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Legislação Profissional - A Ética e a ética na engenharia

SEMINÁRIO:

A Ética e a ética na engenharia


(Trabalho Escrito)

03/2011

Curso: Engenharia Básica

Disciplin Legislação Profissional


a:

Turma : PQ RA :

Alunos: Adalberto Silva Chaves A80HAB-0

Antonio Marcus Valadão

Daniel Lara Castro A78359-8

Felipe de Castro Silva A7786G-4

Márcia de Lima dos Reis Silva A99FJE-1

Maciel Caíres dos Santos B04ADB-7

Willian Gomes Morais B075325

Prof.: Guevara Miguel


“A engenharia é a profissão mais numerosa, e afeta a maior parte de nós em muitas áreas
das nossas vidas. A competência da mão de um cirurgião afeta um paciente de cada vez;
[mas] o juízo/parecer de um engenheiro pode influenciar milhares de vidas de uma só vez”
(Martin & Schinzinger, 1996, p. 13).
1 - Objetivo:

Tem este trabalho o objetivo de esclarecer de forma simples a importância da ética


profissional com enfoque na profissão de engenharia.

2 - Introdução

Para entendermos a principio a ética aplicada à engenharia, é necessário conhecer os


conceitos e compreender o que é Ética e reconhecê-la como ciência importante no
processo de estruturação da sociedade através dos tempos. Portanto, abordamos
inicialmente este assunto.

Na sequência será descrito a importância desta para o exercício das profissões e a


origem dos conselhos profissionais, exemplos de legislações e códigos em outras
nações. Finalmente explanaremos o elo entre a ética e a engenharia, norteado
inclusive pela legislação brasileira e códigos de ética profissional.
3 - O que é Ética?

Conceitos:

Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade é também o


conjunto de normas de comportamento e formas de vida através do qual o homem tende a
realizar o valor do bem.
É também uma ciência que tem como objeto de estudo (a moral, moral positiva, o bem), leis e
método próprio;
O ramo da ética que trata dos deveres (ex.: códigos de ética) denomina-se: de ontologia.
O ramo da ética que cuida dos direitos denomina-se: diceologia.
Entenda-se que a ética encontra-se em constantes mudanças por estar diretamente associada
ao comportamento humano. Como padrão regulador foi também ao longo tempo
constantemente violado e adequado e influenciado diretamente pela cultura e religião.

Do Dicionário:

ética
é.ti.ca
sf (gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É
ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais que se devem
observar no exercício de uma profissão; deontologia. 3 Med Febre lenta e contínua que acompanha doenças
crônicas. É. social: parte prática da filosofia social, que indica as normas a que devem ajustar-se as relações
entre os diversos membros da sociedade.

Origem da etimológica da palavra ética:

ethos (grego) = costumes


mos, mores (latim) = moral)

Moral: É um dos aspectos do comportamento humano, é um conjunto de regras de


comportamento próprias de uma cultura.
Valores éticos sintetizados por Aristóteles: Coragem, Temperança, Liberalidade,
Magnanimidade, Mansidão
Franqueza, Justiça.

Classificações:

A) Quanto ao resultado do comportamento:


1 – Ética absoluta (apriorística);
2 – Ética relativa (factual, experimental).

A.1 – Ética absoluta (apriorística):

Seu enfoque para explicar o mundo é a razão (constrói a teoria explicativa e vai ao mundo
para ver sua adequação).
Cada ser humano tem uma bússola, um semáforo (a consciência, a razão) inato que indica
racionalmente o que é bom e o que é mau, o que tem valor.
A norma ética é atemporal, absoluta, ubíqua (Existem valores éticos que podem ser
conhecidos - e ensinados - a priori).
Existe ética universal, objetiva (em contraposição a subjetiva).

A.2 – Ética relativa (factual, experimental):

Seu enfoque é o estado atual do mundo (observa o que existe e constrói a teoria
explicativa).
A norma ética é puramente convencional, mutável, subjetiva. Logo existem várias normas
aplicáveis (para uma mesma situação).
Não existem valores universais, objetivos, mas estes são convencionais, condicionados ao
tempo e ao espaço.

