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PUBLICAÇÃO DA CONEP – COMISSÃO NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA – ANO IV – NÚMERO 8 – AGOSTO DE 2001

Índice

Dúvidas?
A CONEP responde ................................................................................................ 5

Depoimento
Centro de Referência e Treinamento DST/Aids ...................................... 9

Imprensa
Ética em Pesquisa no noticiário .................................................................... 13

Avanços
Fortalecimento dos CEPs ................................................................................. 15

Livros
Novos lançamentos sobre Ética em Pesquisa ....................................... 18

Opinião
Vulnerabilidade do sujeito de pesquisa
por Elma Zoboli e Lislaine Fracolli ................................................................. 20
Transgênicos: dilemas do biopoder
por Fátima Oliveira ............................................................................................... 22

Documento
Regimento Interno da Conep/CNS ............................................................. 26

Anexo
CEPs aprovados em 2001 .............................................................................. 30

Os artigos assinados não retratam, necessariamente, a opinião da Conep.


Editorial

Bioética no Brasil e a Resolução 196


Por William Saad Hossne

implantação (e a rápida “peça” de natureza bioética por


A consolidação) da Bioética
no Brasil, ocorrida na última dé-
excelência, desde sua gênese, até
seu conteúdo e sua operacio-
cada, constitui um dos fenôme- nalização.
nos mais relevantes a ser assina- O Conselho Nacional de Saú-
lado no campo da ética. de, em 1995, ao criar o Grupo
Três grandes “instrumentos” Executivo de Trabalho, incum-
ou acontecimentos, entre outros, bido de propor minuta da reso-
contribuíram decisivamente para lução sobre diretrizes éticas na
esse fato: a fundação da SBB- pesquisa envolvendo seres huma-
Sociedade Brasileira de Bioética nos, já balizou a orientação
(Botucatu, 1992) a criação da bioética a ser dada ao documen-
Revista Bioética (Brasília, 1993, to. Por isso, os 13 membros do
CFM) e a homologação da Re- Grupo Executivo (GET) perten-
solução 196/96 (Brasília, 1996, ciam a diferentes áreas do conhe-
CNS, MS). cimento e de atuação profissio-
A Sociedade Brasileira de Bio- nal: médicos, engenheiros, bio-
ética está hoje plenamente con- médicos, juristas, empresários,
solidada, reunindo associados de teólogos, lideranças de organiza-
todo o país, realizando congres- ções não governamentais, usuá-
sos, seminários e diversas outras rios do sistema de saúde, confi-
atividades, no campo da Bioéti- gurando-se assim a característica
ca; seu papel é amplamente re- pluralista da Bioética.
conhecido no Brasil e no exte- A estratégia adotada pelo GET
rior. Assim, em 2002, deverá a para a elaboração da proposta
SBB presidir o Congresso Mun- também seguiu linha nítida da
dial de Bioética, a se realizar em Bioética: cerca de 30.000 pessoas
Brasília. ou entidades – todas que pudes-
A revista Bioética (já com oito sem estar relacionadas à área da
volumes), levou aos profissionais Bioética e não apenas da área da
de saúde as grandes questões no saúde – foram convidadas a en-
campo da Bioética. A qualidade viar suas sugestões, após ampla
dos simpósios e dos artigos ori- discussão no âmbito de sua atua-
ginais, aliada às diversas seções ção. Com esta medida, iniciou-
permanentes, é atestado elo- se a discussão ética das pesquisas
qüente da sua contribuição. em seres humanos, nos diversos
Por sua vez, a Resolução 196/ segmentos da sociedade, mesmo
96 vem tendo papel decisivo no antes de ser elaborada a Resolu-
desenvolvimento, expansão e con- ção 196.
solidação da Bioética no Brasil. As sugestões – cerca de 300 –
A Resolução 196/96 é uma foram amplamente discutidas em


duas audiências públicas, contan- tica e não da ética corporativista.
do-se novamente com a contri- Calcula-se que todo mês, no
buição multidisciplinar e repre- país, estão sendo aprovados per-
sentativa das diferentes áreas do to de 3.000 projetos/pesquisa.
conhecimento e da sociedade. Admitindo-se a participação de
Merece destaque a contribuição 40 pessoas/projeto, chega-se à
do fórum das entidades de defe- pressuposição de que, a cada
sa dos portadores de patologia e mês, mais de 100.000 sujeitos de
deficiências, apresentando valio- pesquisa, ao tomar conhecimen-
sas sugestões de natureza bio- to do Termo de Consentimen-
ética, vistas sob a ótica dos sujei- to, também acabam sendo envol-
tos da pesquisa. vidos nas questões de bioética,
Do ponto de vista de conteú- ao menos no que se refere aos
do, a Resolução 196/96 é tam- seus direitos.
bém toda ela de essência bioética, O sistema harmônico Conep-
tornando-se até mesmo difícil dar CEP (são cerca de 400 já regis-
destaque a um ou outro ponto. trados), aliado às atividades do
Contudo, vale a pena salientar a Departamento de Ciência e Tec-
sua abrangência (pesquisas em nologia (DECIT-SPS-MS) atuan-
todas as áreas que possam atin- do articuladamente, realizando
gir o ser humano em suas diver- encontros regionais e nacional,
sas dimensões), seus princípios fortalecendo a estrutura dos co-
ou referenciais (todos da Bioéti- mitês institucionais, publicando
ca), os conceitos adotados, os os Cadernos de Ética em Pesqui-
balizamentos para a elaboração sa, contribui para a consolidação
do protocolo, os mecanismos de da Bioética em nível nacional.
defesa da dignidade do ser hu- Finalmente, as ações da Conep,
mano, são todos de característi- consubstanciadas nas palestras e
cas bioéticas. De fundamental conferências proferidas, no país
importância no sentido de exer- e no exterior pelos seus mem-
cício – e da difusão – da Bioética bros, ao lado das atividades de
é a sistemática de operacio- sua Secretaria Executiva, fincam
nalização da Resolução 196/96. estruturas institucionais voltadas
Não sendo cartorial, e muito à Bioética.
menos auto aplicável, a Resolu- A mídia, por meio dos conta-
ção exige o exercício da Bioética tos com a Conep, tem contribuí-
na análise de cada projeto. do para a divulgação das ques-
Na medida em que todo pro- tões bioéticas, a partir da proble-
jeto deva ser analisado por Co- mática das pesquisas envolvendo
mitê de Ética em Pesquisa, de na- seres humanos, focalizada pela
tureza bioética, criam-se condi- Resolução 196/96.
ções para a consolidação e difu- A Resolução, por isso tudo, é
são da Bioética. hoje um dos meios que eficien-
A composição pluralista dos temente tem contribuído para a
Cadernos
4 de Ética em
membros do CEP é fator decisi- implantação e consolidação da
Pesquisa vo para a consolidação da Bioé- Bioética no Brasil.
Dúvidas?

A CONEP responde

spaço reservado O caso apresentado liberal, os médicos recebem seus


E às dúvidas de O instituto de ensino e pesqui-
sa de um hospital privado de São
honorários do paciente ou de fon-
tes pagadoras (convênios).
membros de CEPs e Paulo-SP encaminhou à Conep ✔ Além disso, pacientes com
pesquisadores, esta uma consulta sobre aspectos de Leucemia necessitam freqüente-
protocolos de pesquisa, já apro- mente internação hospitalar com
seção apresenta, a vados pelo CEP do hospital e dedicação diária do hematolo-
cada nova edição, também pela Conep. gista que estabelece previamente
observações e Os dados apresentados são os seus honorários com os pacien-
seguintes: tes, de acordo com o Código de
encaminhamentos ✔ Os protocolos referidos têm Ética Médica.
indicados na a ver com experiências com o me- Diante destes dados, podemos
dicamento para Leucemia Mielói- formular a indagação da seguinte
Resolução 196.
de Crônica, de um grande labora- forma:
Nesta edição, um tório. Já que nos hospitais públicos e
parecer sobre ✔ Em contrato, o laboratório é universitários os médicos são con-
responsável pelo pagamento dos tratados e recebem seus salários das
cobrança de exames laboratoriais e pelo forneci- instituições , independente da sua
honorários. mento gratuito do medicamento. participação ou não nos projetos
✔ Ela, também, assume todos de pesquisa, será lícito o médico
os custos médicos e hospitalares, que trabalha em regime de profis-
através de seguro específico, no sional liberal, receber a recompensa
caso de efeitos colaterais relacio- pelo seu trabalho, quando atua
nados à medicação. como pesquisador no contexto
✔ O laboratório, porém, deixa terapêutico, através de honorários
claro que não é responsável pelos cobrados dos seus clientes, sejam
honorários dos médicos- assisten- particulares, sejam conveniados?
tes. Argumentos que poderiam
✔ Estes mesmos protocolos são ser invocados a favor da
oferecidos no Brasil em mais qua- cobrança de honorários
tro hospitais públicos e universi- 1. Em outros países, em que vi-
tários, nos quais os médicos são gora a atividade liberal da medi-
contratados e recebem salários das cina, não há qualquer impedi-
instituições em que trabalham. mento à cobrança de custos hos-
✔ No caso do hospital, insti- pitalares e de honorários médicos
tuição que mantém médicos a pacientes que aceitam e querem
credenciados, que trabalham sob participar de procedimentos ex-
o regulamento do corpo clínico perimentais aprovados por comis-
e protocolos de conduta insti- são de ética em pesquisa.
Cadernos
tucionais, mas cuja relação com o 2. O trabalho do médico deve de Ética em 5
paciente se dá como profissional ser remunerado. No caso dos Pesquisa


hospitais públicos ou universitá- qualquer pagamento ao sujeito da
rios, este pagamento se realiza pesquisa que possa ser interpre-
através de contrato, no caso do tado como remuneração, mas, em
paciente particular ou conve- nenhum momento a Resolução
niado, onde o regime de traba- proíbe o sujeito de pagar pelo
lho é profissional liberal, quem privilégio de participar.
paga deve ser o próprio paciente 5. Os pacientes que não podem
ou o convênio. ou que não querem pagar pelo
3. É importante distinguir en- tratamento experimental, sempre
tre o sujeito de pesquisa sadio e podem se dirigir aos hospitais
seu relacionamento com o médi- públicos ou universitários onde se
co pesquisador e o sujeito de pes- oferece este tratamento sem ônus
quisa que é paciente do médico e para o paciente. À luz da Resolu-
que entra no protocolo de pes- ção 196/96, que, no seu artigo
quisa por causa de possíveis be- VI.3,h), prevê ressarcimento de
nefícios terapêuticos previstos. No gastos aos sujeitos da pesquisa,
primeiro caso, onde não há be- mas que “A importância referen-
nefício nenhum para o sujeito da te não poderá ser de tal monta
pesquisa, é lógico que quem deve que possa interferir na autonomia
remunerar o trabalho do médico da decisão do indivíduo ou res-
pesquisador é o patrocinador que ponsável de participar ou não da
se interessa pelos resultados da pesquisa”, pode-se argumentar
pesquisa. No segundo caso, po- que a dispensa de honorários
rém, onde já existe a relação mé- constituiria um incentivo tão
dico-paciente, que inclui o siste- grande que cercearia a autonomia
ma de pagamento de honorários, da pessoa.
onde o tratamento experimental Argumentos que poderiam
tem finalidade terapêutica e onde ser invocados contra a
o próprio paciente é um dos in- cobrança de honorários
teressados, parece razoável o pa- 1. Em qualquer pesquisa, seja
ciente pagar pelos serviços que lhe puramente científica, na qual não
são prestados. há nenhum benefício para o sujei-
4. A Resolução do Conselho to da pesquisa, seja terapêutica, na
Nacional de Saúde Nº 196/96, qual pode haver benefício direto
no seu artigo II.10, define o su- para o paciente, embora isso não
jeito da pesquisa como sendo seja garantido, o principal interes-
“o(a) participante pesquisado(a), sado é o patrocinador e é ele que
individual ou coletivamente, de deve arcar com todos as despesas,
caráter voluntário, vedada qual- incluindo os honorários dos mé-
Cadernos
6 de Ética em quer forma de remuneração”. dicos que participam da pesquisa
Pesquisa Claramente, a Resolução veda com seu trabalho, que tem preço.
2. O fato de médicos, servido- tos são relevantes e o peso que se
res públicos, em hospitais públi- lhes deve dar.
cos e universitários, gastarem seu Primeiro, temos um argumen-
tempo promovendo pesquisas de to a descartar: que em outros paí-
interesse da indústria farmacêuti- ses, não há impedimento à co-
ca a custo dos cofres públicos, não brança de custos hospitalares e de
justifica a cobrança de honorários honorários médicos a pacientes
de pacientes particulares ou que aceitam e querem participar
conveniados para subvencionar de procedimentos experimentais.
tais pesquisas. Pelo contrário, o Quando muito tem um valor de
patrocinador deve pagar pelo tra- referência, indicando a prevalência
balho dos médicos profissionais de certos comportamentos que
liberais que colaboram em suas podem ser louváveis ou não. O
pesquisas, como também deve alto índice de escravidão no Bra-
indenizar as instituições públicas sil colonial não justificava etica-
pelos seus gastos, a não ser que mente este comportamento,
se possa demonstrar claramente como, nos dias de hoje, a preva-
utilidade pública e retorno deste lência da prática da pena de mor-
investimento para a sociedade. te nos Estado Unidos não justifi-
3. A Resolução 196/96, no seu ca eticamente esta prática bárba-
inciso VI.2.j), determina que se ra, proibida terminantemente
deve incluir no protocolo o “or- pelo Código de Ética Médica (Ar-
çamento financeiro detalhado da tigo 54/1988) e já abandonada
pesquisa: recursos, fontes e no Brasil faz mais de um século.
destinação, bem como a forma e O segundo passo é tentar ver
o valor da remuneração do pes- onde há convergência de opinião
quisador”. O fato da remunera- dos dois lados da discussão. Pa-
ção do pesquisador ser prevista no rece que há consenso sobre o fato
protocolo pela Resolução pode que o médico deve ser remune-
ser interpretado no sentido que rado pelo trabalho. As diferenças
esta remuneração seja da respon- surgem em relação ao trabalho a
sabilidade do patrocinador e não ser remunerado, a forma da re-
do paciente que já entra com sua muneração e por quem deve ser
pessoa como voluntário. remunerado.
Parece haver consenso que o
O parecer da Conep médico que atua como terapeuta
Examinando os argumentos a deve ser remunerado pelo traba-
favor e contra a cobrança de ho- lho que faz, seja através de con-
norários no contexto de pesqui- trato, honorários pagos direta-
Cadernos
sas terapêuticas, precisamos ten- mente pelo paciente ou convênio. de Ética em 7
tar identificar quais os argumen- A divergência surge em relação Pesquisa


