Professional Documents
Culture Documents
Júlia Casalini
Pelotas, 2008.
1
JÚLIA CASALINI
Pelotas, 2008
2
Resumo
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
Sumário
Resumo.......................................................................................................................2
Lista de Figuras..........................................................................................................3
Lista de Tabelas..........................................................................................................4
1. Introdução...............................................................................................................7
2. Histórico..................................................................................................................9
3. Estrutura e composição do biofilme..................................................................11
4. Formação do biofilme..........................................................................................16
5. Elementos importantes no processo de adesão do biofilme..........................20
5.1 Fase aquosa........................................................................................................20
5.2 O microrganismo................................................................................................20
5.2.1 Pili.....................................................................................................................21
5.2.2 Flagelo..............................................................................................................21
5.2.3 Sistema quorum sensing................................................................................22
5.3 Interação célula-substrato.................................................................................23
6. Superfícies envolvidas na formação do biofilme..............................................25
7. Fatores que influenciam no desenvolvimento do biofilme..............................26
7.1pH.........................................................................................................................26
7.2 Efeitos de velocidade e de turbulência do fluido............................................26
7.3 Influência das partículas inorgânicas na formação do biofilme....................27
7.4 Temperatura........................................................................................................27
7.5 Concentração de nutrientes..............................................................................28
7.6 Tipo de superfície..............................................................................................28
8. Microrganismos envolvidos na formação do biofilme.....................................30
8.1 Mecanismo de resistência das bactérias.........................................................31
9. Métodos de avaliação dos biofilmes..................................................................33
10.Benefícios e malefícios causados pelos biofilmes na indústria alimentícia.35
10.1 Biofilmes benéficos..........................................................................................35
10.2 Biofilmes maléficos..........................................................................................36
6
1 Introdução
2 Histórico
por sua vez, tem sido relacionadas principalmente à adesão inicial das células de
microrganismos à superfície (LASA & PENADÉS, 2006 apud CAIXETA, 2008).
Os exopolissacarídeos produzidos pelos genomas de uma grande variedade
de microrganismos, com destaque para o alginato (BOARI, 2008), são gomas
hidrossolúveis que possuem propriedades químicas, físicas e estruturais diferentes.
A estrutura de muitos polissacarídeos de bactérias gram-negativas é relativamente
simples, sendo formados de homopolissacarídeos ou heteropolissacarídeos. Este
último é normalmente composto de unidades repetidas e alinhadas de diferentes
dissacarídeos até octassacarídeos, compostos de dois a quatro tipos de
monossacarídeos diferentes e muitos contêm grupos acetila e piruvato (SOUZA &
GARCIA-CRUZ, 2004).
Alguns exopolissacarídeos são sintetizados durante todo o crescimento
bacteriano, enquanto que outros são produzidos somente durante a fase logarítmica
ou estacionária. Portanto, sua síntese ocorre intracelularmente utilizando açúcares
nucleotídeos difosfatados. Comumente, sua produção é induzida pela limitação de
um nutriente essencial, que não seja fonte de carbono ou outra fonte de energia
(SOUZA & GARCIA-CRUZ, 2004).
Exopolissacarídeos são considerados componentes importantes que
determinam a estrutura e a integridade funcional do biofilme microbiano, agregado
pela formação tridimensional como é representado na Fig. 1, com aspecto de gel,
alta hidratação e canais localizados na matriz do biofilme, em que os
microrganismos são imobilizados. Além do mais, age como adesivo e barreira
defensiva, protegendo as células para que não sejam arrastadas pelo fluxo de
substâncias, auxiliando a célula a resistir a condições de estresse múltiplo, tais como
a diminuição e a exaustão de nutrientes e água, a presença de biocidas e outros
agentes antimicrobianos e condições ambientais (CAIXETA, 2008). Em alguns
casos, o EPS é capaz de seqüestrar cátions, metais e toxinas, conferindo, também,
proteção contra radiações UV, alterações de pH, choques osmóticos e dessecação
(BOARI, 2008).
14
4 Formação do Biofilme
Uma das primeiras teorias foi descrita por Marshall em 1971, o qual sugeriu
que a formação do biofilme é um processo que acontece em duas fases. A primeira,
quando o processo ainda é reversível, em virtude da adesão do microrganismo na
superfície, que ocorre por forças de Van der Waals, atração eletrostática e
interações hidrofóbicas. Nesse estágio, a bactéria apresenta movimento browniano,
podendo simplesmente, ser removida por rinsagem. Na segunda fase, por meio de
interações dipolo-dipolo, ligações iônicas e covalentes, pontes de hidrogênio e
interações hidrofóbicas, ocorre a interação física da célula com a superfície, com a
síntese de material extracelular da natureza polissacarídica ou protéica, produzida
pela bactéria, que é chamada matriz de glicocálix. Nesse momento, as fímbrias
poliméricas ligam à célula bacteriana ao substrato, dificultando a remoção do
biofilme, sendo necessário adotar forças mecânicas, como raspagens ou lavagem
(CAIXETA, 2008).
