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Índice
Dúvidas?
A CONEP responde ................................................................................................ 5
Depoimento
Centro de Referência e Treinamento DST/Aids ...................................... 9
Imprensa
Ética em Pesquisa no noticiário .................................................................... 13
Avanços
Fortalecimento dos CEPs ................................................................................. 15
Livros
Novos lançamentos sobre Ética em Pesquisa ....................................... 18
Opinião
Vulnerabilidade do sujeito de pesquisa
por Elma Zoboli e Lislaine Fracolli ................................................................. 20
Transgênicos: dilemas do biopoder
por Fátima Oliveira ............................................................................................... 22
Documento
Regimento Interno da Conep/CNS ............................................................. 26
Anexo
CEPs aprovados em 2001 .............................................................................. 30
A CONEP responde
onheça o Centro O Centro de Referência e Trei- menu de projetos de pesquisa a Eduardo Ronner
he Washington Post O jornal The Washington Post, temente dominado por incenti-
T e Folha de S. Paulo
entre os mais importantes dos Es-
tados Unidos, e a Folha de S. de
vos de lucro, onde nenhum re-
gulador por si só pode ver o qua-
Paulo, dos mais prestigiados jor- dro inteiro ou pode inspecionar
dedicam várias
nais da imprensa brasileira, abri- ensaios efetivamente, de acordo
páginas de suas ram espaços em suas edições para com entrevistas com médicos de
discussão sobre ética em pesqui- cinco continentes, funcionários
edições à discussão
sa em seres humanos. Além de de saúde e pacientes. Para os nor-
sobre as principais confirmar o interesse crescente – te-americanos, significa que algu-
e global – pelo tema, as reporta- mas das drogas mais novas nas
questões que gens têm em comum o mérito estantes norte-americanas estão
envolvem de fazer com que as questões re- sendo testadas longe, em locais
lacionadas a ética (no caso, ilus- distantes de reguladores norte-
experimentos com tradas com episódios cotidianos) americanos - às vezes em países
seres humanos adquiram atenção da população com poucos inspectores e pouca
e dos mais diversos segmentos da história de examinar a segurança
sociedade. e efetividade dos remédios.”
NoWashington Post, uma série
de seis artigos sobre ensaios clíni- Números & mediações
cos internacionais de medicamen- A atuação do FDA, que acaba
tos discutiu as causas, interesses, transformada em linha central da
consequências e a ética, entre ou- discussão, é colocada em evidên-
tras observações, destes procedi- cia. Desde 1980, a agência aceita
mentos. Pautados pela realidade aplicações para novas medicações
específica do mercado farmacêuti- apoiadas no exterior. “A revisão
co norte-americano, os jornalistas da FDA em ensaios no exterior
Mary Pat Flaherty, Deborah Nel- chega muito tarde para se preocu-
son e Joe Stephens, autores do par com o consumidor ou com os
artigo, dedicaram-se apresentar os pacientes nesses ensaios”, observa
diversos aspectos que implicam na e editora Marcia Angell, do New
opção de empresas da indústria far- England Journal of Medicine.
macêutica dos Estados Unidos por A reportagem traz também al-
realizar estudos em outros países guns números que ilustram a
e qual deve ser a participação da evidência e a importância de ava-
FDA, a agência que controla o me- liar eticamente a situação. “Os
dicamentos no mercado norte- testes de medicações no exterior
americano, nesta situação. cresceram a taxas surpreendentes
O trecho que introduz a dis- na última década. Em 1999, qua-
cussão diz o seguinte: “A globa- se 27% das aplicações continham
Cadernos
lização da testagem de remédios um resultado de texto no exte- de Ética em 13
resultou num sistema crescen- rior, o triplo do número regis- Pesquisa
▲
▲
trado em 1995”, informa o jor- não há exemplos polêmicos feitos no país. “Um executivo da
nal. E acrescenta: “Na América registrados no Brasil, onde a Bristol-Myers Squibb descreveu
do Sul, o número de investiga- Resolução 196/96, do CNS, um teste complexo que custou
dores registrados na FDA para normatiza pesquisas envolvendo aproximadamente U$ 10 mil por
conduzir ensaios de drogas para seres humanos. paciente na Europa Ocidental, mas
o mercado norte-americano cres- só U$ 3 mil por paciente na
ceu de cinco em 1991 para 453 Os países pobres Rússia”, relatam os repórteres do
em setembro de 2000. Os inves- As reportagens veiculada na im- Washington Post. “Países mais po-
tigadores na Europa Oriental prensa norte-americana falam so- bres também podem ter preva-
registrados recentemente são bre a fragilidade de regulamentos lência mais alta de certas doenças,
429, contra apensas um em de pesquisa em alguns países, des- tornando mais fácil a organização
1991. Na África Meridional, o tacando também, com foco nos in- dos testes. O câncer avançado
número subiu verticalmente de teresses da indústria farmacêuti- pode ser mais comum, por exem-
dois a 266 nos últimos anos.” ca, que ensaios realizados fora dos plo, em países onde o tratamento
Ao contrário do que acontece Estados Unidos podem custar precoce não está disponível para
em outros paises, na reportagem, muito menos dos que os que são todos”, avalia o jornal.