ao trabalho do pesquisador no ladas correspondentemente.
contexto terapêutico. A indústria ✔ Embora sendo um dos inte-
farmacêutica (neste caso a No- ressados, parece-nos injusto que
vartis) parece entender que o pes- as despesas do tratamento expe-
quisador não deve ser pago. O re- rimental corram por conta do
presentante do Instituto Albert paciente, que, nesta situação, está
Einstein, porém, entende que o altamente vulnerável por causa da
trabalho dos pesquisadores que sua doença e por causa da espe-
são funcionários de hospitais pú- rança, fundamentada ou não, que
blicos ou universitários é remu- esta nova terapia possa resolver seu
nerado pelo fato de ser realizado caso.
durante o horário previsto nos ✔ Os maiores interessados nos
seus contratos e que o trabalho resultados da pesquisa são a in-
dos seus pesquisadores (do dústria farmacêutica, que prevê
Einstein), que trabalham em re- retorno financeiro sobre seu in-
gime de profissional liberal, deve vestimento, e a instituição onde
ser remunerado por honorários se realiza a pesquisa, por causa do
pagos pelo paciente ou por seu prestígio e retorno financeiro
convênio. também que seu investimento em
Pesando os argumentos esbo- pesquisa traz. Por isso, somos da
çados acima, o parecer final apro- opinião que as despesas do trata-
vado em plenária pela Conep é o mento experimental, bem como
seguinte: a remuneração do trabalho do
✔ O trabalho do médico no pesquisador, devem ser conside-
contexto puramente terapêutico radas como parte do investimen-
deve ser dignamente remunera- to no projeto e deve correr por
do, segundo as normas e regimes conta do patrocinador e da insti-
de trabalho amplamente aceitos. tuição onde se realiza a pesquisa,
✔ O trabalho do médico que em proporção aos retornos pre-
atua como pesquisador no con- vistos de ambos os lados.
texto terapêutico, também, deve ✔ Em lugar de optar pela solu-
ser remunerado. ção mais fácil, explorando a vulne-
✔ Na prática, talvez seja difícil rabilidade do paciente na sua
distinguir entre procedimentos doença e na sua esperança, o paga-
puramente terapêuticos e proce- mento do pesquisador deve ser in-
dimentos experimentais, por isso, cluído na planilha de custos da pes-
uma vez que o paciente entra no quisa pelo patrocinador e as insti-
protocolo de pesquisa, seu acom- tuições que realizam pesquisas de-
panhamento até o fim da pesqui- vem procurar junto às agências de
Cadernos
8 de Ética em sa deve ser considerado pesquisa fomento e outras fontes o financia-
Pesquisa e despesas e remuneração calcu- mento complementar necessário.
Depoimento

Uma experiência exemplar


Por Eduardo Ronner Lagonegro

onheça o Centro O Centro de Referência e Trei- menu de projetos de pesquisa a Eduardo Ronner

C de Referência e namento DST/Aids foi criado


em 1988. É uma instituição jo-
serem avaliados. Naquele mo-
mento, a política do Ministério
Lagonegro
é coordenador do
CEP do Centro de
Treinamento DST/ vem, com apenas 13 anos de fun- da Saúde era não credenciar ne- Referência e
Treinamento
Aids, que analisa a cionamento. Em princípio, tinha nhum novo centro de pesquisas. DST/AIDS.
como missão dar suporte e co- Se limitava ao credenciamento de e-mail: elagonegro
média de 35 ordenar a descentralização das projetos. Dessa forma, trabalha- @uol.com.br
projetos anualmente ações de vigilância epidemioló- mos na elaboração do crivo éti-
em São Paulo. gica, prevenção e assistência aos co com a resolução CNS 01/88,
portadores de DST/Aids no Es- a primeira resolução nacional
tado de São Paulo, bem como sobre aspectos éticos da pesqui-
prestar atendimento ambulatorial sa em seres humanos. Como
e em hospital-dia aos pacientes nossa instituição não tinha um
lá matriculados. Nesta época, o vínculo acadêmico, observamos
Estado detinha cerca de 50 % dos que a partir da fusão da Comis-
casos de Aids do país. Em 1994, são de Ética Médica e Comissão
foi incorporado o Programa de Científica o trabalho poderia ser
Doenças Sexualmente Transmis- realizado de uma forma mais in-
síveis (DST). No ano seguinte, tegrada e eficiente.
em 1995, aconteceu a unificação A Resolução 196/96 do Con-
da direção da instituição com a selho Nacional de Saúde, no en-
Coordenação do Programa Es- tanto, surpreendeu e efetivou a
tadual de Controle das DSTs e união. Assim, em agosto de
Aids. 1997, criamos nosso Comitê de
Entre 1988 e 1995, a institui- Ética em Pesquisa. Para quem
ção teve uma produção de pes- estava acostumado apenas a dis-
quisas bastante tímida, na maio- cutir projetos entre médicos,
ria das vezes relacionada com a aquela nova experiência de com-
produção de teses de mestrado e partilhar avaliação dos projetos
doutorado, além de pesquisas com profissionais de outras áre-
operacionais de caráter epide- as do conhecimento era ao mes-
miológico e assistenciais. A ques- mo tempo curiosa e instigante.
tão ética destes projetos era ava- Ao longo do tempo tornaria-se
liada por um Comitê de Ética uma experiência de intercâmbio
Médica Institucional. extremamente enriquecedora
No final de 1995, começa um para todos os componentes.
caminho mais profissional na
produção de conhecimento. O Um desafio real
protocolo 028 da Merck, que Como poderia uma instituição
Cadernos
testava um inibidor da protease, criada basicamente para atender de Ética em 9
tornou-se um divisor de águas no uma epidemia inserir-se no ce- Pesquisa


nário de pesquisa e constituir dimento de que o lugar ocupa-
seu Comitê de Ética a partir de do pelo representante dos usuá-
recursos internos limitados? Pa- rios da instituição não deveria ser
receu-nos um grande desafio apenas contemplativo. Este re-
por causa do perfil não acadê- presentante externo trabalha des-
mico da instituição e também de o início do CEP, na relatoria
por causa do perfil dos integran- de projetos, com a mesma fre-
tes do comitê. Nenhum dos qüência que outros relatores do
componentes do CEP tinha for- colegiado o fazem.
mação específica em Ética. Ha-
via bastante disponibilidade in- No lugar do outro
terna dos membros do CEP para Quando há troca e um novo
lidar com o novo, aprender e membro chega ao comitê, logo
trocar informações. Tínhamos na sua primeira participação em
consciência, de uma certa forma, reunião plenária ocorre a pergun-
da limitação de massa crítica, ta: “como vou fazer para relatar
mas que em nenhum momento um projeto?” As primeiras pala-
foi limitante para o desenrolar vras que vêm à cabeça são: inde-
dos trabalhos. Devido a estas e pendentemente da avaliação téc-
outras particularidades do nos- nica, leia atentamente o projeto
so grupo e do material de tra- e, no mínimo, coloque-se no lu-
balho, decidimos no regimento gar da pessoa que vai ser o vo-
interno que teríamos reuniões luntário. Se tudo aquilo que está
plenárias a cada 15 dias e traba- escrito no Corpo do Projeto e
lharíamos com dois relatores por no Termo de Consentimento
projeto. Cabiam à esses dois Livre e Esclarecido lhe conven-
componentes responsáveis pela ce, está bom para você, se não
relatoria de determinado proje- está, o que você mudaria, em que
to apresentá-lo ao colegiado e condições você participaria ou
submeter o material ao debate. não? Este recurso não tem afu-
Trabalhar com profissionais de gentado vários membros do CEP
áreas distintas, com ênfase acen- em suas primeiras contribuições,
tuada para o representante dos e que, com o decorrer do tem-
usuários, foi fato bastante esti- po, acabam incorporando sem
mulante e, de certa forma, novo receio o papel da relatoria, com
para o grupo. Este representan- eficiência e agilidade. Um aspec-
te é eleito pelo Fórum Estadual to interessante é que esta cena
de Organizações Não Governa- freqüentemente se repete inde-
mentais em prol da luta contra pendentemente da área de atua-
Cadernos
10 de Ética em Aids. Desde a criação do nosso ção, experiência profissional do
Pesquisa CEP, sempre tivemos o enten- relator e até mesmo em integran-
tes com mestrado e/ou douto- temática especial – novos fár-
rado. Os membros vêem-se com macos. Do universo de 40 pro-
grande responsabilidade revisora jetos, 30 foram aprovados, nove
e chegam a manifestar situações ficaram em pendência e um es-
conflituosas entre os binômios, tudo de fase II com novo
exigir de mais, exigir de menos, fármaco foi retirado pelo patro-
versus viabilizar projetos, invia- cinador. Vale lembrar que a
bilizar projetos. Vale ressaltar que grande maioria dos projetos
temos recorrido a ampla discus- aprovados tinha tido pendências
são nas seções plenárias, de for- anteriores, que foram atendidas
ma a não permitir eventual viés pelos pesquisadores.
ou que determinados pontos de A instituição é basicamente
vista particularizados do relator procurada para realização de pro-
dominem o parecer final dos pro- jetos de pesquisa relacionados à
jetos. Aids e à DSTs. No entanto, mes-
Em nosso CEP, a distribuição mo dentro deste cenário, conta-
dos projetos é feita em esquema mos com uma grande diversida-
de rodízio, e sempre que possí- de nas áreas onde os projetos
vel fazemos cruzamento entre acontecem. São eles: estudos de
especificidade do tema de deter- incidência, de prevalência, sócio-
minado projeto, guardando a comportamentais, descritivos,
familiaridade do tema para o caso-contrôle, populações confi-
relator, incluindo o representan- nadas, populações vulneráveis
te dos usuários. Durante nosso (homens que fazem sexo com
primeiro ano de funcionamen- homens, travestis, profissionais
to, 1998, avaliamos 32 projetos do sexo, usuários de drogas, he-
de pesquisa. Nos anos subse- terossexuais não monogâmicos),
qüentes, temos avaliado uma menores confinados, projetos de
média de 32 a 38 projetos de ações programáticas entre outros.
pesquisa por ano, sendo que a Neste momento estão acontecen-
grande maioria são projetos do do na instituição três projetos do
Grupo III, e dois protocolos de Grupo II, da área temática espe-
Grupo II, mais especificamente cial com novos fármacos, todos
desenvolvimento de novos sendo de fase III. Enquanto Co-
fármacos. Em 2000, tivemos 40 ordenação do Programa Estadual
projetos protocolados sendo 16 de DST/Aids, temos ancorado
do Grupo III, de área de ciên- projetos de pesquisa cujo campo
cias da saúde; 13 do Grupo III, acontece em unidades básicas de
área de ciências biológicas; 8 do saúde, presídios e outras institui-
Cadernos
Grupo III da área de ciências- ções ligadas ao programa que não de Ética em 11
humanas; 3 do Grupo II, área possuam CEP. Pesquisa


