
No Seminário de Diagnóstico Insti- Segundo os estudos sobre o TAV, ele
tucional da Secretaria de Insfraestrutura tem potencial para atender a 67% da
e Logística, realizado no início de feve- demanda hoje absorvida pelos ônibus,
reiro em Curitiba, o Secretário da pas- diminuir em cerca de 47% as viagens de
ta, José Richa Filho, disse que o estado automóveis e em quase 50% o fluxo da
precisa de um planejamento integrado. ponte aérea.
“Não adianta nada um modal resolver O desafio, no entanto, é tirar o proje-
seu problema e outro não. Trabalho to, orçado em R$ 33 bilhões, do papel, o
com sinergia é fundamental para o de- que deve acontecer com o apoio do se-
senvolvimento da infraestrutura e da tor privado (inclusive com participação
logística paranaense.” de empresas estrangeiras). O plano ini-

22 RODOVIAS&VIAS
Especial

Ilustração: Divulgação
Projeto do trem-bala brasileiro.

cial prevê de 8 a 11 estações no percur- Outro projeto fundamental para o


so – incluindo os aeroportos do Galeão estado é a ampliação da bitola do ramal
(Rio de Janeiro), Guarulhos (São Paulo) ferroviário Acarape-Mucuripe. A substi-
e Viracopos (Campinas). A previsão é de tuição da bitola, orçada em R$ 300 mi-
que ele transporte, por ano, entre 8 e 10 lhões, é essencial para integrar o porto
milhões de passageiros com fluxo diário de Fortaleza à ferrovia Transnordestina
de aproximadamente 22 mil pessoas. – que está sendo executada em bitola
larga, permitindo a circulação de va-
gões maiores. O transporte de cargas
São Paulo para o porto de Mucuripe é feito atual-
mente em bitola menor. Sem a amplia-
O principal porto do país, em Santos, ção, o terminal ficará defasado inclusive
litoral paulista, sofre com a falta de inte- em relação ao porto de Pecém, no qual
gração dos modais de transporte em seu está sendo construído um terminal
complexo. Apesar da grande demanda multiuso que, no futuro, será integrado
de cargas, são necessárias obras de in- à Transnordestina.
fraestrutura que permitam o acesso – e o
crescimento – do terminal. Um primeiro
passo deve ser dado ao longo dos pró- Tocantins
ximos meses, com o início das obras da
Avenida Perimetral da Margem Esquer-
da, no Guarujá. Mas o estado precisa in- Em situação parecida com a cea-
vestir, ainda, na construção dos ramos rense, o aproveitamento do potencial
Norte e Sul do Ferroanel. do porto fluvial de Praia Norte, no To-
cantins, depende da criação de um
ramal de transbordo para embarque
Ceará e desembarque de mercadorias. O ter-
minal pode ser uma alternativa para de-
Os casos dos portos do Mucuripe e safogar o porto de Belém – desde que
do Pecém, no estado do Ceará, são em- garantida a integração com a ferrovia
blemáticos. As obras de dragagem e de Norte-Sul.
ampliação dos terminais vão aumentar Inúmeros estudos apontam o trans-
em até 30% a capacidade de movimen- porte fluvial como um dos mais baratos
tação dos portos. Mas a integração en- e eficientes do mundo, tanto que diver-
tre o transporte marítimo e o rodofer- sos países da Europa utilizam essa for-
roviário é condição básica para garantir ma para escoar seus produtos de forma
o escoamento das cargas para além do ágil e barata. A sua exploração, no en-
cais, garantindo que esse crescimento tanto, depende fundamentalmente da
se estabeleça de fato. criação de modais de integração.

RODOVIAS&VIAS 23
intermodalidade

Foto: Rodovias e Vias


velocidade. O modelo deve ser o mes-
Referências estrangeiras mo adotado no Brasil, ou seja, uma
para o transporte de combinação de recursos públicos e
passageiros privados.

O projeto brasileiro foi anunciado


pelo Ministério dos Transportes em Alternativas
junho de 2007. No mundo, o projeto
japonês, datado de 1964, é conside- As alternativas para desafogar os
rado o pioneiro no segmento. Está na principais aeroportos do país, na sua
França, no entanto, o trem mais rápi- maioria já operando acima da capaci-
do – em 2007, o modelo V150 atingiu dade, passam necessariamente pelo
574,8 km/h. A primeira linha do país investimento em outros meios de
foi criada em 1981, ligando Paris a transporte, que permitam o redirecio-
Lyon. De lá para cá, a França acumu- namento dos passageiros para outros
la uma malha viária de 1,8 mil km de locais próximos. Esse redirecionamen-
linhas de alta velocidade. E a previsão to já vem ocorrendo, motivado por
é de que o governo francês invista 70 ações das próprias companhias aéreas.
bilhões de euros até 2020 para a cons- É o que tem feito a Azul, por exemplo,
trução de mais de 2 mil km de linhas. que oferece voos para Campinas, a cer-
A China, por sua vez, pretende ca de 90 km da capital paulista, e ôni-
construir 30 mil km de trilhos até 2014 bus gratuitos para levar seus passagei-
– sendo 13 mil km para trens de alta ros ao centro de São Paulo.

24 RODOVIAS&VIAS
Especial
Foto: Rodovias&Vias / Leonilson Gomes

Transporte de cargas
A escolha de cada modal reflete na condição e necessidade específica
sobre o material a ser distribuído, o ritmo de distribuição e o custo logístico.
Rodovia: o transporte rodoviário oferece rotas de curta distância de produtos aca-
bados ou semiacabados. As vantagens do uso de caminhões nas estradas são o servi-
ço porta a porta, a frequência e disponibilidade dos serviços, a velocidade e o fato de o
mercado de pequenas cargas ser mais competitivo em comparação ao ferroviário.

Ferrovia: o transporte ferroviário é lento, muito utilizado para transportar matérias-


-primas e manufaturados de baixo valor para longas distâncias. Comparado ao rodovi-
ário, oferece fretes bem mais baratos. Outra característica é que no modal ferroviário há
o estoque em trânsito, em que o tempo de viagem é considerado período de estoque.

Aerovia: as grandes características do modal aeroviário são a alta taxa de frete e as


dimensões físicas dos porões de carga dos aviões. Transporta itens com pouco volume
e alto valor agregado, como eletrônicos, instrumentos óticos e materiais frágeis. A prin-
cipal vantagem do aeroviário é a velocidade em grandes distâncias. A variabilidade é
baixa no quesito confiabilidade.

Hidrovia: exige a utilização de outro modal auxiliar de transporte combinadamente.


O sistema é mais lento que a ferrovia, pois sofre forte influência das condições meteo-
rológicas e necessita de margens navegáveis. Transporta principalmente granéis como
carvão, minérios, cascalho, areia, petróleo, ferro, grãos, entre outros. Ou seja, trabalha
com itens de baixo valor agregado e não perecíveis.

RODOVIAS&VIAS 25
Por mais
ferrovias
De acordo com o Plano Nacional de Logística e Transportes, do governo
federal, 2025 será o ano em que as ferrovias representarão 32% da matriz
de transporte nacional. Para isso, os investimentos estão sendo feitos
principalmente na implantação de novos trechos.

26 RODOVIAS&VIAS
Fotos: Rodovias&Vias/Paulo Negreiros
Geração de empregos

Alta tecnologia

Grande volume de carga por longas distâncias

RODOVIAS&VIAS 27
capa

O Brasil já teve 35 mil km de ferro-


vias. Isso até as décadas de 60 e
70, quando foram erradicados os ramais
(ANTF), Rodrigo Vilaça, o Brasil precisa de
52 mil km de estradas de ferro. “Na déca-
da do ano 2000, o sistema foi recuperado.
“antieconômicos”. Nos anos 80 e 90, sur- Acredito que até a década de 2011 a 2020,
giram novas linhas: Estrada de Ferro Cara- e de 2021 a 2030, o país possa realmente
jás (Maranhão e Pará), Ferroeste (Paraná), produzir essas ferrovias, trens de alta velo-
Ferronorte (Mato Grosso do Sul) e Ferrovia cidade, trens de carga, trens de passageiro,
Norte-Sul (Maranhão). Nessa época, o mo- de turismo”, afirma. “Estamos sim numa
dal ferroviário representava cerca de 20% evolução para termos até 2025 capacida-
da matriz de transporte nacional e trans- de e gerenciamento eficaz, com avanço
portava principalmente minério de ferro, de tecnologia, auditoria, estabilidade jurí-
combustíveis e grãos agrícolas, mas muito dica, marco regulatório, além da questão
pouco de carga geral. ambiental. Com isso, atrair capital nacional
Em 1992, o Plano Nacional de Deses- e internacional para executar essas obras
tatização, gerido pelo BNDES, privatizou que estão plenamente dentro daquilo que
a Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) e a o governo projetou.” Para Vilaça a privatiza-
dividiu em seis malhas. Junto com a con- ção das ferrovias foi um acerto. “A ferrovia
cessão à iniciativa privada (por 30 anos), demonstrou claramente, com a iniciativa
foram arrendados os ativos operacionais. privada, que é capaz de ter um papel dife-
O modelo previa metas para a redução de renciado na movimentação de mercado-
acidentes e o aumento da produção ferro- rias e pessoas.”
viária.
O que na teoria era muito bom não se
confirmou imediatamente na prática. De
acordo com o mestre em engenharia Silvio Novas Linhas
dos Santos, as concessionárias herdaram a
malha da RFFSA e seus equipamentos em A principal característica das estradas
mau estado de conservação. “A frota de lo- de ferro é ter o melhor custo benefício ao
comotivas, com idade média elevada, não transportar grandes volumes de carga por
recebia o suporte financeiro para manu- longas distâncias. Para o Presidente da Va-
tenção adequada, a qual dependia de pe- lec, as rodovias, responsáveis por aproxi-
ças de reposição importadas. As consequ- madamente 58% da matriz de transporte
ências foram graves e desencadearam um no Brasil, estão recebendo um volume de
processo de canibalização (utilização de cargas que não condiz com sua natureza.
peças de locomotivas paralisadas) e atrasos “O treminhão, o trem, está nas rodovias
nos programas de manutenção preventi- e ele precisa voltar para os trilhos, que é o
va.” modal apropriado para grandes quantida-
Levou algum tempo para as empresas des”, explica Juquinha das Neves.
se acertarem. O Plano Nacional de Logística Mas para que esses grandes volumes
e Transportes (PNLT), elaborado em 2006, sejam embarcados nos trens e percorram
registrou a participação ferroviária em 25%. grandes distâncias, é preciso que se loca-
Hoje são aproximadamente 28,5 mil km de lizem próximos à origem, ou então que a
linhas férreas dentro do território brasilei- estrada de ferro por onde a carga viajará es-
ro. Entretanto, com o crescimento de todo teja conectada a pontos de transbordo, se-
o mercado de cargas, os resultados ainda jam eles hidrovias, rodovias, aeroportos ou
são insuficientes. “A eficiência ferroviária mesmo uma outra estrada de ferro. A estra-
em transporte de grandes quantidades a tégia de implantação das ferrovias Norte-
grandes distancias, adequada aos países de -Sul e Oeste-Leste tem esse viés. Somadas
dimensões continentais como o Brasil, não a outros projetos da Valec, elas fazem parte
está presente em toda a malha, restringin- do maior programa de implantação ferro-
do-se aos fluxos de minério de ferro e do viária já registrado no Brasil. A Valec Enge-
complexo da soja, e este último não atende nharia, Construções e Ferrovias é empresa
plenamente”, alerta Silvio dos Santos. pública, vinculada ao Ministério dos Trans-
Para o Diretor Executivo da Associação portes, mas funciona sob forma de socieda-
Nacional dos Transportadores Ferroviários de por ações.

