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A ultrassonografia vem se consolidando como um nando o radiologista para uma impressão diagnóstica
importante método diagnóstico das doenças mamárias. menos intuitiva e mais objetiva e o médico assistente
Além de diagnosticar lesões palpáveis não vistas pela para uma conduta definida, de acordo com o grau de
mamografia, sobretudo em pacientes com mamas den- suspeição de malignidade da lesão.
sas, ajuda na caracterização de nódulos císticos e sóli- A quarta edição do BI-RADS para mamografia foi
dos e na diferenciação de nódulos benignos e malignos. publicada em 2003(1) e é associada com a primeira edi-
É também uma ferramenta eficaz como guia de proce- ção do BI-RADS para ultrassonografia e ressonância
dimentos intervencionistas. O progresso da ultrasso- magnética. No Brasil, o Colégio Brasileiro de Radiolo-
nografia diagnóstica e intervencionista é uma peça fun- gia (CBR) realizou adaptação do BI-RADS em 2005(2), de
damental na melhora do tratamento e prognóstico do acordo com particularidades da língua portuguesa.
câncer de mama. No artigo original intitulado “Acurácia dos acha-
Por ser a ultrassonografia um método operador- dos ultrassonográficos do câncer de mama: correlação
-dependente, torna-se patente a obrigatoriedade de qua- da classificação BI-RADS® e achados histológicos”(3), pu-
lificação do profissional que, aliada à experiência, per- blicado neste número da Radiologia Brasileira, os au-
mite não apenas a visualização e interpretação das ima- tores observaram sensibilidade de 70% a 82% na detec-
gens, mas também a utilização de um sistema de clas- ção de lesões malignas pela ultrassonografia utilizando
sificação padronizado baseado nas características mor- o BI-RADS. Assim como na literatura(4), o valor predi-
fológicas da lesão. A padronização dos laudos tem vá- tivo negativo da categoria BI-RADS 3 foi alto, compro-
rias vantagens: aumenta a confiabilidade na interpre- vando que esta categorização é uma ferramenta útil
tação e classificação das imagens, facilita o acompanha- para se evitar uma biópsia desnecessária. A identifica-
mento das pacientes, melhora o diálogo entre radiolo- ção de nódulos provavelmente benignos na ultrassono-
gistas e médicos assistentes, cria uma ferramenta para grafia, candidatos a um controle em curto tempo, requer
a auditoria dos serviços de radiologia mamária e per- a exclusão de qualquer sinal de malignidade e a presença
mite a formação de um banco de dados para elabora- de uma associação de critérios de benignidade.
ção de estudos epidemiológicos. Contudo, no mesmo artigo publicado nesta edição(3),
Reconhecendo a necessidade de aumentar a eficá- o BI-RADS. apresentou baixa especificidade, entre 55%
cia clínica da ultrassonografia mamária, o Colégio Ame- e 56%, para o diagnóstico do câncer de mama pela ul-
ricano de Radiologia (American College of Radiology – trassonografia, em razão do alto número de falso-posi-
ACR) desenvolveu o BI-RADS®. O BI-RADS consiste em tivos. O valor preditivo positivo para as categorias 4 e
um léxico de imaginologia mamária e um sistema de pa- 5 foi inferior a 50%, o que deve estar relacionado tanto à
dronizações de laudos. Através da nomenclatura uni- sobreposição de características ultrassonográficas de le-
forme e das categorias de avaliação, permite uma sín- sões malignas e benignas na categoria 4, como ao erro
tese clara da descrição de achados de imagem, direcio- de classificação das lesões BI-RADS 3 em BI-RADS 4,
favorecendo a realização de biópsias desnecessárias.
* Mestranda em Radiologia da Faculdade de Medicina da Universi- A concordância global interobservador, moderada
dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Médica Radiologista do
Departamento de Mama da Clínica de Diagnóstico Por Imagem no artigo em questão(3) e variável na literatura(5,6), su-
(CDPI), Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: fephila@gmail.com gere que ainda não existe uma adequada uniformidade