Espaços a ocupar da não conseguimos nos estru- trangeira. Neste mesmo período,
Na avaliação de projetos, não turar o suficiente para o acom- fomos convidados a participar
raramente nos deparamos com panhamento de projetos de pes- como sítio do HIV Vaccine Trial
questões novas, às vezes bastante quisa rotineiramente conforme Network, projeto financiado pelo
complexas, e que temos utiliza- prevê a Resolução 196/96. Pau- NIH dos EUA e que tem como
do do expediente da consultoria latinamente, o espaço físico e finalidade a constituição de uma
ad hoc, ou então procuramos res- organizacional do CEP vem ga- rede de instituições de pesquisa
postas consultando a sociedade nhando também espaço institu- capacitadas a realizar ensaios de
civil ou qualquer outra fonte que cional. Esta situação particular- Fase I, II, e III de produtos can-
nos ajude a ponderar sobre de- mente nos alegra muito, pois didatos a vacinas para o HIV.
terminado assunto. Com o intui- notamos que gradativamente a Dentro deste projeto pretende-
to de exemplificar, lembro-me de instituição está absorvendo a mos realizar um estudo de
um projeto que tinha como ob- cultura e modus operandi do factibilidade (já aprovado no
jetivo avaliar o comportamento de CEP. CEP do CRT-DST/Aids e em
risco para DSTs e Aids em meno- vias de aprovação pela Comissão
res de rua que faziam uso de dro- Avanços possíveis Nacional de Ética em Pesquisa)
gas ilícitas. Diante de assunto bas- Com facilidades ou dificulda- e outro de Fase II de produtos
tante polêmico e delicado, no des, o CEP promoveu, sob os candidatos a vacina para o HIV.
entanto procuramos informações auspícios da Coordenação do Também neste período, no âm-
em fontes das mais variadas para Programa Estadual de DST/ bito do acordo de cooperação
viabilizar eticamente o projeto, Aids, em dezembro de 2000, o entre o Brasil e a França assina-
pois o entendemos como de alta Primeiro Encontro de Represen- do recentemente, temos manti-
relevância. tantes dos Usuários de CEPs da do contato com a ANRS do go-
Se por um lado temos tido re- grande São Paulo. Imbuídos da verno da França visando parce-
sultados bastante encorajadores, questão ética que permeia nosso rias para projetos de pesquisa nas
por outro também encontramos dia-a-dia e com o crescente es- áreas cobertas pelo referido acor-
várias dificuldades para estabe- paço institucional adquirido e do; vacinas, terapia ARV, estu-
lecimento e operacionalização boa receptividade da comunida- dos comportamentais e de avalia-
do CEP. Nestes quase quatro de interna, encontramos terreno ção de custos da assistência a por-
anos de funcionamento, há di- fértil para viabilização de um tadores de Aids. Nossos próxi-
ficuldades desde infra-estrutura, fórum específico para questões mos passos serão dados na dire-
como sala para arquivos e para reflexivas relacionadas a Bioética ção da incorporação cada vez
reuniões, até mesmo de recur- em Aids, que foi realizado em mais sistemática de atividades de
sos humanos, como secretaria de maio último. pesquisa dentro da instituição,
expediente, remanejamento de Há aproximadamente um ano com vistas a produção de conhe-
carga horária e atividades acu- a instituição vem sendo convida- cimento científico relevante para
muladas de membros para ex- da a compartilhar um número o aprimoramento das ações do
pandir o universo de atuação maior de projetos de pesquisa de Programa de DST/Aids do Es-
além da análise de projetos. Ain- fármacos com participação es- tado de São Paulo.
Cadernos
12 de Ética em
Pesquisa
Imprensa

A ética em pesquisa é o destaque

he Washington Post O jornal The Washington Post, temente dominado por incenti-

T e Folha de S. Paulo
entre os mais importantes dos Es-
tados Unidos, e a Folha de S. de
vos de lucro, onde nenhum re-
gulador por si só pode ver o qua-
Paulo, dos mais prestigiados jor- dro inteiro ou pode inspecionar
dedicam várias
nais da imprensa brasileira, abri- ensaios efetivamente, de acordo
páginas de suas ram espaços em suas edições para com entrevistas com médicos de
discussão sobre ética em pesqui- cinco continentes, funcionários
edições à discussão
sa em seres humanos. Além de de saúde e pacientes. Para os nor-
sobre as principais confirmar o interesse crescente – te-americanos, significa que algu-
e global – pelo tema, as reporta- mas das drogas mais novas nas
questões que gens têm em comum o mérito estantes norte-americanas estão
envolvem de fazer com que as questões re- sendo testadas longe, em locais
lacionadas a ética (no caso, ilus- distantes de reguladores norte-
experimentos com tradas com episódios cotidianos) americanos - às vezes em países
seres humanos adquiram atenção da população com poucos inspectores e pouca
e dos mais diversos segmentos da história de examinar a segurança
sociedade. e efetividade dos remédios.”
NoWashington Post, uma série
de seis artigos sobre ensaios clíni- Números & mediações
cos internacionais de medicamen- A atuação do FDA, que acaba
tos discutiu as causas, interesses, transformada em linha central da
consequências e a ética, entre ou- discussão, é colocada em evidên-
tras observações, destes procedi- cia. Desde 1980, a agência aceita
mentos. Pautados pela realidade aplicações para novas medicações
específica do mercado farmacêuti- apoiadas no exterior. “A revisão
co norte-americano, os jornalistas da FDA em ensaios no exterior
Mary Pat Flaherty, Deborah Nel- chega muito tarde para se preocu-
son e Joe Stephens, autores do par com o consumidor ou com os
artigo, dedicaram-se apresentar os pacientes nesses ensaios”, observa
diversos aspectos que implicam na e editora Marcia Angell, do New
opção de empresas da indústria far- England Journal of Medicine.
macêutica dos Estados Unidos por A reportagem traz também al-
realizar estudos em outros países guns números que ilustram a
e qual deve ser a participação da evidência e a importância de ava-
FDA, a agência que controla o me- liar eticamente a situação. “Os
dicamentos no mercado norte- testes de medicações no exterior
americano, nesta situação. cresceram a taxas surpreendentes
O trecho que introduz a dis- na última década. Em 1999, qua-
cussão diz o seguinte: “A globa- se 27% das aplicações continham
Cadernos
lização da testagem de remédios um resultado de texto no exte- de Ética em 13
resultou num sistema crescen- rior, o triplo do número regis- Pesquisa


trado em 1995”, informa o jor- não há exemplos polêmicos feitos no país. “Um executivo da
nal. E acrescenta: “Na América registrados no Brasil, onde a Bristol-Myers Squibb descreveu
do Sul, o número de investiga- Resolução 196/96, do CNS, um teste complexo que custou
dores registrados na FDA para normatiza pesquisas envolvendo aproximadamente U$ 10 mil por
conduzir ensaios de drogas para seres humanos. paciente na Europa Ocidental, mas
o mercado norte-americano cres- só U$ 3 mil por paciente na
ceu de cinco em 1991 para 453 Os países pobres Rússia”, relatam os repórteres do
em setembro de 2000. Os inves- As reportagens veiculada na im- Washington Post. “Países mais po-
tigadores na Europa Oriental prensa norte-americana falam so- bres também podem ter preva-
registrados recentemente são bre a fragilidade de regulamentos lência mais alta de certas doenças,
429, contra apensas um em de pesquisa em alguns países, des- tornando mais fácil a organização
1991. Na África Meridional, o tacando também, com foco nos in- dos testes. O câncer avançado
número subiu verticalmente de teresses da indústria farmacêuti- pode ser mais comum, por exem-
dois a 266 nos últimos anos.” ca, que ensaios realizados fora dos plo, em países onde o tratamento
Ao contrário do que acontece Estados Unidos podem custar precoce não está disponível para
em outros paises, na reportagem, muito menos dos que os que são todos”, avalia o jornal.

Mídia apresenta trabalho da Conep


A edição da Folha de S. Pau- do jornal, que teve o zelo de ro de pesquisas. A Conep atri-
lo de domingo (29 de julho de apresentar o assunto didatica- bui o fato ao início do controle.
2001), com tiragem de mais mente aos seus leitores, inclu- Em 99/2000, o crescimetno
de 500 mil exemplares, trou- indo desde um pequeno glossá- foi de 71%, e o número de es-
xe como principal chamada de rio, com expressões bastante tudos avaliados saltou de 599
capa do jornal a informação de familiares aos pesquisadores da para 958”, relatou o jornal.
que mais de 500 mil brasilei- área, até o histórico sobre pro- Também a revista semanal
ros participaram, em 2000, cedimentos éticos nas pesqui- Época, em sua edição de 27 de
de estudos como sujeitos de sas, iniciado com a emissão, em agosto de 2001, publicou entre-
pesquisa. O número é uma es- 1947, do Código de Nuremberg, vista especial com o Dr. William
timativa da Comissão Nacional primeira norma internacional Saad Hossne. Sob o títuto En-
de Ética em Pesquisa, princi- sobre aspectos éticos em pes- tre a ética, a fé e a ciência, abor-
pal fonte para o trabalho de re- quisas com seres humanos. No dou a perspectiva de clonar hu-
portagem feito pelos jornalis- contexto brasileiro, aparecem manos e de usar células de em-
tas Fabiane Leite e João Carlos em destaque as resoluções 1/ briões para curar doenças, além
Silva. 88, de 1988, e a 196, de 1996, de destacar as contribuições do
Além do destaque na primei- ambas do Conselho Nacional de Dr. Saad para o desenvolvimen-
ra página do noticiário, o tema Saúde, que estabelece diretri- to da Bioética no país, reconhe-
da pesquisa em seres humanos, zes e normas de pesquisas en- cendo a importância da imple-
assim como algumas de suas volvendo seres humanos. mentação da Resolução 196/
Cadernos implicações mais diretas, ocupa “A partir de 1997, houve uma 96 e da Comissão Nacional de
14 de Ética em outras cinco páginas internas sucessão de aumento do núme- Ética em Pesquisa.
Pesquisa
Avanços

Projeto visa fortalecimento dos CEPs

om o objetivo de efetuar o Comitês de Ética em Pesquisa, dos. Considerando-se a qualida-


