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RESUMO
A proposta deste artigo se estrutura em torno da evidência de que, a partir dos anos 90, as variações no
cenário mundial repercutiram, entre outros, para o setor de turismo e hotelaria, acarretando uma necessidade não só
implícita, mas exigida no cotidiano das organizações: o foco na competitividade. O crescimento do turismo brasileiro nas
duas últimas décadas, especificamente no Nordeste, representa uma possibilidade propulsora do desenvolvimento
socioeconômico desta região. A mutação do fluxo turístico, contudo, é intensa de sorte que obriga as empresas
envolvidas a repensar e reformular seus sistemas de gestão ainda tradicionais, de forma a adaptar-se às novas
realidades de um mercado com potencial ascendente. O objetivo deste trabalho é traçar uma análise da prestação de
serviços hoteleiros através dos cinco objetivos de desempenho ligados à função produção que são: qualidade, custo,
tempo, confiabilidade e flexibilidade. Estes objetivos de desempenho serão importados para um ambiente hoteleiro, de
onde se identificará como eles podem ser traduzidos e analisados. A metodologia escolhida é de caráter exploratória,
tendo como estratégia de pesquisa um estudo de caso. Os resultados mostram como a análise dos cinco objetivos de
desempenho pode contribuir para o aumento da competitividade dentro de uma empresa de pequeno porte do setor, de
onde se obedecerá as características do segmento-alvo dos clientes desta. As conclusões se referem a importância da
utilização desta metodologia para análise da função produção e incremento de competitividade.
ABSTRACT
The article’s proposal is to work about the evidence that during the 90’s, the new world scenarios achieved
tourism and hospitality, threatening it like others businesses area , changing its dynamics and resulting in the need for
rethinking the management and focus on the competitive edge. For the last decade on which tourism and hospitality
grew up with a large meaning, specifically in Northeast, it may represent the boom’s perspective to a social and
economic development of this country’s side. In spite the uncertainties and the instability of the tourism demand, what
represents the point of general concerns to the organizations involved, they are being leaded to reformulate traditional
behaviors and business management, including new tools to improve, streamline and come as safe as possible to a new
scenario with sustainable growth. Through a case study in a small Hotel where the analysis were guided by the five
performance objectives linked to the operational production: quality, costs, time, flexibility, confiability. Those objectives
were exported to have their identification in a hotel environment. The survey results show how those objectives are able
to positively boost the competitive rise. The work’s conclusion makes reference to the importance on using them like
tools to analyze the productions sector and operations management to increase services competitive.
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Aluna Mestrado Acadêmico em Administração de Empresas, Centro de Estudos Sociais Aplicados, Universidade
Estadual do Ceará.
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Mestrado Acadêmico em Administração de Empresas, Centro de Estudos Sociais Aplicados, Universidade Estadual do
Ceará.
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1. INTRODUÇÃO
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seria lógico destacar a importância na abordagem da influência dessas estratégias quanto
à natureza intangível dos serviços e sua relação com a competitividade empresarial. A
principal contribuição dos ativos intangíveis para a vantagem competitiva fundada é a
sustentabilidade durante um período de prolongado para a competitividade. Para tratar de
competitividade deve-se estabelecer as prioridades competitivas, que segundo Barros
Neto (2001) são “um conjunto consistente de critérios que a empresa deve valorizar para
competir no mercado”.
No que diz respeito ao estabelecimento de prioridades competitivas numa empresa
de serviços, destaca-se o caso de uma empresa hoteleira que é conceitualmente uma
organização de operações de serviços diversos e, deste modo passível de análise
segundo os critérios de estratégias de operações. Esta análise será feita, considerando-
se os cinco objetivos de desempenho definidos por Slack (2001). São eles: qualidade,
custo, tempo, confiabilidade e flexibilidade. Na descrição de Gianesi e Correia (1994:23)
eles significam:
• Qualidade: Fazer produtos melhores que os concorrentes;
• Custos: Fazer produtos mais baratos que os concorrentes;
• Tempo: Entregar os produtos mais rápido que os concorrentes;
• Confiabilidade: Entregar os produtos nos prazos
• Flexibilidade: Mudar muito e rapidamente o que se está fazendo.
