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Anderson Rosa
Frater Goya
Caderno de Estudos de I Ching
Anderson Rosa – Frater Goya | http://oraculo.cih.org.br
INTRODUÇÃO
O I Ching é um dos livros mais antigos da humanidade. Sua origem lendária remonta há
mais de 6 mil anos. Meu avô sempre dizia que “antiguidade é posto”, e se esse ditado possui
alguma verdade, o I Ching ocupa um lugar privilegiado na história da China e da humanidade.
Um leitor mais atento pode ter percebido que as 3 obras de mistério possuem uma
palavra em comum, Ching. Essa palavra possui vários significados, como: Tratado, livro
sagrado, trilha.
Mestre Wu comenta que trilha deve ser entendida não como uma estrada, mas o “por
onde andamos”. A estrada é fixa, mas a trilha designa o “caminhar”, existindo apenas
enquanto se caminha. O ideograma é formado por duas partes, onde a primeira significa “fio
de seda” e a segunda, significa “caminho”. Ou seja, trilha é um caminho feito pelo fio de seda.
Mestre Wu ainda diz em relação ao caminho de fio de seda: “Como seria então o
caminho feito do fio de seda? Este caminho está no próprio fio. Ao chegar o fim, o que
encontramos? No fim do fio não há nada, além do vazio, e, dentro dele, o cadáver do inseto. O
corpo do bicho morto simboliza a impermanência do ser, e o vazio simboliza o absoluto. Assim,
a razão do Universo e o caminho do Homem encontram-se em qualquer parte do cosmo, como
uma trilha; o percurso é o desenrolar desse fio. Chegar ao fim do caminho significa libertar-se
do corpo mortal e encontrar o Vazio.”
Para os praticantes do estilo Chen de Tai Ji Chuan essas palavras do Mestre Wu estão
repletas de significado. Compreender em profundidade estas palavras demanda muito tempo
e estudo. Quando praticamos alguma modalidade de qigong, por exemplo, esse desenrolar o
fio de seda fica muito evidente, mas muitas pessoas apenas repetem os exercícios sem se dar
conta que eles representam muito mais do que isso. Podemos dizer que de certa forma, é
quase uma dança que reflete o fluir da energia pelo universo. É um drama, uma atuação, uma
réplica do universo refletida no homem.
Para os praticantes das artes corporais chinesas, como o tai ji chuan e o qigong, o
estudo do I Ching é cheio de sentido e significado. Talvez a principal parte a ser estudada seja o
chamado Ta Chuan, o grande comentário, também conhecido por Xi T'zu Chuan, ou
Comentário aos Julgamentos Anexos que são parte das “Dez Asas” atribuídas a Confúcio.
Esses textos, que compõe o segundo livro do volume publicado por Richard Wilhelm, I Ching, o
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livro das Mutações, fazem comentários importantíssimos sobre a construção dos hexagramas,
suas linhas, mutações e natureza simbólica.
O I Ching é chamado de livro das mutações. Mas que mutações são essas? Estas são as
mutações do Qi. As mutações mais evidentes que podemos perceber são as mudanças
climáticas, com as que existem durante as estações do ano, e mesmo as mudanças diárias no
padrão climático. Os meus alunos de Qigong devem lembrar neste que nas recomendações
dadas em aula sempre comento que não se deve praticar o qigong em dias de nevoeiro, pois
há ali um qi perverso, e que se deve interromper imediatamente a prática em caso de
trovoadas e relâmpagos, pois nesse momento o qi está “perturbado”. Outra mudança evidente
é justamente o estado de espírito ou o humor variável a que estamos sujeitos durante o dia,
como calma, irritação, mau humor, etc.
Essas mudanças tem paralelos em toda a natureza, que inclui o homem e suas
atividades, a saúde, o clima, colheitas e tudo o mais. Confúcio fez interpretações dos
hexagramas que facilitaram a ação dos governantes de sua época e posteriores, e a história
está cheia de pessoas que utilizaram o I Ching como forma de compreender os momentos
vindouros ou os momentos de conflito pelos quais estavam passando.