C processo seletivo dos pro-
jetos enviados ao Programa de
que aconteceu em agosto de
2000 em Brasília, apontaram
de dos projetos apresentados, o
Ministério da Saúde disponi-
Fortalecimento Institucional dos para a necessidade de medidas bilizou recursos adicionais para o
Comitês de Ética em Pesquisa que fortalecessem a implemen- financiamento de mais dez pro-
(CEP), três assessores técnicos, tação desta rede de CEPs, por jetos, totalizando o número de
dois do Departamento de Ciên- meio de melhoria em infra-es- quarenta a serem contemplados
cia e Tecnologia em Saúde (Decit) trutura e capacitação e formação com o Programa de Fortaleci-
da Secretaria de Políticas de Saú- de seus membros. mento Institucional dos Comitês
de (SPS), e um da Secretaria Exe- Até a data estabelecida, 20 de de Ética em Pesquisa, conforme
cutiva da Comissão Nacional de julho, o Ministério da Saúde re- Assistência Preparatória “Desen-
Ética em Pesquisa do Conselho cebeu 95 projetos, 30% do nú- volvimento para Ações em Ciên-
Nacional de Saúde (CNS), reu- mero total de CEP credenciados cia e Tecnologia em Saúde”, ce-
niram-se, no Ministério da Saú- na Conep/CN, distribuídos con- lebrada entre o Ministério da Saú-
de, em Brasília, para definir a lista forme mostra a tabela abaixo. de e a Unesco - Organização das
de 30 CEPs que participam do Entre os 90 projetos que atende- Nações Unidas para a Educação,
programa, que marca a parceria ram aos critérios de elegibilidade, a Ciência e a Cultura, sob coor-
firmada entre Conep/CNS e 30 foram inicialmente seleciona- denação do Decit/SPS.
Decit/SPS.
Através do Programa de For-
talecimento Institucional dos
CEPs, o Ministério da Saúde
Participação no projeto
participa da implementação dos
de fortalecimento dos CEPs
comitês, com a alocação de re-
(por região)
cursos (R$ 15.000,00) para a
capacitação de seus membros e Número de CEPs Número de Percentual de
para a aquisição de equipamen- cadastrados na propostas participação
tos, destinados à melhoria da CONEP/CNS recebidas no Programa
infra-estrutura dos CEP. O pro-
cesso para participação do pro- Norte 08 04 50%
grama foi deflagrado em maio Nordeste 34 11 30%
de 2001, quando coordenado- Centro-Oeste 18 05 28%
res de Comitês de Ética em Pes-
quisa de todo o país foram con- Sudeste 199 52 26%
vidados a apresentar suas pro- Sul 51 23 45%
postas de participação no proje-
TOTAL 310 95 31%
to. Dados obtidos com a pes-
Região Norte: dois do Amazonas, um do Pará e um do Acre. Região Nordeste: dois de
quisa Perfil do Funcionamento Alagoas, dois da Bahia, dois do Ceará, dois da Paraíba, um de Pernambuco, um do Rio
dos CEPs e Recadastramento, Grande do Norte e um de Sergipe. Região Centro-Oeste: três do Distrito Federal e dois de
Cadernos
realizado em maio de 2000, e Goiás. Região Sudeste: onze do Rio de Janeiro, dez de Minas Gerais e trinta e dois de São
Paulo. Região Sul: dois de Santa Catarina, dez do Rio Grande do Sul e doze do Paraná. de Ética em 15
do 1º Encontro Nacional dos Pesquisa


A seleção nicos do projeto, e
O processo de seleção adotou 5 - No item Capacitação, foi ana- Renovação
critérios de pontuação e de de- lisada a adequação do conteúdo
sempate. Para pontuação, sendo programático do projeto ao pro- na CONEP
a nota mínima 1 (um) e a máxi- posto pelo Ministério da Saúde. Foi iniciado em junho de
ma 5 (cinco), foram adotados os
critérios descritos abaixo com O desempate 2001, o processo de reno-
pesos iguais: Os critérios de desempate
vação da Conep, conforme
1 - Adequação da proposta à foram os seguintes:
finalidade do programa; 1 - Período de implantação do previsto na Resolução 196/
2 - Adequação da apresentação CEP, sendo pontuados os com
96, que determina que deve
da proposta ao roteiro de preen- maior tempo de credenciamento
chimento “Descrição do Projeto” na Conep/CNS; ser renovada metade dos
- objetivo geral, introdução, jus- 2 - Atividades desenvolvidas
membros de dois em dois
tificativa, atividades, curso de pelo CEP, sendo pontuados os
capacitação: público-alvo, conteú- com maior número de projetos anos. O mandato dos mem-
do programático, metodologia, apreciados no último ano, ou a
duração (maior ou menor que média de projetos apreciados bros é de quatro anos. Será
20h), divulgação, seleção de can- após o credenciamento do CEP a primeira renovação da
didatos, avaliação, orçamento, pela Conep/CNS;
cronograma de execução, moni- 3 - Regularidade no envio de Conep e os novos membros
toramento e avaliação; relatórios de atividades dos CEP saem de uma lista de 195
3 - Presença do documento à Conep/CNS, sendo pontua-
elaborado pelo responsável maior dos os CEP com envio regular nomes que foram encami-
da instituição demonstrando in- de relatórios ao Ministério da nhados a Comissão Nacional
teresse no projeto, bem como Saúde;
concordância em disponibilizar 4 - Grau de implementação do de Ética em Pesquisa pelos
a contra partida institucional pro- CEP, com preferência por aque-
CEPs de todo o Brasil. Os no-
posta no Projeto; les que demonstraram menores
4 - No item Orçamento foram condições de infra-estrutura, e mes serão apresentados ao
analisados: o respeito ao teto fi- 5 - Regionalidade: buscou-se
Conselho Nacional de Saúde
nanceiro estipulado pelo Minis- manter uma proporcionalidade
tério da Saúde e a coerência en- entre o número de propostas re- para que a renovação seja
tre a demanda de recursos para cebidas e propostas aprovadas
efetivada.
capital e custeio e os aspectos téc- por grandes regiões do país.

Cadernos
16 de Ética em
Pesquisa
Os CEPs selecionados para fortalecimento institucional
dade Federal de Minas Gerais - Pró-Reitoria de
Região Norte
Pesquisa (Belo Horizonte - MG) ● Santa Casa de
● Núcleo de Medicina Tropical - Universidade Fe- Misericórdia de Belo Horizonte (Belo Horizonte -
deral do Pará (Belém - Pará) ● Fundação de MG) ● Fundação Municipal de Ensino Superior
Hematologia e Hemoterapia do Amazonas de Marília (Marília - SP) ● Instituto Estadual de
(Manaus - Amazonas) ● Fundação Hospitalar Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione - IEDE
Estadual do Acre (Rio Branco - AC) (Rio de Janeiro - RJ) ● Universidade do Sagrado
Coração (Bauru - SP) ● Escola de Enfermagem
Região Nordeste
de Ribeirão Preto - USP (Ribeirão Preto - SP) ●
● Universidade Federal de Alagoas (Maceió - AL) Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
● Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa de Ribeirão Preto - USP (Ribeirão Preto - SP) ●
- PB) ● Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
FIOCRUZ - (Salvador - BA) ● Hospital Universitá- da Universidade de São Paulo (São Paulo - SP) ●
rio Valter Cantídeo - UFC - UNIFAC (Fortaleza - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Pú-
CE) ● Universidade Federal do Rio Grande do blico Estadual - IAMSPE (São Paulo - SP) ● Uni-
Norte (Natal - RN) ● Hospital Universitário - Uni- versidade de São Paulo - Faculdade de Odontolo-
versidade Federal de Sergipe (Aracaju - SE) gia (São Paulo - SP) ● Universidade Estadual
Paulista - UNESP (Botucatu - SP) ● Faculdade de
Região Centro-Oeste
Medicina do Triângulo Mineiro - Ministério da Edu-
● Universidade de Brasília - Faculdade de Ciênci- cação (Uberaba - MG) ● Faculdade de Medicina
as da Saúde - CEP/FS (Brasília -DF) ● GDF - Se- do Centro de Ciências Médicas - UFF (Niterói -
cretaria de Estado da Saúde - Fundação de Ensi- RJ) ● Universidade Estadual Paulista - Faculdade
no e Pesquisa em Ciência da Saúde - FEPECS de Odontologia (Araraquara - SP) ● Universidade
(Brasília - DF) ● Universidade de Brasília - Facul- Estadual de Campinas - Faculdade de Odontologia
dade de Medicina - CEP/FM (Brasília - DF) ● Uni- de Piracicaba (Piracicaba - SP)
versidade Federal de Goiás (Goiânia - GO)
Região Sul
Região Sudeste
● Universidade Federal de Santa Maria (Santa
● Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Maria - RS) ● Hospital de Clínicas de Porto Ale-
- Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Rio gre ( Porto Alegre - RS) ● Pontifícia Universida-
de Janeiro - RJ) ● Faculdade de Medicina de São de Católica do Rio Grande do Sul (Porto Alegre -
José do Rio Preto (São José do Rio Preto - SP) ● RS) ● Universidade do Vale do Itajaí (Itajaí - SC) ●
Fundação São Paulo - Pontifícia Universidade Ca- Universidade Estadual de Londrina (Londrina - PR)
tólica de São Paulo - Centro de Ciências Médicas ● Fundação Universidade Estadual de Maringá
e Biológicas (Sorocaba - SP) ● Fundação Centro (Maringá - PR) ● Hospital de Clínicas - UFPR
de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais - (Curitiba - PR) ● Irmandade da Santa Casa de
HEMOMINAS (Belo Horizonte - MG) ● Universi- Misericórdia de Porto Alegre (Porto Alegre - RS)
Cadernos
Total dos projetos selecionados: 40 de Ética em 17
Pesquisa
Livros

