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TREINAMENTO AVANÇADO
1 – INTRODUÇÃO
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nos anos secos, visto que as centrais hidroelétricas são incapazes de corresponder a uma
parte desses picos.
Dentro deste contexto, a utilização de energia solar para o arrefecimento é um
conceito atrativo, pois as necessidades de arrefecimento coincidem, na maior parte do
tempo, com a disponibilidade de radiação solar.
Assim, porque não utilizar a energia solar para manter no verão as condições de
conforto interior aconselhadas para os edifícios?
Os sistemas de arrefecimento solar têm a vantagem de suprir a maioria das
exigências de um sistema clássico:
• O consumo de energia elétrica pode ser até 20 vezes inferior, quando
comparado com um sistema clássico de compressão;
• Os fluídos refrigerantes utilizados são inofensivos, utilizando-se normalmente
água e soluções salinas;
• O incômodo sonoro provocado pelo compressor é eliminado.
Estas diferentes vantagens mostram que estas tecnologias devem ser apoiadas, quer
através de incentivos financeiros, quer através de uma taxa energética que reflita os custos
ambientais face às energias convencionais. Em muitos países, o apoio financeiro a sistemas
com energia solar permite tornar esta solução economicamente mais atrativa.
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2.2 – Estratégias
As necessidades de arrefecimento de um edifício durante o verão podem ser
reduzidas, adotando estratégias bioclimáticas.
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c) Protecção do sol
No verão, a radiação solar atravessa as superfícies transparentes do edifício (portas
e janelas) causando um ganho de energia imediato. Diferentes dispositivos de
sombreamento permitem reduzir esse impacto:
• Estrutura de sombreamento vertical para as orientações este e oeste ou
horizontal para a orientação norte) (Fig. 7);
• Persianas exteriores fixos ou ajustáveis;
• Toldos exteriores ou cortinas internas;
• Vidros especiais.
Figura 5 – Proteções solares com avançado Figura 6 – Avançado horizontal com módulos
horizontal e persianas exteriores num edifício de fotovoltaicos integrados: (casas solares em Friburgo
escritórios em Dresden na Alemanha na Alemanha)
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d) Inércia térmica
A inércia térmica de um edifício tem um elevado impacto na transferência de calor
com o ambiente interior.
Um edifício caracterizado por uma massa térmica importante aquece lentamente, o
que permite atenuar o sobreaquecimento provocado pela radiação solar através dos
envidraçados.
De fato, a envolvente exterior acumula a radiação direta e restituem-na lentamente
no ambiente interior, nas horas seguintes. Deste modo, uma elevada inércia térmica limita
os picos da necessidade de arrefecimento.
e) Ventilação
No verão, a ventilação é uma das formas mais simples de garantir o conforto
térmico dos ocupantes de um edifício.
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a) Arrefecimento passivo
As técnicas de arrefecimento passivo podem ser divididas em dois grandes grupos:
• As que limitam as cargas térmicas: cargas solares, cargas internas, etc;
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• As que contribuem para a remoção das cargas térmicas para outros ambientes:
água, ar, solo, etc;
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Redução da
Descrição das intervenções Custo
carga térmica
Regulação da temperatura interna de cada espaço baixo 0% - 6%
Aumento da temperatura ambiente (p.ex.: 27ºC em vez de 25ºC) nulo 4% - 8%
Gestão do
Aumento da umidade relativa (p.ex.: 60-55% em vez de 50%) nulo 1% - 5%
edifício
Utilização correta do sistema de iluminação e dos aparelhos elétricos nulo 3% - 7%
Gestão correta das aberturas exteriores, das janelas e persianas nulo 0% - 5%
Regulação da iluminação (variação da intensidade, sensores de Baixo 4% - 6%
movimento, etc) com lâmpadas incandescentes
Redução das
Regulação da iluminação (variação da intensidade, sensores de Baixo 2% - 4%
cargas
movimento, etc) com lâmpadas fluorescentes
internas
Utilização de iluminação de baixo consumo (p.ex.: lâmpadas médio 10% - 13%
fluorescentes em vez de lâmpadas incandescentes)
Estruturas de sombreamento interior (persianas internas, cortinas...) baixo 2% - 5%
Estruturas de sombreamento exterior (persianas externas, toldos...) médio 8% - 19%
Aplicação de avançados verticais (0,6m) elevado 2% - 18%
Aplicação de avançados horizontais (1,5m) elevado 1% - 9%
Aplicação de avançados horizontais (0,6m) elevado 2% - 8%
Intervenções
na envolvente Aplicação de vidros duplos refletores elevado 4% - 7%
exterior do Aplicação de película refletora médio 3% - 11%
edifício
Paredes exteriores com cores claras com baixo poder de absorção baixo 1% - 8%
Isolamento da cobertura médio 3% - 6%
Estruturas de sombreamento na cobertura elevado 3% - 6%
Cobertura ventilada elevado 2% - 8%
Cobertura com vegetação elevado 4% - 15%
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Água - Brometo de lítio Água - sílica gel Água - Água - cloreto de cálcio
Mistura utilizada água - sílica gel
Amoníaco - água cloreto de lítio Água - cloreto de lítio
Tecnologia
Próximo de introdução
disponível no Chiller adsorção Chiller absorção Sistema exsicante
no mercado
mercado
Gama de potência
20 kW – 350 kW
de arrefecimento 50 – 430 kW 15 kW – 5 MW
(por módulo)
(kW frio)
COP nominal 0.5 – 0.7 0.6 – 0.75 (single effect) 0.5 – >1 >1
Temperatura de
60 – 90 °C 80 – 110 °C 45 – 95 °C 45 – 70 °C
funcionamento
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Figura 10 – Esquema de princípio do processo: Qfrio é a quantidade de calor extraído da água arrefecida
no evaporador. Qcalor é a quantidade de calor requerido para fazer funcionar o processo (calor motriz).