Cadernos
16 de Ética em
Pesquisa
Os CEPs selecionados para fortalecimento institucional
dade Federal de Minas Gerais - Pró-Reitoria de
Região Norte
Pesquisa (Belo Horizonte - MG) ● Santa Casa de
● Núcleo de Medicina Tropical - Universidade Fe- Misericórdia de Belo Horizonte (Belo Horizonte -
deral do Pará (Belém - Pará) ● Fundação de MG) ● Fundação Municipal de Ensino Superior
Hematologia e Hemoterapia do Amazonas de Marília (Marília - SP) ● Instituto Estadual de
(Manaus - Amazonas) ● Fundação Hospitalar Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione - IEDE
Estadual do Acre (Rio Branco - AC) (Rio de Janeiro - RJ) ● Universidade do Sagrado
Coração (Bauru - SP) ● Escola de Enfermagem
Região Nordeste
de Ribeirão Preto - USP (Ribeirão Preto - SP) ●
● Universidade Federal de Alagoas (Maceió - AL) Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
● Universidade Federal da Paraíba (João Pessoa de Ribeirão Preto - USP (Ribeirão Preto - SP) ●
- PB) ● Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
FIOCRUZ - (Salvador - BA) ● Hospital Universitá- da Universidade de São Paulo (São Paulo - SP) ●
rio Valter Cantídeo - UFC - UNIFAC (Fortaleza - Instituto de Assistência Médica ao Servidor Pú-
CE) ● Universidade Federal do Rio Grande do blico Estadual - IAMSPE (São Paulo - SP) ● Uni-
Norte (Natal - RN) ● Hospital Universitário - Uni- versidade de São Paulo - Faculdade de Odontolo-
versidade Federal de Sergipe (Aracaju - SE) gia (São Paulo - SP) ● Universidade Estadual
Paulista - UNESP (Botucatu - SP) ● Faculdade de
Região Centro-Oeste
Medicina do Triângulo Mineiro - Ministério da Edu-
● Universidade de Brasília - Faculdade de Ciênci- cação (Uberaba - MG) ● Faculdade de Medicina
as da Saúde - CEP/FS (Brasília -DF) ● GDF - Se- do Centro de Ciências Médicas - UFF (Niterói -
cretaria de Estado da Saúde - Fundação de Ensi- RJ) ● Universidade Estadual Paulista - Faculdade
no e Pesquisa em Ciência da Saúde - FEPECS de Odontologia (Araraquara - SP) ● Universidade
(Brasília - DF) ● Universidade de Brasília - Facul- Estadual de Campinas - Faculdade de Odontologia
dade de Medicina - CEP/FM (Brasília - DF) ● Uni- de Piracicaba (Piracicaba - SP)
versidade Federal de Goiás (Goiânia - GO)
Região Sul
Região Sudeste
● Universidade Federal de Santa Maria (Santa
● Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Maria - RS) ● Hospital de Clínicas de Porto Ale-
- Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Rio gre ( Porto Alegre - RS) ● Pontifícia Universida-
de Janeiro - RJ) ● Faculdade de Medicina de São de Católica do Rio Grande do Sul (Porto Alegre -
José do Rio Preto (São José do Rio Preto - SP) ● RS) ● Universidade do Vale do Itajaí (Itajaí - SC) ●
Fundação São Paulo - Pontifícia Universidade Ca- Universidade Estadual de Londrina (Londrina - PR)
tólica de São Paulo - Centro de Ciências Médicas ● Fundação Universidade Estadual de Maringá
e Biológicas (Sorocaba - SP) ● Fundação Centro (Maringá - PR) ● Hospital de Clínicas - UFPR
de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais - (Curitiba - PR) ● Irmandade da Santa Casa de
HEMOMINAS (Belo Horizonte - MG) ● Universi- Misericórdia de Porto Alegre (Porto Alegre - RS)
Cadernos
Total dos projetos selecionados: 40 de Ética em 17
Pesquisa
Livros
Publicações em destaque
O Estado Atual Economic Affairs, ele escreveu, en- Buey; A necessidade do grupo-con-
do Biodireito tre outros, As origens da virtude. trole com placebo em pesquisas sobre
A jurista Maria Com o subtítulo A autobiografia a eficácia de tratamentos psiquiá-
Helena Diniz é a de uma espécie em 23 capítulos, tricos, por Marcio Versiani; Grupo
autora do livro. Genoma faz observações sobre o placebo: psiquiatria não é exceção,
Diante dos avan- potencial da genética como ins- por Roni Marques; Tecnologia e
ços da biotecno- trumento para analisar a miséria medicina entre encontros e desen-
logia, da engenharia genética e das humana. “Temperamento, inteli- contros, de José Eduardo de
novas práticas biomédicas conse- gência, personalidade e conduta Siqueira; Tecnologia e medicina:
qüentes do descobrimento do são socialmente determinadas”, uma visão da Academia, por
DNA, ela aponta para a necessi- defende Ridley. “Mas isso não sig- Márcio José de Almeida; Medici-
dade de se desenvolver uma adap- nifica que não sejam, também, bio- na basada en la evidencia: aspectos
tação do Direito que combata logicamente influenciáveis. Dife- eticos, por Diego Gracia; Projeto
exageros provocados pelas pesqui- renças no comportamento se ma- Genoma Humano e suas implica-
sas científicas e corrija o dese- nifestam ao se ativarem e desa- ções para a saúde humana: visão
quilíbrio do meio ambiente, res- tivarem genes”, argumenta o au- geral e contribuição brasileira para
gatando e valorizando a dignida- tor. O número de capítulos em o projeto, por Andrew J.G. Sim-
de do ser humano. A intenção é questão não é simples acaso: Ridley pson e Otávia L. Caballero; Ciên-
demonstrar a importância da ela- fez um capítulo para cada par de cia, mercado e patentes do DNA
boração de um Código Nacional cromossomos humanos. Em cada humano, por Giovanni Berlinguer;
de Bioética que sirva de diretriz um deles, escolhe um gene e con- Telemedicina: breves considerações
na solução dos problemas ético- ta a história de como este gene foi ético-legais, por Genival Veloso de
jurídicos engendrados pelas prá- descoberto. No final, provê um França; e Tecnologia e medicina:
ticas biotecnocientíficas. Maria tour pelo genoma humano e por imagens médicas e a relação médi-
Helena já escreveu, entre outros; outros argumentos a favor da pes- co-paciente, por Paulo Bezerra de
Dicionário Jurídico, A Ciência quisa biológica. O livro tem 357 Araújo Galvão. A edição traz 175
Jurídica; Lei de Introdução ao páginas. Editora Record, tel.: 21- páginas. Conselho Federal de Me-
Código Civil Brasileiro Interpre- 2585-2000. dicina (www.cfm.org.br), tel.61-
tada. O título da editora Saraiva 445-5900.