B) Quanto ao aspecto histórico (sobretudo ocidental):


1 – Ética empírica (em contraste com a ética racionalista)
2 – Ética dos bens
3 – Ética formal
4 – Ética de valores

B.1 – Ética Empírica:

A ética empírica pode ser enfocada em 4 configurações:


B.1.1.- Ética Anarquista
B.1.2.- Ética Utilitarista
B.1.3.- Ética Ceticista
B.1.4.- Ética Subjetivista

B.1.1.- Ética Anarquista:

PRINCÍPIO BÁSICO: Só tem valor o que não contraria as tendências naturais.


CARACTERÍSTICAS
Repudia normas e valores: Afirma que o direito (as leis), a moral, a religião, etc. são
convenções sociais arbitrárias, fruto da ignorância, do medo e da maldade.
Toda organização social deve desaparecer.
Acredita existir a liberdade natural, (lei do mais forte)
A busca do prazer e a fuga da dor é o objetivo supremo (Hedonismo).

B.1.2.- Ética Utilitarista:

PRINCÍPIO BÁSICO: É bom o que é útil (“A felicidade é o único fim da ação humana e sua
consecução o critério para julgar toda conduta”. J. S. Mill)
COROLÁRIO: Os fins justificam os meios.

B.1.3.- Ética Ceticista

PRINCÍPIO BÁSICO: Não se pode dizer com certeza o que é certo ou errado, bom ou mau,
pois ninguém jamais será capaz de desvendar os mistérios da natureza.
CARACTERÍSTICAS
Na dúvida, o cético não nega, nem afirma: não julga, abstém-se de tomar uma atitude (o
que já é uma atitude).
Os céticos históricos não pregavam o ceticismo absoluto: admitiam valores como a
dignidade do trabalho, acolhimento das leis locais, satisfação moderada das necessidades.
NOMES: Sexto Empírico, Protágoras (c. 487 - 420 a.C.), Carneades (214 - 129 a.C.) (ver:
“Os 100 livros que mais influenciaram a humanidade).

B.1.4.- Ética Subjetivista

PRINCÍPIO BÁSICO: “O homem é a medida de todas as coisas existentes ou inexistentes”


(Protágoras).
DIVISÃO:
B.1.4.a. - Ética Subjetivista Individual
B.1.4.b.- Ética Subjetivista Social ou Específica
B.1.4.a. - Ética Subjetivista Individual

CARACTERÍSTICAS - Nesta ética cada qual adota a conduta mais conveniente com sua
própria escala de valores.
O certo e o errado devem ser avaliados em função das necessidades do homem.
Todas as opiniões seriam verdadeiras ou falsas. Não haveria ciência.
NOMES: Protágoras (487-420 a.C.)

B.1.4.b. - Ética Subjetivista Social ou Específica)


O certo, bom, justo, verdadeiro etc. são obtidos por apreciação coletiva, por indicação da
sociedade.
Todas as opiniões seriam verdadeiras ou falsas. Não haveria ciência.

B.1.4.- Ética Cínica (“Ética do Barril”)

PRINCÍPIO BÁSICO: “A verdadeira felicidade está na libertação das coisas efêmeras”


Corolário: Pode ser alcançada por todos (e uma vez alcançada não pode ser perdida?).
NOMES: Antístenes (fundador)
Diógenes: Vivia em um barril, só tinha uma túnica, um cajado e um embornal de pão.
Sócrates: “Inspirador” - “Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver” (no
mercado).

B.2 - Ética dos bens

PRINCÍPIO BÁSICO: Existe um “bem supremo” a nortear os comportamentos. Ele é o fim de


todos os meios.
Bens possíveis:
a) A Felicidade, a virtude ou a prática do bem: a finalidade última do homem está em ser bom,
virtuoso e não em ser feliz, o Prazer (sensual, intelectual, artístico, etc.), a Sabedoria.
OBS.: Há correntes mistas como Eudemonismo idealista (virtude é o meio, felicidade o fim);
Eudemonismo hedonista (o prazer é o meio)
DIVISÃO DA ÉTICA DOS BENS:
B.2.1.- Ética Socrática
B.2.2.- Ética Platônica
B.2.3.- Ética Aristotélica
B.2.4.- Ética Epicurista
B.2.5.- Ética Estóica

B.2.1.- Ética Socrática

PRINCÍPIO BÁSICO: As 2 máximas de Sócrates (c. 469 – 399 a.C.)