Publicações em destaque

O Estado Atual Economic Affairs, ele escreveu, en- Buey; A necessidade do grupo-con-
do Biodireito tre outros, As origens da virtude. trole com placebo em pesquisas sobre
A jurista Maria Com o subtítulo A autobiografia a eficácia de tratamentos psiquiá-
Helena Diniz é a de uma espécie em 23 capítulos, tricos, por Marcio Versiani; Grupo
autora do livro. Genoma faz observações sobre o placebo: psiquiatria não é exceção,
Diante dos avan- potencial da genética como ins- por Roni Marques; Tecnologia e
ços da biotecno- trumento para analisar a miséria medicina entre encontros e desen-
logia, da engenharia genética e das humana. “Temperamento, inteli- contros, de José Eduardo de
novas práticas biomédicas conse- gência, personalidade e conduta Siqueira; Tecnologia e medicina:
qüentes do descobrimento do são socialmente determinadas”, uma visão da Academia, por
DNA, ela aponta para a necessi- defende Ridley. “Mas isso não sig- Márcio José de Almeida; Medici-
dade de se desenvolver uma adap- nifica que não sejam, também, bio- na basada en la evidencia: aspectos
tação do Direito que combata logicamente influenciáveis. Dife- eticos, por Diego Gracia; Projeto
exageros provocados pelas pesqui- renças no comportamento se ma- Genoma Humano e suas implica-
sas científicas e corrija o dese- nifestam ao se ativarem e desa- ções para a saúde humana: visão
quilíbrio do meio ambiente, res- tivarem genes”, argumenta o au- geral e contribuição brasileira para
gatando e valorizando a dignida- tor. O número de capítulos em o projeto, por Andrew J.G. Sim-
de do ser humano. A intenção é questão não é simples acaso: Ridley pson e Otávia L. Caballero; Ciên-
demonstrar a importância da ela- fez um capítulo para cada par de cia, mercado e patentes do DNA
boração de um Código Nacional cromossomos humanos. Em cada humano, por Giovanni Berlinguer;
de Bioética que sirva de diretriz um deles, escolhe um gene e con- Telemedicina: breves considerações
na solução dos problemas ético- ta a história de como este gene foi ético-legais, por Genival Veloso de
jurídicos engendrados pelas prá- descoberto. No final, provê um França; e Tecnologia e medicina:
ticas biotecnocientíficas. Maria tour pelo genoma humano e por imagens médicas e a relação médi-
Helena já escreveu, entre outros; outros argumentos a favor da pes- co-paciente, por Paulo Bezerra de
Dicionário Jurídico, A Ciência quisa biológica. O livro tem 357 Araújo Galvão. A edição traz 175
Jurídica; Lei de Introdução ao páginas. Editora Record, tel.: 21- páginas. Conselho Federal de Me-
Código Civil Brasileiro Interpre- 2585-2000. dicina (www.cfm.org.br), tel.61-
tada. O título da editora Saraiva 445-5900.
(www.saraiva. com.br), tel.: 11 Tecnologia
3611-3344, tem 818 páginas. e Medicina Bioética -
Este é o tema do Ensaios
Genoma simpósio destaca- Os autores são o
O autor é o inglês do no volume 8 da médico Sérgio
Matt Ridley, dou- revista Bioética, Costa, professor
tor em zoologia publicada pelo Conselho Federal da Universidade
pela Universidade de Medicina. Os artigos, ora em Federal do Piauí,
de Oxford. Mem- português, ora em espanhol, da e a antropóloga Debora Diniz,
bro do conselho edição são os seguintes: Sobre da Universidade Católica de
Cadernos
18 de Ética em diretor do International Centre for tecnociencia y bioetica: los árboles del Brasília. Juntos ou individual-
Pesquisa Life e pesquisador do Institute of paraíso, por Francisco Fernandez mente, eles assinam textos que
são apresentados em seqüência sia, reprodução assistida, Aids nas tecnológicas, em especial, suas
didática e que pretendem discu- escolas e prisões, estupro, usuá- conseqüências sobre o Direito.
tir diversos aspectos da Bioética, rios de drogas, menores infrato- O título, com 341 páginas, é da
tema isolado dos primeiros en- res e outros. São apresentadas 56 Editora Renovar, tel. 21-2531-
saios em questão. Com blocos de ementas que têm como fontes 2205.
assuntos que vão aprofundando pareceres éticos, técnicos e jurí-
as questões inerentes à discussão dicos. A publicação do Conse- Investigação
sobre ética, eles seguem uma or- lho Regional de Medicina do Científica na
dem crescente de complexidade. Estado de São Paulo (www. Área Médica
Limites da Autonomia do Pa- cremesp.org.br) tem 94 páginas O livro organiza-
ciente, O DNA Globalizado, e é dirigida a médicos, profissi- do pelo professor
Pesquisa em Seres Humanos, O onais de saúde, organizações não Álvaro Oscar
Início e o Fim da Vida, Novos governamentais e serviços que Campana, da Fa-
Temas em Bioética são os blo- trabalham com HIV e Aids. culdade de Medicina (Campus
cos temáticos do livro, publica- de Botucatu), da Universidade
dos pela Letras Livres, investida Temas de Estadual Paulista Julio de Mes-
que integra o projeto de divul- Biodireito quita Filho, reúne, a partir do
gação das pesquisas e ações de- e Bioética título, textos de especialistas bra-
senvolvidas pela Anis: Instituto O livro foi orga- sileiros que dedicam-se a diver-
de Bioética, Direitos Humanos nizado pelos pro- sas abordagens do tema propos-
e Gênero. O livro tem 207 pági- fessores Heloisa to. Os autores são: o professor
nas. Anis (www.anis.org.br), tel. Helena Barboza e Carlos Roberto Padovani, do
61-343-1731. Vicente de Paulo Barretto, auto- Departamento de Bioestatística
res também de dois textos pu- da Unesp; o professor Cesar
Aids e blicados na edição. Há temas tão Timo Iaria, da Faculdade de
Ética Médica diversos como Direito e Políticas Medicina da Universidade de São
Organizado pelo Públicas de Saúde ou DNA: Paulo; a secretária-executiva da
médico infectolo- Análise Biojurídica da Identida- Comissão Nacional de Ética em
gista Caio Rosenthal de Humana. O livro é um im- Pesquisa, a médica e sanitarista
e pelo ativista da luta portante documento preparado Corina Bontempo D. Freitas,
contra a Aids e mem- pelo Grupo de Pesquisa Insti- que é assessora da Conselho Na-
bro do Conselho Nacional de tucional Bioética e Biodireito, cional de Saúde; o professor Sér-
Saúde, Mário Scheffer. O livro criado no quadro do Programa gio Alberto Rupp de Paiva, do
contém respostas a inúmeros di- de Pós-Gradução da UERJ, du- Departamento de Clínica Médi-
lemas e problemas éticos coloca- rante o primeiro semestre de ca da Unesp; e o professor
dos a partir da infecção pelo 1999 e que foi ganhando ade- William Saad Hossne, professor
HIV. A publicação trata de te- sões no ano seguinte. A inten- emérito da Faculdade de Medi-
mas que vão desde sigilo médi- ção, da publicação e do grupo, é cina de Botucatu e presidente da
co, direitos dos pacientes e exa- discutir a questão da ética a par- Conep. O livro sai pela Editora
Cadernos
mes compulsórios até assuntos tir de novos conhecimentos da Manole (www.manole.com.br, de Ética em 19
polêmicos como aborto, eutaná- Biologia e de suas aplicações tel. 11-283-5866). Pesquisa
Artigo

Vulnerabilidade do sujeito de pesquisa


Por Elma Lourdes Campos Pavone Zoboli e Lislaine Aparecida Fracolli

Elma Lourdes o se declarar como um dos bilidade significa os diferentes cia ou coma. Ainda pode advir de
Campos Pavone
Zoboli
é professora
A princípios éticos básicos da
condução de pesquisas com su-
graus e naturezas da susceptibi-
lidade de indivíduos e coletivi-
condicionamentos específicos ou
da influência de autoridade, como
assistente do jeitos humanos o respeito pelas dades à infecção, adoecimento estudantes, militares, presidiários,
Departamento de
Saúde Coletiva da pessoas, incorpora-se, ao menos, ou morte pelo HIV, segundo a internos em centros de readap-
Escola de duas convicções: que os indiví- particularidade de sua situação tação, casas-abrigo, asilos ou as-
Enfermagem da duos devem ser tratados como quanto ao conjunto integrado sociações religiosas (Resolução
USP e membro
titular da CONEP. agentes autônomos e que as pes- dos aspectos sociais, progra- CNS 196/96, IV.3.b). Também
e-mail: elma@usp.br soas com autonomia reduzida máticos e individuais que os pesam a adequação da informa-
para dar seu consentimento, ou põem em relação com o proble- ção às singularidades do sujeito,
Lislaine Aparecida
Fracolli seja, as que são sujeitos vulnerá- ma e com os recursos para o seu a garantia explícita da preservação
é professora veis, devem ser protegidas. enfrentamento. Definem-se, as- dos direitos de liberdade, priva-
doutora do
Entretanto, para compreender sim, três planos interdependentes cidade e confidencialidade do su-
Departamento de
Saúde Coletiva da a autonomia e a vulnerabilidade de determinação e de apreensão jeito, a qualidade da relação pes-
Escola de em toda sua complexidade é pre- da maior ou menor vulnera- quisador/sujeito, o conhecimen-
Enfermagem da
USP.
mente alçarmos vôo para além das bilidade dos indivíduos e da co- to do usuário de seus direitos
fronteiras da relação pesquisador/ letividade: o comportamento e as como sujeito de pesquisa, a ofer-
sujeito e da obtenção do consen- crenças pessoais, ou vulnera- ta de alternativas terapêuticas ou
timento. Isto porque respeitar a bilidade individual, o contexto diagnósticas além daquelas em
autonomia das pessoas traz como social, ou vulnerabilidade social; estudo.
condição a necessidade de situá- e o programa nacional de com- Voltando o foco de nossa análi-
la no conjunto social ao qual per- bate a Aids, ou vulnerabilidade se para o supra-individual temos
tence. Em outras palavras, deve- programática. as dimensões programática e so-
mos voltar nossa atenção para as A nossa proposição é que a cial da vulnerabilidade. Na primei-
opções sócio-estruturais que in- vulnerabilidade do sujeito de pes- ra, incluímos as questões relacio-
terferem na produção da vida e quisa também pode ser abordada nadas à implementação das nor-
da saúde e acabam por repercutir nesses três planos interdepen- mas e diretrizes regulamentadoras
e determinar as dimensões mais dentes. A análise no âmbito indi- da ética em pesquisa envolvendo
circunscritas das relações. vidual centra-se no acesso dos seres humanos e o funcionamen-
Uma proposta para contextua- sujeitos às informações relativas ao to do sistema CEP/Conep. A
lizar e ampliar a discussão da protocolo, incluindo a forma vulnerabilidade programática abar-
vulnerabilidade seria abordá-la como são transmitidas e sua com- ca, entre outros aspectos, a con-
em suas diferentes dimensões: a petência para consentir. A incom- formação dos comitês de ética, a
individual e a coletiva. Para tal petência para o consentimento, participação e representatividade
ousamos um paralelo com a com- como define a Resolução CNS dos usuários nas comissões e na
preensão de vulnerabilidade que 196/96, IV.3.a, pode decorrer análise dos projetos, o acesso dos
tem se tornado corrente no cam- de uma incapacidade legal ou de sujeitos aos comitês, a divulgação
po conceitual e prático da inter- perturbações e doenças mentais, das normas e diretrizes da ética em
venção sobre a pandemia de Aids como nas crianças e adolescentes, pesquisa, o acompanhamento por
Cadernos
20 de Ética em a partir da década de 90. Opon- nos fetos, nos distúrbios psiquiá- parte dos CEP do desenvolvimen-
Pesquisa do-se a empowerment, vulnera- tricos e nos estados de inconsciên- to das pesquisas.
“A vulnerabilidade cado pela equipe que o atende? ver dos serviços de saúde.
E considerando que a maioria Na análise ética dos projetos de
social inclui, dos estudos ocorre em hospitais pesquisa, a vulnerabilidade social
públicos, ainda poderíamos nos se torna patente nas situações que
entre outros
perguntar: o mesmo projeto se- levantam questionamentos acer-
fatores, a pobreza, ria proposto a um usuário de um ca da possibilidade dos sujeitos
serviço privado? estarem sendo usados apenas
as desigualdades Transformar este contexto como meros meios para os fins
sociais, o acesso às definidor da vulnerabilidade so- de condução da pesquisa e de-
cial dos sujeitos de pesquisa, ob- senvolvimento da ciência. Nes-
ações e serviços viamente, não é tarefa exclusiva tes casos, as questões apresenta-
de saúde e dos CEP ou dos pesquisadores, das não se resumem à capacida-
mas na qual, como cidadãos es- de do sujeito para consentir ou
educação, o ses devem tomar parte. Nesse como o consentimento será ob-
respeito às sentido, cabe ressaltar que, como tido, mas incorporam a preocu-
bem marca o espírito da Resolu- pação de verificar se é justo pro-
diferenças culturais.” ção CNS 196/96, constitui fun- por a estas pessoas que sejam su-
ção precípua dos comitês de éti- jeitos de pesquisa. Tratar os su-
A vulnerabilidade social inclui ca zelar pelos interesses dos su- jeitos somente como simples
a pobreza, as desigualdades so- jeitos de pesquisa, protegendo os meios e não fins em si mesmos
ciais, o acesso às ações e serviços vulneráveis. Assim, o espectro de constitui uma violação ao prin-
de saúde e educação, o respeito ação dos comitês pode ser limi- cípio de respeito às pessoas en-
às diferenças culturais e religio- tado para atuar nas condições quanto agentes autônomos. Pa-
sas, a marginalização de grupos que definem a vulnerabilidade rece, assim, que a conjuntura re-
em particular, as relações de gê- social, mas não o é para impedir quer considerações que ultrapas-
nero e com as lideranças dos gru- que esse contexto sirva de justi- sem os aspectos da competência
pos e coletividades. Podemos ficativa para algumas pesquisas. ou da capacidade para consentir
questionar se o sujeito depois de Merece registro que não é raro ou de como o processo de con-
enfrentar, muitas vezes, tantas encontrarmos descrito dentre os sentimento será conduzido, sem,
dificuldades para conseguir um potenciais benefícios decorrentes no entanto, desprezá-los.
atendimento sente-se verdadeira- da participação em pesquisas uma Esta compreensão multi di-
mente livre para exercer sua op- assistência de qualidade. Isso mensional da vulnerabilidade nos
ção autônoma. além de contrariar o disposto na fortalece na percepção e denún-
Tem outras opções de serviço Resolução CNS 196/96, atenta cia dos determinantes e condicio-
para ser atendido ou é o único contra a missão social dos esta- nantes sociais da expressão auto-
recurso do qual dispõe? belecimentos de saúde e os pila- nômica das pessoas e nos impõe
Não teme que sua recusa pos- res e as diretrizes que balizam o o desafio de construirmos cole-
sa significar ainda mais demora Sistema de Saúde. Receber uma tivamente estratégias de interven-
no atendimento? assistência que prime pela exce- ção nesta realidade para além das
Cadernos
Não tem receio de negar-se a lência técnica e ética é um direi- fronteiras do relacionamento de Ética em 21
integrar o protocolo e ficar mar- to de cidadania e garanti-la é de- pesquisador/sujeito. Pesquisa
Artigo