28 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

Fotos: Rodovias&Vias / Paulo Negreiros


O Brasil tem 28,5 mil km de linhas férreas.
De acordo com a ANTF o país necessita de 52 mil km.

RODOVIAS&VIAS 29
capa

ferrovia Norte-Sul
A Ferrovia Norte-Sul foi projetada para ser uma estrada de ferro central, tronco do
modal no Brasil. Ela ligará as ferrovias do Sul, Sudeste e Centro-Oeste ao Norte e Nordeste
do país. A construção da primeira etapa está prevista para ser concluída no mês de julho.
Um corredor de 1.574 km fará a ligação entre o Cerrado e o litoral do Maranhão. Numa
ponta está o município de Anápolis, em Goiás, e na outra Açailândia, no Maranhão. A
partir de Açailândia, as cargas poderão seguir para o porto de Itaqui pela Estrada de
Ferro Carajás.

30 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

A integração do Nordeste do Brasil mão/GO, comemora a mudança do


com o Sudeste ocorrerá pela Ferrovia traçado da ferrovia, que inicialmente re-
Norte-Sul, através da Extensão Sul. São ceberia um ramal da Extensão Sul. Um
681 km entre Ouro Verde/GO e Estrela novo estudo decidiu por levar a linha
D’Oeste/SP. As obras estão divididas em mestre por dentro do município. “Te-
cinco lotes (veja quadro). remos um complexo intermodal com
O engenheiro Afonso Erasmo Biselli, hidrovia, rodovia, ferrovia e possibilida-
Superintendente de Construção da Va- des de termos aerovia.”
lec, explica os benefícios que a ferrovia O Secretário de Administração e Fa-
trará para a região: “O setor produtivo zenda do município de Santa Helena
terá seus insumos barateados por causa de Goiás, Daniel Humberto de Souza,
do frete. Em algumas cidades, teremos vive a expectativa do aquecimento da
os portos secos, que fazem a integração economia da cidade com o início das
entre os modais. Indústrias devem ser obras. “Vai incrementar o comércio das
atraídas para a região, gerando empre- empresas locais, além de atrair outros
gos e arrecadando impostos”, afirma empreendimentos. Está prevista aqui
ele. para Santa Helena a construção de uma
A Extensão Sul da Ferrovia Norte-Sul plataforma logística, que vai gerar em-
cortará 30 municípios: 20 em Goiás, 4 pregos de qualidade em quantidade,
em Minas Gerais e 6 em São Paulo. tanto na construção como na operacio-
Assis Peixoto, Prefeito de São Si- nalização da ferrovia”, comemora.

ferrovia norte-sul
extensÃo sul
Lote 1es
111,72 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
ouro verde X RODOVIA go-156
Goiás 3 pontes 3 viadutos 4 passagens inferiores

Lote 2es
135,36 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
go-156 x rio verdão
Goiás 6 pontes 4 viadutos

Lote 3es
144,23 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
rio verdão X cÓrrego cachoeirinha
Goiás 7 pontes 4 viadutos 3 passagens inferiores

Lote 4es
148,30 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
cÓrrego cachoeirinha x rio arantes
Goiás 7 pontes 4 viadutos 1 passagem superior

Lote 5es
141,95 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
rio arantes x estrela d’oeste
Minas Gerais São Paulo 6 pontes 6 PASSAGENS SUPERIORES 8 passagens inferiores

RODOVIAS&VIAS 31
capa
ferrovia norte-sul
TRECHO 9
140 km Previsão de término: março 2011
em execução
Ribeirão Tabocão X palmas
acabamento alívio de tensão
Tocantins

TRECHO 12
98,9 km Previsão de término: março 2011
em execução
palmas x córrego jabuti
terraplanagem grade Nivelamento
Tocantins

TRECHO 13
109,4 km Previsão de término: maio 2011
em execução
córrego jabuti x córrego cabeceira grande terraplanagem oac brita para lastro
Tocantins dormente grade solda

TRECHO 14
102,1 km Previsão de término: maio 2011
em execução
córrego cabeceira grande x Córrego Chicote terraplanagem oac brita para lastro
Tocantins dormente grade solda

TRECHO 15
65,8 km Previsão de término: março 2011
em execução
Córrego Chicote x rio canabrava
acabamento alívio de tensão
Tocantins Goiás

TRECHO 16
51,5 km Previsão de término: março 2011
em execução
rio canabrava x RODOVIA GO-244
acabamento alívio de tensão
Goiás

TRECHO 10
102,1 km Previsão de término: maio 2011
em execução
RODOVIA go-244 x RODOVIA go-239 terraplanagem oac brita para lastro
Goiás dormente grade solda

TRECHO 11
71,6 km Previsão de término: maio 2011
em execução
RODOVIA go-239 x pátio de uruaçu terraplanagem brita para lastro
Goiás dormente grade solda

TRECHO 4
108 km Previsão de término: maio 2011
em execução
pátio de uruaçu x pátio de santa izabel terraplanagem brita para lastro
Goiás grade solda

TRECHO 3
71 km Previsão de término: abril 2011
em execução
pátio de santa izabel x pátio de jaraguá terraplanagem solda alumínio
Goiás grade nivelamento

TRECHO 2
52,1 km Previsão de término: abril 2011
em execução
pátio de jaraguá x Ouro verde terraplanagem
Goiás grade nivelamento

32 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

RODOVIAS&VIAS 33
capa

ENTREVISTA Juquinha das Neves

Rodovias&Vias conversou com o Diretor-Presidente da Valec,


Juquinha das Neves, que nos explicou sobre a retomada do setor ferroviário
pelo governo federal e também deu detalhes do início de operação da
Ferrovia Norte-Sul e da Extensão Sul. Acompanhe:
Fotos: Rodovias&Vias/Leandro Dvorak

Rodovias&Vias: Quais são os prin- a Presidenta Dilma lançou o projeto da


cipais empreendimentos tocados pela Ferrovia de Integração Oeste-Leste, a
Valec? Fiol. Essa ferrovia vai integrar a região
Estamos executando hoje, no país, o mais pobre com a região mais rica da
maior programa já registrado na histó- Bahia. A Extensão Sul (da Ferrovia Nor-
ria do Brasil dentro do modal ferroviário. te-Sul) vai chegar a São Paulo, agora até
A Ferrovia Norte-Sul está prestes a ser Estrela D’Oeste, com mais de 600 km de
concluída dentro da sua primeira con- ampliação da Ferrovia Norte-Sul. Além
cepção, que é até a chegada a Anápolis disso, está previsto o lançamento da
e ligando Anápolis até o porto de Itaqui. Ferrovia de Integração Centro-Oeste
Quando ainda era Ministra da Casa Civil, (Fico), que vai se ligar com a Ferrovia

34 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

“Estamos executando hoje, no país, o maior


programa já registrado na história do Brasil dentro
do modal ferroviário. A Ferrovia Norte-Sul está
prestes a ser concluída dentro da sua primeira
concepção, que é até a chegada a Anápolis e ligando
Anápolis até o porto de Itaqui.”

Juquinha das Neves


Diretor- Presidente da VALEC

Norte-Sul. Estamos aguardando a li-


cença prévia ambiental para colocar o
trecho em licitação. Nunca se pensou
e executou tantas obras ferroviárias começaram a ser feitos. Nunca no nosso
quanto no primeiro governo Lula e ago- país nós tivemos uma abrangência de
ra continuando com o governo da Pre- investimento tão grande no modal fer-
sidenta Dilma. roviário quanto temos agora.

Investimentos em ferrovia signifi- Existe previsão para geração de


cam uma real preocupação do gover- emprego e renda com as obras que es-
no com a intermodalidade? Tirar o Bra- tão iniciando?
sil da dependência do caminhão? Só na obra, estas três ferrovias vão
Lula, no primeiro governo dele, co- gerar em torno de 70 mil empregos
locou o Brasil nos trilhos, e a Valec está diretos e 200 mil empregos indiretos,
colocando trilhos no Brasil. Esses pro- uma verdadeira transformação.
gramas são a retomada daquilo que
nós perdemos, a cultura pela ferrovia. De que forma a Valec se preocupa
Enquanto o mundo inteiro caminhou com a preservação do meio ambiente
para a colocação de trilhos, nós para- na realização destas grandes obras fer-
mos. Ficamos só na base da borracha, e roviárias?
na verdade o treminhão está nas estra- Temos um cuidado muito grande
das. O trem, na verdade, está nas rodo- com o meio ambiente. Nunca tivemos
vias. Ele tem que voltar para os trilhos, problemas com o Ibama, na concessão
que é o seu modal correto. A Norte-Sul das licenças ambientais. A Valec tem
será uma ferrovia próxima ao tamanho uma equipe preparada para fazer os
da Transiberiana, vai ter em torno de estudos da forma como eles devem ser
5.400 km. Agora estamos em busca do feitos, sem infringir a parte ambiental.
encontro mais rápido com os países Procuramos de toda forma evitar pro-
da Ásia, fechando uma conexão com o vocar danos. Aqueles que por eventual
Peru, no município de Boa Esperança, situação sejam provocados, fazemos a
divisa do Acre com o Peru. Os estudos já devida compensação ambiental.

RODOVIAS&VIAS 35
36 RODOVIAS&VIAS
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RODOVIAS&VIAS 39
capa

FIOL
Ferrovia de Integração
Oeste-Leste
Passo importante na estratégia de aumento da participação
do modal ferroviário na matriz de transporte brasileira, a
Ferrovia Oeste-Leste – ou Fiol, para os mais familiarizados – já
começa a tomar forma.
Foto: Rodovias&Vias/Paulo Negreiros

40 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

Sob o olhar atento dos trabalhado- Quase 2 milhões de dormentes do


res, fica mais nítido o caminho de opor- tipo monobloco de concreto serão
tunidades que irá de Ilhéus, na Bahia, assentados em um lastro de brita de
a Figueirópolis, no vizinho estado do aproximadamente 3 milhões de me-
Tocantins. Rodovias&Vias esteve lá tros cúbicos. Estes monoblocos de
para acompanhar de perto a evolução concreto demonstram a preocupação
dos trabalhos que prometem dar va- da Valec em atingir um alto padrão
zão ao imenso potencial mineral e agrí- construtivo. Mesmo que inicialmen-
cola da região. Caminhar sobre a terra te um pouco mais caros, eles “se pa-
recém-revolvida pelas máquinas é uma gam” por oferecer maior durabilidade,
experiência singular. Nela estão regis- o que representa menos necessidade
tradas pegadas, marcas de esteiras e de manutenção.
pneus, que formam um desenho difícil Entrecortando o traçado, 57 pon-
de compreender à primeira vista. Arte tes, 30 viadutos e 6 passagens inferio-
abstrata e efêmera, elas logo se dissol- res. A ponta do lápis risca rapidamen-
verão, formando outros traços, que su- te no papel a respeitável marca de 93
cederão mais outros tantos em meio à obras de arte especiais. Um número
intensa movimentação no canteiro de que expressa, além do gigantismo das
obras. Até que reste tão somente uma obras deste trecho, a tecnologia que
superestrutura. Lógica, sólida, linear. nelas será empregada pelas 27 em-
E é esta superestrutura, superlativa em presas construtoras, todas figurando
todos os sentidos, que suportará o peso entre as mais tecnicamente prepara-
de milhões de toneladas de produção, das do Brasil.
esperanças e novas perspectivas. Atestando as dimensões que a Fiol
Somente o anúncio da licitação das representa, o Governador reeleito da
obras da Ferrovia de Integração Oeste- Bahia, Jaques Wagner, declarou: “Essa
Leste foi capaz de injetar novo ânimo grande obra é a maior das últimas
em populações que, até então, tinham décadas em termos de logística, por-
a barreira física de muitos quilômetros que ela será praticamente a redenção
como maior empecilho para sua in- da produção do Oeste baiano e trará
clusão no mapa econômico do estado também muitas novidades, muitas
da Bahia e do Brasil. Ao todo, a equi- novas empresas e projetos agríco-
pe da Rodovias&Vias designada para las.” É esta capacidade de atração de
esta cobertura percorreu quatro lotes, novos empreendimentos que torna
passando por Ilhéus, Barra do Rocha, a execução de grandes infraestrutu-
Jequié, Tanhaçu e Brumado. Em todos ras possível e viável. No caso da Fiol,
eles, a descrição que o leitor acabou de o magnetismo exercido é tamanho
ler pode ser aplicada. que chamou até mesmo a atenção de
quem está do outro lado do mundo.
O empresariado chinês também vol-
tou seus olhos para ela, antecipando
planos no setor de processamento de
O trecho alimentos nas regiões que serão ser-
vidas por ela, como ficou explicitado
Especificamente neste início de na visita de uma comitiva do Governo
obras, a Fiol contará com frentes de Popular de Chongqing, neste mês, ao
trabalho em uma extensão de 1.021 Ministro dos Transportes, Alfredo Nas-
km, todos em solo baiano, de Ilhéus cimento. Mais do que um amontoado
a Barreiras. As estimativas são tão im- considerável de números impressio-
pactantes quanto as expectativas: so- nantes, a ferrovia possui ainda um
mente este trecho movimentará mais status impregnado de singeleza que
de 65 milhões de metros cúbicos de até certo ponto contrapõe-se a seu
terra, entre escavações, carga/descar- peso e sua força. Trata-se de um so-
ga e transportes de primeira, segunda, nho baiano antigo, prestes a ser reali-
terceira categorias. zado: ligar o mar ao sertão.

