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Pitágoras e a Matemática

Profª Elisangela Pavanelo


Curso de Aprimoramento Profissional - Teia do Saber -

Localizando a época de Pitágoras

Breve biografia:

Pitágoras (570 – 500 a.C.) foi um matemático grego e também lider religioso,
místico, sábio e filósofo. Nasceu em Samos, uma ilha grega na costa marítima do que hoje
é a Turquia.
Aprendeu Matemática com Thales (624 – 546 a.C.), considerado o fundador da
Matemática Grega.
Viajou durante 30 anos pelo Egito e Babilônia, onde é provável que tenha
encontrado o profeta Daniel.
É provável também que Pitágoras tenha estudado na Índia, de onde talvez venha sua
crença na reencarnação.
Um de seus contemporâneos é Buda, e é muito provável que os dois tenham se
encontrado.
Em torno de 525 a.C. Pitágoras mudou-se para Crotona, onde fundou a a Ordem
(Escola) Pitagórica.
Casou-se com Teano, provavelmente a primeira mulher matemática da história.

Pitágoras e a Sociedade Pitagórica: histórias e curiosidades:

O termo Escola Pitagórica se refere a uma escola filosófica no sentido histórico cuja
existência se prolongou por mil anos desde a sua fundação.
O modo de vida e as doutrinas atribuídas a Pitágoras, provenientes de sua escola,
recebem o nome de pitagorismo.
Segundo historiadores, a Escola Pitagórica tinha um caráter peculiarmente duplo.
Por um lado, dedicava-se a questões espirituais: os Pitagóricos acreditavam na imortalidade
da alma e na reencarnação e tinham a auto-reflexão como um dever consciente
imprescindível na espiritualização da vida. Por outro lado, como parte dessa
espiritualização, incluía os estudos de Matemática, Astronomia e Música, o que permitiu
um caráter científico aos seus estudos. O estudo da Matemática – confundindo-se com a
filosofia – era feito para promover a harmonia da alma com o cosmo.
Dentre os princípios filosóficos que norteavam a Escola Pitagórica destacam-se:

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- A alma é imortal e reencarna-se;
- Os acontecimentos da história repetem-se em certos ciclos;
- Nada é inteiramente novo;
- Todas as coisas vivas são afins;
- Os princípios da Matemática são os princípios de todas as coisas.

A crise na Escola Pitagórica


Uma das mais importantes descobertas da Escola Pitagórica foi a de que dois
segmentos são comensuráveis, ou seja, nem sempre a razão entre os comprimentos de dois
segmentos é uma fração de números inteiros (número racional).
Essa descoberta foi uma conseqüência direta do teorema de Pitágoras: se um
triângulo retângulo te catetos de comprimento 1, sua hipotenusa terá um comprimento x
satisfazendo x 2 = 2 , e portanto a razão entre a hipotenusa e um cateto não será uma
fração de dois inteiros, já que raiz quadrada de dois é um número irracional.
Parece que isso desgostou profundamente os Pitagóricos, pois era uma descoberta
inconciliável com a teoria dos números pitagórica.

Curiosidade: “O Mistério de Alef”


Deus é número, era o lema do culto. E o que eles entendiam por número eram os
números inteiros e suas razões. A existência da raiz quadrada de 2, um número que não
poderia expressar a razão de duas criações de Deus, punha em risco todo o sistema de
crenças do culto.
Acredita-se que Hipaso, um dos membros da ordem pitagórica, cometeu o crime
definitivo ao divulgar ao mundo exterior o segredo da existência dos números irracionais.
Diversas lendas registram as conseqüências do acontecimento. Algumas revelam que
Hipaso teria sido expulso da sociedade. Há aquelas que descrevem sua morte: o próprio
Pitágoras o teria estrangulado ou afogado; ou os pitagóricos cavaram uma cova enquanto o
traidor ainda estava vivo e o fizeram morrer misteriosamente. Outra afirma que ele teria
solto à deriva em um barco que foi afundado pelos membros da sociedade.

O PENTAGRAMA

A estrela de cinco pontas encerrada em um pentágono, dentro do qual havia outro


pentágono, que continha mais uma estrela de cinco pontas, e assim por diante ao infinito,
era o símbolo que os seguidores de Pitágoras portavam.
Nessa figura, cada diagonal é dividida pela linha que a corta em dois pontos
desiguais.