Em suma, o objetivo do trabalho é descrever como os cinco objetivos de
desempenho definidos anteriormente podem ser entendidos dentro da realidade de um
hotel de pequeno porte. Esta reflexão tem como principal justificativa a contribuição para
literatura específica do setor através da releitura de um conceito desenvolvido inicialmente
para um ambiente de manufatura e aqui traduzido para uma ótica de serviços.
Serão relacionados aspectos sobre administração de produção, de serviços
hoteleiros e estratégias para empresa de pequeno porte, respeitando não só a realidade
macro-ambiental, como consideradas as características inerentes à empresa e seus
clientes. O trabalho é baseado numa metodologia de caráter exploratório e utiliza como
estratégia de pesquisa o estudo de caso.
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Como busca à sobrevivência, um novo estilo gerencial se desenvolveu em torno do
processo como um todo, sobre o serviço prestado, onde “manter e melhorar
continuamente a qualidade no fornecimento dos serviços hoteleiros tornou-se um desafio
permanente”, nas palavras de Castelli (2000:47).
Quanto a chamada classificação hoteleira, criada no final da década de 70,
objetivando o ordenamento do setor, esta concentrou-se principalmente nos aspectos
físicos do negócio. Estatisticamente 70% da pontuação refere-se aos aspectos da
construção, instalações e tecnologia adotada, enquanto os restantes 30% destacam o
aspecto dos serviços prestados. Castelli (2000, 49) descreve muito bem esta situação
quando relata ”o produto hoteleiro é um somatório de bens e serviços que deve primar
pelo seu equilíbrio. Atualmente está em andamento a reforma da nova matriz de
classificação hoteleira, com previsão para substituição a anterior a partir de 2002, visando
abranger às falhas anteriores e estar em coerência com o atual cenário do mercado.
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eventos profissionais, congressos. O cliente individual são pessoas físicas tais como,
profissionais liberais, estudantes universitários, aposentados, grupos de melhor idade e
funcionários públicos, em geral pertencentes a classe média. Tem-se um percentual anual
de 60% de profissionais liberais, 12% de estudantes e, 20% de grupos e pessoal de
melhor idade e o restante variando entre os demais.
Há ainda considerável movimentação de turista internacional proveniente da Itália
(32% sobre o total de estrangeiros), França (43%) e os demais 25% entre suíços,
alemães, portugueses, argentinos e um percentual quase irrisório de Norte-americanos e
canadenses, não chegando a 2%.Esses clientes estrangeiros vêm em sua grande maioria
em férias, buscando lazer.
Quanto ao cliente pessoa jurídica, estes são empresas tanto de pequeno, médio,
como grande porte. As de pequeno e médio porte são usuárias do turismo de negócios
através de seus diretores ,sócios, gerentes, enquanto a de grande porte utiliza para
profissionais até o nível gerencial. Este segmento varia entre empresas privadas (73%),
empresas públicas (21%) e organizações não governamentais ou terceiro setor (6%).
Levanta-se também a existência do cliente intermediário, composto por operadoras e
agencias de viagens nacionais e internacionais, presentes ao longo de todo o ano com
variações na freqüência e no volume de transações.
É com base nesta premissa e na experiência obtida por esta autora dentro do setor
hoteleiro, que apresenta-se o Quadro de 1 a seguir. Nele apresenta-se um elenco de
serviços ligados a cada categoria de desempenho, observado o público-alvo selecionado
pela empresa e descrito anteriormente.
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Quadro 1 – Os objetivos de desempenho e suas operacionalizações
OBJETIVOS DE OPERACIONALIZAÇÃO
DESEMPENHO
QUALIDADE Apresentar cortesia, presteza e simpatia no primeiro contato de um
possível cliente ou hóspede ao hotel
Investir no funcionário e na própria direção
Ter habilidade e conhecimento para execução do serviço
Realizar além do serviço padronizado, o serviço personalizado
Perceber como o cliente quer ser atendido
Realizar mesmo em momentos de movimentos atendimento a todos
Apresentar ótimo grau de limpeza das áreas sociais e comuns
Prover um ambiente familiar e tranqüilo.