RODOVIAS&VIAS 41
capa

FERROVIA DE INTEGRAÇÃO
OESTE-LESTE
1.ª Etapa
8 lotes
Lote 1F
125 km Início das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
Terminal de Ilhéus X Rio Preguiça
Município de Itagibá 8 pontes 2 viadutos 3 passagens inferiores

Lote 2F
118 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
Rio Preguiça x Riacho Jacaré
Município de Itagibá Município de Jequié 10 pontes 1 viaduto

Lote 3F
115,36 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
Riacho Jacaré X Rio de Contas
Município de Jequié Município de Tanhaçu 14 pontes 1 viaduto

Lote 4F
178,28 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
Rio das Contas x Riacho da barroca
Município de Tanhaçu Município de Caetité 7 pontes 6 viadutos 2 passagens inferiores

Lote 5F
162 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
Riacho da barroca x Rio São Francisco
Município de Caetité Município de Bom Jesus da Lapa 1 ponte 7 viadutos 1 passagem inferior

Lote 5Fa
2,9 km INÍCIO das obras: Janeiro 2011
Previsão de término: dezembro 2012
ponte do Rio São Francisco
Município de Bom Jesus da Lapa

Lote 6F
159,31km INÍCIO das obras: a definir
Previsão de término: 24 meses
Rio São Francisco x rio sem denominação
Município de Bom Jesus da Lapa 9 pontes 11 viadutos

Lote 7F
161,12 km INÍCIO das obras: a definir
Previsão de término: 24 meses
rio das fêmeas x vicinal acesso br-135
Município de Correntina Município de São Desidério 8 pontes 2 viadutos

42 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

RODOVIAS&VIAS 43
capa

ENTREVISTA Otto Alencar


O Vice-Governador da Bahia é também o Secretário de Infraestrutura
do estado. Ele, mais do que ninguém, sabe muito bem o que a implantação
da Ferrovia Oeste-Leste significa para os baianos. Com a palavra, Otto
Alencar:
Fotos: Rodovias&Vias/Paulo Negreiros

Rodovias&Vias: Uma obra com- por cada lote dessa ferrovia deverão
plexa como a implantação da Ferro- cumpri-los.
via Oeste-Leste pode demandar bas- Espero não haver dificuldades. O
tante tempo. Qual é sua expectativa projeto foi muito bem elaborado e as
quanto ao cronograma da obra? empresas têm respaldo, têm currículo
Os prazos para construção estão para executar a obra. Espero não ha-
previstos, e as empresas responsáveis ver nenhum tipo de problema.

44 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

“O projeto foi muito bem elaborado e


as empresas têm respaldo, têm currículo para
executar a obra. Espero não haver nenhum
tipo de problema.”

Otto Alencar
Vice-Governador da Bahia

tato com uma empresa que visa fazer


Que benefícios diretos e também a instalação, no porto de Ilhéus, de um
indiretos virão principalmente para o estaleiro para a construção de módulos
povo baiano? para a Petrobrás. É bem provável que
Grandes benefícios, a começar pelo nessa região, com a instalação do porto
escoamento da produção do Oeste, que e da ferrovia, com as empresas interes-
é uma região produtora de soja e a se- sadas, falte mão de obra, como já tem
gunda maior produtora de algodão do faltado em várias regiões do Brasil, na
Brasil, atrás apenas do Mato Grosso. A construção civil. A região de Itabuna,
mineração de Caetité, as minas de fer- toda a região do cacau deve ser bene-
ro, deve levar a Bahia a um desenvolvi- ficiada com a implantação da ferrovia.
mento econômico muito grande. Isso é Uma das atividades que estão sendo
um sonho antigo, de mais de 40 ou 50 implementadas lá, pelo governo do es-
anos. Um dos primeiros homens que tado, são incentivos à produção do bio-
sonhou com isso foi o Deputado Vasco diesel através do dendê. Agora mesmo
Neto. A Bahia tem um litoral grande, tem uma empresa que vai se instalar no
uma costa que se adequa bem para município de Una e deve gerar 500 em-
isso. Nós já temos hoje, em funciona- pregos diretos para produzir biodiesel a
mento na Bahia, cinco portos. Vamos partir do dendê. Essa empresa está tra-
ter o sexto porto. balhando com os agricultores da agri-
cultura familiar. São mais de mil famílias
Qual é o impacto econômico desta envolvidas na produção do dendê para
nova ferrovia? a produção de biodiesel. Os investimen-
Deve gerar muitos empregos, além tos em tecnologia, de estudos científi-
de despertar o interesse de outras em- cos, somados à instalação do porto e da
presas, que já começam a se movimen- ferrovia, vão promover um desenvolvi-
tar na direção de Ilhéus. Já tivemos con- mento econômico bem maior.

RODOVIAS&VIAS 45
46 RODOVIAS&VIAS
RODOVIAS&VIAS 47
capa

Nova
Transnordestina
Em leilão realizado em 1997, a Transnordestina Logística obteve
a concessão da Malha Nordeste, que pertencia à Rede Ferroviária
Federal S.A. A outorga foi efetivada por decreto presidencial e
publicada no Diário Oficial da União.

48 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

Foto: Divulgação
A visão da Transnordestina Logística é
se tornar líder em logística no Nordeste, li-
gando o cerrado aos portos de Suape/PE e
Pecém/CE, tendo como principais cargas
grãos, fertilizantes e minérios. Depois de um
período de pesquisas, agrícolas e minerais,
foram identificadas as cargas que dariam
suporte ao crescimento sustentável da fer-
rovia e com isso foi definido o traçado da es-
trada de ferro.

Características
A obra, que começou em 2006, batizada
de Nova Ferrovia Transnordestina, terá 1.728
km de trilhos quando concluída, em 2013. De
acordo com informações da empresa, cerca
de 70% devem estar prontos ainda no final de
2012. O investimento total é de R$ 5,4 bilhões.
A ferrovia corta três estados - Piauí, Per-
nambuco e Ceará - e vai ligar portos de Pe-
cém e Suape. A expectativa é de transportar
cerca de 30 milhões de toneladas de carga
por ano, principalmente minério e grãos.
O município de Araripina, em Pernambu-
co, deve ser um dos grandes beneficiados.
Na cidade está localizada uma jazida de gip-
sita, e a ferrovia vai possibilitar o transporte
do produto com menos custo. Atualmente, o
local tem pouca infraestrutura de transporte.
A expectativa é que a ferrovia também
amplie a produção agrícola, predominante
na região. Regiões produtoras que hoje têm
acessos ruins se tornarão mais competitivas
com a presença dos trilhos.

Empregos

Atualmente, cerca de 10 mil pessoas traba-


lham no empreendimento com carteira assina-
da. Esse número pode chegar a 18 mil no pico
da obra. De acordo com o Diretor- Presidente
da Transnordestina Logística S.A., Tufi Daher
Filho, o Nordeste vai sentir os impactos alta-
mente positivos quando a ferrovia começar a
operar: “A possibilidade de desenvolvimento
da região Nordeste é certa. Segundo dados do
Banco do Nordeste, quando a ferrovia estiver
operando ela vai gerar cerca de 500 mil novos
empregos, em diversos segmentos.”

RODOVIAS&VIAS 49
capa

ENTREVISTA Rodrigo Vilaça


Diretor Executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários,
Rodrigo Vilaça é pragmático: com a participação da iniciativa privada, o setor
ferroviário sofreu mudanças tremendas, para melhor. Saiba por quê:
Fotos: Rodovias&Vias/Paulo Negreiros

O Plano Nacional de Logística e trens de carga, trens de passageiros e


Transportes prevê para 2025 uma par- trens de turismo. Um país continental
ticipação de 32% das ferrovias no mo- como o nosso já necessita de 52 mil km
dal de transporte nacional. Isso é pos- de malha. A ferrovia demonstrou cla-
sível? ramente, com a iniciativa privada, que
Nós somos otimistas em relação a é capaz de ter um papel diferenciado
este percentual porque entendemos na movimentação de mercadorias e de
que na década do ano 2000 o sistema pessoas. No futuro, teremos capacidade
ferroviário foi recuperado e o governo e gerenciamento eficaz, com avanços
trouxe à pauta nacional o desenvol- tecnológicos, auditoria, estabilidade
vimento do sistema metroferroviário. jurídica e marco regulatório, além da
Ou seja, não só carga, mas passageiros questão ambiental, condições suficien-
também. E isso naturalmente trouxe à tes de atrair capital nacional e interna-
discussão nacional a necessidade de re- cional pra executar estas obras que es-
cuperarmos o tempo perdido nas déca- tão plenamente corretas naquilo que o
das de 80 e 90. Então eu quero crer que governo projetou de crescimento e ex-
na década de 2011 a 2020 e 2021 a 2030 pansão da malha ferroviária brasileira,
o país possa realmente produzir essas para carga e passageiros, que é o caso
ferrovias, de trens de alta velocidade, do trem de alta velocidade.

50 RODOVIAS&VIAS
POR MAIS FERROVIAS

“A ferrovia demonstrou claramente, com


a iniciativa privada, que é capaz de ter um
papel diferenciado na movimentação de
mercadorias e de pessoas.”

