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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar de forma clara e objetiva a vida, obra e


importância do cientista Alfred Russel Wallace. Grande parte dos livros direcionados
aos ensinos fundamental e médio tratam o assunto ‘’Evolução’’ tomando como base os
estudos do evolucionista Charles Darwin, que elaborou a teoria da seleção natural,
baseando-se no fato que, os indivíduos mais adaptados têm maior probabilidade de
sobreviver.
Será apresentado neste trabalho que, Wallace co-fundou a teoria da seleção
natural. Teve suas contribuições ignoradas por grande parte dos cientistas do século
XX. Questionaremos como os estudos e as descobertas de Wallace contribuíram para o
ensino da ciência no mundo atual.

DESENVOLVIMENTO

Alfred Russel Wallace, um naturalista inglês nascido no dia 8/1/1823 em Usk,


Monmounthshire. Oriundo de uma família humilde, foi o oitavo dos nove filhos de
Tomas Wallace e Mary Greenell, possuía apenas uma educação de classe média-baixa,
porém, chegou a fazer quatro anos de medicina, que na época, era o que mais se
aproximava da área biológica. Na pré-adolescência editou uma revista literária e
manteve uma das livrarias da cidade, era apenas o começo de uma longa estória.
Décadas depois, o jovem Alfred cruzaria o caminho do evolucionista Charles Darwin,
que era rico, com muitos anos de estudos superiores e dedicava todo o seu tempo às
pesquisas.
O infante Wallace teve a infância marcada por dificuldades financeiras e pela
morte precoce de quatro das cinco irmãs. Como sua saúde não era das melhores,
Wallace dedicou-se aos estudos, transformando a leitura em sua atividade preferida.
No ano de 1835, a família do adolescente enfrentou uma crise financeira
severa, que forçou Wallace a abandonar a escola e seguir para Londres para trabalhar
com o irmão John Wallace, nesta época Alfred tinha apenas treze anos de idade. No
mesmo ano, Alfred decidiu viajar e aprender topografia com o irmão Willian Wallace,
que acabara de comprar uma empresa do ramo. Wallace também estudou geometria,
cartografia, botânica, astronomia e geologia. Quatro anos mais tarde, o jovem já estava
fazendo conferências sobre tecnologia e história natural. (Horta, 2003)
Ao ler o livro Tratado sobre a geografia e a classificação dos animais, escrito
por Willian Swainson, Wallace percebeu que esse tema havia de empolgá-lo pelo resto
de sua vida, porém, em 1843, a empresa de seu irmão foi a falência, forçando-o a
procurar outra forma de estudar e investir em suas idéias, foi ai que Wallace empregou-
se como mestre-escola, tal emprego, permitiu ao jovem que tivesse acesso a várias obras
de história natural.
Wallace colecionava plantas, e na mesma cidade em que trabalhava conheceu
um jovem naturalista chamado Henry Bates, um entomologista iniciante, mas que já
possuía certa experiência, a vasta coleção de insetos do amigo logo tomaram o interesse
de Wallace.
Durante este período, Alfred Russel Wallace leu alguns relatos de Darwin,
porém, a obra de Charles Lyell Princípios de geologia mostrou-se decisivo para ele, a
teoria dizia que a superfície da terra era gradualmente modificada por forças da
natureza, tais como, vulcões, terremotos e etc. Na biologia, Lyell escreveu que havia
retorno das variedades a forma original que recompunha a população extinta. Para
Wallace esta resposta era insatisfatória.
Em 1845, o irmão de Wallace morre subitamente, então, o jovem volta ao País
de Gales, escreve uma carta ao amigo Bates dizendo que havia lido um livro chamado
‘’Vestígios da criação’’ e acrescenta que o livro sustentava uma hipótese engenhosa,
porém, faltava apenas provar. A posição central de Wallace é marcada pelo seguinte
trecho:

A idéia que concebo do progresso vida orgânica sobre o globo... é que o


tipo mais simples e primitivo deu origem ao tipo seguinte acima dele e este
produção o próximo tipo mais elevado. (apud Papavero & Bousquets, 1994,
p. 20)