(www.saraiva. com.br), tel.: 11 Tecnologia
3611-3344, tem 818 páginas. e Medicina Bioética -
Este é o tema do Ensaios
Genoma simpósio destaca- Os autores são o
O autor é o inglês do no volume 8 da médico Sérgio
Matt Ridley, dou- revista Bioética, Costa, professor
tor em zoologia publicada pelo Conselho Federal da Universidade
pela Universidade de Medicina. Os artigos, ora em Federal do Piauí,
de Oxford. Mem- português, ora em espanhol, da e a antropóloga Debora Diniz,
bro do conselho edição são os seguintes: Sobre da Universidade Católica de
Cadernos
18 de Ética em diretor do International Centre for tecnociencia y bioetica: los árboles del Brasília. Juntos ou individual-
Pesquisa Life e pesquisador do Institute of paraíso, por Francisco Fernandez mente, eles assinam textos que
são apresentados em seqüência sia, reprodução assistida, Aids nas tecnológicas, em especial, suas
didática e que pretendem discu- escolas e prisões, estupro, usuá- conseqüências sobre o Direito.
tir diversos aspectos da Bioética, rios de drogas, menores infrato- O título, com 341 páginas, é da
tema isolado dos primeiros en- res e outros. São apresentadas 56 Editora Renovar, tel. 21-2531-
saios em questão. Com blocos de ementas que têm como fontes 2205.
assuntos que vão aprofundando pareceres éticos, técnicos e jurí-
as questões inerentes à discussão dicos. A publicação do Conse- Investigação
sobre ética, eles seguem uma or- lho Regional de Medicina do Científica na
dem crescente de complexidade. Estado de São Paulo (www. Área Médica
Limites da Autonomia do Pa- cremesp.org.br) tem 94 páginas O livro organiza-
ciente, O DNA Globalizado, e é dirigida a médicos, profissi- do pelo professor
Pesquisa em Seres Humanos, O onais de saúde, organizações não Álvaro Oscar
Início e o Fim da Vida, Novos governamentais e serviços que Campana, da Fa-
Temas em Bioética são os blo- trabalham com HIV e Aids. culdade de Medicina (Campus
cos temáticos do livro, publica- de Botucatu), da Universidade
dos pela Letras Livres, investida Temas de Estadual Paulista Julio de Mes-
que integra o projeto de divul- Biodireito quita Filho, reúne, a partir do
gação das pesquisas e ações de- e Bioética título, textos de especialistas bra-
senvolvidas pela Anis: Instituto O livro foi orga- sileiros que dedicam-se a diver-
de Bioética, Direitos Humanos nizado pelos pro- sas abordagens do tema propos-
e Gênero. O livro tem 207 pági- fessores Heloisa to. Os autores são: o professor
nas. Anis (www.anis.org.br), tel. Helena Barboza e Carlos Roberto Padovani, do
61-343-1731. Vicente de Paulo Barretto, auto- Departamento de Bioestatística
res também de dois textos pu- da Unesp; o professor Cesar
Aids e blicados na edição. Há temas tão Timo Iaria, da Faculdade de
Ética Médica diversos como Direito e Políticas Medicina da Universidade de São
Organizado pelo Públicas de Saúde ou DNA: Paulo; a secretária-executiva da
médico infectolo- Análise Biojurídica da Identida- Comissão Nacional de Ética em
gista Caio Rosenthal de Humana. O livro é um im- Pesquisa, a médica e sanitarista
e pelo ativista da luta portante documento preparado Corina Bontempo D. Freitas,
contra a Aids e mem- pelo Grupo de Pesquisa Insti- que é assessora da Conselho Na-
bro do Conselho Nacional de tucional Bioética e Biodireito, cional de Saúde; o professor Sér-
Saúde, Mário Scheffer. O livro criado no quadro do Programa gio Alberto Rupp de Paiva, do
contém respostas a inúmeros di- de Pós-Gradução da UERJ, du- Departamento de Clínica Médi-
lemas e problemas éticos coloca- rante o primeiro semestre de ca da Unesp; e o professor
dos a partir da infecção pelo 1999 e que foi ganhando ade- William Saad Hossne, professor
HIV. A publicação trata de te- sões no ano seguinte. A inten- emérito da Faculdade de Medi-
mas que vão desde sigilo médi- ção, da publicação e do grupo, é cina de Botucatu e presidente da
co, direitos dos pacientes e exa- discutir a questão da ética a par- Conep. O livro sai pela Editora
Cadernos
mes compulsórios até assuntos tir de novos conhecimentos da Manole (www.manole.com.br, de Ética em 19
polêmicos como aborto, eutaná- Biologia e de suas aplicações tel. 11-283-5866). Pesquisa
Artigo