Transgênicos: dilemas do biopoder


Por Fátima Oliveira

Fátima Oliveira ara muitas pessoas a gené- da adição de um gene estrangei- dios e para a “humanização” de
é médica, autora de
Engenharia
genética: o sétimo
P tica é uma “varinha de con-
dão”. Para outras, uma “caixa de
ro (animal ou vegetal) ao geno-
ma de um animal ou vegetal.
animais para transplantes em se-
res humanos.
dia da criação Pandora”. Não sabemos ao cer- Transgene é o gene adicional, A indústria farmacêutica tradi-
(Moderna, 1995);
Bioética: uma face to o que as biociências, e em par- que passa a integrar o genoma cional (química) tem investido
da cidadania ticular a genética, estão fazendo. hospedeiro e o novo caráter dado muito nas biofábricas. Já “estão
(Moderna, 1997); Mas é fato que qualquer “coisa” por ele é transmitido à descendên- na praça” o hormônio do cresci-
Oficinas Mulher
Negra e Saúde vinda da genética está envolta em cia. Ou seja, a transgenia é mento humano; ovelhas e camun-
(Mazza Edições, um biopoder que deve ser res- germinativa! O principal legado dongos que receberam genes hu-
1998) e manos e “fabricam” no leite um
peitado e temido, logo entender da engenharia genética é a que-
Transgênicos: o
direito de saber e a um pouco de genética é condi- bra das fronteiras entre as espé- remédio para infarto chamado
liberdade de ção indispensável para o exercí- cies, concretizada na transferên- TPA (Ativador do Plasminogênio
escolher (Mazza
cio da cidadania na atualidade. cia de genes entre espécies dife- Tissular); o fator IX da coagula-
Edições, 2001).
e-mail: fatimao@ A humanidade tem sido freqüen- rentes (transgenia), o que possi- ção do sangue (produzido em
medicina.ufmg.br temente transformada em expec- bilita que qualquer ser vivo ad- ovelhas que receberam genes hu-
tadora passiva de novas situações, quira novas características de ve- manos nas glândulas mamárias).
problemas, indefinições e solu- getais, de animais ou de huma- São também transgênicos: a in-
ções, em diferentes setores da nos. Eis um poder incomensu- sulina humana; as interleucinas;
vida social, científica e política, rável! os interferons; os fatores de cres-
que têm a genética, em particu- No mundo vegetal as realiza- cimento de glóbulos brancos e a
lar a engenharia genética, como ções transgênicas de maior vulto eritropoietina recombinante
pano de fundo ou, pelo menos, são: plantas resistentes aos herbi- (substituta das transfusões sangüí-
como parte central de muitos cidas, aos vírus e ao stress neas).
cenários decisivos. abiótico; amadurecimento retar- A transgenia em animais e em
As manipulações genéticas dado de frutos; alteração da qua- vegetais no campo farmacêutico
contemporâneas consistem em lidade nutricional ou do sabor; e médico, a exemplo da área ali-
adição, subtração (destruição), fabricação de plantas inseticidas; mentar, não tem sido moni-
substituição, mutagênese, desa- aumento da produção de subs- torada a contento e nem prece-
tivação ou destruição de genes. tâncias úteis; produção de plan- dida de pesquisas que garantam
Grande parte da sociedade bra- tas ornamentais exóticas, de plan- biossegurança e inocuidade. As
sileira nos últimos três anos já tas biorreatoras e busca de um solicitações de monitoramento
ouviu a palavra transgênico, pois caminho que elimine a necessi- de efeitos colaterais na saúde
o debate sobre organismos, ali- dade de adubo. Há porcos, ca- humana não são respondidas
mentos, remédios transgênicos e mundongos, carpas e dourados com pesquisas para dirimir even-
outros produtos OGM’s (Orga- transgênicos de humanos com o tuais dúvidas, como exige uma
nismo Geneticamente Modifica- gene do hormônio do cresci- postura ética, mas com tentati-
do) vem aumentando em todo mento humano. Na pecuária a vas de desqualificação científica,
o mundo. Organismos transgê- transgênese é realizada para ace- moral e política de quem apre-
nicos são obtidos por uma lerar o crescimento e aumentar senta as queixas. O mais danoso
Cadernos
22 de Ética em biotecnologia denominada trans- o peso; para a “fabricação” de é que a indústria farmacêutica
Pesquisa gênese ou transgenia e resultam substâncias úteis, em geral remé- adota a prática de exigir repara-
Drugs Administration (FDA) e Eli Lilly e a Novo Nordisk, fabri-
“É fato nem após as queixas de efeitos ad- cantes da insulina humana GM,
incontestável versos. No caso da insulina hu- cujo principal argumento é o fato
mana GM há indícios de que a de tais empresas terem retirado do
que os impactos sua meia-vida é mais curta e porta mercado toda a insulina animal,
maior probabilidade de causar mesmo sabendo que a insulina
ambientais e na com maior freqüência do que a humana que fabricam pode cau-
saúde humana dos insulina animal o fenômeno co- sar danos, inclusive colocando em
nhecido como “inconsciência da risco a vida de dependentes de in-
transgênicos hipoglicemia”. sulina. É a primeira ação de
O Informe de Bellagio 1 (1996) responsabilização contra uma in-
ainda são uma afirma que as discussões sobre a dústria farmacêutica por não ava-
incógnita.” inconsciência da hipoglicemia da- liação adequada de remédios
tam do início do uso da insulina GM’s 2.
animal (1921), pois trata-se de
ção financeira por alegados da- um efeito colateral que ela tam- Animais transgênicos:
nos morais para qualquer quei- bém apresenta imediatamente humanizados, bizarros
xa relativa a seus produtos, o que após a sua aplicação, porém res- e fluorescentes!
é um freio ao debate ético. trito a pouquíssimos casos. E, se- Genes humanos têm sido adi-
O caso exemplar de produto gundo relatos de profissionais de cionado ao patrimônio genético
OGM que carece de pesquisas saúde, detectou-se que com a uti- de animais visando imitar o fun-
quanto aos efeitos colaterais é o lização da insulina GM ele é mui- cionamento do organismo hu-
da insulina humana recombinante to freqüente e mais severo, o que mano. Embora tenham demons-
(IH-r), também chamada de in- tem permitido a associação do uso trado muita utilidade na pesqui-
sulina humana transgênica ou da insulina humana com a cha- sa básica, alguns animais trans-
GM (Geneticamente Modifica- mada “morte na cama” - jovens gênicos são bizarros. Por exem-
da), que até hoje não teve seus aparentemente saudáveis encon- plo, Polly (1997), cognominada
alegados efeitos colaterais devida- trados mortos na cama. Os dados de a “ovelha humana” – trans-
mente pesquisados por nenhuma referem-se a cerca de 50 (cinqüen- gênica de humano – é literalmen-
das empresas que a fabricam, pos- ta) jovens insulino-dependentes. te, uma monstrinha genética que,
to que ainda adotam a “verdade”, O fato em si é mais do que sufi- em si, é uma bomba biológica.
já superada, do começo da déca- ciente para que exijamos mais pes- As células que a originaram fo-
da de 1990, que se “uma proteí- quisas na área. Segundo a British ram, deliberadamente, infectadas
na A natural não faz mal, a proteí- Diabetic Association e o Insulin com o “mal da vaca louca”, a
na A artificial também é segura”. Dependent Diabetes Trust, entre Encefalopatia Espongiforme Bo-
A insulina humana GM foi o pri- 15-20% das pessoas diabéticas que vina (BSE), que em humanos re-
meiro produto farmacêutico da usam insulina GM relatam hipo- cebe o nome de a nova variante
engenharia genética que foi glicemia súbita de modo incons- da Doença Creutzfeldt-Jacob
comercializado (1987) e é obti- ciente. São freqüentes as queixas (cVJD) cuja origem é desconhe-
da via implantação de um gene de artrite, mialgia, aumento de cida e não se sabe exatamente
que produz a proinsulina – subs- peso, etc. Tais evidências corro- quais os seus efeitos. Descobriu-
tância precursora da insulina – na boram o Informe de Bellagio se nas pessoas infectadas o príon
bactéria Escherichia coli. Sob (www.swissdiabetes.ch/~fis2/ – uma proteína degenerada, uma
“pressão da demanda” nenhuma englvers/bellagio.htm) e emba- substância infecciosa não viva,
das empresas que a produz reali- saram a “Ação de Classe” promo- formada por uma molécula
Cadernos
zou estudos clínicos adequados vida, recentemente, por consumi- proteica auto-replicável, que não de Ética em 23
antes da aprovação pela Food and dores do Novo México, contra a gera anticorpos, o que dificulta Pesquisa


