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A Geração de 70
A Geração de 70, também conhecida como “Dissidência de Coimbra”, começou por ser constituída
por um grupo de jovens intelectuais da última metade do século XIX, do qual fizeram parte alguns dos
maiores vultos da literatura portuguesa, como Antero de Quental, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão,
Teófilo Braga e Guerra Junqueiro. Este grupo de jovens afirmou-se como elite intelectual entre 1865,
data do polémico texto de Antero contra Castilho (“Bom Senso e Bom gosto”), e 1871, data das
Conferências do Casino.
Na década de 1870, Portugal vivia os efeitos dos movimentos do Fontismo e da Regeneração. A
Geração de 70, claramente voltada para os valores da educação e da cultura, rebelou-se contra o
progresso predominantemente material e mercantilista de Fontes Pereira de Melo. Manifestando um
grande descontentamento face à situação política, cultural e social do país, os membros da Geração de
70 defendiam uma maior abertura e receptividade de Portugal à cultura europeia e a urgência de uma
reforma cultural no país.
O cariz revolucionário desta elite intelectual era sustentado pela assimilação de ideias inovadoras da
cultura europeia, nomeadamente através de leituras de autores franceses e alemães e do conhecimento
de movimentos insurreccionais estrangeiros, como a Comuna de Paris1. Racionalistas, herdeiros do
positivismo de Comte, do idealismo de Hegel e do socialismo utópico de Proudhon e Saint-Simon, os
jovens da Geração de 70 protagonizaram uma autêntica revolução cultural no nosso país,
nomeadamente através da “Questão Coimbrã” e das Conferências do Casino.
– Ramalho Ortigão (1836-1915): apesar de inicialmente ser aliado de Castilho contra Antero, integrou
a Geração e assumiu um papel preponderante na “Questão Coimbrã”. Escreveu As Farpas.
– Teófilo Braga (1843-1924): deixou um espólio considerável nos estudos literários, na política,
na investigação dos costumes portugueses e na tradição oral. Foi companheiro de Antero na
“Questão Coimbrã” e, mais tarde, Presidente da República.
– Guerra Junqueiro (1850-1923): escreveu poesia e fez parte do Cenáculo e dos “Vencidos da Vida”.
Foi ministro após a implantação da República.