“Só sei que nada sei” e “Conhece-te a ti mesmo”.
Para ele o supremo bem, a virtude máxima é a sabedoria.
CARACTERÍSTICAS:
- Quem faz o mal é porque não conhece o bem, pois o conhecendo, não agiria contra “o
que tem no coração”, para não ser infeliz (O mundo de Sofia, p. 84).

B.2.2.- Ética Platônica (“Filosofia do bosque”)

PRINCÍPIO BÁSICO: Para Platão (427 – 347 a.C), todos os fenômenos naturais são meros
reflexos de formas eternas, imutáveis, as idéias, sugerindo o “mundo das idéias”.
CARACTERÍSTICAS:
Discípulo de Sócrates, de quem registrou e desenvolveu as idéias, ensinava no “bosque
Academus” procurando embasar a teoria da conduta em bases racionais, para serem
sólidas e imutáveis.
Era “dualista”: os homens são formados por 2 naturezas: material (corpo, perecível) e
espiritual (alma, imortal).
O problema moral não é individual, mas coletivo, social e cabe ao estado providenciar
educação aos cidadãos para conheçam e pratiquem as virtudes, o que os tornará felizes.

B.2.3.- Ética Aristotélica (“Filosofia peripatética: do passeio”)


PRINCÍPIO BÁSICO: Aristóteles (384 – 322 a.C.), aluno do Academus, diz que a felicidade só
pode ser conseguida com a integração de suas 3 formas: prazer, virtude, sabedoria (ou:
prazeres/satisfação + cidadania responsável + filosofia/ciência).
CARACTERÍSTICAS:
A felicidade é um processo de busca constante da virtude, que é o desenvolvimento das
faculdades naturais, e deve sempre obedecer a “lei do meio termo”, do equilíbrio (“Virtus
in medium est”).

B.2.4.- Ética Epicurista (“Filosofia do jardim”)

PRINCÍPIO BÁSICO: Os seguidores de Epicuro (341 – 270 a.C.) tinham como bem supremo
a felicidade. Seu objetivo maior era afastar a dor e os sofrimentos.
CARACTERÍSTICAS:
Considerava a prudência a virtude dos sábios.
A ética epicurista é individualista, com certo utilitarismo egoísta.
Admitiam 3 classes de prazer: naturais e necessários, (Ex.: satisfação moderada dos
apetites), naturais, mas, não necessários (Ex.: gula, ócio), nem naturais nem necessários
(Ex.: glória).

B.2.5.- Ética Estóica (“Filosofia do pórtico” (Grego Stoa).

Zenon (de Chipre, c. 300 a.C.) fundou esta filosofia que ensina a ética da virtude como fim:
o estóico não aspira ser feliz, mas ser bom.
Propunham o direito (normas éticas) universalmente válido, atemporal: o direito natural.
Professavam o monismo: os seres têm apenas uma natureza (todas as pessoas são parte
de uma mesma razão universal, o “logos”)
Ensinavam que se deve desligar-se das afeições, do mundo exterior e viver conforme a
natureza concebida pela razão.
Eram fatalistas: O destino de todos está traçado.
Tanto as coisas felizes como as desgraças são coisas naturais e devem ser aceitas com
naturalidade (com estoicismo).
NOMES: O imperador romano Marco Aurélio (121 - 180), Sêneca (4 a.C - 65 d.C.), Cícero
(106- 43 a.C).

B.3 - Ética formal (Ética do dever ou ética da atitude)

PRINCÍPIO BÁSICO: Immanuel Kant propôs diretriz formal a que chamou “imperativo
categórico” (vale sempre e é uma ordem): “Age sempre segundo aquelas máximas
através das quais possas, ao mesmo tempo, querer que elas se transformem em lei geral”
(O mundo de Sofia, p. 356, 357).

CARACTERÍSTICAS:
Aceita a premissa básica da ética empírica: é possível distinguir o certo do errado através
da experiência, do resultado do procedimento, da observação sensorial do que de fato
ocorre no mundo, mas, juntamente com a premissa da ética racional:
A razão deve ser consultada na investigação do fim último da existência humana.
Definiu “máxima” como: princípio subjetivo, autônomo, interno (ligada à idéia do dever à
ética do dever). Lei moral: princípio objetivo, universal (diz como conduzir-se).
Autonomia e Heteronomia: Kant diz que a atitude ética é proveniente da vontade do
agente (autonomia) e não de outrem (heteronomia). Uma ação é correta se feita com “boa
vontade”, pureza de intenção, independente de sua conseqüência (ética da atitude).
Classificação das ações: Contrárias ao dever, conformes ao dever: feitas por dever, não
feitas por dever (mas por outro motivo);
(Ex.: Conservar a vida (é um dever) por dever mesmo quando não há mais apego a ela).