Qrejeitado, soma de Qfrio e Qcalor, é a quantidade de calor a remover à temperatura média TM. Qcalor pode ser
fornecido pelos coletores solares ou por um sistema de apoio (rede de calor ou caldeira por exemplo).
a) Chillers de absorção
Os chillers de absorção são os mais utilizados em todo o mundo. A compressão
térmica do refrigerante é conseguida através da utilização de uma solução
refrigerante/absorvente líquido, e uma fonte de calor, substituindo assim o consumo de
eletricidade de um compressor mecânico. Para água arrefecida acima dos 0ºC, tal como é
utilizada na climatização, é usada normalmente uma solução água/brometo de lítio
(H2O/LiBr), em que a água é o refrigerante.
No funcionamento de um chiller de absorção H2O/LiBr, é importante evitar a
cristalização da solução através de um controle interno da temperatura do ciclo de rejeição
de calor.
A produção de frio é baseada na evaporação do refrigerante (água) no evaporador a
muito baixa pressão. O refrigerante vaporizado é aspirado no absorvedor, diluindo assim a
solução H2O/LiBr. Para tornar o processo de absorção eficiente, é necessário arrefecer a
solução. Ela é bombeada continuamente para o gerador onde é aquecida (calor motriz). O
vapor de água gerado é então enviado para o condensador, onde, através da aplicação de
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água de arrefecimento, é condensado. A água líquida, após passar por uma válvula de
expansão, é novamente reencaminhada para o evaporador. A potência de arrefecimento dos
chillers de absorção é geralmente da ordem de várias centenas de kW. Geralmente, são
alimentados por uma rede de calor ou por um sistema de co-geração. A temperatura do
calor necessária é, normalmente, acima dos 80ºC para chillers de efeito simples, com um
COP de 0.6 a 0.8. Os chillers de duplo efeito, com dois níveis de gerador, requerem
temperaturas acima dos 140ºC, e atingem um COP na ordem de 1.2.
b) Chillers de adsorção
Neste caso, em vez de uma solução líquida, são utilizados materiais adsorventes
sólidos. As máquinas disponíveis no mercado utilizam a água como refrigerante e um gel
de sílica como adsorvente. A máquina consiste em dois compartimentos adsorventes
(compartimentos 1 e 2, da fig. 13), um evaporador e um condensador.
O adsorvente do primeiro compartimento é regenerado por aquecimento (água
quente solar), o vapor de água gerado é enviado para o condensador onde se condensa. A
água líquida, através de uma válvula de expansão, é enviada a baixa pressão para o
evaporador onde se evapora (fase de produção de frio).
O adsorvente do segundo compartimento mantém a baixa pressão ao adsorver o
vapor de água. Este compartimento tem que ser arrefecido para permitir uma adsorção
contínua. Quando a produção de frio diminui (saturação do adsorvente no vapor de água),
as funções dos dois compartimentos são efetuadas pela abertura e fecho de válvulas.
Atualmente, apenas alguns fabricantes asiáticos produzem chillers de adsorção.