Para os alunos deste módulo, sugiro que enxerguem o I Ching neste momento como
uma poderosa ferramenta de desenvolvimento espiritual e como um fantástico afinador, capaz
de torná-los perceptivos o suficiente para com o tempo, compreenderem por si mesmos, os
intrincados padrões existentes ao seu redor.
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A HISTÓRIA DO I CHING
O I Ching, assim como quase todas as artes oraculares, ou como toda ciência muito
antiga, da mesma forma que as origens do Qigong, da Acupuntura, do Taoísmo, e outras
ciências ocidentais de mesmo calibre, como o Tarot, a Astrologia, a Alquimia, etc., possui duas
origens que normalmente são contadas como uma só, mas tem fundamentos distintos. A
origem mitológica ou lendária, e a origem com raiz histórica.
O I Ching aparece somente na Dinastia Shang (1766-1122 a.C.) pelo Rei Wen. Chou,
que postumamente foi intitulado Rei Wen, foi aprisionado por Shang, juntamente com sua
esposa, e cumpriu parte de sua pena estudando os trigamas, e reorganizando-os em
hexagramas. Para cada hexagrama escreveu alguns comentários curtos, que hoje são
conhecidos como “Julgamento”.
O filho do Rei Wen destronou Shang e estabeleceu a nova dinastia, a Dinastia Chou,
que durou até 221 AC. Seu neto se tornou um governante, e o tio, o Duque de Chou, foi
apontado como regente. O Duque de Chou continuou o trabalho do Rei Wen escrevendo
textos curtos associados cada uma das seis linhas de cada hexagrama.
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Conforme dito pelo Mestre Wu Jyh Cherng, no seu livro I Ching, A Alquimia dos Números.
Outros autores contam que este mapa teria saído do Rio Amarelo no casco de uma Tartaruga. – Nota do
Autor.
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Podemos inclusive dizer que hoje o I Ching possui duas grandes vertentes. A vertente
Taoísta, cujo enfoque é muito mais meditativo e busca o desenvolvimento espiritual do
homem em direção ao Tao, e a vertente Confucionista, cujo objetivo principal é a praticidade
e as questões do dia-a-dia e o auxílio a tomadas de decisão de grande importância. Mais
adiante, veremos como interpretar o I Ching e seus termos corretamente.
CONTEXTO HISTÓRICO
Fonte: http://www.salves.com.br/ching.htm
Os cascos das tartarugas eram usados também, da mesma forma que os ossos
dos animais, para produzirem padrões de rachaduras para os adivinhadores
interpretarem. Mas os cascos das adivinhações antigas podiam ser guardados para
referências futuras - e neste ponto os adivinhadores antigos começaram a inventar a
escrita. Imagens eram gravadas nos cascos como um registro do que foi perguntado, e
que resultado se obteve. Os arquivos remanescentes mostram que o oráculos da
tartaruga era consultado para questões de estado.: guerra, propostas de casamento, o
nascimento de uma princesa.
A partir de 1.000 a.C., até um pouco depois de a dinastia Chou ser fundada, os
textos do I Ching como nós conhecemos começaram a ser escritos. Eles provavelmente
vieram de uma tradição antiga oral, portanto é difícil estabelecer a mais antiga camada
do I Ching. Foi também nesta época que o método dos palitos para a adivinhação foi
criado. Isto pode muito bem ter sido, pelo menos em parte, uma resposta ao perigo de
extinção das tartarugas. Este método teve um efeito de tornar a adivinhação mais fácil,
mais prático e mais disponível. O que havia sido uma prerrogativa de imperadores
começou a se espalhar por toda a China popular.