Prover segurança às pessoas no ambiente
Apresentar um serviço de governança eficiente, que cuide da limpeza
do hotel em geral, controle adequadamente o provimento das roupas de
cama e banho e uniformização dos funcionários
Verificar manutenção preventiva em todo e qualquer equipamento de
áreas externas e internas do hotel
Procurar uma solução para problemas dos hóspedes
Prover o café da manhã com itens prometidos,ambiente limpo e bem
provido,coordenando atendimento com pessoal cortes, devidamente
fardado.
Prover as unidades habitacionais com todos os itens prometidos e em
perfeito estado de funcionamento: camas e travesseiros confortáveis,
equipamentos auxiliares funcionando, apuro ambiental do apartamento
Precificar os serviços conforme seu nível de operação
Apresentar conformidade do arranjo físico e classificação da empresa
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Quadro 1 – Os objetivos de desempenho e suas operacionalizações - continuação
CUSTO Realizar contratação ou alocação adequada de pessoal no quadro
Realizar terceirização adequada de serviços- meio
Efetuar controle sobre desperdício no uso de material, tecnologia e
pessoal
Gerir estoques com uma política adequada
Trabalhar com métodos de previsão qualitativos, quantitativos ou
causais adequadamente
Desenvolver políticas de preços que atraiam a demanda
Realizar promoção de demanda fora da alta
Desenvolver serviços complementares que atraiam clientes
Front Office trabalhando afinado com o back room
TEMPO Redução no tempo de efetuação e confirmação de reservas seja por
telefone, fax, e-mail, pessoalmente, correio
Considerar durante a operação o relacionamento entre o tempo real e o
percebido
Redução de tempo no check-in e check-out no hotel
Redução no tempo de atendimento telefônico (ramais e linhas externas)
Redução no tempo de atendimento no balcão do hotel
Redução no tempo de resposta a informações precisas e pertinentes ao
serviço
Redução no tempo de recebimento preparo e entrega de roupas pela
lavanderia
Redução de tempo no preparo atendimento a pedidos de refeição
Redução no tempo de atendimento de mesa no café da manhã
Redução no tempo de reparo de material danificado ou em mal
funcionamento
Redução no tempo de limpeza e arrumação das habitações
CONFIABILIDADE Realizar somente acordos ou promessas que serão cumpridas.
Cumprir prazo de entregas de serviços contratados
Realizar reservas com segurança sem possibilidade de overbooking
Atentar para a variabilidade no tempo de realização da prestação de
serviços e atendimento
FLEXIBILIDADE Prover espaço , reorganizar o apartamento, se necessário para o
hóspede executivo com seu material de trabalho
Mudar a arrumação padrão do apartamento do hóspede-residente
quando solicitado
Adaptar cardápio e alimentos do café da manhã para hóspedes com
restrições alimentares
Tolerar alterações de horários do check-in e do check-out.
Estar capacitado a modificar e adaptar uma operação ou serviço para
atender à uma necessidade do cliente no curto prazo
Montar um sistema de operações de serviços, que ao longo prazo vise
as reais necessidades dos clientes capacitando-se para atende-las.
Fonte: autoria própria
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3. CONCLUSÕES
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entendimento entre os seres, entre as pessoas clientes ou empregados, com
reconhecimento dos direitos legítimos de todos.
Tem-se presente, em cada etapa do estudo, os ativos intangíveis. Hoje
reconhecidamente mais determinantes para o sucesso de uma empresa prestadora de
serviços. Mas este determinante de sucesso traz consigo uma contradição: são os menos
compreendidos e menos suscetíveis a padrões mensuráveis, tornando ainda mais frágil
as conquistas quanto à percepção dos usuários de serviços hoteleiros.
Finalmente, buscar compreender e classificar os cinco objetivos de desempenho
adaptando-o a uma realidade de um Hotel deixa como experiência a ressalva do cuidado
na definição de estratégias operacionais de produção, da adoção de critérios competitivos
e que estes devem girar em volta e somente em volta de uma razão: do cliente e não do
negócio.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DRUCKER, P. F. The Age of discontinuity: Guidelines to our changing society. New York:
Harper and Row, 1992.
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