Elma Lourdes o se declarar como um dos bilidade significa os diferentes cia ou coma. Ainda pode advir de
Campos Pavone
Zoboli
é professora
A princípios éticos básicos da
condução de pesquisas com su-
graus e naturezas da susceptibi-
lidade de indivíduos e coletivi-
condicionamentos específicos ou
da influência de autoridade, como
assistente do jeitos humanos o respeito pelas dades à infecção, adoecimento estudantes, militares, presidiários,
Departamento de
Saúde Coletiva da pessoas, incorpora-se, ao menos, ou morte pelo HIV, segundo a internos em centros de readap-
Escola de duas convicções: que os indiví- particularidade de sua situação tação, casas-abrigo, asilos ou as-
Enfermagem da duos devem ser tratados como quanto ao conjunto integrado sociações religiosas (Resolução
USP e membro
titular da CONEP. agentes autônomos e que as pes- dos aspectos sociais, progra- CNS 196/96, IV.3.b). Também
e-mail: elma@usp.br soas com autonomia reduzida máticos e individuais que os pesam a adequação da informa-
para dar seu consentimento, ou põem em relação com o proble- ção às singularidades do sujeito,
Lislaine Aparecida
Fracolli seja, as que são sujeitos vulnerá- ma e com os recursos para o seu a garantia explícita da preservação
é professora veis, devem ser protegidas. enfrentamento. Definem-se, as- dos direitos de liberdade, priva-
doutora do
Entretanto, para compreender sim, três planos interdependentes cidade e confidencialidade do su-
Departamento de
Saúde Coletiva da a autonomia e a vulnerabilidade de determinação e de apreensão jeito, a qualidade da relação pes-
Escola de em toda sua complexidade é pre- da maior ou menor vulnera- quisador/sujeito, o conhecimen-
Enfermagem da
USP.
mente alçarmos vôo para além das bilidade dos indivíduos e da co- to do usuário de seus direitos
fronteiras da relação pesquisador/ letividade: o comportamento e as como sujeito de pesquisa, a ofer-
sujeito e da obtenção do consen- crenças pessoais, ou vulnera- ta de alternativas terapêuticas ou
timento. Isto porque respeitar a bilidade individual, o contexto diagnósticas além daquelas em
autonomia das pessoas traz como social, ou vulnerabilidade social; estudo.
condição a necessidade de situá- e o programa nacional de com- Voltando o foco de nossa análi-
la no conjunto social ao qual per- bate a Aids, ou vulnerabilidade se para o supra-individual temos
tence. Em outras palavras, deve- programática. as dimensões programática e so-
mos voltar nossa atenção para as A nossa proposição é que a cial da vulnerabilidade. Na primei-
opções sócio-estruturais que in- vulnerabilidade do sujeito de pes- ra, incluímos as questões relacio-
terferem na produção da vida e quisa também pode ser abordada nadas à implementação das nor-
da saúde e acabam por repercutir nesses três planos interdepen- mas e diretrizes regulamentadoras
e determinar as dimensões mais dentes. A análise no âmbito indi- da ética em pesquisa envolvendo
circunscritas das relações. vidual centra-se no acesso dos seres humanos e o funcionamen-
Uma proposta para contextua- sujeitos às informações relativas ao to do sistema CEP/Conep. A
lizar e ampliar a discussão da protocolo, incluindo a forma vulnerabilidade programática abar-
vulnerabilidade seria abordá-la como são transmitidas e sua com- ca, entre outros aspectos, a con-
em suas diferentes dimensões: a petência para consentir. A incom- formação dos comitês de ética, a
individual e a coletiva. Para tal petência para o consentimento, participação e representatividade
ousamos um paralelo com a com- como define a Resolução CNS dos usuários nas comissões e na
preensão de vulnerabilidade que 196/96, IV.3.a, pode decorrer análise dos projetos, o acesso dos
tem se tornado corrente no cam- de uma incapacidade legal ou de sujeitos aos comitês, a divulgação
po conceitual e prático da inter- perturbações e doenças mentais, das normas e diretrizes da ética em
venção sobre a pandemia de Aids como nas crianças e adolescentes, pesquisa, o acompanhamento por
Cadernos
20 de Ética em a partir da década de 90. Opon- nos fetos, nos distúrbios psiquiá- parte dos CEP do desenvolvimen-
Pesquisa do-se a empowerment, vulnera- tricos e nos estados de inconsciên- to das pesquisas.