As raízes do I Ching que nós temos hoje podem ser datadas com segurança do
Séc. VIII AC. Primeiro pelo vocabulário em comum com documentos da época e que
não foram usados desde então. Segundo, porque algumas referências de eventos
históricos da época foram identificadas. Em particular, o julgamento do Hexagrama 35
se refere ao Príncipe Kang, um príncipe Chou que é conhecido por ter abandonado o
nome Kang logo após a conquista Chou. Talvez este nome antigo tenha sido lembrado
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e somente atualmente escrito - mas isto pelo menos nos dá a data para a tradição do I
Ching. Os hexagramas básicos do I Ching, seus nomes, Julgamentos e os textos das
linhas foram muito provavelmente completados por volta de 700 a.C. Os hexagramas,
como um meio de se referir aos textos. Vieram bem depois, no séc. V a.C. Esta foi uma
descoberta crucial, tornando possível verificar o movimento da energia que os textos
descrevem.
O Comentário Tso, que data de 672 AC, se refere ao uso histórico de Chou
centenas de anos antes - mas não podemos assegura que estas datas sejam confiáveis.
Nós sabemos que naquela época em que foi escrito, a popularidade do I Ching estava
crescendo visivelmente.
Durante a mais pacífica dinastia Han que se seguiu, o I Ching foi ‘canonizado’
como um clássico (‘I’) e se tornou um objeto de intenso trabalho acadêmico. Durante
este período - do séc III a.C. até a virada do milênio - as "Asas"do I Ching foram
adicionadas, com um comentário detalhado das inter-relações das linhas dos
hexagramas e a descoberta dos trigramas. Confúcio não deve ter escrito nada disto,
apesar deles terem sido, em parte, baseados em suas idéias. Os acadêmicos também
devem ter feito uso das tradições orais antigas, certamente, os textos do Conselho ( ou
Imagens) parecem enfraquecer sutilmente o Comentário mais convencional.
Fonte: Cherng, Wu Jyh – I Ching, A Alquimia dos Números, Ed. Mauad, 2003, RJ.
1 – LOCAL
Para prática de oráculo, o ideal é ter uma sala preparada para este fim.
- A sala deve estar sempre limpa, silenciosa e ter uma ventilação equilibrada;
- A mesa do oráculo deve estar próxima do fundo da sala, sem entretanto encostar
na parede;
- Na mesa devem constar os seguintes objetos:
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Postura física
a. Tanto no jogo quanto no trabalho consultorial. O praticante deve manter sua
coluna vertebral ereta.
b. As posturas ideais são sentado reto numa cadeira ou sentado no chão sobre as
panturrilhas.
c. O praticante deve colocar-se ao fundo da sala, sentado de frente para o lado
externo, ou seja, sempre sentado em um encosto firme (a parede) e uma abertura
à sua frente (um espaço aberto).
Postura espiritual
a. Antes de submeter-se ao oráculo, o praticante deve tomar o máximo da
consciência sobre o assunto que irá consultar.
b. Todos os assuntos que possam ser resolvidos por si próprio não devem ser
submetidos ao oráculo.
c. Tendo a certeza de que o oráculo é a melhor opção e de que não está fugindo
da própria responsabilidade, o praticante pode partir para a pergunta.
d. As perguntas ao oráculo devem se claras, objetivas e conscientes.
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e. Quem tem uma pergunta bem formulada terá automaticamente uma resposta
clara.
f. Quando a pergunta já estiver devidamente formulada, deve-se transcrevê-la no
caderno de anotações.
g. Durante o jogo o praticante não precisa ficar pensando sobre o assunto; deve
manter sua mente esvaziada; dessa maneira a mensagem do oráculo se
manifestará com maior fluidez.
h. Quanto maior o grau de quietude e de transparência interior, maior será o grau
de precisão das respostas (por isso, é aconselhável ao praticante de oráculos a
prática da meditação do silêncio).
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2ª Seqüência de algarismos:
55435 + 8 – 6926 ..... 7
d) Processo de jogo:
1 – A pergunta já deve estar conscientemente formulada, deve-se desligar
mentalmente da pergunta, esvaziando a mente.
2 – Passar as moedas sobre a fumaça do incenso uma por uma, purificando-lhes as
energias.
3 – Fazer uma reverência ao Tao e aos Mestres Patriarcas de I Ching do passado,
curvando o corpo para frente.