Na época, Wallace entendeu que o futuro da ciência se baseava apenas em


evidenciar a evolução contínua, gradual e progressiva dos seres vivos. No ano de 1948,
Wallace conseguiu convencer Bates a acompanhá-lo em uma longa viajem a bacia
amazônica a fim de obter objetos para coleção, e depois vende-los em Londres, pagar as
despesas, e depois estudar a relação entre as espécies para tentar resolver a questão da
origem das espécies.
No dia 24/04/1848, Wallace com vinte e cinco anos e Bates com vinte e três,
partiram para Belém rumo ao rio Amazonas, eles queriam comprovar a existência, ou
não, das barreiras naturais, que possivelmente era a chave pra elucidar a origem das
espécies. Os amigos seguiram em uma expedição para o Tocantins e em seguida;
Wallace seguiu pelo Rio Negro e Bates pelo Solimões. Bates permaneceu no Brasil por
onze anos, onde publicou um artigo sobre o mimetismo das borboletas amazônicas, obra
que Darwin leu e se entusiasmou, pois ali, continha praticamente uma observação da
formação natural de uma nova espécie de borboleta. (Horta, 2003)
Wallace optou por seguir no Rio Negro onde nenhum Europeu jamais havia
explorado, o jovem pesquisador buscava fatos que fornecessem um princípio gradual de
descendência. Até o momento esta era a melhor hipótese de Wallace, que se embasava
na ramificação por separação geográfica da população das espécies.
Após ficar doente, Wallace não teve condições de continuar suas pesquisas e
decidiu voltar para a Inglaterra, chegou em Belém no dia 2/7/1852, ficou sabendo que
um ano antes, seu irmão havia morrido de febre amarela no Pará. Abalado e insatisfeito,
Wallace pegou suas coleções, seu diário e partiu para a Inglaterra. Quando tudo parecia
estar ruim, uma catástrofe acontece, o barco em que viajava Alfred Russel Wallace
pegou fogo e afundou em seguida (6 de agosto, 1852), Wallace perdeu todas as suas
coleções e grande parte de seu diário, notas e esboços, os quatro anos de pesquisas e
estudos na Amazônia estava indo literalmente por água a baixo. (Horta, 2003)
Abatido pela experiência desastrosa, Wallace decidiu planejar uma nova
expedição, desta vez, escolheu bem o seu destino, viajou para o Arquipélago Malaio, a
Royal Geographical Society pagou a passagem de ida, Alfred chegou em Singapura no
dia 20/04/1854, durante suas pesquisas, coletou mais de 125 mil espécies, várias delas
ainda desconhecidas.
Em fevereiro de 1854, um homem chamado Edward Forbes publicou um
artigo, no qual afirmava que os fósseis mostravam que os gêneros extintos atingiam dois
máximos, um nas eras antigas, e outro nas recentes. Wallace insatisfeito e irritado com a
publicação redigiu um manuscrito com o título Sobre a lei que regula a introdução de
novas espécies, foi publicado em Londres no ano de 1855. Amadurecido, com boas
experiências, era hora de Wallace apresentar-se como um evolucionista.
Fonte: http://www.astronomynotes.com/science-religion/NormLevan/s4-annot.htm

Desde então, Wallace forneceu uma suposta causa para a origem das espécies,
descrevendo da seguinte forma: o mecanismo de separação geográfica das populações
de uma espécie. Era o fim da sistemática tal como Lineu a entendeu, Wallace e também
Darwin substituiu o sistema lineano pela ancestralidade comum entre elas.
Wallace não escondia que os livros de Lyell teria o influenciado, porém, Lyell
passou a ser o seu principal adversário teórico. Wallace em seu artigo de 1855 ressaltou
que existiam barreiras geológicas separando periodicamente a população de uma
determinada espécie que foram induzidos a mudança de forma, sofrendo mudanças
lentas para sobreviver às alterações de seu ambiente físico.
Ao ler o artigo escrito por Wallace, Lyell se impressionou, percebeu que estava
nascendo um novo delineamento para o transformismo. Lyell não perdeu tempo, e logo
escreveu para o amigo Darwin:

(...) estou quase convencido de que as espécies não são imutáveis. (...) penso
que descobri o modo mais simples pelo qual as espécies se tornam
primorosamente adaptadas aos vários fins (Correspondence, III, p. 2)

Diante de tanta presunção, Lyell praticamente confessou um assassinato,


mudou radicalmente de opinião. Darwin escreveu em uma carta que continuava lendo e
coletando fatos sobre a variação dos animais e plantas. Darwin já preparava o seu futuro
livro ‘’A origem das espécies’’.
Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/charles-lyell.html

Darwin não adotou a posição de Wallace, em 1856, apresentou sua teoria


evolucionista a Lyell durante um encontro familiar. É fato que, muito antes de Wallace,
Darwin desenvolveu a teoria da evolução por seleção natural, isso em 1838, seria de se
esperar que o evolucionista apressasse em mandar o quanto antes para a impressa aquilo
que era a maior descoberta biológica de todos os tempos. Ao invés disso, ele esperou
vários anos para então para apenas escrever o texto conhecido como Esboço de 1842,
que vinha a ser um resumo de sua teoria, enviou a sua esposa Emma Darwin solicitando
a publicação em caso de sua morte. (Horta, 2003)
Darwin perante o artigo de 1855 de Wallace, rabiscou na lateral de seu
exemplar: ‘’Artigo de Wallace: lei da distribuição geográfica; nada verdadeiramente
novo’’ citou também que para Wallace, tudo parecia criação. Alfred utilizou da palavra
‘’criação’’ por quinze vezes em seu artigo, porém, Darwin também utilizou o termo por
varias vezes em seu esboço de 1842. Talvez tenha faltado sensibilidade para Darwin
perceber que Wallace seguia exatamente o seu caminho.
Wallace apresentou um mecanismo para a evolução, similar à seleção natural e
que juntadas formavam noções de variação e luta pela vida. Os darwinistas sempre
enfatizavam que o artigo de Wallace não havia influenciado o trabalho de Darwin. Na
época, ficou fácil de perceber que Darwin não havia apreciado o artigo de Wallace tanto
quanto Lyell. Alfred Russel Wallace expunha sua solução para a origem das espécies
embasada em princípios da geologia.
Fonte: http://www.fotosearch.com.br/fotos-imagens/charles-darwin.html