“A vulnerabilidade cado pela equipe que o atende? ver dos serviços de saúde.
E considerando que a maioria Na análise ética dos projetos de
social inclui, dos estudos ocorre em hospitais pesquisa, a vulnerabilidade social
públicos, ainda poderíamos nos se torna patente nas situações que
entre outros
perguntar: o mesmo projeto se- levantam questionamentos acer-
fatores, a pobreza, ria proposto a um usuário de um ca da possibilidade dos sujeitos
serviço privado? estarem sendo usados apenas
as desigualdades Transformar este contexto como meros meios para os fins
sociais, o acesso às definidor da vulnerabilidade so- de condução da pesquisa e de-
cial dos sujeitos de pesquisa, ob- senvolvimento da ciência. Nes-
ações e serviços viamente, não é tarefa exclusiva tes casos, as questões apresenta-
de saúde e dos CEP ou dos pesquisadores, das não se resumem à capacida-
mas na qual, como cidadãos es- de do sujeito para consentir ou
educação, o ses devem tomar parte. Nesse como o consentimento será ob-
respeito às sentido, cabe ressaltar que, como tido, mas incorporam a preocu-
bem marca o espírito da Resolu- pação de verificar se é justo pro-
diferenças culturais.” ção CNS 196/96, constitui fun- por a estas pessoas que sejam su-
ção precípua dos comitês de éti- jeitos de pesquisa. Tratar os su-
A vulnerabilidade social inclui ca zelar pelos interesses dos su- jeitos somente como simples
a pobreza, as desigualdades so- jeitos de pesquisa, protegendo os meios e não fins em si mesmos
ciais, o acesso às ações e serviços vulneráveis. Assim, o espectro de constitui uma violação ao prin-
de saúde e educação, o respeito ação dos comitês pode ser limi- cípio de respeito às pessoas en-
às diferenças culturais e religio- tado para atuar nas condições quanto agentes autônomos. Pa-
sas, a marginalização de grupos que definem a vulnerabilidade rece, assim, que a conjuntura re-
em particular, as relações de gê- social, mas não o é para impedir quer considerações que ultrapas-
nero e com as lideranças dos gru- que esse contexto sirva de justi- sem os aspectos da competência
pos e coletividades. Podemos ficativa para algumas pesquisas. ou da capacidade para consentir
questionar se o sujeito depois de Merece registro que não é raro ou de como o processo de con-
enfrentar, muitas vezes, tantas encontrarmos descrito dentre os sentimento será conduzido, sem,
dificuldades para conseguir um potenciais benefícios decorrentes no entanto, desprezá-los.
atendimento sente-se verdadeira- da participação em pesquisas uma Esta compreensão multi di-
mente livre para exercer sua op- assistência de qualidade. Isso mensional da vulnerabilidade nos
ção autônoma. além de contrariar o disposto na fortalece na percepção e denún-
Tem outras opções de serviço Resolução CNS 196/96, atenta cia dos determinantes e condicio-
para ser atendido ou é o único contra a missão social dos esta- nantes sociais da expressão auto-
recurso do qual dispõe? belecimentos de saúde e os pila- nômica das pessoas e nos impõe
Não teme que sua recusa pos- res e as diretrizes que balizam o o desafio de construirmos cole-
sa significar ainda mais demora Sistema de Saúde. Receber uma tivamente estratégias de interven-
no atendimento? assistência que prime pela exce- ção nesta realidade para além das
Cadernos
Não tem receio de negar-se a lência técnica e ética é um direi- fronteiras do relacionamento de Ética em 21
integrar o protocolo e ficar mar- to de cidadania e garanti-la é de- pesquisador/sujeito. Pesquisa
Artigo
Fátima Oliveira ara muitas pessoas a gené- da adição de um gene estrangei- dios e para a “humanização” de
é médica, autora de
Engenharia
genética: o sétimo
P tica é uma “varinha de con-
dão”. Para outras, uma “caixa de
ro (animal ou vegetal) ao geno-
ma de um animal ou vegetal.
animais para transplantes em se-
res humanos.
dia da criação Pandora”. Não sabemos ao cer- Transgene é o gene adicional, A indústria farmacêutica tradi-
(Moderna, 1995);
Bioética: uma face to o que as biociências, e em par- que passa a integrar o genoma cional (química) tem investido
da cidadania ticular a genética, estão fazendo. hospedeiro e o novo caráter dado muito nas biofábricas. Já “estão
(Moderna, 1997); Mas é fato que qualquer “coisa” por ele é transmitido à descendên- na praça” o hormônio do cresci-
Oficinas Mulher
Negra e Saúde vinda da genética está envolta em cia. Ou seja, a transgenia é mento humano; ovelhas e camun-
(Mazza Edições, um biopoder que deve ser res- germinativa! O principal legado dongos que receberam genes hu-
1998) e manos e “fabricam” no leite um
peitado e temido, logo entender da engenharia genética é a que-
Transgênicos: o
direito de saber e a um pouco de genética é condi- bra das fronteiras entre as espé- remédio para infarto chamado
liberdade de ção indispensável para o exercí- cies, concretizada na transferên- TPA (Ativador do Plasminogênio
escolher (Mazza
cio da cidadania na atualidade. cia de genes entre espécies dife- Tissular); o fator IX da coagula-
Edições, 2001).