4 – Colocar as três moedas, com o lado Yang para cima, sobre a mão direita (ou
dentro de um recipiente em formato de copo ou tigela), mexendo oito vezes as
moedas dentro da mão (ou dentro do recipiente) e deixando-as cair naturalmente
sobre a mesa. Os resultados das moedas só podem ser os seguintes:
3 moedas com lado Yang para cima: 3+3+3 = 9
3 moedas com lado Yin para cima: 2+2+2 = 6
1 moeda com lado Yang para cima e 2 com lado Yin para cima: 3+2+2 = 7
1 moeda com lado Yin para cima e 2 moedas com lado Yang para cima: 2+3+3 = 8
5 – O número 9 é Tai Yang (Supremo yang), o 6 é Tai Yin (Supremo Yin), o 7 é Sao
Yang (Jovem Yang) e o 8 é Sao Yin (Jovem Yin). O Supremo Yang e o Supremo Yin
são as energias que já alcançaram o auge do seu curso, por isso estão prestes a
serem transformadas na energia oposta. Segundo a lei do universo, é na
culminância do Yin que surge o princípio Yang. No oráculo das moedas, se sua
soma for 9, indicará a “Linha Yang Móvel”; 6, a “Linha Yin Móvel”; 7, a “Linha
Yang”, e 8, a “Linha Yin”.
6 – O mesmo processo do jogo deve ser repetido seis vezes, resultando e, seis
linhas;
7 – É importante lembrar que as posições das Linhas num hexagrama iniciam-se de
baixo para cima; por isso, o resultado do primeiro jogo seria a Linha mais baixa.
Um exemplo:
A CHAVE DA INTERPRETAÇÃO
A “Chave da Interpretação” é a parte mais importante do oráculo; ela é
responsável por uma resposta clara e precisa do I Ching. Tradicionalmente, essa
“Chave da Interpretação” era transmitida somente de forma verbal, de mestre
para discípulo, sendo que, ao menos no Ocidente, anda era desconhecida pelos
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CHAVE DA INTERPRETAÇÃO:
1) Com uma Linha Móvel – Sua resposta é esta Linha, leia a “Linha”; não é
necessário convertê-la para outro hexagrama.
2) Com duas Linhas Móveis – Sua resposta está na soma das duas Linhas, leia as
“Linhas” dessas duas Linhas; não é necessário convertê-las para outro hexagrama.
3) Com três Linhas Móveis – Converta para o segundo Hexagrama; sua resposta
está na soma dos dois “Julgamentos”.
4) Com quatro Linhas Móveis – Converta para o segundo Hexagrama; a sua
resposta está na soma dos “Julgamentos”, sendo que o “JULGAMENTO” do
primeiro hexagrama tem peso 2/6 e do segundo, de 4/6.
5) Com cinco Linhas Móveis – Converta para o segundo hexagrama; a sua resposta
está predominantemente no julgamento do segundo hexagrama, porém, o
“Julgamento” do primeiro ainda mantém certo grau de participação.
6) Com Seis Linhas Móveis – Converta para o segundo Hexagrama; a sua resposta
está inteiramente no julgamento do segundo hexagrama. No entanto, é
importante observar que o “Julgamento” do primeiro hexagrama representa
muitas vezes a causa” ou “passado” da questão consultada.
7) Não havendo Linha Móvel – Sua resposta está no “Julgamento”
OBSERVAÇÃO:
1) A razão de ser converter um hexagrama para outro, somente a partir de três
Linhas Móveis, se deve à quantidade de energias modificadas. Com uma ou duas
Linhas Móveis, a força de modificação não seria suficiente para gerar outro
hexagrama.
2) A “Chave da Interpretação” serve também para o “Oráculo de Varetas”.
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Jogue elas sobre uma mesa, enquanto pensa na pergunta que não deve ser do tipo:
Devo fazer isso? (sim/não)
Coroa 3
Total 7
Portanto, você vai jogar 6 vezes, uma vez para cada linha, tendo sempre a
mesma questão em mente.