B.4 - Ética dos valores


PRINCÍPIO BÁSICO: Uma ação é boa (e conseqüentemente é um dever) se estiver fundamentada
em um valor.
CARACTERÍSTICAS:
Os valores existem e devem ser descobertos, ensinados e aprendidos.
Axiologia: Ciência que estuda os valores, sobretudo os morais.
Os valores obedecem a uma escala hierárquica: espirituais, religiosos, etc.

B.5 - Ética dos valores, (pelo foco da Moral cristã (= “ocidental”)


B.5.1. - Santo Agostinho (354 – 430)
B.5.2. - São Tomás de Aquino – Tomismo (1225 – 1274)

B.5.1. - Santo Agostinho (354 – 430)


PRINCÍPIO BÁSICO: “Ama e faça o que quiseres”.
CARACTERÍSTICAS:
Os atos humanos serão bons ou maus conforme o for o objeto do seu amor.
O mal é a ausência de Deus e o bem Sua presença.
Seguiu, quando jovem, a doutrina maniqueísta (Mani, seu idealizador, pregava um mundo
dividido de modo estanque em bem e mal, luz e trevas, etc.).
Após conversão ao cristianismo adotou o ideário platônico, “cristianizando-o”. Atribuiu a
Deus as “idéias eternas”: antes de ter criado o mundo Ele já as tinha em Sua cabeça.

B.4.2. - São Tomás de Aquino – Tomismo (1225 – 1274)


PRINCÍPIO BÁSICO: O tomismo é considerado uma adaptação do aristotelismo e do
cristianismo.
(Tomás “cristianizou” Aristóteles - Ver Agostinho)
CARACTERÍSTICAS:
É a doutrina que mais influenciou a Igreja Cristã.
Ensinou que, assim como existem 2 caminhos para a revelação de Deus, as verdades
reveladas na Bíblia (“Teologia revelada”) e as descobertas na natureza (“Teologia
natural”), o mesmo vale para o campo moral: Existe o caminho mostrado pela consciência,
“natural”, e dos mandamentos bíblicos.
(Aristóteles também propunha a visão do mundo com “2 lentes” a racional e a empírica).

Os 10 mandamentos podem ser mencionados como um código de ética que se resume


em: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo resume este código.

Exemplo deste preceito visto por outras religiões:

“Lei de ouro da ética” (Não faça ao outro o que não queres que o outro
faça a ti) vista por outras religiões:

- Hinduísmo: “O dever é, em suma, isto: não faças aos outros aquilo que se a ti for
feito, te causará dor”. Mahâbhârata, 5, 1517.

- Budismo: “Não atormentes o próximo com o que te aflige”. Udanavarga, 5, 18.

- Confucionismo: “Não faças aos outros aquilo que não desejas que te façam”.
Analecto, 15, 23.

- Zoroastrismo: “Só terás boa índole quando não fizeres aos outros o que não for
bom para ti próprio”. Dadistani-dinik, 94,5.

- Taoísmo: “Considera o lucro do teu vizinho como se fora o teu próprio e o


prejuízo do teu vizinho como se fora teu próprio prejuízo”. T’ ai Shang Kan Ying P’
ien.

- Judaísmo: “Se algo te fere, não o use contra o próximo. Isto é todo o Torah; o
mais simples comentário”. Talmude.
- Islamismo: “Ninguém será um crente enquanto não desejar para o seu próximo
aquilo que desejaria para si mesmo”. Tradições.