e-mail: fatimao@ A humanidade tem sido freqüen- rentes (transgenia), o que possi- ção do sangue (produzido em
medicina.ufmg.br temente transformada em expec- bilita que qualquer ser vivo ad- ovelhas que receberam genes hu-
tadora passiva de novas situações, quira novas características de ve- manos nas glândulas mamárias).
problemas, indefinições e solu- getais, de animais ou de huma- São também transgênicos: a in-
ções, em diferentes setores da nos. Eis um poder incomensu- sulina humana; as interleucinas;
vida social, científica e política, rável! os interferons; os fatores de cres-
que têm a genética, em particu- No mundo vegetal as realiza- cimento de glóbulos brancos e a
lar a engenharia genética, como ções transgênicas de maior vulto eritropoietina recombinante
pano de fundo ou, pelo menos, são: plantas resistentes aos herbi- (substituta das transfusões sangüí-
como parte central de muitos cidas, aos vírus e ao stress neas).
cenários decisivos. abiótico; amadurecimento retar- A transgenia em animais e em
As manipulações genéticas dado de frutos; alteração da qua- vegetais no campo farmacêutico
contemporâneas consistem em lidade nutricional ou do sabor; e médico, a exemplo da área ali-
adição, subtração (destruição), fabricação de plantas inseticidas; mentar, não tem sido moni-
substituição, mutagênese, desa- aumento da produção de subs- torada a contento e nem prece-
tivação ou destruição de genes. tâncias úteis; produção de plan- dida de pesquisas que garantam
Grande parte da sociedade bra- tas ornamentais exóticas, de plan- biossegurança e inocuidade. As
sileira nos últimos três anos já tas biorreatoras e busca de um solicitações de monitoramento
ouviu a palavra transgênico, pois caminho que elimine a necessi- de efeitos colaterais na saúde
o debate sobre organismos, ali- dade de adubo. Há porcos, ca- humana não são respondidas
mentos, remédios transgênicos e mundongos, carpas e dourados com pesquisas para dirimir even-
outros produtos OGM’s (Orga- transgênicos de humanos com o tuais dúvidas, como exige uma
nismo Geneticamente Modifica- gene do hormônio do cresci- postura ética, mas com tentati-
do) vem aumentando em todo mento humano. Na pecuária a vas de desqualificação científica,
o mundo. Organismos transgê- transgênese é realizada para ace- moral e política de quem apre-
nicos são obtidos por uma lerar o crescimento e aumentar senta as queixas. O mais danoso
Cadernos
22 de Ética em biotecnologia denominada trans- o peso; para a “fabricação” de é que a indústria farmacêutica
Pesquisa gênese ou transgenia e resultam substâncias úteis, em geral remé- adota a prática de exigir repara-
Drugs Administration (FDA) e Eli Lilly e a Novo Nordisk, fabri-
“É fato nem após as queixas de efeitos ad- cantes da insulina humana GM,
incontestável versos. No caso da insulina hu- cujo principal argumento é o fato
mana GM há indícios de que a de tais empresas terem retirado do
que os impactos sua meia-vida é mais curta e porta mercado toda a insulina animal,
maior probabilidade de causar mesmo sabendo que a insulina
ambientais e na com maior freqüência do que a humana que fabricam pode cau-
saúde humana dos insulina animal o fenômeno co- sar danos, inclusive colocando em
nhecido como “inconsciência da risco a vida de dependentes de in-
transgênicos hipoglicemia”. sulina. É a primeira ação de
O Informe de Bellagio 1 (1996) responsabilização contra uma in-
ainda são uma afirma que as discussões sobre a dústria farmacêutica por não ava-
incógnita.” inconsciência da hipoglicemia da- liação adequada de remédios
tam do início do uso da insulina GM’s 2.
animal (1921), pois trata-se de
ção financeira por alegados da- um efeito colateral que ela tam- Animais transgênicos:
nos morais para qualquer quei- bém apresenta imediatamente humanizados, bizarros
xa relativa a seus produtos, o que após a sua aplicação, porém res- e fluorescentes!
é um freio ao debate ético. trito a pouquíssimos casos. E, se- Genes humanos têm sido adi-
O caso exemplar de produto gundo relatos de profissionais de cionado ao patrimônio genético
OGM que carece de pesquisas saúde, detectou-se que com a uti- de animais visando imitar o fun-
quanto aos efeitos colaterais é o lização da insulina GM ele é mui- cionamento do organismo hu-
da insulina humana recombinante to freqüente e mais severo, o que mano. Embora tenham demons-
(IH-r), também chamada de in- tem permitido a associação do uso trado muita utilidade na pesqui-
sulina humana transgênica ou da insulina humana com a cha- sa básica, alguns animais trans-
GM (Geneticamente Modifica- mada “morte na cama” - jovens gênicos são bizarros. Por exem-
da), que até hoje não teve seus aparentemente saudáveis encon- plo, Polly (1997), cognominada
alegados efeitos colaterais devida- trados mortos na cama. Os dados de a “ovelha humana” – trans-
mente pesquisados por nenhuma referem-se a cerca de 50 (cinqüen- gênica de humano – é literalmen-
das empresas que a fabricam, pos- ta) jovens insulino-dependentes. te, uma monstrinha genética que,
to que ainda adotam a “verdade”, O fato em si é mais do que sufi- em si, é uma bomba biológica.
