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Daniela Sant’ana
Introdução
Em seu artigo Jornalismo Policial Responsável, Alex Rômulo Pacheco diz que “As
cenas que mancham de sangue a televisão são estratégias para chamar a atenção para o fato
que está ocorrendo, tudo isso, sem buscar solução.” (PACHECO, 2005, p. 2) Nesse caso, cabe
discutir o papel da mídia no trabalho da polícia durante as coberturas policiais. É fato que o
jornalismo se configurou como quarto poder, mas só tem poder porque a própria audiência lhe
garante esse poder. Se o jornalismo policial é tema tão abordado hoje na televisão, é porque o
público dá audiência, é o que ele quer ver.
As emissoras, por sua vez, com intenções puramente comerciais, exploram aquilo que
gera lucros, o que efetivamente dá audiência. A notícia é veiculada como mercadoria, e a
mercadoria deve atender as expectativas do consumidor.
Em 2008 o Brasil teve o maior exemplo de como a mídia televisiva pode influenciar
em um caso policial. No dia 13 de outubro, o jovem Lindemberg Fernandes Alves manteve
em cativeiro sua ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de apenas 15 anos, no apartamento da
garota, em Santo André, na Grande São Paulo. A estudante realizava trabalhos escolares com
a amiga Nayara Silva e com mais dois adolescentes. Os dois rapazes foram libertados ainda
no primeiro dia, permanecendo no cativeiro apenas as duas jovens.
O caso se estendeu por muitos dias e a mobilização social foi tamanha que influenciou
diretamente no trabalho policial. Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE)
negociavam com o sequestrador. No dia 14, a polícia conseguiu que Lindemberg soltasse
Nayara. O sequestro se arrastava e a falta de ação da polícia gerou muitas críticas por parte da
imprensa e, consequentemente, da população.
No dia 15, a pedido do sequestrador, a polícia, que parecia perdida, mandou de volta a
adolescente Nayara ao cativeiro para tentar conversar com Lindemberg. Essa atitude gerou
inumeras repreensões na imprensa, levantadas por especialistas que davam entrevistas nas
Considerações Finais
Referências
BUCCI, E. O espetáculo não pode parar. In: BUCCI, E. Sobre Ética e Imprensa. São Paulo:
Companhia das letras, 2000. p. 188-201
DEBORD, G. A sociedade do espetáculo. 4º ed., Rio de Janeiro: Contraponto, 237 p., 2005