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A razão áurea
O que há de comum entre o arranjo das pétalas de uma rosa, as proporções de um
pentágono, o corpo humano, o Partenon (templo consagrado à deusa da mitologia grega
Atena), o crescimento de uma população de coelhos, a Monalisa e uma equação do segundo
grau?
Embora seja difícil de acreditar, esses assuntos, aparentemente díspares, possuem
um certo número ou proporção geométrica em comum.
Conhecido desde a antiguidade, tal número recebeu várias denominações, como
número áureo, razão áurea e seção áurea e, para representá-lo usamos a letra grega phi(Φ).
Um livro publicado, na Itália, no início do século XVI chegou a denominá-lo de "proporção
divina" - uma prova de quanto fascínio ele despertava.

Definição:
Se o ponto C é tal que CB/AC = AC/AB, então CB/AC = AC/AB = phi (Φ)

O NÚMERO Phi (Φ)

Chamamos Φ ao número 1,618...., encontrado matematicamente através de


deduções algébricas ou geométricas. O número Φ pode ser representado pelas duas séries a
seguir.

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Atividade 1:
Partindo do seguimento dado a seguir, encontrar algebricamente o valor de Φ :

Atividade 2
Encontrar o segmento de ouro da um segmento AB, de valor “a”:
I - Num segmento AB, de medida "a", traça-se, por B, uma perpendicular de medida a/2,
definindo o ponto C;
II - Ligando os pontos C e A tem-se um triângulo retângulo;
III - Com a ponta seca do compasso em C e abertura BC marca-se um ponto D no segmento
AC;
IV - O segmento AD é Áureo de AB (AB = AD.1,618)

Outra construção para o Segmento de Ouro.


I - Constrói-se uma reta perpendicular a AB, passando por A;
II - Com o auxílio de um compasso - ponta seca em A - determinamos um ponto X na
perpendicular construída;
III - Determinamos o ponto Z, médio entre A e X;
IV - Constrói-se o segmento ZB;
V - Com a ponta seca do compasso em Z e abertura ZB marca-se, sobre a reta AZ o ponto
Y
com a ponta seca do compasso em A e abertura AY marca-se, sobre a reta AB, o ponto C;
VI - O ponto C determina o ponto de razão áurea do segmento AB.

Atividade 3:
Construção do retângulo de Ouro:
Para construirmos um retângulo que apresente entre seus lados a razão de ouro
procedemos da seguinte forma:
I - Constói-se um quadrado ABCD;
II - Divide-se esse quadrado ao meio, obtendo os retângulos ABEF e CDEF;
III - Constrói-se uma diagonal CF no retângulo CDEF;
IV - Prolonga-se a base do quadrado e, com a ponta seca do compasso no ponto F e a outra
ponta em C constrói-se um arco até a reta suporte da base do quadrado, criando assim o
ponto G;
V - Pelo ponto G levanta-se uma reta perpendicular à base, que será o lado do retângulo de
ouro;
VI - O retângulo construído - retângulo dourado - possui os seus lados na razão áurea, ou
seja,

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“Tudo é número”
O misticismo dos números não se originou com os pitagóricos. Mas, esses
estudiosos levaram a adoração dos números a um nível elevado, tanto matemática quanto
religiosamente.
Consideravam o um como gerador de todos os números, suposição que nos leva a
crer que possuíam algum entendimento sobre a idéia de infinito, uma vez que, dado um
número qualquer – não importa a sua grandeza –, eles podiam gerar um número maior
simplesmente com a adição de um.
Dois era o primeiro número par, e representava a opinião. Os pitagóricos
acreditavam que os números pares pertenciam ao gênero feminino, e os ímpares, ao
masculino.
Três o primeiro número ímpar verdadeiro, representava a harmonia.
Quatro, o primeiro quadrado, era visto como o símbolo da justiça e do acerto de
contas.
Cinco representava o casamento: a conjunção dos primeiros números feminino e
masculino.
Seis era o número da criação.
O número sete evoca sentimentos de reverência especial, por se tratar do número
dos sete planetas, ou “sete estrelas errantes”.
O mais sagrado de todos era o número dez, tetractys, por representar o número do
universo e a soma de todas as gerações de dimensões geométricas – 10 = 1+ 2 + 3 + 4, onde
um elemento determina um ponto (dimensão zero), dois elementos determinam uma linha
(dimensão um), três, um plano (dimensão dois), e quatro um tetraedro (três dimensões).
Um grande atributo às realizações intelectuais dos pitagóricos constitui na dedução
do lugar espacial do número 10 de um argumento matemático abstrato, sem contar os dedos
das duas mãos.