4 - A ética aplicada à engenharia

A ética aplicada à engenharia hoje é primordial para o incremento a capacidade dos


Engenheiros, gestores, cidadãos e no sentido de, responsavelmente, se defrontarem com
assuntos morais pela atividade tecnologia. Esclarecendo o profissional de engenharia está
constantemente exposto a dilemas morais devido à concorrência excessiva do mundo
competitivo, e o processo de crescimento atual em especial em nosso país

Atualmente a partir da virada do milênio a preocupação da inclusão de conteúdos


voltados para a Ética tem tomado nova dimensão, um retomar de preocupações antigas que as
organizações, (de atividades manuais, de ofícios), elucidam eloquentemente. Remonta ao seio
de uma sociedade em que aos membros cabe assumir um papel de cidadãos responsáveis e
profissionais competentes – sendo razoável que ao Estado seja conferido um papel mais
supletivo, regulador, e menos interventor. A atividade dos engenheiros tem um grande impacte
na vida social e econômica – sendo assim mais evidente, para eles, a necessidade de
enveredarem por uma conduta auto-responsável e visando a excelência.

Para um profissional decepcionado, (mais frequentemente entre autônomos e liberais),


com a postura ética muitas vezes censurável de profissionais hoje atuando, a lógica a para
introduzir e manter uma postura mais ética pode ser defendido com o argumento aplicado nas
frases:

“eu considero isto pouco ético, mas atuo desse modo porque a maior parte das pessoas assim faz”

Tem que ser substituída por outra nos termos da qual :

“se cada um de nós não mudar, tudo permanecerá inalterável, e a vida profissional e em sociedade
sofrerá perdas que a todos afetará”.

O benefício coletivo e duradouro deve sobrepor o benefício individual breve e ilusório.

5 - Perfil do Profissional de Engenharia atual

Ao tomar consciência da necessidade de conciliar sua habilidade técnica (a de


executar sua atividade específica) com a habilidade humana (a de desenvolver o
relacionamento humano proativo), esse profissional desenvolverá a habilidade
conceitual, que está diretamente associada à coordenação e integração de todas as
atitudes e interesses da organização a qual pertence ou presta serviço. Em outras
palavras, não basta ser bom técnico, se não for capaz de entender de forma
abrangente o sentido da atividade que está exercendo, por meio dessas três
habilidades interconectadas, como ilustra a Figura
Habilidades desejadas para o engenheiro.
Habilidades desejadas para um engenheiro

Desta maneira, pode-se propor um modelo, conforme ilustra a Figura 4, no qual se


resume a expectativa da sociedade em relação ao engenheiro, tendo como base as
habilidades necessárias para o seu desempenho profissional (Figura 1) em consonância
com a Responsabilidade Social inerente à sua profissão, (inspirado no modelo de
Carrol),

6 - As classes profissionais e a Engenharia

O Engenheiro em formação será ou muitas vezes já é membro de uma classe profissional


bem definida. É portanto, membro de um grupo dentro da sociedade, específico, definido por
sua especialidade de desempenho de tarefa.

Esses agrupamentos específicos, decorrem através do tempo de uma especialização,


motivada por seleção natural ou habilidade própria, e hoje se constitui em inequívoca força
dentro das sociedades, como apresentado acima as “associações” ou agrupamentos seguem
parâmetros organizacionais e códigos de conduta, individuais coletivos, impostos ou
moderadores que têm como objetivo principal a convivência social no meio da época.

Historicamente, atribuem-se à Idade Média a organização das classes trabalhadoras,


notadamente as de artesãos, que se reuniram em corporações.

No Brasil O CONFEA (Conselho Federal de Arquitetura Engenharia e Agronomia), é a


instância superior da fiscalização do exercício profissional da Engenharia, da Arquitetura e da
Agronomia, conforme a LEI Nº 5.194, DE 24 DEZ 1966 que trata: Do Exercício Profissional da
Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia. É louvável e muito claro nesta lei o amparo legal a
profissão e a complementação de vários itens relativos a mesma no Código de Ética do
Profissional.
LEI Nº 5.194, DE 24 DEZ 1966
Cap 4 seção 1:
Art. 45 - As Câmaras Especializadas são os órgãos dos Conselhos Regionais encarregados de julgar e decidir sobre os
assuntos de fiscalização pertinentes às respectivas especializações profissionais e infrações do Código de Ética.

A composição dos membros do CONFEA é também regulamentada pela legislação, em


demais artigos da Lei 5194, (Ex: Art 29), e complementado como permite a própria lei com
outras destinadas à ocorrência específica das profissões (Ex: LEI Nº 12.378, DE 31 DE
DEZEMBRO DE 2010), confirmando mais uma vez a liberdade de associação garantida
por lei para os profissionais de acordo com a similaridade de ofícios e adequação necessária.