Rodrigo Vilaça
Diretor Executivo da Associação Nacional dos
Transportadores Ferroviários (ANTF)

na bitola larga, não tem problema ne-


nhum. O contrário é que não pode
A respeito do tamanho de bitola. acontecer, pois o dormente é maior, a
Essas novas ferrovias que estão sen- distância é muito maior. Mas isso não
do implantadas são com bitola larga, compromete em absolutamente nada
com 1,6 m? o crescimento do setor.
Depende. Se for na malha métrica,
continua a expansão de bitola de 1 m. A bitola larga pode receber um
Se forem novas, elas estão naturalmen- trem que estava circulando na bitola
te sendo construídas com bitola larga, métrica, sendo adaptada, já o contrá-
de 1,6 m, por questões de modernida- rio não é possível?
de, de tecnologia. Permitem uma esta- É só você imaginar que você tem
bilidade da carga, uma melhor movi- dois trilhos, você coloca o que a gente
mentação. Sabemos operar muito bem chama de terceiro trilho, que é um tri-
a bitola métrica, sem problema algum. lho de 1 m. O contrário é impossível. A
Naturalmente a nova malha está vindo superestrutura da obra, de terraplana-
numa bitola larga porque dá uma se- gem não suporta.
gurança, aplica-se melhor a tecnologia
no transporte e vai beneficiar o país de Bitola larga é mais cara que a bito-
uma maneira geral. la métrica?
Naturalmente que sim, porque o
Como funciona a relação entre os dormente é maior, a superestrutura é
tamanhos de bitola? maior em pelo menos 60 cm.
A bitola métrica cabe dentro da
bitola larga. Quando é feita essa adap- Em compensação, ela pode rece-
tação, chamamos de bitola mista. O ber trens mais potentes e maiores?
truque funciona na bitola métrica ou Sim, sem dúvida.

RODOVIAS&VIAS 51
cidades

Devagar na chuva
As chuvas são inimigas do trânsito. Diminuição da visão, alagamentos e
pista escorregadia são alguns dos problemas. No período em que mais chove
na capital baiana, a prefeitura lança uma campanha para prevenir acidentes
no perímetro urbano de Salvador. As dicas valem para qualquer cidade com
tráfego intenso.
Fotos: Divulgação

Veja as
recomendações :
- Em dia de chuva torrencial, evite trafegar na rua. As vias no período
chuvoso devem ser usadas apenas por aqueles que não podem faltar ao
trabalho ou a outras atividades inadiáveis.

- Acenda o farol em luz baixa para servir de alerta aos pedestres e aos
outros condutores.

52 RODOVIAS&VIAS
Salvador

- Nunca acenda o pisca-alerta com o veículo em movimento, seja na


chuva ou em túneis ou em qualquer lugar. Só veículo estacionado em
emergência pode ligar o pisca-alerta.

- Diminua a velocidade que está acostumado a usar e diminua mais


ainda quando passar em áreas alagadas, para não molhar os pedestres.

- Mantenha a distância de um carro em relação ao veículo da frente para


ter espaço para frear.

- Não freie bruscamente. Com piso molhado, o freio brusco serve de


aceleração, e o veículo aumenta a velocidade em vez de parar, pelo efeito
de aquaplanagem (deslizamento sobre a água)..

- Escolha uma faixa para trafegar e só saia dela no destino, a não ser
que encontre algum obstáculo. O zigue-zague nas ruas é responsável por
milhares de acidentes.

- Motociclistas e ciclistas devem se lembrar de que todos os veículos


devem obedecer às mesmas leis de trânsito: não ultrapasse entre os outros
veículos e só ultrapasse pela esquerda. O fato de trafegar em duas rodas
não dá direitos especiais.

RODOVIAS&VIAS 53
SÃO PAULO

Vem mais Rodoanel aí


O Rodoanel é tão importante para São Paulo e sua capital quanto para o
Brasil, e todos são “gigantes” à sua própria maneira. O país, por razões óbvias;
o estado, por sua força econômica; e a cidade, por estar entre as maiores do
planeta. Todos ganharão com a conclusão da obra, que, como não poderia
deixar de ser, será gigantesca em proporções e nos benefícios à infraestrutura e
logística nacional.

A o ser concluído, o Rodoanel Ma-


rio Covas (SP-21) não será ape-
nas mais uma obra rodoviária do estado
ralmente estrangulado, mas também
ligará nada menos que 10 rodovias vi-
tais para o modal rodoviário nacional e
paulista. Será um gigantesco alívio, per- ainda facilitará a conexão entre o maior
mitirá um respiro, uma tomada de fôle- porto latino-americano, Santos, e o
go. Todo o país sentirá seus “pulmões” maior aeroporto do país, em Guarulhos.
encherem-se deste novo sopro de ar lo- O desafio exige fôlego para a execu-
gístico e de infraestrutura em forma de ção de seus investimentos totais, que
contorno viário. ultrapassam os R$ 14 bilhões em 170
O Rodoanel não desafogará apenas km de extensão. E fôlego foi o que não
o trânsito da capital, São Paulo, já lite- faltou ao Rodoanel desde seu início.
Fotos: Rodovias&Vias/Leonardo Pepi

54 RODOVIAS&VIAS
VEM MAIS RODOANEL AÍ

TRECHOS SUL,
LESTE E NORTE
O primeiro trecho, Sul, com
61,4 km de extensão e R$ 5 bi-
lhões, foi entregue em março de
2010, absolutamente dentro do
prazo – feito que representaria
um “recorde” em se tratando de
uma empreitada do porte que foi
em um local como São Paulo. A
metrópole desafia qualquer obra
com questões complexas, desde
habitacionais (desapropriações e
remanejamentos de populações
e bairros) a ambientais (florestas
como a Mata Atlântica, nascentes
e mananciais de abastecimento
de água).
Agora, o atual governo esta-
dual já deu os próximos passos.
No dia 10 de março, o Governa-
dor Geraldo Alckmin (PSDB) assi-
nou o contrato para a construção
do trecho Leste e planeja a par-
ceria com o governo federal para
financiar o trecho Norte.
O trecho Sul já está sob con-
cessão, o que deve garantir me-
lhorias em seus mais de 60 km.
Apenas 25 dias após a inaugura-
ção deste primeiro trecho, mais
de um milhão de veículos circula-
ram por ali, e o trânsito da capital
paulista registrou queda de 28%
nos níveis de lentidão.
“A concessionária já assu-
miu o trecho Sul e vai construir o
trecho Leste arcando com todo
o investimento, perto de R$ 5
bilhões. Até setembro, a obra
deverá estar iniciada. E aí a con-
cessionária tem três anos para
entregar toda a obra. Sem um
centavo de dinheiro público”, dis-
se o Governador Geraldo Alckmin
poucos dias após a assinatura do
contrato entre a Artesp (Agência
Reguladora de Serviços Públicos
Delegados de Transporte do Es-
tado de São Paulo) e o Consórcio
SPMar (formado pelas empresas
Contern Construções e Comércio
Ltda. e Cibe Investimentos e Par-
ticipações S.A.), responsável pela
operação do trecho Sul e a cons-
trução do trecho Leste.

RODOVIAS&VIAS 55
SÃO PAULO

Contrato pelo federal, R$ 371 milhões estão ga-


rantidos no Orçamento Geral da União
A concessionária, que pagou R$ 389 para a obra.
milhões (outorga) para o estado pela O trecho Norte do Rodoanel é um
concessão, tem seis meses para fazer exemplo de busca de fonte externa de
uma série de obras e ajustes no trecho financiamento citado pelo Secretário
Sul, como sinalização no pavimento e Estadual de Logística e Transportes,
implantação do serviço de atendimento Saulo de Castro, em entrevista exclu-
ao usuário. Após esse prazo, a empresa siva a Rodovias &Vias na edição de fe-
também será responsável pela manu- vereiro de 2011. “Temos que fazer mais
tenção permanente das rodovias. resguardando o que exige a lei e tendo
o respeito ao meio ambiente como pre-
ceito básico”, afirmou Saulo de Castro
União durante a conversa com nossa equipe
de reportagem. E os desafios ambien-
O Governador também já foi a Bra- tais serão significativos, sobretudo no
sília e, em reunião com a Presidente trecho Norte do Rodoanel, por sua pro-
Dilma Rousseff, apresentou uma pro- ximidade com a Serra da Cantareira. Se-
posta de parceria entre etado e União gundo o governo paulista, já estão em
para os investimentos no trecho Norte andamento os estudos de impacto am-
do Rodoanel. Segundo a proposta, as biental do traçado Norte, e foram inicia-
obras serão custeadas em dois terços das audiências públicas dos municípios
pelo governo do estado e o restante de Arujá, São Paulo e Guarulhos.

rodoanel Extensão total: 170 km


trechos: 4
rodovias
interligadas trecho sul
(ao término)
entregue em março de 2010
fernão dias 61,4 km
dutra r$ 5 bilhões
ayrton senna
anchieta
imigrantes investimentos previstos
régis bittencourt
raposo tavares trecho leste
castello branco consórcio spmar ......R$ 5 bilhões
anhanguera
bandeirantes
trecho norte
estado e governo federal....R$ 4,5 bilhões

56 RODOVIAS&VIAS
ESPÍRITO SANTO

Fotos: Rodovias e Vias/ Oberti Pimentel


Caminhos do amanhã
Planejamento estratégico do governo do Espírito Santo envolve
motivação e comprometimento dos funcionários na busca por objetivos.

Palácio Anchieta, sede do governo do Epírito Santo.

58 RODOVIAS&VIAS
Caminhos do amanhã

O Centro de Convenções de Vitó- risco de ir além das nossas possibilida-


ria recebeu a equipe do gover- des. Foi assim que muitos governantes,
no estadual, representantes dos po- no impulso de colocar em prática seus
deres Legislativo e Judiciário, além de projetos, acabaram comprometendo
presidentes de entidades de classe, in- as finanças públicas e legando dificul-
tegrantes de federações e de organiza- dades para seus sucessores”, avalia.
ções não governamentais para o lança- “Não vamos discutir aqui projetos sem
mento do Seminário de Planejamento viabilidade, factoides ou peças de pro-
Estratégico, realizado nos dias 22, 23 e paganda. O que desejo ver em cada um
24 de fevereiro. O Governador Renato de vocês é a saudável ousadia de quem
Casagrande deu início aos trabalhos confia no potencial do nosso estado e
que culminaram com a formulação do na capacidade da nossa gente. Vamos
documento “Caminhos do Amanhã”. trabalhar de maneira integrada, com
base em comitês temáticos que reú-
nem diferentes secretarias. É assim tam-
bém que devem ser pensadas nossas
Prioridades prioridades”, afirmou Casagrande.
De acordo com o Governador, a
O Governador destacou o planeja- prioridade do governo, confirmada no
mento como necessidade para definir seminário, é a redução das desigual-
claramente as prioridades da adminis- dades sociais e regionais, por meio de
tração, para que as oportunidades que ações integradas dos diferentes setores
se apresentam possam ser integral- da administração. O trabalho vai come-
mente aproveitadas pela gestão. “Sem çar pelas áreas de maior vulnerabilidade
esse planejamento, corremos sempre o social, já identificadas pela equipe.

“Não vamos discutir aqui projetos


sem viabilidade, factoides ou peças de
propaganda.”
Renato Casagrande,
Governador do Epírito Santo

RODOVIAS&VIAS 59
ESPÍRITO SANTO

Apresentação do maestro João Carlos Martins.

História de superação
Aproximadamente 800 pessoas
assistiram à emocionante história
de vida do maestro e pianista João
Carlos Martins. Bastante carismáti-
co, o músico contou divertidamente
como superou as dificuldades que a
vida lhe impôs. Ele teve os movimen-
tos das mãos comprometidos e, com
muito esforço, voltou a fazer 21 notas
por segundo. Considerado o principal
intérprete de Johann Sebastian Bach,
Martins emocionou a plateia quando “Caminhos do Amanhã”
sentou-se ao piano.
O seminário também contou com a O documento será apresentado à
participação do Diretor de Macroecono- sociedade civil organizada nas regi-
mia do Instituto de Pesquisa Econômica ões administrativas do Espírito Santo.
Aplicada (Ipea), João Sicsú, que proferiu A ideia é, a partir da peça formalizada
palestra sobre o cenário econômico na- nos debates do planejamento, atender
cional, abordando os desafios da econo- os focos prioritários de atenção à vul-
mia nos próximos anos, e do jornalista nerabilidade social e descentralização
Paulo Henrique Amorim, que falou so- do desenvolvimento, com a geração
bre o cenário político nacional. de oportunidades para todos.