já superada, do começo da déca- ciente para que exijamos mais pes- As células que a originaram fo-
da de 1990, que se “uma proteí- quisas na área. Segundo a British ram, deliberadamente, infectadas
na A natural não faz mal, a proteí- Diabetic Association e o Insulin com o “mal da vaca louca”, a
na A artificial também é segura”. Dependent Diabetes Trust, entre Encefalopatia Espongiforme Bo-
A insulina humana GM foi o pri- 15-20% das pessoas diabéticas que vina (BSE), que em humanos re-
meiro produto farmacêutico da usam insulina GM relatam hipo- cebe o nome de a nova variante
engenharia genética que foi glicemia súbita de modo incons- da Doença Creutzfeldt-Jacob
comercializado (1987) e é obti- ciente. São freqüentes as queixas (cVJD) cuja origem é desconhe-
da via implantação de um gene de artrite, mialgia, aumento de cida e não se sabe exatamente
que produz a proinsulina – subs- peso, etc. Tais evidências corro- quais os seus efeitos. Descobriu-
tância precursora da insulina – na boram o Informe de Bellagio se nas pessoas infectadas o príon
bactéria Escherichia coli. Sob (www.swissdiabetes.ch/~fis2/ – uma proteína degenerada, uma
“pressão da demanda” nenhuma englvers/bellagio.htm) e emba- substância infecciosa não viva,
das empresas que a produz reali- saram a “Ação de Classe” promo- formada por uma molécula
Cadernos
zou estudos clínicos adequados vida, recentemente, por consumi- proteica auto-replicável, que não de Ética em 23
antes da aprovação pela Food and dores do Novo México, contra a gera anticorpos, o que dificulta Pesquisa
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a sua detecção, só possível no nhum conseguiu comprovar e perigos potenciais dos trans-
exame da área afetada e através dar alguma garantia de que eles gênicos são previsíveis. No meio
de exame de urina3. Os príons não prejudicam a saúde. Outros ambiente há probabilidade de fe-
podem ficar anos sem se mani- cientistas são mais prudentes e nômenos, já comprovados, tais
festar, resistem às altas tempera- exigem mais pesquisas, pois sa- como: transferência horizontal de
turas, esterilização, luz ultra- bem que há pistas que indicam material genético, erosão e polui-
violeta e radiações ionizantes. que os transgênicos podem fa- ção biológica. Em humanos: aler-
Alba é uma coelha transgênica, zer mal à saúde, além do que “em gias, toxicidades, diminuição da
criada no Instituto Nacional de ciência não estar provado não sig- resistência às infecções e aumen-
Pesquisa Agronômica da França, nifica que não exista”! to da resistência aos antibióticos.
que recebeu um gene com o có- No Brasil, o debate público so- Por exemplo, o herbicida Round
digo da proteína GFP (proteína bre os transgênicos começou Up Ready (glifosato), o único que
verde fluorescente), presente na- com a “soja da Monsato” que pode ser usado na chamada “soja
turalmente em medusas, que emi- possui um gene que a torna re- da Monsanto”, é a terceira causa
te luz quando ativada por íons de sistente ao herbicida Roundup de adoecimento de agricultores
cálcio. O primeiro macaco trans- Ready (RR), produzido apenas norte-americanos, pois provoca
gênico chama-se ANDi (“DNA pela Monsanto, aprovada para vários tipos de alergias, pneumo-
inserido”), um macaco rhesus, que comercialização, e conseqüente- nias e até edema agudo de pul-
recebeu o gene da proteína GFP mente para consumo humano, mão. Pesquisa realizada em 1998,
oriundo de água-viva. Nasceu em pela CTNBio (Comissão Técni- divulgada em março de 1999,
outubro de 2000, “fabricado” na ca Nacional de Biossegurança) pelo Laboratório de Nutrição de
Universidade de Ciências Médi- dispensando Estudo de Impac- York, Reino Unido, constatou
cas do Oregon. A “tecnologia to Ambiental (EIA)! Desde 18 aumento de 50% no diagnóstico
ANDi” pode ser usada para re- de junho de 1999 o plantio para de alergia à soja. Uma forte hipó-
produzir doenças humanas em comercialização da soja RR está tese para aumento tão abrupto
primatas, tais como: diabetes, suspenso em todo o país por de- pode ser o uso da soja transgênica.
câncer de mama e aids, visando terminação do juiz federal An- Sabe-se que 2% dos adultos e
encontrar uma maneira de blo- tônio Souza Prudente, até que 8% das crianças apresentam pa-
queá-las geneticamente. Para a o governo defina as regras de drões de respostas alérgicas aos
União Britânica contra a Disseca- biossegurança e rotulagem dos alimentos em geral. Ora, como
ção Animal “usar camundongos já OGM’s e a Monsanto realize Es- pessoas sabidamente alérgicas a
é ruim o suficiente, mas brincar de tudo de Impacto Ambiental determinados produtos animais
Deus com os primatas é moralmen- cujos resultados demonstrem e/ou vegetais poderão prevenir
te repugnante”. ausência de danos ambientais e alergias se os alimentos trans-
para a saúde. gênicos não possuírem rótulos
Vegetais transgênicos: É fato incontestável que os im- que discriminem sua origem e
impactos ambientais pactos ambientais e na saúde hu- composição? É ético expor as
e na saúde humana mana dos transgênicos ainda são pessoas a “coisas” (como os
Enquanto alguns cientistas di- uma incógnita. Faltam pesquisas transgênicos) que podem causar
Cadernos
24 de Ética em zem que os transgênicos em ge- suficientes para provar que eles são danos à saúde?