LEI N° 8.195, DE 26 DE JUN 1991

Art. 1° Os Presidentes dos Conselhos Federal e Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia serão eleitos pelo
voto direto e secreto dos profissionais registrados e em dia com suas obrigações para com os citados conselhos, podendo
candidatar-se profissionais brasileiros habilitados de acordo com a Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de 1966.

LEI 5194 - DE 24 DEZ 1966 - SEÇÃO II / Da composição e organização

Art. 29. O Conselho Federal será constituído por 18 (dezoito) membros, brasileiros, diplomados em Engenharia,
Arquitetura ou Agronomia, habilitados de acordo com esta lei, obedecida a seguinte composição:

a) 15 (quinze) representantes de grupos profissionais, sendo 9 (nove) engenheiros representantes de modalidades de


engenharia estabelecida em termos genéricos pelo Conselho Federal, no mínimo de 3 (três) modalidades, de maneira a
corresponderem às formações técnicas constantes dos registros nele existentes; 3 (três) arquitetos e 3 (três) engenheiros-
agrônomos;

b) 1 (um) representante das escolas de engenharia, 1 (um) representante das escolas de arquitetura e 1 (um) representante
das escolas de agronomia.

§ 1º Cada membro do Conselho Federal terá 1 (um) suplente.


§ 2º O presidente do Conselho Federal será eleito, por maioria absoluta, dentre os seus membros.
§ 3º A vaga do representante nomeado presidente do Conselho será preenchida por seu suplente.

LEI Nº 12.378, DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 - Regulamenta o exercício da Arquitetura e Urbanismo; cria o


Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do
Distrito Federal - CAUs; e dá outras providências
Art. 64. O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA passa a se denominar Conselho
Federal de Engenharia e Agronomia - CONFEA.

Art. 66. As questões relativas a arquitetos e urbanistas constantes das Leis nos 5.194, de 24 de dezembro de
1966 e 6.496, de 7 de dezembro de 1977, passam a ser reguladas por esta Lei.

Art. 68. Esta Lei entra em vigor:

I - quanto aos arts. 56 e 57, na data de sua publicação; e

II - quanto aos demais dispositivos, após a posse do Presidente e dos Conselheiros do CAU/BR.

7 - Códigos de ética e o código de ética dos profissionais de engenharia:


Definição:

Um código de ética é um acordo explícito entre os membros de um grupo social: uma


categoria profissional, um partido político, uma associação civil etc. Seu objetivo é explicitar
como aquele grupo social, que o constitui, pensa e define sua própria identidade política e
social; e como aquele grupo social se compromete a realizar seus objetivos particulares de um
modo compatível com os princípios universais da ética.

O código de ética é importante porque proporciona um tipo de estabilidade e estabelece


pontos de convergência para qualquer um dentro de uma organização.

Sobre códigos de Ética dos profissionais de Engenharia:

Com base na pesquisa executada, pela própria natureza da profissão pode-se constatar
que as diferenças entre os códigos de ética são mínimas, não só na América do Sul, mas
também nos países europeus, o que confirma mais uma vez uma idéia central em que se
baseiam estes códigos como já descrevemos acima nos conceitos de ética e suas vertentes. No
caso de profissionais em outro país é recomendável seguir o mais restritivo sob pena de ir
contra os princípios éticos individuais e suas consequências coletivas. Lembrando ainda do
direito do profissional a escolha e da negação ao exercício de sua atividade se a mesma ferir os
princípios éticos. Este direito também é garantido pela legislação no Brasil.

8 – Resumo das principais menções a ética na legislação e no códido de ética


dos profissionais de Engenharia:

LEI Nº 5.194, DE 24 DEZ 1966

TÍTULO I

Do Exercício Profissional da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia


Art. 1º- As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas pelas realizações de interesse
social e humano que importem na realização dos seguintes empreendimentos:
a) aproveitamento e utilização de recursos naturais;
b) meios de locomoção e comunicações;
c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos;

Seção IV
Atribuições profissionais e coordenação de suas atividades
Art. 7º- As atividades e atribuições profissionais do engenheiro, do arquiteto e do engenheiro-agrônomo consistem em:
c) estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica;
e) fiscalização de obras e serviços técnicos;
f) direção de obras e serviços técnicos;
g) execução de obras e serviços técnicos;

CAPÍTULO II
Do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
Seção I
Da Instituição do Conselho e suas Atribuições
Art. 26 - O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, (CONFEA), é a instância superior da fiscalização
do exercício profissional da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia.
Art. 45 - As Câmaras Especializadas são os órgãos dos Conselhos Regionais encarregados de julgar e decidir sobre os
assuntos de fiscalização pertinentes às respectivas especializações profissionais e infrações do Código de Ética.