60 RODOVIAS&VIAS
energia

Nem tão
pequenas assim
Instituto paranaense se destaca no desenvolvimento de modelos reduzidos
de usinas hidrelétricas que serão implantadas no Brasil, África e em vários
países da América Latina.

Fotos: Rodovias&Vias /Leonilson Gomes

Modelo reduzido simula comportamento das águas.

O s galpões do Instituto de Tec-


nologia para o Desenvolvi-
mento – Lactec, dentro do centro po-
pelos testes de dezenas de modelos
de usinas hidrelétricas hoje espalha-
das pelo mundo, inclusive de Itaipu,
litécnico da Universidade Federal do em 1986.
Paraná (UFPR), são responsáveis por O departamento de hidráulica e hi-
abrigar modelos reduzidos de proje- drologia do Lactec é considerado uma
tos de usinas hidrelétricas. Atualmen- referência no mundo quando o assun-
te, no local são desenvolvidos os mo- to é modelo reduzido de hidrelétrica,
delos de Belo Monte, que será cons- tanto que a procura nacional e inter-
truída no rio Xingu, no estado do Pará; nacional para a contratação do servi-
Colider, que em breve será erguida no ço é constante. Além da competência
rio Teles Pires, no Mato Grosso; Ituan- e konw-how do Instituto paranaense,
go, na Colômbia; Cambambe, na An- outro fator que ajuda é que há poucas
gola; e Gibe 3, na Etiópia. Nas últimas empresas especializadas no país e até
décadas, o Instituto foi responsável mesmo no mundo.

RODOVIAS&VIAS 61
ENERGIA

62 RODOVIAS&VIAS
nem tão pequenas assim

Belo Monte

Atualmente, o maior desta-


que é a construção de Belo Mon-
te, considerado o maior projeto
do departamento de hidráulica e
hidrologia na história recente do
Lactec. O galpão que abrigou o
modelo de Itaipu hoje é a casa do
modelo reduzido da hidrelétrica
paraense. Para viabilizar a estru-
tura principal, com cerca de 3 mil
m2, foi necessário destruir 13 an-
tigos projetos que ocupavam o
local. Um modelo seccional, um
da topografia da casa de força e
outro da topografia do canal de
fuga ocupam espaços em outros
pavilhões. A escala geométrica
será 1:110 – geralmente a pro-
porção é 1:100, pois não caberia
tudo no mesmo lugar.
Aproximadamente 25 pes-
soas, entre engenheiros, mecâ-
nicos, marceneiros e pedreiros,
trabalham na construção do mo-
delo de Belo Monte, que recebe-
rá centenas de litros de água por
segundo para testes durante 18
meses. O objetivo é identificar
interferências, estudar o movi-
mento da água, analisar como
ela interfere na natureza e vice-
-versa. Caso falhas sejam identifi-
cadas, é possível fazer mudanças
estruturais no projeto. O contrato
do Lactec com o consórcio Norte
Energia S/A – NESSA, vencedor
da licitação, para viabilizar o pro-
jeto gira em torno de R$ 6,8 mi-
lhões.
A usina de Belo Monte terá
20 comportas, e a vazão máxima
pode alcançar 72 mil m3 de água
por segundo – o projeto de Itai-
pu prevê 62 mil m3 de água por
segundo, porém a usina nunca
operou nesse limite.
Nas últimas décadas, o Instituto foi Paralelamente, a equipe do
responsável pelos testes de dezenas Lactec está construindo o mode-
lo reduzido da hidrelétrica de Co-
de modelos de usinas hidrelétricas lider. O orçamento da obra é de
hoje espalhadas pelo mundo. R$ 1,8 milhão.

RODOVIAS&VIAS 63
ENERGIA

lidade da bacia de dissipação e o estudo


Angola dos efeitos erosivos a jusante do verte-
A principal obra do setor elétrico em douro de encosta.
Angola, usina de Cambambe, localizada
no rio Kwanza, 180 km a leste da capital, Etiópia
Luanda, tem algumas peculiaridades
que envolvem o modelo. O projeto ori- Outro desafio é a usina de Gibe 3,
ginal é da década de 1950, a construção no rio Omo, situado na região sudoes-
foi realizada em 1958 e interrompida te da Etiópia, com potencial hidrelétri-
por conta da guerra civil. co da ordem de 30.000 MW. É o maior
De acordo com o projeto inicial, projeto do país e acrescentará 1.870
sua parte central foi planejada para MW ao sistema elétrico nacional, per-
um vertedouro orifício com comporta. mitindo exportar energia ao Quênia.
Esta parte central não foi concluída e as Segundo especialistas, no futuro, com
comportas não foram instaladas. Faltam a entrada da usina em operação, a ex-
cerca de 30 m para conclusão – hoje portação de energia elétrica poderá
está 102 m acima do nível do mar, e o passar a ser tão importante quanto a
projeto prevê 132 m –, o que faz com exportação de café no país.
que a usina opere de forma precária, O vertedouro terá capacidade má-
com capacidade nominal de geração xima de 9 mil m3 por segundo. É nesta
reduzida para 180 MW, que é 80 MW parte do projeto que o Lactec concen-
menos do que a capacidade nominal tra seu trabalho. O estudo é conduzido
planejada originalmente. em um modelo que tem mais de 4 m
Futuramente, além do vertedouro de altura, construído na escala 1:60. A
orifício, a usina terá um vertedouro la- principal preocupação da equipe do
teral com preferência na descarga das Instituto é com a rocha existente na
cheias, evitando danos à base da bar- usina Gibe 3, que não é de boa qualida-
ragem. Para viabizar a construção do de e pode resultar em risco de erosão a
complemento, o Lactec foi contratado jusante do vertedouro. Assim, o Lactec,
para realizar o estudo da capacidade de por meio dos laudos técnicos, participa
descarga e pressões nos vertedouros da escolha da melhor alternativa para
orifício e de encosta, a análise de estabi- o vertedouro.

Rio Omo, Etiópia.

64 RODOVIAS&VIAS
RODOVIAS&VIAS 65
Fotos: Rodovias&Vias/ Leonilson Gomes
Engenharia
submersa
O Plano Nacional de Dragagem integra uma lista de ações federais para dar
mais agilidade ao modal hidroviário brasileiro e ampliar as possibilidades de
circulação de grandes embarcações nos portos. O Plano ganhou impulso após a
criação oficial da Secretaria Especial dos Portos, em 2007, e tem papel estratégico
no desenvolvimento da infraestrutura do país. Durante seis anos, investimentos
de R$ 1,6 bilhão prometem transformar a situação dos acessos aquaviários.

66 RODOVIAS&VIAS
A umentar o tráfego de embarca-
ções de grande porte nas proxi-
midades dos portos brasileiros e com
para 15 m e o alargamento dos atuais
150 m para 220 m, o que possibilitará o
tráfego em mão dupla de grande parte
isso alavancar a produtividade, tanto da frota de navios que circula atualmen-
dos transportes de cargas quanto de te em águas brasileiras.
passageiros, com segurança e acessos Para o Ministro dos Portos, Leônidas
aquaviários melhores. Este é o saldo Cristino, a dragagem, depois de pronta,
que o Plano Nacional de Dragagem “representará um aumento de 30% na
(PND) pretende deixar ao término de capacidade operacional do porto, tor-
sua execução, quando terá investido R$ nando-o atraente para novos negócios.
1,6 bilhão no setor portuário brasileiro. Em uma segunda etapa, o canal externo
Não é tarefa fácil, já que os traba- será dragado para 17 m. Os recursos já
lhos exigem tecnologia de ponta e estão previstos no Programa de Acele-
uma engenharia literalmente submer- ração do Crescimento (PAC)”. Para se ter
sa – os serviços de dragagem consis- uma ideia da importância do porto de
tem em limpar, desobstruir, remover, Santos, hoje ele é responsável por 26%
escavar e derrocar material do fundo do fluxo do comércio exterior do país.
de rios, lagos, mares, baías e canais.

Mais fôlego
Porto de Santos
O exemplo da obra em Santos é ape-
No porto de Santos, por exemplo, as nas um entre as outras 19 obras de dra-
obras de dragagem estão mais de 60% gagem em andamento pelo Brasil. Do
concluídas, segundo a Secretaria Espe- R$ 1,6 bilhão previsto no PND, R$ 569,4
cial de Portos da Presidência da Repú- milhões serão para estados nordestinos,
blica (SEP/PR), responsável pelo PND. R$ 607,1 milhões para o Sudeste e R$
Dividida em três segmentos, a obra, no 429,5 milhões para a região Sul do país.
valor de R$ 199,5 milhões, deve ser en- Ao término, mais de 80 milhões de m3
tregue em setembro deste ano. de material será retirado do fundo das
Segundo a SEP, os trabalhos com- águas, qualificando assim a costa brasi-
preendem o aprofundamento do canal leira e seus 8,5 mil km navegáveis.
Fotos: Rodovias&Vias

Porto de Santos/SP.

RODOVIAS&VIAS 67
ENGENHARIA SUBMERSA

Fonte: PND – SEP / Situação em 10/2010


Foto: Rodovias e Vias/Oberti Pimentel

Draga no porto de Itajaí/SC.

O plano também mexe com a eco- A regulação se dá pela resolução n.º 344
nomia nacional. O Consórcio Draga (25/03/2004), que “estabelece as diretri-
Brasil, executor das obras em Santos, zes gerais e os procedimentos mínimos
por exemplo, congrega as empresas para avaliação do material a ser dragado
EIT, DTA Engenharia, Equipav e Chec em águas jurisdicionais brasileiras”.
Dredging. Implantado pela Secretaria Especial
de Portos da Presidência da República e
pelo Ministério dos Transportes, por in-
termédio do Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes (DNIT), o
Meio Ambiente PND pretende resolver problemas como
o assoreamento progressivo dos portos e
assim atender o aumento da dimensão e
As questões ambientais também ga- porte dos navios, além de incrementar a
nham destaque. Órgãos e instituições segurança na navegação. As consequên-
governamentais trabalham em conjunto cias positivas estão na evolução da movi-
para licenciar tanto as obras quanto seu mentação de cargas e aumento da eco-
descarte em locais chamados “bota-fora”. nomia de escala.

68 RODOVIAS&VIAS
RODOVIAS&VIAS 69
rodovias

Saída de
emergência
Colapso no sistema de transporte do Paraná afeta toda a região sul
do Brasil, que sofre com a interdição de rodovias vitais. Com os acessos
secundários por Santa Catarina sobrecarregados, dificuldades nas operações
de recuperação e limpeza devido às condições meteorológicas muito
desfavoráveis, restou aos motoristas paciência e aos produtores prejuízos.