Os números figurados
Dez é um número triangular. Aqui, vemos a forte conexão que os pitagóricos
observaram entre a geometria e a aritmética.
Os números triangulares são aqueles cujos elementos, quando desenhados, formam
triângulos. E, os números quadráticos, são aqueles que formam quadrados.

Atividade 4
a) Indique os quatro primeiros termos da seqüência de números triangulares;
b) Desenhe e indique os próximos três termos;
c) Explique qual é a regra que lhe permite obter um termo a partir do anterior;
d) Descubra o termo geral dessa seqüencia.

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Atividade 5

a) Indique os quatro primeiros termos da seqüência de números quadráticos;


b) Desenhe e indique os próximos três termos;
c) Explique qual é a regra que lhe permite obter um termo a partir do anterior;
d) Descubra o termo geral dessa seqüência.

Atividade 6

a) Construir no geoplano um quadrado que tenha 9 pinos de lado. Tomemos como


unidade o lado desse quadrado, que passará a medir 1 cm, e chamaremos esse
quadrado de A.
b) Construa um outro quadrado unindo os pontos médios do anterior. Este será o
quadrado B.
c) Repita esse processo de construa mais dois quadrados C e D.
d) Construa a seqüência das áreas dos quadrados A, B, C e D.
e) O que você pode concluir sobre a área de um quadrado que se obtém de outro
unindo os seus pontos médios?

Atividade 7

a) Indique os quatro primeiros termos da seqüência de números pestagonais;


b) Desenhe e indique os próximos três termos;
c) Explique qual é a regra que lhe permite obter um termo a partir do anterior;
d) Descubra o termo geral dessa seqüência.

Atividade 8
Trabalho com alguns teoremas relativos a números figurados, como era feito pelos
pitagóricos:

Teorema I: O número triangular Tn é igual à soma dos n primeiros inteiros


positivos.

Teorema II: Todo número quadrado é a soma de dois números triangulares


sucessivos.
Observamos que um número quadrado na sua forma geométrica, pode ser dividido
como na figura abaixo.

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Vamos fazer a prova do teorema algebricamente.

Teorema III: A soma dos n primeiros inteiros ímpares, começando com 1, é o


quadrado de n.

O Teorema de Pitágoras

Definição:
Num triângulo retângulo a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da
hipotenusa.

A figura ao lado mostra o significado geométrico do Teorema de Pitágoras. A área


do quadrado construído sobre a hipotenusa é igual a soma das áreas dos quadrados
construídos sobre os catetos.
Em outros termos, se a e b são catetos do triângulo retângulo e se c é sua hipotenusa, então:

a2 + b2 = c2

A tradição matemática ocidental, durante longo tempo, atribuiu a descoberta deste


Teorema a Pitágoras. Pesquisas históricas mais recentes constaram que o teorema era
conhecido pelos babilônios, cerca de 1500 anos a.C., portanto muito tempo antes de
Pitágoras. Os chineses o conheciam talvez por volta de 1100 a.C. e os hindus
provavelmente cerca de 500 a.C.

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Demonstração 1
- Considere o triângulo ABC;
- Construa, sobre os lados AB e AC, os quadrados ABDE e ACFG;
- “Dobre” (reflita) o quadrado de lado AB em torno deste lado;
- Marque os pontos D’, E’ e N;
- Trace uma reta perpendicular ao segmento BC passando por B e outra passando por
C;
- Chame de H o ponto de interseção da segunda reta perpendicular com o segmento
C;
- Construa o retângulo de lados BC e CH e chame-o de BCHI;
- Trace uma reta perpendicular ao segmento BG passando por I e chame de J a
Interseção.

Atividade 9:
Justificar a construção apresentada.

Demonstração 2
- Considere o quadrado médio (de lado AB);
- Encontrar o centro M deste quadrado;
- Trace retas paralelas aos lados do quadrado maior (de lado BC) passando por M;
- O quadrado médio está, agora, dividido em quatro partes.

Atividade 10:
Justificar a construção apresentada.

