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A política sob a visão da ética cristã

por Wagner da Silva Madruga

O mundo civilizado hoje está dividido em nações livres, organizadas em sociedade com suas
respectivas leis, sob sistema e forma de governo específicos. Alguns países adotam regime ditatorial,
onde os direitos humanos e liberdade de expressão são cerceados, e o povo geralmente está afastado do
poder. Outros países são democráticos, onde teoricamente o poder "emana do povo, e é para o povo",
modelo idealizado pelos atenienses. Neste cenário aparece o cidadão, protagonista das decisões que
envolvem a coletividade. Segundo Dalmo Dallari,
“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente
da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida
social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.
Muitos exercem de maneira libertina os direitos que a democracia outorga aos cidadãos, enquanto
outros preferem se furtar do compromisso com a cidadania, e se afastam da escolha dos seus
representantes no governo. Mais além, se afastam até do debate de grandes temas que afetam diretamente
a vida diária da população. Outros acreditam que seu voto é tão insignificante que não fará diferença no
resultado das eleições. E acabam votando sem convicção.
Uma igreja local se identifica com a sociedade a que pertence, além de sofrer sua influência cultural
e comportamental. Porém a recíproca também deveria ser verdadeira. A igreja deve influenciar a
sociedade a qual está inserida, de forma pró-ativa e pragmática.
Analisemos a a ética social de Jesus. Estava plenamente inserido na sociedade a qual vivia.
Participava de casamentos, ensinava nas sinagogas e nas praças, lidava tanto com pobres quanto com
ricos. Ele vencia as barreiras do preconceito: ministrava a adúlteros e estrangeiros, convivia com
nacionalistas e imperialistas. Buscava não o seu próprio benefício, mas buscava sarar as feridas físicas e
espirituais do povo. Seu ministério aliou a ação e a proclamação das boas novas. Quando se deparava com
situações que feriam seus princípios, Jesus era contundente e firme, sem medo de represálias. Defendia
com autoridade suas ideias acerca da verdade.
A consciência de cada pessoa em relação ao exercício dos seus direitos e deveres políticos está
intimamente ligada a ética individual. Como posso defender uma teoria, discurso, ou ainda, um
candidato a cargo político, que fere meus princípios cristãos? Como vou querer reclamar de decisões
tomadas nas esferas do poder se eu mesmo escolhi através do voto aquele que tomou as decisões que
divirjo? Ou ainda, se me abstenho das escolhas, ou escolho meus representantes sem avaliá-los segundo
meus princípios? E como fica minha ética em relação a Deus, que me escolheu para anunciar o
evangelho e ser Seu apologista perante os homens e a sociedade?
Um bom perfil para alguém que elejo como meu representante no poder seria uma análise do seu
caráter segundo o texto de Filipenses 4.8 : "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que
é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há
alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai."
Minha opinião pessoal é que os políticos são o reflexo da sociedade. Quando analisamos e
condenamos a corrupção no governo, não podemos nos esquecer da corrupção moral da sociedade
brasileira. Quando a pessoa vende seu voto em troca de favores pessoais, atravessa o sinal vermelho ou
"fura" uma fila, por exemplo, está prestando um desserviço à sociedade e tal comportamento não condiz
com o padrão ético e moral de um cristão.
Parafraseando Rui Barbosa, sob a visão da ética cristã,
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a
injustiça, de ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, devemos ocupar os espaços devidos na
sociedade, sendo referência de convivência em comunidade para o mundo, segundo o modelo social
apostólico, e eleger representantes que sigam e defendam os princípios éticos e padrões morais
cristãos.”
Boas eleições!

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