70 RODOVIAS&VIAS
Saída de emergência

Foto: Rodovias&Vias /Leonardo Pepi

BR-277, PR.
RODOVIAS&VIAS 71
rodovias

O ruído dos turbos em rotação


decrescente, ao longe, parece
mais um lamento do que o respirar de
de parte da pista no sentido Curitiba;
a rodovia é a BR-376, principal acesso
partindo da capital paranaense para
um motor prestes a parar. Em meio ao outra importantíssima rodovia, a famo-
calor que chega a ressecar pontos da sa BR-101 Sul. “Nosso objetivo, aqui,
pista úmida, o inspetor Hari, da Polí- é evitar que as pessoas fiquem presas
cia Rodoviária Federal (PRF), gesticula na estrada, sem assistência. Sem água,
freneticamente, indicando um retor- sem banheiro, sem comida. Por isso,
no. De quando em quando, para um nós as estamos redirecionando à Re-
veículo e repete o mantra: “Para onde gião Metropolitana, onde estes tipos
e por onde o senhor planeja seguir?” de recursos podem ser mais facilmen-
Dependendo da resposta, seguia-se te encontrados”, esclarece o inspetor,
outra frase repetida: “Pode voltar para que conclui: “Além do mais, trata-se de
as imediações de Curitiba e procurar evitar tumulto nas obras, para que elas
pouso. Estimativas preveem a libera- sejam executadas o mais rápido possí-
ção da pista em no mínimo 72 horas.” vel.”
Um olhar desolado, um aceno, e mais Bem perto dali, em outra rodovia
um carro prepara-se para fazer o retor- fundamental para o Sul brasileiro, a
no em U delimitado pelos cones. BR-277, os fatos temidos pelo inspetor
O lugar é o primeiro posto da PRF, já começavam a tomar vulto, entre as
em São José dos Pinhais/PR; o proble- longas filas de caminhões e veículos
ma são quedas de barreiras e a cessão de passeio parados ao longo de sua ex-
Fotos: Rodovias&Vias /Oberti Pimentel

BR-376, PR.

72 RODOVIAS&VIAS
Saída de emergência

“A situação é realmente calamitosa. É


um momento de crise e a PRF está tentando
gerenciar isto da melhor forma possível,
orientando os motoristas e retirando-os daqui.

Foto: Rodovias&Vias /Leonardo Pepi


Inspetora Maria Alice
Superintendente da Polícia Rodoviária Federal do Paraná

tensão. A queda de duas pontes e sé- Prioridade da Ecovia


rios danos em uma terceira levarão cer- foi liberar o tráfego
ca de sete meses para serem totalmen-
te reparados. “A situação é realmente
calamitosa. É um momento de crise e De acordo com o engenheiro Davi
a PRF está tentando gerenciar isto da Terna, Gerente de Engenharia da Ecovia,
melhor forma possível, orientando os concessionária da BR-277 no Paraná, ain-
motoristas e retirando-os daqui. Neste da não é possível calcular os prejuízos na
meio tempo, a concessionária procede estrutura da rodovia. É certo que o maior
aos reparos necessários à pista”, disse à trabalho e quantidade de recursos a se-
Rodovias&Vias a Superintendente da rem empenhados estarão na reconstru-
Polícia Rodoviária Federal do Paraná, ção de duas pontes, uma delas totalmen-
inspetora Maria Alice. te destruída. “Nossa prioridade foi de
Foto: Rodovias&Vias /Leonardo Pepi

BR-277, PR.
RODOVIAS&VIAS 73
rodovias

Fotos: Rodovias&Vias /Leonardo Pepi

BR-277, PR.

restabelecer o tráfego. Agora, com os que o engenheiro conversou com


veículos podendo circular novamente Rodovias&Vias, a situação era está-
é que estamos levantando esses da- vel e sem riscos.
dos.” Terna garante que a tarifa de pe-
dágio não sofrerá alterações por causa
do ocorrido. Parte dos prejuízos são co- Moradores
bertos por seguro. “O que não é cober- assustados
to é risco da concessionária”, lembra.
O trecho de serra da BR-277, entre Os impactos óbvios para a eco-
Curitiba e o porto de Paranaguá, é mo- nomia são estarrecedores, porém há
nitorado 24 horas por dia em parceria ainda a questão da assistência a pes-
com o Instituto Tecnológico Simepar, soas atingidas pela chuva, que fez a
do Paraná. De acordo com a quanti- BR-277 parar. Moradores lindeiros dão
dade de chuva e vento no local, a con- conta dos estragos: “Foi a primeira vez
cessionária pode emitir alertas e até que aconteceu uma tragédia dessas
interditar o trecho. No momento em por aqui. Perdi tudo o que eu tinha.

Morador busca entender o que aconteceu.


74 RODOVIAS&VIAS
Saída de emergência

“Foi a primeira vez que aconteceu


uma tragédia dessas por aqui. Perdi
tudo o que eu tinha. Galinhas, perus
que criávamos, roupas, móveis, tudo.”
Donata Machado
Moradora

Galinhas, perus que criávamos,


roupas, móveis, tudo. Só não está
pior porque passamos a noite na
casa da minha filha”, diz Donata
Machado, moradora da região há
50 anos.
Para se ter ideia da força das
águas, o acesso ao bairro Floresta
virou um braço de rio. “As casas
que existiam aqui perto da entra-
da sumiram todas”, afirma Ricar-
do Porrua, funcionário público e
morador.
Danos
generalizados

Além de Paraná, Santa Ca-


tarina e Rio Grande do Sul, tam-
bém Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais e o interior de São Paulo
sofreram com o excesso de chu-
vas em sua infraestrutura rodo-
viária. A maior ponte de madeira
da América do Sul, por exem-
plo, localizada no Mato Grosso
do Sul, com uma estrutura de
275 m, não suportou a força das
águas do rio Aripuanã e entrou
em colapso, isolando as cidades
de Colniza e Aripuanã.
BR-277, PR.

Assista à videomatéria no site:


rodoviasevias.com.br
RODOVIAS&VIAS 75
HISTÓRICO DO PAVIMENTO
DE CONCRETO NO BRASIL (Continuação)
Autores:
Marcos Dutra de Carvalho, Engenheiro Especialista
Ronaldo Vizzoni, Gerente de Infraestrutura
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) de petróleo e do crescimento da conscientização de
governos e contribuintes da necessidade vital que é
Até o início da década de 60 era intensa em nos- aproveitar ao máximo a aplicação dos recursos públi-
so País a utilização do concreto de cimento portland cos, buscando o maior benefício ao menor custo.
na pavimentação, tanto de vias urbanas como de ro- As situações descritas fizeram com que o pa-
dovias. Essa prática vinha sofrendo, forte retração, vimento de concreto praticamente desaparecesse
por força de fatores vários, de natureza política e do mercado de pavimentação por 20 anos, sendo
econômica. retomado a partir de 1995, como aconteceu em di-
Já a partir do término da Segunda Guerra Mun- versos países.
dial, a produção nacional de cimento foi destinada As primeiras ações promovidas para reintroduzir
prioritariamente ao suprimento de necessidades o pavimento de concreto, concentraram-se na con-
fundamentais da florescente indústria da Constru- fecção de planilhas de custos regionalizadas, com
ção Civil, o que conduziu os setores de pavimenta- várias opções de seções, na divulgação adequada
ção a lançar-se em empreendimentos que não de- da tecnologia, na demonstração de técnicas moder-
pendessem maciçamente desse produto. nas de construção e na ação direta junto a constru-
Na mesma época desenvolveu-se nos EUA – e tores e fornecedores.
rapidamente foi absorvida pelos órgãos brasileiros São significativos os resultados obtidos na pavi-
ligados ao ramo – extensa tecnologia de pavimentos mentação em concreto no Brasil, ao longo dos últi-
flexíveis, à base de produtos betuminosos, em detri- mos 15 anos, podendo-se mencionar diversas obras
mento dos cimentados. de vulto, já executadas e em execução, como a rodo-
Os preços dos derivados de petróleo, por seu via BR 101 NE, o Rodoanel Mário Covas/SP, a Rodo-
turno, eram muito baixos e, por isso, muito convi- via dos Imigrantes/SP, a Via Dutra/SP, as Marginais
dativos. Essa situação estimulou o meio técnico de da Castello Branco/SP, a MG 10, a Serra de São Vi-
pavimentação a aparelhar-se quase que exclusiva- cente, além de diversos corredores urbanos de ôni-
mente para emprego de pavimentos asfálticos, para bus, para citar as mais importantes.
eles dirigindo a formação de pessoal e a montagem Como fato relevante no crescimento do uso do
do parque de equipamentos. Como consequência, Pavimento de Concreto no Brasil, cita-se a execução
criou-se certa inércia para que se passasse nova- de importante obra pelo Exército Brasileiro, a dupli-
mente a adotar a alternativa dos pavimentos rígidos, cação da rodovia BR 101 NE, com excepcional qua-
mesmo havendo sinais efetivos da mudança das cir- lidade e conforto de rolamento, quebrando todos os
cunstâncias técnicas e, principalmente, econômicas. paradigmas quanto às dificuldades propaladas dessa
Além do mais, o País encontrava-se num estágio de técnica de pavimentação.
desenvolvimento que favorecia a política de cons- A título de exemplo, as Figuras 1 a 8 ilustram
trução das rodovias ditas de penetração, nas quais as principais obras executadas no país nos últimos
o custo inicial tem peso preponderante, posto que, anos.
quanto menor seu valor, maior a extensão pavimen-
tada – o que atende à principal função desse tipo de BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
estrada, que é a de levar rapidamente o transporte Pavimento de concreto, um moderno Ovo de Colombo
ao maior número de regiões de um país, quase sem- (Márcio Rocha Pitta - ABCP).
pre em detrimento da qualidade do pavimento. Pavimento de Concreto – Reduzindo o custo social
O pavimento de concreto ressurgiu, nos últimos (Marcos Dutra de Carvalho - ABCP).
20 anos, em países de características tão diversas “Governar é abrir estradas”
como o México, a África do Sul, a Espanha e a Índia, (JourneyCom Publicidade e Propaganda Ltda).
porque seu custo inicial tornou-se atraente, diante A memória da pavimentação no Brasil
das alterações da estrutura de preços dos derivados (Atahualpa da Silva Prego, ABPv)

76 RODOVIAS&VIAS
Rodovia BR 101, NE Figura 1 Rodoanel, SP Figura 2

Rodovia dos Imigrantes, SP Figura 3 Rodovia Castello Branco, SP Figura 4

Rodovia Serra de São Vicente, MT Figura 5 Rodovia MG 10, MG Figura 6

Av. 9 de Julho, SP Figura 7 Linha Verde Curitiba, PR Figura 8

RODOVIAS&VIAS 77
CONSTRUCTION
Feira Internacional
De Soluções Para
Obras & Infraestrutura
10 a 13 de agosto de 2011
Centro de Exposições Imigrantes

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78 RODOVIAS&VIAS
Mercado

Arqueólogo
é raridade
Arqueólogo é um profissional pouco encontrado no Brasil. A exigência
da presença deles em obras de infraestrutura e a escassez de cursos na área
estão tornando o ofício bastante concorrido.
Foto: Divulgação

Arqueólogo é profissional raro no Gerais, Piauí e Goiás.Em 2002, o Iphan


Brasil. Segundo Luís Cláudio Symanski, (Instituto do Patrimônio Histórico e
PhD em Antropologia-Arqueologia Artístico Nacional) baixou a portaria
pela Universidade da Flórida e Primei- n.o 230, exigindo que também façam
ro Secretário da Sociedade de Arque- parte das etapas pré-obras (Estudo
ologia Brasileira (SAB), estima-se que de Impacto Ambiental e Relatório de
existam cerca de 400 a 500 profissio- Impacto Ambiental, e Licença de Ins-
nais habilitados no mercado e que, in- talação e Operação) os estudos arque-
cluindo técnicos e outros especialistas, ológicos. A questão, somada à urgên-
o número não chega a 2 mil. cia por obras de infraestrutura no país,
Entre mais de 2.300 universidades, acabou com a disponibilidade de pro-
nem duas dezenas oferecem o curso fissionais. Empresas do ramo chegam
de graduação. No Brasil, existem qua- a qualificar pessoas formadas em ou-
se 12 mil sítios arqueológicos catalo- tras áreas ou até mesmo a “importar”
gados. Os principais estão em Minas arqueólogos.