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Figura16 - Sistema que utiliza um material desidratante líquido, instalado no novo edifício do Centro de
Inovação Solar (SOBIC) em Friburgo na Alemanha
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Tabela 3
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• País: Alemanha
• Localização: Freiburg, Estado Federal de Baden Württemberg
• Edifício: Laboratórios
• Capacidade de arrefecimento: 70 kWf
• Tecnologia: Chiller de adsorção
• Tipo de coletor: CTV - Tubos de vácuo com fluxo directo
• Área bruta de coletores: 230 m2
• Em funcionamento desde: 1999
• Descrição: O centro hospitalar universitário de Freiburg tem em funcionamento
diversos laboratórios. Um edifício dos laboratórios, que funciona num edifício
separado, está equipado com um sistema de ar condicionado assistido por
energia solar. A área total arrefecida do edifício é aproximadamente 550 m².
Dois sistemas de ventilação com débito variável (débito nominal 10.550 m³/h e
6.350 m³/h) utilizam permutadores térmicos de duplo-fluxo com recuperação do
calor durante a época de aquecimento. Durante a época de arrefecimento, o ar
novo é arrefecido através de permutadores de calor com água arrefecida,
fornecida por um chiller de adsorção. A temperatura do ar novo é mantida a
18ºC. O calor produzido pelos colectores solares térmicos é utilizado no Verão
para alimentar o chiller de adsorção e no Inverno para pré-aquecer o ar
ventilado. Um depósito de água quente com 6 m³ e um de água fria com 2 m³
são integrados na instalação. No caso de não haver suficiente radiação solar e
baixas temperaturas de armazenamento de água quente, um complemento é
fornecido pela rede de vapor do hospital. Uma torre de arrefecimento úmida e
fechada arrefece a água utilizada em função das fases do ciclo de adsorção.
Após ajustamentos no controlo o funcionamento específico do chiller, a análise
dos dados monitorizados de 2002 revelam valores diários de Coeficiente de
Performance térmico, COP (frio útil/calor motriz), durante vários dias no
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• País: Grécia
• Localização: Oinofyta, Viotia
• Edifício: Armazém de produtos de cosmética da empresa Gr. Sarantis S.A.
• Capacidade de arrefecimento: 700 kWf
• Tecnologia: Adsorção
• Tipo de colector: CP – Coletor plano seletivo
• Área bruta de coletores: 2.700 m²
• Em funcionamento desde: 1999
• Descrição: Este projeto é chamado PHOTONIO e está relacionado com a
instalação de um sistema central de ar condicionado usando energia solar para o
aquecimento e arrefecimento de novos edifícios e depósitos da empresa de
cosméticos Sarantis S.A.
O espaço climatizado é de 22.000 m² (130.000 m³). Um parque de 2.700 m² de
coletores solares planos seletivos foi instalado pela sociedade SOLE, S.A.
As necessidades anuais de arrefecimento do edifício são de 2.700.000 kWh. Os
coletores solares fornecem dois chillers de adsorção com água quente a uma
temperatura de 70-75ºC que operam com um COP de 60%. Os dois chillers de
adsorção usam a água quente como fonte de energia e produzem água fria à
temperatura de 8-10ºC. Os chillers de adsorção não necessitam de partes móveis
e usam um mínimo de energia elétrica para o funcionamento das bombas de
vácuo (1.5 kW). A potência útil de cada chiller é de 350kW sendo a potência
total de 700 kW. Para cobrir os picos de consumo, foram instalados três chillers
convencionais de 350 kW cada. Queimadores a Diesel (1.200 kW) substituem
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• País: Espanha
• Localização: Arteixo – Corunha
• Edifício: Escritórios e lojas
• Capacidade de arrefecimento: 170 kWf
• Tecnologia: Chiller de absorção (LiBr-H2O)
• Tipo de coletor: CP – Coletor plano seletivo
• Área bruta de coletores: 1.626 m²
• Em funcionamento desde: 2003
• Descrição: O edifício onde os coletores solares térmicos estão localizados é o
edifício principal da Inditex. Este edifício é utilizado principalmente para
escritórios e uma parte para lojas. É composto por dois andares com 10.000 m².
cada. O andar superior é utilizado para a concepção de artigos ZARA (roupas e
acessórios) e é um espaço aberto com pé direito de 4,10 m. A climatização é
efetuada através de três unidades de tratamento de ar, controlados por sensores
da temperatura ambiente regulados para 23ºC.
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• País: Portugal
• Localização: Lisboa
• Edifício: Escritórios
• Capacidade de arrefecimento: 36 kWf
• Tecnologia: Sistema exsicante e bomba de calor
• Tipo de coletor: CPC - Colector plano concentrador
• Área bruta de coletores: 48 m²
• Em funcionamento desde: 1999
• Descrição: Trata-se do edifício do Departamento de Energias Renováveis do
INETI, sede das atividades de pesquisa aplicada no domínio das energias
renováveis. Compreende os laboratórios de mecânica e de química e escritórios.
Os escritórios do primeiro andar são climatizados exclusivamente por um
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