É importante anotar corretamente para ver como ficam as linhas mutáveis, que
são o 6 e o 9. São as mutáveis que vão dizer para onde a situação se encaminha.
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Será o hexagrama 31 Hsien. Você deve ler portanto, Julgamento, Imagem e s linhas 6
na primeira, 6 na segunda e 9 na terceira, que dirão como deve ser conduzida a
questão.
Hexagrama 58 Tui, onde devo ler apenas o Julgamento e a imagem, que darão
um panorama de como a situação se tornará.
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Depois, para se chegar aos hexagramas originais e a sua mutação, basta seguir o
que foi dito já na explicação dada com relação à montagem com as moedas.
Para compor o hexagrama, basta seguir os dois trigramas que o formam; o ponto
de encontro dos mesmos indica o número do hexagrama desejado.
NOTAS SOBRE O SIGNIFICADO DAS FRASES ENCONTRADAS COM FREQÜÊNCIA NOS TEXTOS E
COMENTÁRIOS DOS HEXAGRAMAS
Nenhum erro ou culpa – se os resultados não ocorrem como esperados, não se deve a uma
atitude nossa. Eles acontecem assim devido a energias ou circunstâncias fora do nosso
controle.
Nada traz vantagem - é o momento de repensar a estratégia, e ver se não é melhor deixar os
projetos de lado por enquanto, porque nada de vantajoso virá nesse momento específico.
Será vantajoso atravessar o grande rio (ou mar) – é aconselhável fazer uma grande viagem.
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É aconselhável visitar um grande homem – pode-se obter algum benefício se buscar contato
ou conselhos de alguém que detenha sabedoria, poder ou valor moral e que possa lhe auxiliar.
É vantajoso ter um objetivo (ou destino) em vista – pode-se seguir em frente, desde que exista
um objetivo claro em vista.
A persistência traria infortúnio – a atitude mais sábia neste caso, é desistir completamente
destes planos.
Realização da Vontade – o objetivo pode ser alcançado, desde que seja moralmente correto. É
importante frisar que aqui se fala “Vontade” e não cumprimento de um “Desejo”. Vontade,
segundo o I Ching, quer dizer “desejo nobre”, ou em outras palavras, aquilo que permanece.
Vergonha – desgraça, tanto diante dos olhos alheios como diante de nossos próprios olhos, se
analisados imparcialmente.
Homem Superior ou Grande Homem ou Santo Sábio – os 3 termos são sinônimos , indicando
uma pessoa de grande sabedoria e valor moral. Uma pessoa equilibrada, e que, ao errar, busca
reparar o próprio erro. Quando no texto de um hexagrama, aparece: “o Homem Superior faz
isso ou aquilo”... é uma indicação que devemos seguir o exemplo, certos que o objetivo será
alcançado “sem nenhuma culpa”.
Os hexagramas podem sofrer até quatro mutações. Essas transformações são como
“caminhos” que por sua vez formam quatro realidades ou modos de se estudar os
hexagramas, ou ainda uma realidade que toma quatro manifestações diferentes. Os quatro
Caminhos são respectivamente: O caminho da Emoção, o caminho da Razão, o caminho Físico
e o caminho Psíquico. Estas transformações também auxiliam na metodologia de estudo para
a compreensão de determinado hexagrama.
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Todo hexagrama tem sua inversão, e esta representa a necessidade de perceber que
todas as coisas possuem dois lados, ou ainda, outro ponto de vista. No entanto, 8 dos 64
hexagramas mantém a sua energia, mesmo na sua inversão, pois não é alterada. São eles: 0,
12, 18, 30, 33, 45, 51, 63.
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Ver também a respeito das mutações, o nosso tópico "TABELAS REFERENTES ÀS CINCO
ATIVIDADES 'WU HSING' CIÊNCIA)" - de John Blofeld
Ver também a respeito das linhas mutáveis, os meus comentários sobre o texto de Confúcio
(Kong Zi) no tópico "Sobre as linhas mutáveis dos hexagramas do I Ching" .