RODOVIAS&VIAS 79
mercado

Põe na conta do PAC

O PAC alavancou tantas obras que


acabou sendo prejudicado. O DNIT
registrou, em questão de meses, 20 sí- União, o que ressalta a necessidade
tios arqueológicos encontrados na BR- de estudo e preservação. A previsão
429, em Rondônia, e mais de 70 sítios de um contínuo aumento de obras e
na BR-135 (entre Minas Gerais, Bahia, de descobertas arqueológicas para
Piauí e Maranhão). Cada sítio desco- os próximos anos fará com que os es-
berto é resgatado, classificado, catalo- tudiosos da arqueologia sejam cada
gado, e os achados são encaminhados vez mais valorizados e requisitados.
para um local apropriado. O processo No edital de concurso da prefeitura de
perdura meses, às vezes até anos. Com Santo Ângelo/RS, por exemplo, a re-
a falta de profissionais, o cronograma muneração inicial para arqueólogo é
das obras atrasa. de R$ 1.357,64 por 20 horas semanais,
Os sítios arqueológicos são pro- mas um bom profissional pode ultra-
tegidos por lei como patrimônio da passar os R$ 8 mil mensais.

80 RODOVIAS&VIAS
RODOVIAS&VIAS 81
Estudo aplicado
Desde que foi criado, em 2009, o Instituto Tecnológico de Transportes
e Infraestrutura (ITTI) já realizou trabalhos em 13 cidades de 10 estados
do Brasil. São mais de 12 mil pessoas atingidas diretamente.

O grupo é formado por


profissionais da Uni-
versidade Federal do Paraná
(UFPR). Engenheiros, geólo-
gos, biólogos, pedagogos, so-
ciólogos, geógrafos e pesqui-
sadores de diversas áreas reu-
niram-se e criaram o Instituto.
A sede é dentro do De-
partamento de Transportes
da UFPR. Lá são planejadas as
ações educacionais, de pes-
quisa e desenvolvimento de
serviços especializados pela
equipe multidisciplinar, volta-
das às obras de infraestrutura
do DNIT.
Dentro da área de trans-
portes, o ITTI atua em rodo-
vias, ferrovias, portos e outros
modais. Também trabalha
com infraestrutura técnica e
organizacional de empreen-
dimentos de engenharia. Suas
atividades contemplam as-
pectos relacionados à gestão
do espaço territorial, questões
ambientais e uso de recursos
produtivos.
Um dos idealizadores do
Instituto, o engenheiro civil
Eduardo Ratton, que é Mestre
Doutor em Geotecnia, explica
que o trabalho é importante
para casos futuros. “Analisa-
mos os impactos no meio am-
biente e como se comportará
a área atingida depois da obra
concluída, já que ela exige ma-
nutenção regular. Os estudos
científicos podem ser usados
em casos semelhantes que
acabam ocorrendo,” conta.

82 RODOVIAS&VIAS
Entre as obras do DNIT espalhadas pelo país
que têm a participação do ITTI, destacam-se:
- Análise prévia de EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental)
em trechos da BR 487 (PR)
Fotos: ITTI/UFPR

- Relatório e projeto de controle ambiental das obras do canal de Guaíra (PR)

- Elaboração de EIA/RIMA relativos à implantação e pavimentação da


BR 285, subtrecho São José dos Ausentes (RS)-Timbé do Sul (SC)

- Serviços de gerenciamento ambiental e correlatos em pontes de


rodovias federais em diversos estados (RO, RR, CE, BA, MS, SP e TO)

RODOVIAS&VIAS 83
ENERGIA

Diga-me com quem andas


Royal Dutch Shell e Cosan S.A. criam Raízen, que atuará no mercado
produtivo de etanol, e esquentam a briga dos biocombustíveis.

Fotos: Rodovias&Vias /Leonardo Pepi


Plantação de cana no interior de São Paulo.

F igurando entre as cinco maio-


res empresas do país em fatu-
ramento, a nova organização terá ca-
Company. De outro, uma das maiores
produtoras mundiais de açúcar e eta-
nol (sem mencionar de energia elé-
pacidade de produzir 2,2 bilhões de trica produzida a partir de cana). Dois
litros e aproveitará também a estrutu- mundos que se associaram, gerando
ra da petrolífera anglo-holandesa, que cerca de 40 mil empregos, e injetaram
conta com 4.500 postos de serviço. O no mercado um valor estimado de R$
arranjo não visa apenas ao mercado 12 bilhões. O objetivo é atacar o cada
interno brasileiro, já consolidado, mas vez mais pródigo filão dos biocom-
voos mais altos. bustíveis, especificamente o etanol
Essas movimentações de gigantes e, não coincidentemente, o mercado
fazem, de tempos em tempos, o chão americano, ávido por trocar petróleo
tremer e as ações subirem. De um e “petrodólares” por etanol (que não
lado, uma companhia criada há mais seja feito a partir de comida, especifi-
de 100 anos para competir com a to- camente milho e outros cereais, como
da-poderosa americana Standard Oil eles fazem).

84 RODOVIAS&VIAS
Diga-me com quem andas

Quem pode começar a sor-


rir com esta brincadeira são os
produtores de cana-de-açúcar
do Brasil, que em uma virada
de mercado terão boa parte de
sua produção assegurada pela
demanda crescente detectada
e sedimentada nesta combina-
ção.
É fato que o mundo inteiro
busca alternativas energéticas
mais “verdes”. Nesta esteira, as
empresas veem nos biocom-
bustíveis, especificamente no
etanol, uma saída menos dolo-
rosa para uma mudança de há-
bitos de consumo – menos radi-
cal também, do ponto de vista
de readequação de indústrias e
realinhamento de mercado.

Unidas pelo nome


A escolha do nome Raízen traz con- Além de consolidar a posição privile-
sigo muitos significados e tem a ver giada do Brasil como campeão mun-
com a identidade e atividade profis- dial na produção de etanol de cana-de-
sional dos “pais” da criança. Trata-se -açúcar, a Raízen traz consigo a missão
da fusão (sem trocadilhos) da palavra de contribuir para transformar o pro-
raiz com o começo da palavra energia. duto em commoditie. Definitivamente.

RODOVIAS&VIAS 85
Foto: Rodovias&Vias/Leonardo Pepi
FotoLegenda

IMAGEM DO MÊS
Se um mineiro usando chapéu de palha chegasse, com
aquele jeito matreiro, um matinho no canto da boca, e
contasse que pescaram um caminhão na beira da estrada,
ninguém acreditaria. Pois registramos o momento na BR-050,
em Uberlândia/MG. O motorista do “peixão”, que seguia para
Uberaba/MG, explicou que, para não bater num carro parado no
acostamento, teve que desviar para o mato. Ninguém se machucou
gravemente. E essa não é história de pescador. Ou é?

BR-050, MG.
86 RODOVIAS&VIAS
iMAGEM DO MÊS

RODOVIAS&VIAS 87
NA MEDIDA

Intermodal 2011
Reunir durante três dias os principais representantes latino-americanos dos setores
de logística, comércio exterior e transporte mundial é o objetivo da Intermodal South
America 2011, que será realizada entre 5 e 7 de abril na cidade de São Paulo. O evento
é composto de duas partes: Exposição Internacional de Produtos, Serviços e Soluções;
e Eventos Integrados com Seminários, Fóruns e Workshops. Em sua edição anterior, a
Intermodal reuniu mais de 40 mil profissionais (92,5% do Brasil e 7,5% estrangeiros), dos
quais 51% ocupam cargos de gerência e executivos. Segundo dados da organização
do evento, os principais setores de interesse dos visitantes são Transportes Marítimos,
Transporte Aéreo e Transporte Ferroviário.

Infraestrutura viária
e rodoviária exposta
Também no início de abril (4 a 6), acon-
tece o Brazil Road Expo, outro evento in-
ternacional voltado aos setores relaciona-
dos aos transportes. Tecnologias de pavi- Concreto, o IV Congresso Brasileiro de Pon-
mentação e infraestrutura viária e rodovi- tes e Estruturas, a apresentação da empre-
ária – novas soluções em sistemas e méto- sa Maccaferri sobre Técnicas de Proteção
dos de construção, inovações e tendências de Encostas Rochosas e Soluções Eficazes
mundiais em equipamentos – integrarão a para Obras Emergenciais, e ainda Pavimen-
exposição ao lado de uma grade completa to Intertravado Permeável: Alternativa no
de palestras e seminários. Entre alguns te- Combate às Enchentes, solução a ser apre-
mas, destacam-se o 1.º Seminário Interna- sentada pela Bloco Brasil – Associação Bra-
cional sobre Pavimentos Rodoviários em sileira da Indústria de Blocos de Concreto.

88 RODOVIAS&VIAS
NA MEDIDA

ANTF online
O renascimento do setor ferrovi-
ário já é fato no Brasil atual. O modal
está na linha de frente dos investi-
mentos para os próximos anos e a
cada mês deve ganhar mais a aten-
ção de investidores, empresas e mí-
dia. A Agência Nacional dos Trans-
portadores Ferroviários (ANTF),
certamente sabendo disso, está
também aproveitando o embalo
das mídias online. É o caso de seu
espaço no site de vídeos Youtube.
Novos vídeos institucionais da cam-
panha da Agência, como “O Brasil
vai bem de trem”, estão disponíveis
na rede mundial de computadores
e trazem algumas informações que demonstram a força e as oportunidades futuras ligadas
aos trilhos – crescimento de 104% no volume de cargas, 131% mais empregos nas ferrovias
e R$ 24 bilhões investidos pelas empresas do setor são alguns números que podem ser vistos
no vídeo. Ações de operadoras do sistema podem igualmente mostrar-se investimentos inte-
ressantes no médio e longo prazos, já que devem refletir o crescimento ferroviário.

Roraima é o que mais cresce


E a construção civil cresce
junto. É o que indica pesquisa do
Foto: Rodovias&Vias
Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Estatística (IBGE). Segundo
o Instituto, Roraima é o estado
que mais cresce na região Norte,
e a construção civil é o setor que
mais cresceu (21,9%) no seg-
mento da indústria. No geral, a
indústria representa 12,8% do PIB
de Roraima. O estado, com uma
população de quase 400 mil ha-
bitantes, é um corredor na inte-
gração comercial com o Caribe,
através das fronteiras rodoviárias
com a Venezuela e Guiana, ligado
ao resto do país pelo estado do
Amazonas.

RODOVIAS&VIAS 89
NA MEDIDA

Passarelas para as concessionárias


A Cassol Pré-Fabricados corre
para atender uma série de proje-

Foto: Divulgação
tos de passarelas, convencionais e
estaiadas das concessionárias de
rodovias, sobretudo nas regiões
Sul e Sudeste do Brasil. O sistema
pré-fabricado, segundo a empresa,
permite um tempo de montagem
de apenas uma semana, depen-
dendo das condições de tráfego e
clima. As passarelas variam entre
15 m e 30 m de vão e 7 m de altura
e, segundo a empresa, as conven-
cionais são indicadas para constru-
ções onde o espaçamento é menor,
como, por exemplo, rodovias não
duplicadas. Todos os projetos das
passarelas, segundo a Cassol, foram
aprovados pela Agência Nacional
de Transportes Terrestres (ANTT) e
atendem os critérios de acessibili-
dade e qualidade.

Tirantes e túneis
Há 26 anos no mercado brasileiro, a Tuzzi, que
sempre atuou com produtos para os segmentos
agrícola, automotivo e ferroviário, agora aposta
na construção civil com o objetivo de desenvol-
ver produtos de alta qualidade para a constru-
ção de túneis. A empresa forneceu barras ros-
queadas para ancoragem de túneis, conhecidas
como tirantes (180 toneladas de 1½ polegada
para a contenção de taludes para os emboques
do túnel e 128 toneladas de 1 polegada para o
atirantamento no interior do túnel), para a obra
do túnel da BR-101 sob o Morro Agudo, em San-
ta Catarina. Foi o desenvolvimento do primeiro
produto para o setor da construção na história da
Tuzzi.