a sua detecção, só possível no nhum conseguiu comprovar e perigos potenciais dos trans-
exame da área afetada e através dar alguma garantia de que eles gênicos são previsíveis. No meio
de exame de urina3. Os príons não prejudicam a saúde. Outros ambiente há probabilidade de fe-
podem ficar anos sem se mani- cientistas são mais prudentes e nômenos, já comprovados, tais
festar, resistem às altas tempera- exigem mais pesquisas, pois sa- como: transferência horizontal de
turas, esterilização, luz ultra- bem que há pistas que indicam material genético, erosão e polui-
violeta e radiações ionizantes. que os transgênicos podem fa- ção biológica. Em humanos: aler-
Alba é uma coelha transgênica, zer mal à saúde, além do que “em gias, toxicidades, diminuição da
criada no Instituto Nacional de ciência não estar provado não sig- resistência às infecções e aumen-
Pesquisa Agronômica da França, nifica que não exista”! to da resistência aos antibióticos.
que recebeu um gene com o có- No Brasil, o debate público so- Por exemplo, o herbicida Round
digo da proteína GFP (proteína bre os transgênicos começou Up Ready (glifosato), o único que
verde fluorescente), presente na- com a “soja da Monsato” que pode ser usado na chamada “soja
turalmente em medusas, que emi- possui um gene que a torna re- da Monsanto”, é a terceira causa
te luz quando ativada por íons de sistente ao herbicida Roundup de adoecimento de agricultores
cálcio. O primeiro macaco trans- Ready (RR), produzido apenas norte-americanos, pois provoca
gênico chama-se ANDi (“DNA pela Monsanto, aprovada para vários tipos de alergias, pneumo-
inserido”), um macaco rhesus, que comercialização, e conseqüente- nias e até edema agudo de pul-
recebeu o gene da proteína GFP mente para consumo humano, mão. Pesquisa realizada em 1998,
oriundo de água-viva. Nasceu em pela CTNBio (Comissão Técni- divulgada em março de 1999,
outubro de 2000, “fabricado” na ca Nacional de Biossegurança) pelo Laboratório de Nutrição de
Universidade de Ciências Médi- dispensando Estudo de Impac- York, Reino Unido, constatou
cas do Oregon. A “tecnologia to Ambiental (EIA)! Desde 18 aumento de 50% no diagnóstico
ANDi” pode ser usada para re- de junho de 1999 o plantio para de alergia à soja. Uma forte hipó-
produzir doenças humanas em comercialização da soja RR está tese para aumento tão abrupto
primatas, tais como: diabetes, suspenso em todo o país por de- pode ser o uso da soja transgênica.
câncer de mama e aids, visando terminação do juiz federal An- Sabe-se que 2% dos adultos e
encontrar uma maneira de blo- tônio Souza Prudente, até que 8% das crianças apresentam pa-
queá-las geneticamente. Para a o governo defina as regras de drões de respostas alérgicas aos
União Britânica contra a Disseca- biossegurança e rotulagem dos alimentos em geral. Ora, como
ção Animal “usar camundongos já OGM’s e a Monsanto realize Es- pessoas sabidamente alérgicas a
é ruim o suficiente, mas brincar de tudo de Impacto Ambiental determinados produtos animais
Deus com os primatas é moralmen- cujos resultados demonstrem e/ou vegetais poderão prevenir
te repugnante”. ausência de danos ambientais e alergias se os alimentos trans-
para a saúde. gênicos não possuírem rótulos
Vegetais transgênicos: É fato incontestável que os im- que discriminem sua origem e
impactos ambientais pactos ambientais e na saúde hu- composição? É ético expor as
e na saúde humana mana dos transgênicos ainda são pessoas a “coisas” (como os
Enquanto alguns cientistas di- uma incógnita. Faltam pesquisas transgênicos) que podem causar
Cadernos
24 de Ética em zem que os transgênicos em ge- suficientes para provar que eles são danos à saúde?
Pesquisa ral não fazem mal, até hoje ne- “do bem” ou do “mal”. Mas os Com a resistência a antibióti-
que deseja ou precisa; e dada a em um vegetal leva consigo a in-
“A rotulagem irresponsabilidade de setores da formação genética animal.
dos alimentos comunidade científica, comer- Como tenho dito insistente-
ciantes, industriais e governos, a mente, é tendo em conta a igno-
e o certificado rotulagem dos transgênicos é ne- rância da ciência que não pode-
cessária, embora não garanta e mos permitir que os transgênicos
de origem nem substitua as questões perti- passem a fazer parte de nossa ali-
são grandes nentes à segurança alimentar, mentação tal como os produtos
pois o rótulo não constitui pro- alimentícios da natureza, sob pena
conquistas va de que os alimentos transgê- de que talvez sequer tenhamos
nicos não fazem mal à saúde. A tempo para maldizer o amanhã.
democráticas.” rotulagem dos alimentos é um
direito do(a) consumidor(a). A 1. A “Informação Científica do Informe
cos, evidenciada em alguns pro- rotulagem dos alimentos e o cer- de Bellagio (abril 1996) - “Falta de cons-
dutos transgênicos (variedades tificado de origem, que é uma ciência do padecimento de hipoglicemia
de milho Bt, dentre elas “Event em pacientes que utilizaram insulina hu-
parte da rotulagem, são grandes
mana: Evidências acumuladas do fenô-
176”, da Novartis), é certo que conquistas democráticas, pois as- meno” [Rockefeller Study & Conference
a ingestão de tais alimentos pro- seguram o direito de saber e a Center I-22021 Bellagio (Como), Italy 8
vocará aumento da resistência aos liberdade de escolher - pontos de abril de 1996], foi assinada pelos se-
guintes cientistas: Prof. Arthur Teuscher,
antibióticos, que hoje é um gra- essenciais para a bioética. MD (Switerland); Dr. Pier Luigi Barbero,
ve problema para a medicina. A rotulagem dos alimentos MD (Italy); Nina Bollhalder Suresku-
Mas o que dizer de um alimento bioengenheirados tem um com- maran (Switerland); Jenny Hirst, FBCO
(UK); Dr. Matthew Kiln, MB.BS/
que produz isso? ponente ético importante, que é DRCOG (UK); Scott King, Editor-in-
a necessidade do respeito às con- Chief (USA); Dr. Kristian Midthjell, MD
Segurança alimentar e vicções: (Norway); Dr. Deo Mtasiwa, MD/PhD
(Tanzania); Dr. Shiva Murugasampillay,
rotulagem dos transgênicos 1. de vegetarianos e grupos
MB.BS/MSc (Zimbabwe, unable to
Os cientistas estão divididos religiosos que não comem pro- attend); Prof. Malina Petkova, MD
em pró e contra os transgênicos. dutos de origem animal ou não (Bulgaria).
Devemos ter medo. Não é pos- comem determinados animais; e
2. FULLER, Colleen. <cfuller@telus.net>
sível ter segurança a respeito de 2. dos grupos que defendem os Medicinas geneticamente modificadas -
algo que nem os cientistas sabem. direitos dos animais, que não os accion de clase: insulina. Boletin nº. 54,
Causa indignação pensar que nos aceitam como alimentos ou pelo Quito, 25 de abril de 2001. Red por una
America Latina Libre de Transgenicos.
induzem a comer coisas que não menos, não concordam com a
<transgen@accionecologica.org>
sabem se poderão nos dar mais crueldade que em geral a ciência
vida ou se provocarão doenças e submete suas cobaias animais. O 3. Informações da Dra. Ruth Gabizon, do
até a morte. Diante do “estado argumento de que o gene animal Departamento de Neurologia da Univer-
sidade Hadassah, Jerusalém, em pesquisa
da arte”, a comprovada insegu- não é o animal é apenas uma figu- publicada na edição de junho do Journal
rança da ainda rudimentar tecno- ra de retórica pois, como a trans- of Biological Chemistry que mostra que o
logia da transgenia, que inclusi- gênese é germinativa, ela transfere teste de urina é capaz de identificar o príon,
ou partícula protéica, antes do aparecimen- Cadernos
ve insere o transgene “às cegas” a informação genética original. to dos sintomas. www.uol.com.br/folha/ de Ética em 25
por não saber colocá-lo no lugar Um gene animal ao ser inserido reuters/ult112u3045.shl Pesquisa
Documento

Regimento Interno da Conep/CNS


Versão aprovada na reunião da CONEP de 24/05/01 e na Reunião Ordinária do CNS de 06/06/2001

CAPÍTULO I bros titulares e seus respectivos Art. 7º - Será automaticamen-


Natureza e Finalidade suplentes, sendo 05 (cinco) deles te convocado o suplente, na im-
Art. 1º - A Comissão Nacio- com atuação destacada no cam- possibilidade de participação do
nal de Ética em Pesquisa - po da ética na pesquisa e na saú- membro titular.
CONEP é uma instância cole- de e 08 (oito) personalidades com Art. 8º - Será dispensado,
giada com abrangência nacional, destacada atuação nos campos automaticamente, o membro
de natureza consultiva, delibe- teológico, jurídico e outros, as- que, sem comunicação prévia,
rativa, no âmbito da emissão de segurando-se que pelo menos um deixar de comparecer a três reu-
pareceres sobre protocolos de seja da área de gestão da saúde, o niões consecutivas ou a quatro
pesquisas, normativa, no âmbito qual será indicado pelo Departa- intercaladas durante um ano.
propositivo de Resoluções do mento de Ciência e Tecnologia Parágrafo Único - Na hipó-
CNS, educativa, autônoma, vin- em Saúde - DECIT, da Secreta- tese deste artigo, o suplente as-
culada ao Conselho Nacional de ria de Políticas de Saúde - SPS, e sumirá como titular e será solici-
Saúde - CNS, criada pela Reso- um da representação dos usuários. tada nova indicação do plenário
lução CNS 196/96, de 10/10/ Poderá contar também com con- do CNS para suplente, respeita-
96. Tem por finalidade o acom- sultores e membros “ad hoc”. dos os requisitos dos artigos 2º
panhamento das pesquisas envol- Art. 3º - Os membros serão e 3º.
vendo seres humanos em todo o selecionados a partir de lista pre- Art. 9º - A CONEP terá um
país, e dos Comitês de Ética em parada a partir de indicações dos coordenador escolhido pelo
Pesquisa institucionais, preser- CEP registrados na CONEP, CNS, dentre os seus Conselhei-
vando os aspectos éticos prima- sendo que 07 (sete) titulares e ros e dois coordenadores adjun-
riamente em defesa da integrida- respectivos suplentes serão esco- tos escolhidos dentre seus mem-
de e dignidade dos sujeitos da lhidos pelo CNS e 06 (seis) titu- bros titulares e designados pelo
pesquisa, individual ou coletiva- lares e respectivos suplentes se- CNS, com mandato de 2 (dois)
mente considerados, levando-se rão definidos por sorteio, presi- anos, podendo ser reconduzidos.
em conta o pluralismo moral da dido pelo CNS. Cada CEP po- Art. 10º -A CONEP contará
sociedade brasileira. derá fazer duas indicações. com uma Secretaria Executiva,
Parágrafo Único - A CONEP Art. 4º - A designação dos exercida por um secretário desig-
promoverá o desenvolvimento membros será feita por Resolu- nado pelo CNS.
do controle social dessas pesqui- ção do CNS. Parágrafo Primeiro- O apoio
sas, contribuindo para o cumpri- Art. 5º - O mandato dos logístico e administrativo à Se-
mento das atribuições do CNS. membros da CONEP será de 4 cretaria Executiva da CONEP/
(quatro) anos com renovação al- CNS será viabilizado pelo CNS.
CAPÍTULO II ternada a cada 2 (dois) anos, de Parágrafo Segundo- O apoio
Organização da Conep sete ou seis de seus membros. técnico-administrativo da Se-
Seção I Art. 6º - Os membros efeti- cretaria Executiva do CNS à
Composição vos, bem como os consultores e CONEP será compartilhado com
Art. 2º - A CONEP terá com- membros “ad hoc” da CONEP o DECIT/SPS/MS, no âmbito
posição multiprofissional e trans- não poderão exercer atividades dos interesses comuns, quando
Cadernos
26 de Ética em diciplinar, com pessoas de ambos que possam caracterizar conflito as atividades a serem executadas
Pesquisa os sexos, com 13 (treze) mem- de interesse. envolverem ações conjuntamen-
te programadas entre esse órgão sas, definitiva ou temporariamen- XIII - atuar como instituição
e a Secretaria Executiva da te, podendo requisitar protoco- consultiva em matérias de difícil
CONEP. los para revisão ética, inclusive, decisão ética associada à pesqui-
os já aprovados pelo CEP e pela sa, emitindo, se necessário, co-
Seção II Agência Nacional de Vigilância mentários e informações ao pú-
Atribuições da CONEP Sanitária; blico.
Art. 11 - Compete à CONEP VII - constituir um sistema de Parágrafo Primeiro - Nos
o exame dos aspectos éticos da informação e acompanhamento casos previstos nas normas com-
pesquisa envolvendo seres huma- dos aspectos éticos das pesquisas plementares das áreas temáticas,
nos, bem como a adequação e envolvendo seres humanos em em que haja delegação ao CEP
atualização das normas atinentes. todo o território nacional, man- da responsabilidade da emissão
A CONEP consultará a socieda- tendo atualizados os bancos de do parecer final, consubstan-
de sempre que julgar necessário, dados; ciado, sobre o projeto de pesqui-
cabendo-lhe, entre outras, as se- VIII - organizar sistema de sa, a CONEP receberá o referi-
guintes atribuições: avaliação e acompanhamento das do parecer e os relatórios parciais
I - estimular a criação de CEP atividades dos CEP; e final da pesquisa, mantendo-se
institucionais e de outras entida- IX - informar e assessorar o as prerrogativas do item VI des-
des; CNS e outras instâncias do SUS, te artigo.
II - registrar os CEP insti- bem como do governo e da so- Parágrafo Segundo - No
tucionais e de outras entidades; ciedade, sobre questões éticas exercício das suas atribuições, a
III - apreciar os protocolos de relativas à pesquisa em seres hu- CONEP não poderá identificar
pesquisa no prazo de 60 (sessen- manos, manter contatos neces- especificamente o(s) nome(s)
ta) dias e acompanhá-los nos ca- sários especialmente com os ór- do(s) pesquisador(es), em fun-
sos previstos; gãos de vigilância sanitária; ção do princípio ético do sigilo,
IV - sob as diretrizes e aprova- X - divulgar a Res. CNS 196/ a não ser quando sob requeri-
ção do plenário do CNS, editar 96 e outras normas relativas à mento oficial expresso das instân-
normas específicas no campo da ética em pesquisa envolvendo cias competentes do Poder Ju-
ética em pesquisa, inclusive nas seres humanos; diciário.
áreas temáticas especiais, bem XI - estabelecer junto com Art. 12 - A CONEP submete-
como recomendações para apli- outros setores do Ministério da rá ao CNS para sua deliberação:
cação das mesmas; Saúde, normas e critérios para o I - propostas de normas a se-
V - funcionar como instância credenciamento de Centros de rem aplicadas às pesquisas envol-
final de recursos, a partir de infor- Pesquisa. Este credenciamento vendo seres humanos;
mações fornecidas sistematicamen- deverá ser proposto pelos seto- II - plano de trabalho anual;
te, em caráter ex-offício ou a partir res do Ministério da Saúde, de III - relatório anual de suas
de denúncias ou de solicitação de acordo com suas necessidades, e atividades, incluindo sumário
partes interessadas, devendo ma- aprovado pelo Conselho Nacio- dos CEP estabelecidos e dos pro-
nifestar-se em um prazo não su- nal de Saúde; jetos analisados, aprovados, não
perior a 60 (sessenta) dias; XII - sob aprovação do plená- aprovados ou suspensos, no glo-
Cadernos
VI - rever responsabilidades, rio do CNS, estabelecer suas pró- bal e por áreas temáticas, sem de Ética em 27
proibir ou interromper pesqui- prias normas de funcionamento; constar identificação específica Pesquisa