Os biofilmes são formados segundo Christensen e Characklis (1990 apud
CAPELLETTI, 2006) a partir de uma seqüência de eventos, de acordo com as
etapas de adesão e de adaptação dos microrganismos ao suporte, conforme
ilustrado esquematicamente na Fig. 2.
Na primeira etapa de formação de um biofilme, a adesão dos
microrganismos primários, é essencialmente controlada por interações iônicas
negativas e, ou, positivas entre a parede celular dos microrganismos e as
macromoléculas do filme condicionador, o qual se forma a partir de resíduos do
próprio ambiente. Apêndices celulares externos, como flagelos, fímbrias e píli
também desempenham papel fundamental na adesão celular inicial, além de
formarem pontes entre a superfície e as células (CAPELLETTI, 2006).
A adesão irreversível é quase sempre realizada pelos polímeros
extracelulares. Depois do contato com a superfície e a instalação microbiana, as
fases de crescimento e divisão celular acontecem. Com isso, se dá a formação de
material extracelular (biofilme) fortalecendo as ligações entre as células e a
superfície.
17
5.2 O microrganismo
A capacidade de um microrganismo isolado em aderir ou não a uma
superfície e, logo após, formar e manter um biofilme se relaciona estreitamente a
seu fenótipo e genótipo. Quando presentes alguns aparatos celulares, como pili,
flagelos e fímbrias, algumas proteínas da superfície, assim como sistemas quorum
sensing, nota-se um incontestável diferencial à bactéria, em nível de aderência e
formação do biofilme (STOODLEY et al., 2002 apud BOARI, 2008). Além desses
aspectos, são consideradas também de extrema importância as propriedades físico-
químicas da superfície microbiana, com destaque na sua hidrofobicidade e carga
elétrica, sendo que todo ciclo vai depender da interação inicial entre a bactéria e o
substrato (BOARI, 2008).
21
5.2.1 Pili
O pili é um componente competitivo muito importante no processo de
adesão inicial e colonização da superfície, essencialmente para microrganismos
gram-negativos (BOARI, 2008).
O Pili tipo IV é constituído por moléculas de pilina, helicoidalmente
organizadas, com 145 a 160 aminoácidos, e localiza-se em uma das extremidades
da célula. O tipo de motilidade que ele confere, permite ao microrganismo se mover
em superfícies do tipo semi-sólidas, como ágares e sólidas, como o aço inoxidável.
Seu movimento permite a uma microcolônia a expansão radial média de
aproximadamente 1 milímetro por hora (BOARI, 2008).
O Pili tipo IV pode se ligar a uma grande variedade de superfícies sejam elas
abióticas (aço inoxidável), bem como bióticas (superfície de outros microrganismos),
onde se tem adesão célula-célula. É válido ressaltar que a colonização de
superfícies e o deslocamento de microcolônias, onde o Pili tipo IV está presente, é
um movimento social, ou seja, envolve o contato célula-célula, orientando-se este
por nutrientes e sinalizadores, o que chamamos por quimiotaxia (MATTICK, 2006
apud BOARI, 2008).
5.2.2 Flagelos
Os flagelos são de destacada relevância na adesão e colonização de
superfícies por microrganismos gram-negativos. Estas organelas, utilizadas para
locomoção do microrganismo, são constituídas por unidades de flagelina e emergem
por uma extensão da membrana externa, sendo a sua força motora garantida pela
diferença de potencial osmótico de sódio transmembrana e pela degradação de
grupos fosfato (GAVÍN et al., 2002 apud BOARI, 2008).
Alguns microrganismos apresentam um flagelo polar em meios aquosos.
Sem dúvida alguma, este elemento é de muita importância para o processo de
adesão inicial. Porém, após a adesão inicial, inicia-se uma diferenciada expressão
gênica, sendo o flagelo polar substituído por um flagelo lateral, o qual confere à
célula capacidade maior de se locomover em superfícies sólidas e semi-sólidas
(BOARI, 2008).
22
7.1 pH
A grande parte dos biofilmes naturais forma-se em valores de pH próximo a
neutralidade. Desvios de pH para valores inferiores ou superiores a 7 irão
certamente influenciar o desenvolvimento e atividade da comunidade microbiana,
pois o pH tem um efeito preponderante no metabolismo dos microrganismos
(PEREIRA, 2001). De outro modo, o pH também afeta as propriedades elétricas
superficiais dos microrganismos e das superfícies sólidas, podendo com isso
aumentar ou diminuir a repulsão eletrostática entre as duas entidades e, desta
maneira, interferir no processo de adesão dos microrganismos às superfícies
(PEREIRA, 2001; CHAVES, 2004; MACHADO, 2005).