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Demonstração 3
- Considere o triângulo retângulo ABC;
- Construa quadrados sobre os lados deste triângulo;
- Considere agora o quadrado maior (de lado BC);
- Reflita o triângulo ABC em torno do lado BC, de modo que o triângulo refletido
fique dentro do quadrado maior;
- Construa mais três triângulos congruentes ao inicial sobre os lados do quadrado
maior, como sugere a figura;
- Divida dois desses triângulos em outros dois triângulos, de modo que um destes
triângulos seja retângulo isósceles;
- O recorte do quadrado maior está pronto.

Atividade 10:
Justificar a construção apresentada.

Demonstração 4
Esta demonstração não recorre à área de um quadrado, mas sim a de um trapézio (a
+ b) /2 * (a + b). De fato a soma das áreas dos três triângulos da figura é dada por ab/2 +
ab/2 + (c*c)/2.
Igualando as duas expressões e simplificando obtém-se a fórmula do teorema de
Pitágoras.

Demonstração 5
Bhaskara, matemático hindu do século XII, teria apenas desenhado a figura e escrito
VEJA!, sem dar maiores explicações.

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O quadrado maior, de lado c, é decomposto em quatro cópias do triângulo retângulo e mais
um pequeno quadrado de lado a - b

1 2
c 2 = 4 ab + (a − b ) = a 2 + b 2
2

Demonstração 7
O Quadrado Chinês

Dado um triângulo retângulo de catetos a e b e hipotenusa c, construímos dois


quadrados de mesmo lado (a + b). Em cada um desses quadrados dispomos quatro cópias
do triângulo retângulo, como na figura (em vermelho). A soma das áreas remanescentes do
primeiro quadrado (em amarelo e verde) é igual a área remanescente do segundo quadrado
(em azul).

Das transmissões via satélite ao Teorema de Pitágoras

Quando nossa seleção foi campeã mundial de futebol pela primeira vez, em 1958,
ninguém pode ver os jogos no Brasil. Naquele tempo, as transmissões de TV só podiam ser
captadas a pequenas distâncias. Como o campeonato aconteceu na Suécia, as imagens não
chegavam até aqui. Aliás, bastava que um televisor estivesse a mais de 100 km da estação
transmissora para não captar a imagem. Esse problema não existia se nosso planeta fosse
plano; devido à essa curvatura da Terra, porém, os sinais transmitidos perdiam-se no
espaço.
Atualmente podemos assistir a canais de TV de qualquer lugar do mundo, até
mesmo do Japão. Como a Terra continua curva, isso só se tornou possível porque satélites
artificiais posicionados em torno do planeta retransmitem os sinais de TV de um
determinado lugar para todos os outros.
Os satélites artificiais foi uma grande conquista da tecnologia. Para chegar até eles
foram necessárias várias outras descobertas científicas e tecnológicas, sobre eletrônica,
eletricidade, lançamento de mísseis, órbitas de satélites, etc.
As descobertas científicas e tecnológicas se apóiam umas nas outras. Uma
descoberta ajuda a fazer a próxima. Por exemplo, os satélites artificiais, só puderam ser

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lançados porque se desenvolveu, entre outras, a tecnologia da fabricação de foguetes.
Ambos, satélites e foguetes, são conquistas tecnológicas relacionadas com várias conquistas
científicas. Dentre essas, uma das mais importantes foi estabelecida por Kepler, um
estudioso que viveu na virada do século XVII.
Kepler descreveu as órbitas de planetas e satélites e, para isso, se baseou em
diversos fatos matemáticos descobertos vários séculos antes. Ele usou a geometria
desenvolvida na Grécia Clássica, entre os anos 600 a.C. e 200 a.C.
Faz parte dessa geometria uma das mais antigas descobertas científicas da história e,
talvez, aquela que é a mais famosa da Matemática: o teorema de Pitágoras.

Atividade 12
Pitágoras e o raio da Terra.

Atividade 13

Como vimos, num triângulo retângulo, a área do quadrado construído sobre a


hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.
Agora, pense nisso: o perímetro do quadrado construído sobre a hipotenusa é igual à
soma dos perímetros dos quadrados construídos sobre os catetos? Justifique sua resposta.

Atividade 14
Observe a figura seguinte. Note que sua construção obedece um padrão.

Suponha que os segmentos ZA, AB, CD e DE meçam, cada um, 1 cm.


a) Calcule as medidas dos segmentos ZB, ZC, ZD e ZE.
b) Percebe o padrão que orienta a construção da figura. Pois bem, mantendo esse
padrão, quais serão as medidas dos segmentos ZF, ZG, ZH, ....?

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