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Atividade econômica, idéia mais ampla, encerra no seu conteúdo, como espécie, três
segmentos fundamentais, dentre os quais a atividade mercantil. Além desta, tem-se a atividade
de Produção, De Circulação De Bens Necessários, úteis ou desejados por um mercado de
consumo;
A Atividade Financeira, por meio da qual se utiliza a moeda como forma de ser
propiciado o crédito, mediante certa remuneração (juros) e
O Código Comercial, de inspiração mercantilista, foi editado sob ordem econômica diferente,
capitalista, ou melhor de economia de mercado. A dissonância entre uma e outra ordem exigiu
que, ao lado do sistema do código de 1850 fossem editadas leis consentâneas ao sistema não
mercantilista. Ao lado das sociedades, reguladas no Código Comercial, de cunho
mercantilista, com a edição do Código Civil, em 1916, foram editas leis que se aproximaram
da atividade econômica, dentre as quais a primeira lei das sociedades anônimas e o Decreto
que regulou a sociedade por cotas.
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O conjunto (código comercial e leis complementares) gravitou ao lado de outro (código civil e
leis complementares) e, para este (civil) reservou-se a tutela de interesses das sociedades
civis, apesar de integrarem a estrutura de atividade econômica.
O novo Código Civil, coerentemente, restabeleceu a ordem estrutural e lógica, de sorte que se
passou a regular, no denominado Direito de Empresa, a atividade econômica, isto é a
empresa, ou melhor os segmentos produção, circulação de bens e serviços, sem prejuízo da
atividade financeira que é abrangida na parte que cuida das sociedades dependentes de
autorização governamental.
Releva observar que, apesar de certo desejo econômico, ou de fim lucrativo, o sistema
excepciona algumas profissões, com o que não são consideradas integrantes de atividade
econômica. A exceção está contida no parágrafo único, do art. 966, do CC., e refere-se ao
exercício da profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com
concurso de auxiliares ou colaboradores. Se o exercício de qualquer uma das profissões
excepcionadas no parágrafo citado integrar a organização, ou constitui elemento de empresa,
não vigora a mesma exceção e cai-se na regra geral.
O princípio que norteia a conceituação das sociedades simples é este: profissão intelectual, de
natureza científica, literária ou artística. Há quem entende que o elemento organização
também é princípio fundamental, porque, de certa forma, os profissionais liberais também
visam o resultado econômico (lucro), ainda que por via reflexa e porque as sociedades desses
profissionais (soc. simples) são reguladas no direito de empresa. Se se entender que é assim,
por certo haver-se-ia de posicionar outro princípio, qual seja a atividade econômica não
organizada.
Parece que o posicionamento tão somente em torno da exceção, como critério classificatório,
é o melhor, mas fica aberto o debate.
5 – As sociedades simples não representam mera substituição das sociedades civis. Não
se afigura lógica a afirmação de que entre as antigas sociedades civis, regidas pelo direito
civil, e as atuais sociedades simples (regidas pelo direito de empresa), operou-se mera troca
de terminologia, com permanência, nas sociedades simples, das características das sociedades
civis.
Do que foi ponderado até aqui, é possível perceber que as sociedades simples referem-se a um
segmento especial das antigas sociedades civis (parágrafo único, do art. 966, do CC), ao passo
que outros segmentos (p. ex. prestação de serviços de natureza não intelectual, literária ou
científica) constituem sociedades empresárias. Por exemplo, as sociedades com finalidade
voltada à construção de imóveis e que não adotam a forma anônima, anteriormente eram
classificadas como sociedades civis; com a vigência do novo sistema societário, forçosamente
são sociedades empresárias. Se se entender, conforme foi ponderado, que o elemento
organização também é fundamental para a classificação, pode-se dizer que o pequeno
comércio (p. ex. charutaria na porta de um restaurante), antes sociedade comercial, agora
passaria a ser sociedade simples.
A sociedade, assim, fica fragilmente exposta às ações dos credores ou do credor de um dos
sócios, que poderá abalar o lastro patrimonial da pessoa jurídica, no tocante à garantia dos
credores da sociedade.
A sociedade simples não se conforma no exercício de atividade dita comercial e portanto não
se sujeita à inscrição no registro de empresas e atividades afins, com reserva à inscrição no
Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, ou Cartório de Registro de Títulos e
Documentos.
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No contrato social pode-se, porém, estabelecer forma de administração conjuntiva, desde que
haja consenso unânime ou da maioria.
Anote-se que, na segunda parte do mesmo artigo 983, do CC., consta que a sociedade simples
também pode ser constituída segundo um dos tipos mencionados, hipótese em que se mitigam
as normas específicas das sociedades simples. Se não se adotar um desses tipos mencionados,
aplicam-se exclusivamente as regras específicas das simples.
Espera-se que esse singelo exame de interpretação possa ser útil ou, ao menos, suscitar o
debate a respeito do tema.
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Aclibes Burgarelli:
Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo
Doutor em Direito (Mackenzie)
Professor Titular de Direito Comercial – Universidade Mackenzie.
Professor de pós-graduação “lato” e “stricto sensu”
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