Estudos de biofilmes em sistemas de distribuição de água potável, por
exemplo, devem levar em consideração a turbulência do fluido, que pode conduzir a
uma diminuição dos valores de pH, devido ao CO2 se misturar com a água e formar
HCO3. A redução dos valores de pH também pode ocorrer, devido a libertação para
o meio de substâncias ácidas sintetizadas pelos microrganismos que se
desenvolvem nas paredes (CHAVES, 2004).
7.4 Temperatura
A temperatura é fator determinante no desenvolvimento microbiano, e como
tal, pode afetar a formação e a atividade de qualquer biofilme, bem como o tipo de
microrganismo que o compõe.
Para valores elevados de temperatura ocorre a desnaturação das proteínas
que compõe os microrganismos, o que é manifestado por uma diminuição adrupta
da taxa de crescimento. O valor da temperatura em que esses efeitos destrutivos
são preponderantes designa-se por limite máximo de temperatura. A temperatura
para a qual se registra um valor máximo da taxa de crescimento designa-se por
temperatura ótima. Por outro lado, com a redução da temperatura ocorre uma
28
parece funcionar como uma barreira protetora contra fatores agressivos externos
dos quais os biocidas são exemplos (PEREIRA, 2001).
Outros estudos referem também que a menor sensibilidade dos biofilmes
aos biocidas é em função destes poderem reagir com constituintes inorgânicos dos
biofilmes a uma velocidade superior à velocidade de difusão do biocida no interior
dos biofilmes. Isso acarretaria, por conseqüência, uma redução considerável da
quantidade de biocida disponível efetivamente para os microrganismos (PEREIRA,
2001).
33
2004). Nestes sistemas 95% da biomassa se localiza nas paredes das tubulações e
menos de 5% nas fases da água. Desse modo, a formação de biofilme pode
produzir muitos problemas operacionais, como corrosão das tubulações, perda de
qualidade da água e uma série de outros eventos indesejáveis (HU et al., 2005 apud
CAIXETA, 2008).
Na indústria de alimentos, a colonização das superfícies onde se processam
os alimentos pode ocasionar vários problemas, tanto de ordem econômica como de
saúde pública. No ponto de vista econômico, as bactérias deteriorantes podem
contaminar produtos alimentícios, alterando suas características e levando a perdas
econômicas, entretanto, o risco à saúde pública é considerado um problema mais
grave, pois o biofilme pode ser fonte de contaminação crônica e veicular
microrganismos patogênicos (CAIXETA, 2008).
Alguns microrganismos podem ser submetidos a condições de ausência de
oxigênio, nutriente ou espaços para multiplicar-se dependendo do local de adesão. A
ausência de oxigênio pode levar à formação de uma zona, em que condições
anaeróbicas prevalecem e bactérias fermentativas são ativadas. Os microrganismos
anaeróbios formam ácidos orgânicos de baixo peso molecular e ácidos graxos, bem
como dióxido de carbono e hidrogênio, que estimulam o crescimento de bactérias
redutoras de sulfato, as quais podem conduzir a problemas de corrosão de metais
(POULSEN, 1999 apud CAIXETA, 2008).
Na indústria de laticínios a colonização em tanques de armazenamento do
leite, adesão nos trocadores de calor e adesão de esporos na superfície de
embalagens são alguns exemplos de problemas que também estão ligados aos
biofilmes sobre superfícies, constituindo um ponto crítico na indústria (HAUN, 2004).
38
11.3.1 Biocidas
Biocida pode ser definido como qualquer substância que possua um ou mais
agentes ativos, o qual é capaz de prevenir, inibir, diminuir ou eliminar a ação de
organismos vivos patogênicos e não patogênicos (CAPELLETTI, 2006).
Para exercerem a sua ação os biocidas atacam os componentes celulares
funcionais, colocando os microrganismos em estresse (PEREIRA, 2001). Os
principais componentes celulares funcionais em que os biocidas agem são, a parede
celular, os componentes da membrana citoplasmática e o citoplasma. O acesso a
estes alvos é determinado pela composição química e propriedades físico-químicas
que possui cada biocida, bem como pelas interações com o material extracelular,
pela composição química e morfologia das células (CAPELLETTI, 2006).
Os biocidas podem ser classificados em dois grandes grupos, de acordo
com seu caráter químico: oxidantes, como por exemplo, o ozônio, peróxido de
hidrogênio, compostos de cloro; e não-oxidantes, como compostos sulfurados,
estanho, isotiazolinonas, sais de cobre, aldeídos, sais quaternário de amônio, dentre
outros (CAPELLETTI, 2006; PEREIRA, 2001).
Embora apresentem diferenças químicas importantes, o modo primário de
ação dos biocidas oxidantes consiste em oxidar compostos constituintes das células
microbianas, sendo conseqüentemente efetivos contra quase todos os tipos de
microrganismos. Os biocidas oxidantes são os mais usados na indústria de
41
12 Conclusão
Referências