TÍTULO IV
Das penalidades
Art. 71 - As penalidades aplicáveis por infração da presente Lei são as seguintes, de acordo com a gravidade da falta:
a) advertência reservada;
b) censura pública;
c) multa;
d) suspensão temporária do exercício profissional;
e) cancelamento definitivo do registro.
Art. 75 - O cancelamento do registro será efetuado por má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou
sua condenação definitiva por crime considerado infamante.
Art. 78 - Das penalidades impostas pelas Câmaras Especializadas, poderá o interessado, dentro do prazo de 60 (sessenta)
dias, contados da data da notificação, interpor recurso que terá efeito suspensivo, para o Conselho Regional e, no mesmo
prazo, deste para o Conselho Federal.

CÓDIGODEÉTICAPROFISSIONAL

1. PREÂMBULO

Art. 1º - O Código de Ética Profissional enuncia os fundamentos éticos e as condutas necessárias à boa e honesta prática
das profissões da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia e relaciona
direitos e deveres correlatos de seus profissionais.

2. DA IDENTIDADE DAS PROFISSÕES E DOS PROFISSIONAIS

Art. 4º - As profissões são caracterizadas por seus perfis próprios, pelo saber científico e tecnológico que incorporam,
pelas expressões artísticas que utilizam e pelos resultados sociais, econômicos e ambientais do trabalho que realizam.

Art. 5º Os profissionais são os detentores do saber especializado de suas profissões e os sujeitos pró-ativos do
desenvolvimento.

Art. 6º - O objetivo das profissões e a ação dos profissionais volta-se para o bem-estar e o desenvolvimento do homem,
em seu ambiente e em suas diversas dimensões: como indivíduo, família, comunidade, sociedade, nação e humanidade;
nas suas raízes históricas, nas gerações atual e futura.

Art. 7o - As entidades, instituições e conselhos integrantes da organização profissional são igualmente permeados pelos
preceitos éticos das profissões e participantes solidários em sua permanente construção, adoção, divulgação, preservação
e aplicação.

3. DOS PRINCÍPIOS ÉTICOS

Art. 8º - A prática da profissão é fundada nos seguintes princípios éticos aos quais o profissional deve pautar sua conduta:

Do objetivo da profissão

I - A profissão é bem social da humanidade e o profissional é o agente capaz de exercê-la, tendo como objetivos maiores
a preservação e o desenvolvimento harmônico do ser humano, de seu ambiente e de seus valores;

Da natureza da profissão
II – A profissão é bem cultural da humanidade construído permanentemente pelos conhecimentos técnicos e científicos e
pela criação artística, manifestando-se pela prática tecnológica, colocado a serviço da melhoria da qualidade de vida do
homem;

Da honradez da profissão

III - A profissão é alto título de honra e sua prática exige conduta honesta, digna e cidadã;

Do relacionamento profissional

V - A profissão é praticada através do relacionamento honesto, justo e com espírito progressista dos profissionais para
com os gestores, ordenadores, destinatários, beneficiários e colaboradores de seus serviços, com igualdade de tratamento
entre os profissionais e com lealdade na competição;

Da intervenção profissional sobre o meio

VI - A profissão é exercida com base nos preceitos do desenvolvimento sustentável na intervenção sobre os ambientes
natural e construído e da incolumidade das pessoas, de seus bens e de seus valores;