do(s) pesquisador(es). urgentes, dando conhecimento das atividades da Comissão a ser
Parágrafo Único - O relató- aos membros para deliberação na encaminhado ao CNS;
rio referido no item III deverá reunião seguinte. X - assessorar os membros da
estar disponível ao público. Art. 14 - Aos Coordenadores CONEP na relação com o CNS
Adjuntos incumbe: e com o Sistema de Saúde, e
Seção III I - substituir o Coordenador quanto à interface com as políti-
Atribuições dos membros nas suas faltas ou impedimentos; cas publicas de saúde.
Art. 13 - Ao Coordenador II - prestar assessoramento ao Art. 16 - Aos membros in-
incumbe dirigir, coordenar e su- Coordenador em matéria de cumbe:
pervisionar as atividades da competência do órgão; I - estudar e relatar nos prazos
CONEP e especificamente: III - propor ao Plenário e coor- estabelecidos as matérias que lhes
I - instalar e presidir suas reu- denar a elaboração de veículos de forem atribuídas;
niões. comunicação das atividades da II - comparecer às reuniões,
II - suscitar o pronunciamento CONEP, com objetivo de divul- relatando projetos de pesquisa,
da CONEP quanto às questões gação e educação. proferindo voto e manifestando-
relativas aos projetos de pesquisa; Art. 15 - Ao Secretário Exe- se a respeito das matérias em dis-
III - tomar parte nas discus- cutivo incumbe: cussão;
sões e votações e, quando for o I - assistir às reuniões; III - requerer votação de ma-
caso, exercer direito do voto de II - encaminhar e providenciar térias em regime de urgência;
desempate; o cumprimento das deliberações IV - apresentar proposições
IV - indicar membros para rea- da CONEP; sobre as questões atinentes à
lização de estudos, levantamen- III - organizar a pauta das reu- CONEP;
tos e emissão de pareceres neces- niões; V - desempenhar atribuições
sários à consecução da finalidade IV - receber as correspondên- que lhes forem conferidas;
da comissão, ouvido o plenário; cias, projetos, denúncias ou ou- VI - manter o sigilo das infor-
V - convidar entidades, cien- tras matérias, dando os devidos mações referentes aos processos
tistas, técnicos e personalidades encaminhamentos; apreciados.
para colaborarem em estudos ou V - designar, conforme crité-
participarem como consultores rios estabelecidos e aprovados Seção IV
“ad hoc” na apreciação de maté- pelo plenário, relatores para os Funcionamento
rias submetidas à CONEP, ou- projetos protocolados, e enviar Art. 17 - A CONEP reunir-
vido o plenário; cópia dos mesmos para aprecia- se-á ordinariamente 11 vezes ao
VI - propor diligências consi- ção, com antecedência mínima ano, mensalmente, de fevereiro
deradas imprescindíveis ao exame de 10 (dez) dias da reunião; a dezembro, e extraordinaria-
da matéria, ouvido o plenário; VI - preparar, assinar, distribuir mente por convocação do Ple-
VII - encaminhar plano de tra- aos membros e manter em arqui- nário do CNS, por solicitação do
balho anual e relatórios parciais vo a memória das reuniões; seu Coordenador ou em decor-
ou no mínimo anual ao CNS, VII - coordenar as atividades rência de requerimento de me-
ouvido o plenário; da Secretaria Executiva, como tade mais um dos seus membros.
VIII - Assinar os pareceres fi- organização de banco de dados, Art. 18 - As reuniões serão
nais sobre os projetos de pesqui- registro de deliberações, proto- realizadas com a presença míni-
sa, denúncias ou outras matérias colo e outros; ma de mais da metade de seus
pertinentes à CONEP, segundo as VIII - manter controle de pra- membros.
deliberações tomadas em reunião. zos legais e regimentais referen- Art. 19 - As reuniões serão
Cadernos
28 de Ética em IX - emitir parecer “ad referen- tes aos processos em análise; abertas ao público, admitindo-se
Pesquisa dum” em matérias consideradas IX - elaborar relatório anual a presença de observadores,
exceto quando da análise (rela- Art. 25 - A apreciação de cada Parágrafo Único - Após en-
toria, debates e votação) de pro- matéria resultará em uma das se- trar em pauta, a matéria deverá
jetos de pesquisa encaminhados guintes deliberações: ser obrigatoriamente votada no
à CONEP e da análise de denún- I - aprovado plenamente; prazo máximo de até duas reu-
cias ou situações sigilosas. II - aprovado com pendência; niões.
Parágrafo Primeiro - Não quando a Comissão considerar o Art. 28 - O membro que não
será permitido aos observadores protocolo como aceitável, porém se julgar suficientemente esclare-
participar das discussões ou fa- identificar determinados proble- cido quanto à matéria em exa-
zer perguntas durante a reunião. mas no protocolo, no formulá- me, poderá pedir vistas do expe-
Parágrafo Segundo - A CO- rio do consentimento ou em diente, propor diligências ou
NEP determinará, nas ocasiões que ambos, e recomendar uma revi- adiamento da discussão ou da
justifique sigilo, que a reunião seja são específica ou solicitar uma votação, devendo oferecer pare-
fechada ao público. modificação ou informação rele- cer até a reunião seguinte.
Art. 20 - As deliberações da vante, que deverá ser atendida em Art. 29 - Não deverão partici-
CONEP serão tomadas em reu- 60 (sessenta) dias pelos pesqui- par das deliberações da CONEP
niões, por voto de mais da meta- sadores, para apreciação final da no momento da apreciação dos
de dos membros presentes. CONEP. projetos de pesquisa, os mem-
Art. 21 - As deliberações se- III - retirado; quando, trans- bros do Colegiado neles direta-
rão consignadas em pareceres as- corrido o prazo, o protocolo mente envolvidos.
sinados pelo Coordenador. permanecer pendente; e
Art. 22 - A pauta será prepa- IV - não aprovado. CAPÍTULO III
rada incluindo as matérias defi- Parágrafo Único - Esta deli- Disposições Finais
nidas na reunião anterior e com beração será transmitida ao CEP Art. 30 - Os casos omissos e
os protocolos de pesquisa apre- na forma de Parecer, assinado as dúvidas surgidas na aplicação
sentados para apreciação, em or- pelo Coordenador. do presente Regimento Interno
dem cronológica de chegada. Art. 26 - Após a discussão, serão dirimidas pela CONEP
Art. 23 - Cópias dos projetos não havendo posição defendida reunida com a presença de pelo
de pesquisa a serem apreciados pela maioria absoluta dos presen- menos 2/3 de seus membros, e
serão distribuídas a um relator e, tes o projeto se enquadrará numa em grau de recurso pelo Conse-
quando julgado necessário, a um das seguintes situações: lho Nacional de Saúde.
co-relator. O relatório escrito do I - “Necessita complementação Art. 31 - O presente Regi-
relator e as observações do co- das informações”; mento Interno poderá ser alte-
relator serão apresentados para II - “Informação suficiente, rado mediante proposta de 2/3
apreciação do colegiado na reu- com opiniões controvertidas”. dos membros da CONEP e ho-
nião seguinte. Neste caso será designado um mologação pelo CNS.
Art. 24 - A discussão será inicia- subcomitê da CONEP para con- Art. 32 - O presente Regi-
da pelo relatório e parecer do tinuar as discussões e reapresentar mento entrará em vigor após
relator, seguidas das observações o protocolo ao plenário. aprovação pelo voto de 2/3 dos
do co-relator. Depois deles outros Parágrafo Único - Sempre membros da CONEP e homo-
membros voluntariamente pode- que julgada necessário poderá ser logação pelo CNS.
rão apresentar seu ponto de vista. solicitada a apreciação de um Art. 33 - O trabalho dos
Parágrafo Único - O relator consultor “ad hoc”. membros, coordenador, coorde-
que não puder estar presente à reu- Art. 27 - Os relatores pode- nadores-adjuntos, consultores e
nião deverá enviar seu relatório por rão solicitar as diligências neces- membros “ad hoc”, não será re-
Cadernos
escrito, para ser lido na reunião, sárias ao esclarecimento da ma- munerado, sendo considerado de Ética em 29
pelo secretário executivo. téria proposta para análise. de relevante interesse público. Pesquisa
Anexo

CEPs aprovados em 2001


Com os novos comitês, já são quase 400 CEPs no País

Instituição UF Aprovação

Fundação Hospital Estadual do Acre - FUNDHACRE AC 28/05/01

Hospital Geral de Goiânia GO 30/01/01

Universidade Federal do Rio Grande do Norte RN 14/05/01

CEFAC - Centro de Especializações em Fonoaudiologia Clínica SP 26/06/01

Centro de Saúde Escola/Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto SP 15/03/01

Faculdade de Medicina de Jundiaí SP 27/07/01

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - HCFMRP SP 29/01/01

Hospital Infantil Cândido Fontoura SP 12/04/01

Instituto Bairral de Psiquiatria SP 02/07/01

Universidade Cidade de São Paulo - UNICID SP 02/07/01

Universidade Federal de São Paulo - Hospital São Paulo SP 29/01/01

UNOESTE - Universidade do Oeste Paulista SP 31/07/01

Casa Gerontológica de Aeronáutica Brigadeiro Eduardo Gomes RJ 15/03/01

Faculdade de Medicina de Valença/Fundação Educ. Dom André Arcoverde RJ 02/07/01

Hospital Barra D’Or - Medise Medicina Diagnóstico e Serviço Ltda RJ 02/07/01

Hospital Central da Polícia Militar RJ 28/05/01

Instituto de Medicina Social/UERJ RJ 02/07/01

Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira RJ 27/07/01

Universidade Iguaçu - UNIG RJ 02/03/01

Hospital Espírita de Porto Alegre RS 02/07/01

Hospital Mãe de Deus/Sociedade Educadora e Beneficente do Sul - SEBS RS 23/07/01

Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro PR 28/05/01

Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba PR 16/05/01


Cadernos
30 de Ética em Secretaria de Estado de Saúde/Instituto de Saúde do Paraná PR 30/01/01
Pesquisa
Expediente
Integrantes da Comissão CNS Cadernos de Ética em Pesquisa - Nº 8
Nacional de Ética em Pesquisa Coordenador: – Agosto de 2001 – Publicação da Co-
Conforme Resolução 246 do CNS, Nelson Rodrigues dos Santos missão Nacional de Ética em Pesquisa –
de 03/07/97 Conselho Nacional de Saúde – CNS/MS
Titulares CONEP Participação:
Beatriz Tess, Ednilza Pereira de Farias Coordenador: William Saad Hossne ● Abrasco – Associação Brasileira de Pós
Dias, Elma Zoboli, Erinalva Medeiros Secretária executiva: Corina Graduação em Saúde Coletiva
Ferreira, Gabriel Wolf Ozelka, Joaquim Bontempo de Freitas ● Coordenação Nacional de DST/Aids do
Clotet, Jorge Beloqui, Leonard Martin, Assessoras: Cyrene dos Santos Alves, Ministério da Saúde
Maria da Conceição Nascimento Pinheiro, Geisha B. Gonçalves e Mirian de Oliveira ● UNDCP - Programa das Nações Unidas
Mariza Palácios de Almeida, Susie Dutra, Lobo Para o Controle Internacional de Drogas
Volnei Garrafa e William Saad Hossne.
Suplentes Comissão Nacional de Ética em Pesquisa/ Edição: Sérgio de Araújo e Mário Scheffer
Artur Custódio Moreira de Souza, Carlos Conselho Nacional de Saúde - Ministério da Redação: Fernando Silva, Vânia Delpoio
Fernando de Magalhães Francisconi, Saúde - Anexo - Ala B - 1º andar - Salas e Maria Casarotto
Carlyle Guerra de Macedo, Daniel Romero 128 a 147 - CEP 70058-900 - Brasília - DF Assessoria Técnica: Corina
Muñoz, Elvira Maria Perides Lawand, Fone (61) 315-2951 Bontempo de Freitas
Francisco das Chagas Lima e Silva, Jorge Fax: (61) 226-6453 Ilustração: João Vicente Mendonça
Antônio Zepeda Bermudez, Josefina e-mail: conep@saude.gov.br Diagramação e Fotolitos: CGL
Aparecida Lara, Leocir Pessini, Maria Liz Impressão: Hammer
Cunha de Oliveira, Marco Segre e Paulo Tiragem: 10.000 exemplares
Antônio Carvalho Fortes.

CONEP na Internet:
http://conselho.saude.gov.br

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