Pesquisa ral não fazem mal, até hoje ne- “do bem” ou do “mal”. Mas os Com a resistência a antibióti-
que deseja ou precisa; e dada a em um vegetal leva consigo a in-
“A rotulagem irresponsabilidade de setores da formação genética animal.
dos alimentos comunidade científica, comer- Como tenho dito insistente-
ciantes, industriais e governos, a mente, é tendo em conta a igno-
e o certificado rotulagem dos transgênicos é ne- rância da ciência que não pode-
cessária, embora não garanta e mos permitir que os transgênicos
de origem nem substitua as questões perti- passem a fazer parte de nossa ali-
são grandes nentes à segurança alimentar, mentação tal como os produtos
pois o rótulo não constitui pro- alimentícios da natureza, sob pena
conquistas va de que os alimentos transgê- de que talvez sequer tenhamos
nicos não fazem mal à saúde. A tempo para maldizer o amanhã.
democráticas.” rotulagem dos alimentos é um
direito do(a) consumidor(a). A 1. A “Informação Científica do Informe
cos, evidenciada em alguns pro- rotulagem dos alimentos e o cer- de Bellagio (abril 1996) - “Falta de cons-
dutos transgênicos (variedades tificado de origem, que é uma ciência do padecimento de hipoglicemia
de milho Bt, dentre elas “Event em pacientes que utilizaram insulina hu-
parte da rotulagem, são grandes
mana: Evidências acumuladas do fenô-
176”, da Novartis), é certo que conquistas democráticas, pois as- meno” [Rockefeller Study & Conference
a ingestão de tais alimentos pro- seguram o direito de saber e a Center I-22021 Bellagio (Como), Italy 8
vocará aumento da resistência aos liberdade de escolher - pontos de abril de 1996], foi assinada pelos se-
guintes cientistas: Prof. Arthur Teuscher,
antibióticos, que hoje é um gra- essenciais para a bioética. MD (Switerland); Dr. Pier Luigi Barbero,
ve problema para a medicina. A rotulagem dos alimentos MD (Italy); Nina Bollhalder Suresku-
Mas o que dizer de um alimento bioengenheirados tem um com- maran (Switerland); Jenny Hirst, FBCO
(UK); Dr. Matthew Kiln, MB.BS/
que produz isso? ponente ético importante, que é DRCOG (UK); Scott King, Editor-in-
a necessidade do respeito às con- Chief (USA); Dr. Kristian Midthjell, MD
Segurança alimentar e vicções: (Norway); Dr. Deo Mtasiwa, MD/PhD
(Tanzania); Dr. Shiva Murugasampillay,
rotulagem dos transgênicos 1. de vegetarianos e grupos
MB.BS/MSc (Zimbabwe, unable to
Os cientistas estão divididos religiosos que não comem pro- attend); Prof. Malina Petkova, MD
em pró e contra os transgênicos. dutos de origem animal ou não (Bulgaria).
Devemos ter medo. Não é pos- comem determinados animais; e
2. FULLER, Colleen. <cfuller@telus.net>
sível ter segurança a respeito de 2. dos grupos que defendem os Medicinas geneticamente modificadas -
algo que nem os cientistas sabem. direitos dos animais, que não os accion de clase: insulina. Boletin nº. 54,
Causa indignação pensar que nos aceitam como alimentos ou pelo Quito, 25 de abril de 2001. Red por una
America Latina Libre de Transgenicos.
induzem a comer coisas que não menos, não concordam com a
<transgen@accionecologica.org>
sabem se poderão nos dar mais crueldade que em geral a ciência
vida ou se provocarão doenças e submete suas cobaias animais. O 3. Informações da Dra. Ruth Gabizon, do
até a morte. Diante do “estado argumento de que o gene animal Departamento de Neurologia da Univer-
sidade Hadassah, Jerusalém, em pesquisa
da arte”, a comprovada insegu- não é o animal é apenas uma figu- publicada na edição de junho do Journal
rança da ainda rudimentar tecno- ra de retórica pois, como a trans- of Biological Chemistry que mostra que o
logia da transgenia, que inclusi- gênese é germinativa, ela transfere teste de urina é capaz de identificar o príon,
ou partícula protéica, antes do aparecimen- Cadernos
ve insere o transgene “às cegas” a informação genética original. to dos sintomas. www.uol.com.br/folha/ de Ética em 25
por não saber colocá-lo no lugar Um gene animal ao ser inserido reuters/ult112u3045.shl Pesquisa
Documento
Instituição UF Aprovação
CONEP na Internet:
http://conselho.saude.gov.br