90 RODOVIAS&VIAS
NA MEDIDA

O grupo IRGA Lupercio Torres (www.


Mais de 5 mil irga.com.br) está trabalhando nas estradas
toneladas de motores do Pernambuco desde fevereiro no maior
transporte de motores do Brasil. A meta
é transportar 17 motores, com o peso de
299 toneladas cada um, em seis meses. O
Foto: Divulgação

ponto de partida é o porto de Suape, em


Ipojuca/PE, e o destino é a cidade de Cabo
de Santo Agostinho. Para a empreitada,
serão utilizados reboques hidráulicos de
24 linhas de eixos no percurso, e no des-
tino, devido a questões geométricas, os
motores serão transbordados para um
reboque hidráulico de 12 linhas de eixos,
para se “acessar os locais de descarrega-
mento”, explica o Diretor Técnico de Pros-
pecção de Novos Negócios da IRGA, Dasio
de Souza e Silva Jr. A IRGA é a maior orga-
nização de transportes especiais rodoviá-
rios da América Latina.

Do combustível para o asfalto A ALE, quarta maior distribuidora de


combustíveis do país, estreia no segmen-
to de asfaltos com uma fábrica em Ponta
Grossa/PR. A companhia pretende distri-
Foto: Divulgação

buir e comercializar produtos asfálticos


em todo o território nacional a partir da
unidade paranaense e pretende investir
nos próximos cinco anos quase R$ 2 mi-
lhões para produzir mais de 2,2 mil tonela-
das – 1,7 mil toneladas de emulsões asfál-
ticas e 500 toneladas de asfaltos modifica-
dos. A expectativa é faturar pelo menos R$
46 milhões a curto prazo e conquistar 4%
de um mercado que movimenta cerca de
R$ 2,95 bilhões por ano. A ALE decidiu in-
gressar no setor depois de adquirir a Rep-
sol, companhia espanhola que já atuava
na produção e distribuição de asfaltos no
Brasil. “Esse é um mercado que vem apre-
sentando um grande crescimento nos
últimos anos e tem um potencial muito
grande no cenário econômico brasileiro”,
aponta o Presidente da companhia, Mar-
celo Alecrim.

RODOVIAS&VIAS 91
Foto: Rodovias&Vias/Alemão

92
RODOVIAS&VIAS
infopágina
Fonte: Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar

RODOVIAS&VIAS 93
94 RODOVIAS&VIAS
ARTIGO

Gargalos da
Arnaldo Jardim
Deputado Federal (PPS-SP) infraestrutura
é certa: é preciso aumentar a participação da
iniciativa privada no setor de infraestrutura,
pois o governo sozinho não tem como arcar

O Brasil vive um ritmo acelerado de


crescimento, fruto da estabilidade
econômica, conquistada nos últimos 16 anos,
com esta conta.
Isso sem falar numa desastrada política
cambial que, inclusive, foi objeto de um pe-
oportunidades como a exploração do pré-sal, dido meu para realização de uma Comissão
a realização da Copa 2014 e das Olimpíadas Geral, no sentido de debater os seus efeitos
de 2016. Todavia, alerto que este crescimen- sobre a competitividade das nossas exporta-
to pode ter “pés de barro”, diante da precarie- ções, além do alto custo de mantermos reser-
dade da infraestrutura e do crescente proces- vas em dólar no exterior.
so de estatização na economia, fomentados Diante de tudo isso, aumenta a respon-
por uma política econômica monetarista e sabilidade do Congresso Nacional em vo-
por um ambiente institucional pouco atrati- tar medidas fundamentais para destravar o
vo para novos investimentos. desenvolvimento, tais como, a Lei 8.666, no
Constatações que encontraram eco em sentido de agilizar e aperfeiçoar os processos
recente seminário que realizei sobre os Gar- licitatórios. Também é preciso aprovar a Lei
galos da Infraestrutura, que reuniu especia- das Agências Reguladoras para dar maior au-
listas como o Secretário Estadual de Energia, tonomia decisória e técnica para fiscalizar os
José Anibal; do Secretário de Transportes Me- serviços públicos delegados. E, ainda, temos
tropolitanos, Jurandir Fernandes; do jorna- a proposta que estabelece uma redefinição
lista Carlos Alberto Sardenberg; de José Ro- da atuação do Cade (Conselho Administrati-
berto Bernasconi, Presidente do Sinaenco/SP vo de Defesa Econômica) e da SDE (Secretaria
(Sindicato Nacional Empresas de Arquitetura de Direito Econômico), no sentido de torná-
e Engenharia Consultiva). -los, efetivamente, pró-ativos, ágeis e preven-
Temos uma dívida pública que chega a tivos, sob a ótica do interesse nacional e dos
40% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto consumidores brasileiros.
a média nos países emergentes fica em 30%. No que tange à crescente dívida pública,
O aumento galopante nos gastos públicos vou propor condicionar o aumento dos gastos
praticamente inviabiliza qualquer discussão públicos, obrigando-o a limitar-se num pata-
para conter a “sanha arrecadatória federal” e mar inferior o aumento do PIB. Desta maneira,
compromete a capacidade do setor público estaríamos equacionando os gastos e inibin-
para investir em infraestrutura. Investimos cer- do a farra das nomeações, além de criarmos o
ca de 18% do PIB/ano, enquanto a média dos ambiente propício para uma redução na carga
emergentes chega a 24%, e a China, em espe- tributária e para avançarmos nas reformas es-
cial, 30%. Não é à toa que o Brasil apresenta o truturais tão necessárias para readquirirmos a
menor índice de crescimento entre os países nossa capacidade de investimento.
que formam os Brics. Grandes obras de infraestrutura deman-
E ainda temos um ambiente institucional dam tempo e não podem estar submetidas
que inibe a participação de novos investido- ao calendário eleitoral. O Brasil precisa, urgen-
res privados em obras estruturais, diante da temente, não de um PAC, mas de um Plano
excessiva burocracia, da ausência de reformas Nacional de Desenvolvimento para assegurar
como a Tributária, Previdenciária e Trabalhista, alicerces sólidos para um crescimento eco-
e de marcos regulatórios instáveis. Uma coisa nômico sustentável e duradouro.

RODOVIAS&VIAS 95
22 – 24 de Novembro de 2011
Pavilhão Azul, Expo Center Norte - São Paulo

2011 O ENCONTRO DAS INDÚSTRIAS DE


INFRAESTRUTURA PARA TRANSPORTE

O principal encontro na América Latina das industrias de infraestrutura para um


transporte seguro, eficiente e confortável via terra, água e ar

Os quatros principais temas da exposição e do programa paralelo de conferência são:

Proteção Gerenciamento Conforto


Construção
e segurança e operações do usuário

TranspoQuip Latin America 2010

Área de exposição de 8.000 Mais de 5.000 visitantes e


metros quadrados participantes do Brasil e outros
países da América Latina
250 expositores de 22 países
28 conferências e seminários com
Crescimento de 25% em relação
70 palestrantes e debatedores
a edição de 2009

Tel.: 21 2233 3684 / 21 2516 1761


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ARTIGO

Rapidez e qualidade em
“ obras de concreto
Eduardo Barros Millen
Presidente da Associação Brasileira de
para eventos esportivos
Engenharia e Consultoria Estrutural
(Abece)

A esta altura, o leitor pode estar pergun-


tando: mas o que tem a ver tudo isso com as
estruturas de concreto? Na nossa percepção,
os atrasos podem ser premeditados, pois o
governo sabe da capacidade do empresário

V ivemos atualmente, no Brasil, um sen-


timento misto de entusiasmo, expec-
tativa e apreensão devido aos eventos espor-
brasileiro em executar obras a curtíssimo pra-
zo, porém a altíssimo custo.
O concreto é hoje um material bastante
tivos mundiais que aqui serão realizados nos conhecido e sua tecnologia, tanto de proje-
próximos anos. tar como de executar, é considerada das mais
Entusiasmo pela necessidade de execu- avançadas do mundo. Projetos estruturais,
ção de obras necessárias para atender aos elaborados com cálculos sofisticados necessá-
eventos, não só estádios, mais moderamente rios devido ao arrojo cada vez maior dos arqui-
chamados de arenas pela sua concepção de tetos, são possíveis graças ao conhecimento,
multiuso, mas também, e principalmente, pe- capacidade e critérios dos projetistas estrutu-
las obras de infraestrutura para atender todo o rais, com o auxílio imprescindível dos progra-
entorno dos locais de eventos, como transla- mas computacionais.
dos, comunicações, segurança, atendimento Nesse setor, a Abece (Associação Brasileira
médico e outros. Nesse contexto, podemos de Engenharia e Consultoria Estrutural) pres-
citar necessidades urgentes de ampliação de ta um serviço de reconhecida competência
aeroportos, continuidade com mais intensi- junto aos seus associados, visando a melhoria
dade das obras de metrôs urbanos, melhoria de qualidade do projeto estrutural por meio
significativa da rede de telecomunicação, ma- de cursos, seminários, palestras, congressos,
nutenção e alargamento de rodovias. publicações e participações em comissões de
Expectativa por um plano máster de ge- normas técnicas.
renciamento das obras, que começa com o Obras executadas com concreto de qua-
planejamento global e integrado dos traba- lidade, que devido à tecnologia existente
lhos de modo a evitar dispersão de esforços, adquire resistência a curto prazo, com dura-
definir prioridades e elaborar cronogramas fí- bilidade e sustentabilidade, como se faz hoje
sicos e financeiros exequíveis. em dia, são possíveis graças à cadeia da cons-
Apreensão pelo fato de que até agora, a trução composta pelos projetistas (arquitetos,
menos de dois anos e meio do início da Copa estruturais, de utilidades), fornecedores de
das Confederações, em 2013, evento piloto matéria-prima (cimento, agregados e aditi-
para o campeonato mundial de futebol de vos), fabricantes de concreto, construtoras,
2014, temos visto algumas ações isoladas de laboratórios de controle de qualidade e espe-
reformas e construção de alguns estádios e cialmente de uma figura extremamente ne-
nada mais. Muito se fala em verbas e projetos cessária para se obter o concreto adequado
para a infraestrutura, mas, na prática, nada com as características projetadas, que é o tec-
anda, nem sequer o planejamento, extrema- nologista de concreto.
mente necessário. Fica a nossa confiança de que graças à
Como exemplo, a Inglaterra, que sediará as capacidade de execução das obras da cadeia
Olimpíadas de 2012, INÍCIOu seu trabalho sete da construção, apesar de todos os atrasos já
anos antes, utilizando os dois primeiros somen- incorridos, teremos eventos com obras, pelo
te em planejamento, estando hoje com alguns menos as de infraestrutura, concluídas e pron-
meses de avanço em relação ao cronograma. tas a tempo para seu devido uso.

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98 RODOVIAS&VIAS
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31 DE AGOSTO AINDA MAIS COMPLETO

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RODOVIAS&VIAS 99
QUANDO O ASSUNTO É
DESENVOLVIMENTO, A GENTE
NÃO SAI DOS TRILHOS.
A VALEC está à frente da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), uma
das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do
governo federal.

O consórcio Mendes Júnior – Sanches Tripoloni – FIDENS participa dessa


construção, que levará desenvolvimento e crescimento para todo o país.

Temos orgulho de fazer parte desse projeto. Um caminho para uma


economia mais forte e um Brasil cada vez melhor.

CONSÓRCIO

100 RODOVIAS&VIAS

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