5. DAS CONDUTAS VEDADAS


Art. 10 - No exercício da profissão são condutas vedadas ao profissional:
I - ante ao ser humano e a seus valores:
a) descumprir voluntária e injustificadamente com os deveres do ofício;
b) usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função de forma abusiva, para fins discriminatórios ou para
auferir vantagens pessoais;
c) prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano às
pessoas ou a seus bens patrimoniais;
II – ante à profissão:
a) aceitar trabalho, contrato, emprego, função ou tarefa para os quais não tenha efetiva qualificação;
b) utilizar indevida ou abusivamente do privilégio de exclusividade de direito profissional;
c) omitir ou ocultar fato de seu conhecimento que transgrida à ética profissional;
III - nas relações com os clientes, empregadores e colaboradores:
a) formular proposta de salários inferiores ao mínimo profissional legal;
b) apresentar proposta de honorários com valores vis ou extorsivos ou desrespeitando tabelas de honorários mínimos
aplicáveis;
c) usar de artifícios ou expedientes enganosos para a obtenção de vantagens indevidas, ganhos marginais ou conquista de
contratos;
d) usar de artifícios ou expedientes enganosos que impeçam o legítimo acesso dos colaboradores às devidas promoções
ou ao desenvolvimento profissional;
e) descuidar com as medidas de segurança e saúde do trabalho sob sua coordenação;
f) suspender serviços contratados, de forma injustificada e sem prévia comunicação;
g) impor ritmo de trabalho excessivo ou exercer pressão psicológica ou assédio moral sobre os colaboradores;
IV - nas relações com os demais profissionais:
a) intervir em trabalho de outro profissional sem a devida autorização de seu titular, salvo no exercício do dever legal;
b) referir-se preconceituosamente a outro profissional ou profissão;
c) agir discriminatoriamente em detrimento de outro profissional ou profissão;
d) atentar contra a liberdade do exercício da profissão ou contra os direitos de outro profissional;
V – ante ao meio:
a) prestar de má-fé orientação, proposta, prescrição técnica ou qualquer ato profissional que possa resultar em dano ao
ambiente natural, à saúde humana ou ao patrimônio cultural.

7. DA INFRAÇÃO ÉTICA

Art. 13 – Constitui-se infração ética todo ato cometido pelo profissional que atente contra os princípios éticos, descumpra
os deveres do ofício, pratique condutas expressamente vedadas ou lese direitos reconhecidos de outrem.
Art.14 – A tipificação da infração ética para efeito de processo disciplinar será estabelecida, a partir das disposições deste
Código de Ética Profissional, na forma que a lei determinar.

9 - Conclusão

A ética através dos tempos têm mostrado-se ciência primordial, para delimitar a moral
da sociedade e promover a organização. Tem papel fundamental profissionalmente falando, no
sentido da moral e das virtudes necessárias que devem ser aplicadas ao exercício profissional,
sendo as principais: competência, coragem, perseverança, humildade, fidelidade aos
compromissos, respeito pelos direitos dos outros, sentido de equipe, generosidade, espírito
cooperativo, franqueza, lealdade ao empregador, disponibilidade para partilhar conhecimentos,
ações justas, propensão para aprender.
No tocante a engenharia por tratar-se de profissão de grande influência e interferência
direta na sociedade deve ainda ser difundida, aplicada e o aspecto ético defendido em seu
exercício. Afinal, falamos da responsabilidade sobre muitos, concentrada nas mãos de alguns.
Portanto trabalha-se na área de exatas, mas os objetivos devem estar voltados para o humano,
para a sociedade, enfim para a humanidade, como defende os próprios códigos. Tornou-se
evidente que cada vez mais o mundo corporativo está se modificando e tornando esse aspecto
a prioridade no perfil de seus profissionais, pois sofre a conseqüência do lucro imediato, da
competição desenfreada, que corrompeu organizações e gerou consequências trágicas até
mesmo para a humanidade.

10 - Bibliografia:

http://www.ethos.org.br/_Uniethos/Documents/A%20Responsabilidade%20Social%20na
%20Forma%C3%A7%C3%A3o%20de%20Engenheiros.pdf

http://www.creadf.org.br/codigoEtica/novocodigoetica/final_070303.pdf
http://www.soleis.adv.br/codigoeticadaengenhariaetc.htm

http://www.soleis.adv.br/engenhariaarquiteturaagronomia.htm

http://www.inf.ufsc.br/~falqueto/aGraduacao/INE5621_Info_Soc/Textos_Etica

http://www.creadf.org.br/codigoEtica/novocodigoetica/final_070303.pdf

http://professorbacchelli.spaceblog.com.br/r10583/Etica-Geral-e-Profissional/

http://www.soleis.adv.br/arquiteturaeurbanismoprofissaoconselho.htm

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