Esta linha cheia (Yang) ou inteira, representa um espaço que vai do início ao fim, podendo ser
apreendida sua natureza, e, portanto, vale 1.
A linha interrompida (Yin) possui uma natureza subjetiva, representada por sua interrupção,
sendo não sendo possível compreendê-la por inteiro, e vale 2. Por que vale 2? Justamente
porque é impossível dividir uma coisa na metade. Não existe meia parte de coisa alguma. Só
existem coisas inteiras. Por exemplo: ao partir um lápis pela metade, não teremos 1/2 lápis,
mas sim 2 lápis, que mesmo sendo menores, formam uma unidade em si. A parte
interrompida, representa o Vazio (Tao), a não-existência, tendo como valor, o '0'. Logo:
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Ou seja:
Podemos ainda deduzir por esse raciocínio simples, aliado à imagem do Mapa do Rio
(um conjunto de esferas claras e escuras, ligadas por linhas representando os números de 1 a
10), que os números Yang são ímpares e os números Yin são pares. Desta forma, teremos:
O 9 representa o auge da energia ativa, Yang. No cálculo dos hexagramas uma linha de
valor 9, é chamada de Velho Yang, que se transmutará pela mutação do Qi em Jovem Yin.
Quando jogamos com moedas ou com varetas, o resultado das operações sempre
será:
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As linhas sendo desenhadas de baixo para cima. É importante anotar corretamente para ver
como ficam as linhas mutáveis, que são o 6 e o 9. São as mutáveis que vão dizer para onde a
situação se encaminha.
Note-se ao ler o livro (no caso, estamos usando como livro referência o I Ching de
Richard Wilhelm pela sua popularidade), vamos encontrar após a Imagem, a descrição das
linhas, conforme descritas por Zhou Gon, nos 384 Yao Ci, ou versos sobre as linhas, na seguinte
forma (no caso, citando ainda o hexagrama 46, Cheng/ASCENSÃO).
- 6 na primeira posição,
- 9 na segunda posição,
- 9 na terceira posição,
- 6 na quarta posição,
- 6 na quinta posição,
- 6 na sexta posição.
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Porque é uma linha Yin, e portanto, se for o hexagrama de origem, será velho Yin que
se transformará em jovem Yang. Logo, sempre será 6, que é velho Yin.
Na mutação, teremos:
]
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Depois vejam o raciocínio por um hexagrama qualquer. Para que fique bem claro,
lembrem-se sempre que qualquer hexagrama na primeira posição representa o momento
atual (ponto de partida). Logo, nesses casos, uma linha cheia será sempre 9, e uma
interrompida sempre será 6. Ou seja: olhando de cara um hexagrama mesmo sem o livro, você
sempre saberá se as linhas mutáveis valem 6 ou 9.
Cada linha possui uma natureza, que descrita de forma simples, pode ser conforme
dado abaixo:
1ª linha = causa
6ª Linha = efeito
2ª linha = benção
5ª linha = ordália ou dificuldade
3ª linha - suave
4ª linha = rigidez
Talvez inicialmente esse raciocínio pareça complexo e sem sentido, mas com o tempo
e a intimidade ele se tornará mais claro.
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- Ou seja: a segunda linha trata das bênçãos, e a quarta linha, das advertências.
A quinta linha corresponde ao governante (ou chefe, ou ao superior de um modo
geral, àquele que governa sobre o consulente, ou tem poder de decisão sobre este), e
a segunda corresponde ao funcionário (ao consulente), e a quarta linha corresponde
ao ministro (que pode ser alguém que intercede pelo funcionário junto ao governante,
ou que faz o elo de ligação entre eles).
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Blofeld, John – I Ching, o Livro das Transmutações, Ed. Record, 1968, RJ.
Cherng, Wu Jyh – I Ching, A Alquimia dos Números, Ed. Mauad, 2001, RJ.
Wilhelm, Richard – I Ching, O Livro das Mutações, Ed. Pensamento, 1988, SP.
REFERÊNCIAS NA INTERNET
HTTP://oraculo.cih.org.br
HTTP://www.salves.com.br/ching.htm
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