Wallace acreditava poder resolver todos os fatos relativos à evolução através


de sua hipótese da especiação por separação geográfica. Darwin não dava a devida
atenção a que merecia sua teoria, em 1846 ele começou a se ocupar com as cracas
(Cirrípedes). De certa forma, tinha medo da aceitação de sua obra, por isso, prolongava
a publicação, mas ele sabia que a origem das espécies era a chave para o problema da
evolução. Darwin respondeu a uma das cartas de Wallace:

Posso ver claramente que nós pensamos dentro de uma mesma linha e que
até certo ponto, chegamos a conclusões semelhantes... Concordo com quase
todas as palavras de seu artigo. (L. L. D.: 95-96.)

Ficava claro que ambos naturalistas trilhavam a mesma linha de pensamento,


Wallace contribuiu para a teoria evolutiva e em especial para o estudo das causas da
distribuicao geografica das especies (Futuyma,2009). Concordava plenamente com
Darwin com respeito à conclusão final que dizia: a variabilidade ilimitada na população,
exposta a dizimação drástica e regular, deve levar a mudança evolutiva. Ele reconheceu
que o artigo de Wallace era um resumo de seu esboço sobre a evolução.
Lyell e Hooker propuseram que os trabalhos fossem apresentados
simultaneamente na Linnean Society of London, o mais importante centro de história
natural da Grã-Bretanha(1858). Diante da pressão de Lyell e Hooker e principalmente
do anseio de ter sua originalidade liquidada por Wallace, Darwin publica um resumo,
nomeado de Origin, apressou seus trabalhos e no ano seguinte publicou o livro ‘’A
origem das espécies’’.
Wallace na realidade adquiriu fama por conta própria, escreveu o respeitado
Malay Archipelago e no ano de 1876 o admirável Geographiacal Distribuition of
Animals que se tornou um clássico da zoogeografia nos oitenta anos seguintes.
Alfred Russel Wallace recebeu, em 1892, a Medalha de Ouro da Sociedade
Linneana, prêmio que se concede todos os anos, a um botânico, ou zoólogo cujo
trabalho tenha importância significativa para o avanço da ciência.
No dia 07 de novembro de 1913, Alfred Russel Wallace morre em Old
Orchard, enterrado três dias depois em Broadstone. Dez anos depois de sua morte, o
presidente da Royal Society, Sir Charles S. Shemington inaugurou um memorial de
Wallace no Museu de História Natural, em South Kensington.
Finalmente, Darwin e Wallace não eram cientistas amadores, e sim
naturalistas, profissionais excelentes e altamente treinados. Wallace nunca teve ciúmes
de Darwin, muito pelo contrário, sempre foi seu grande admirador, contribuiu
efetivamente para a ciência, tal modo que, os seus vários anos de pesquisa ajudaram
outros cientistas a desenvolverem novas teorias para o avanço da ciência.

CONCLUSÃO

Em vista do que foi apresentado, Alfred Russel Wallace foi de suma


importância para a história da ciência, podemos exemplificar tomando como base o fato
de um cientista desenvolver relativamente à mesma teoria de um outro cientista.
Os artigos publicados por Wallace ajudaram vários outros evolucionistas da
época, inclusive o recebedor do mérito pela teoria da evolução Charles Darwin. Tais
fatos confirmam que nenhum pesquisador chega a nenhuma conclusão sem conhecer as
pesquisas de outros cientistas.
Devemos usar este trabalho em sala de aula para mostrar que, quando Charles
Darwin chegou ao topo, Wallace e muitos outros cientistas até mesmo os que
fracassaram em suas pesquisas serviram de exemplo e contribuíram para a construção
da teoria final, portanto, o mérito é de todos que dedicaram anos de estudos e
observações afim de desvendar a evolução.
REFERÊNCIAS

FUTUYMA, Douglas J.. Biologia evolutiva. Tradução Iulo Feliciano Afonso. 3. ed.
Ribeirão Preto: FUNPEC, 2009.

HORTA, M. Sobre A primeira teoria evolucionista de Wallace. Scientiae


Studia, [S.l.], v1, 2, p. 231-40, 2003.

MAYR, E. O desenvolvimento do pensamento biológico. Tradução de Ivo


Martinazzo. Brasília: Editora UNB, [S.d.], 635p.

THE ALFRED RUSSEL WALLACE PAGE. Disponível em


<http://people.wku.edu/charles.smith/index1.htm> Acesso em 10 nov. 2010.

WALLACE, A. On the law which has regulated the introduction of new specie.
Disponível em: <http://www.wku.edu/~smithch/wallace/BIOG.htm>, artigo de 1855, p.
1-9, acesso em 09 nov. 2010.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
UNIDADE TEMÁTICA HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA BIOLOGIA
LEANDRO DOS SANTOS RODRIGUES
PROF. DR. JÚLIO RIBEIRO

Alfred Russel Wallace

UBERABA
NOVEMBRO DE 2010

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