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Semeadores da Palavra e-books evangélicos

GRAFICA
ESPERANÇA
Av. Protásio Alves, 9400
Fone: (0512) 34-6265 – Porto Alegre - RS

CARO LEITOR:

Devido às constantes viagens ao redor do mundo, o reverendo Argemiro Figueiró pediu-


me para que escrevesse alguns episódios que fazem parte de sua vida. Isto não é um
testemunho. Os fatos que estão escritos neste livro são verídicos e foram baseados em
gravações, reportagens e alguns que presenciei pessoalmente.

Despretensiosamente levo ao conhecimento de vocês a coragem de um homem, a


bondade de seu coração e de sua alma, seu enorme sentido de fraternidade, seu amor
pelo próximo, mas acima de tudo, sua fé.
Sua imensa fé.

Maria Luiza de Quadro Andrade

EVANGELIZAÇÃO

ARGEMIRO FIGUEIRÓ: VOANDO PARA GANHAR ALMAS

Eunice Moraes

Há 31 anos, o pastor gaúcho Argemiro Figueiró viaja pelo mundo anunciando a


salvação em Jesus Cristo. Ele já percorreu 165 países, incluindo os comunistas e
socialistas, considerados fechados para o Evangelho.
Falando aberta ou veladamente, esse servo de Deus compartilha com as pessoas as
experiências que tem com o Senhor.

À medida que pode, ele ajuda materialmente os necessitados, e prossegue o seu trabalho
pela fé, pois não é sustentado por igrejas ou associações missionárias, mas depende das
ofertas dos irmãos que se sentem tocados por Deus para ajudá-lo.

Viaja pilotando o avião monomotor que comprou em El Salvador, durante trabalhos


evangelísticos realizados ali.

A voz é pausada, o jeito suave, não deixando transparecer a determinação desse homem
que já completou cinco mil horas de vôo, viajando pelos cinco continentes, a serviço de
Cristo. Por causa do Evangelho, Argemiro Figueiró esteve preso, teve sua casa
queimada, enfrentou guerrilhas, tempestades, e foi expulso de alguns países, como a
Nicarágua, onde já esteve cerca de 20 vezes. Quando o mandam embora de uni país
para que não realize trabalhos evangelísticos, ele volta como turista, ajuda o povo e
compartilha com os irmãos suas experiências cristãs.

Ele conta que em 1978 chegou a um país africano. Esse país havia-se tornado
comunista, mas o ex-presidente daquela nação tinha sido seu amigo. Quando o pastor
Argemiro aterrissou no aeroporto local, diversos militares rodearam ò avião e os oficiais
o levaram para a prisão. Depois de cinco dias vieram visitar o presídio, e um oficial,
acompanhado de um soldado, perguntou quem era aquele branco (na cela havia 15
pessoas e só Figueiró era branco). Falando em francês, ele se identificou e em seguida
recebeu ordens para deixar o país. Porém argumentou que não poderia sair logo, porque
precisava de pelo menos oito horas para se recuperar do desgaste da prisão. O
missionário foi levado, então, para um hotel, tendo sido designado um policial para ficar
na entrada e outro na porta do seu quarto. Descansou dois dias e preparou-se para ir
embora. "Lembro-me bem que eles disseram que eu era um ministro do Evangelho e
que representava perigo para a segurança do país e para a paz pública. Por isso devia
deixar a nação pela fronteira mais próxima" — comenta o missionário. Decidido a ir
embora, ligou os motores, mas constatou uma irregularidade: os cabos das velas
estavam cortados e o aparelho não tinha 50 por cento da força nos dois motores.
Resolveu pedir que alguém fosse com ele para ajudá-lo, mas recebeu resposta negativa.
Argemiro decidiu ir embora sozinho, dizendo que "preferia sair e cair no mar do que
ficar naquele país que se entregara ao diabo, ao comunismo". O missionário levou meia
hora para atingir os 4 mil pés de altura e pousar no país mais próximo. Sete meses mais
tarde, seu avião pousou nó mesmo aeroporto, os militares o rodearam e perguntaram:
"Você aqui outra vez?" Mas o irmão disse que estava ali na condição de turista e pregou
o Evangelho ocultamente, a pequenos grupos e nas casas.

O irmão Argemiro recorda que em 1972, na Nigéria, entrou em contato com o povo
muçulmano, muito antagônico ao Evangelho. Ele pretendia fazer uma grande campanha
mobilizando de 30 a 50 mil pessoas. Funcionários do Governo disseram-lhe que ele
deveria ir embora, mas as pessoas já estavam vindo de todas as partes, e por isso o
irmão recusou-se a sair, e realizou uma semana de cultos. Depois, quando ele já estava
noutro país, o próprio governo nigeriano pediu que ele voltasse para realizar uma série
de cultos ali. Na União Soviética, o irmão Argemiro também foi detido, mas não deixou
de falar de Cristo a todos os que encontrava. Na Polônia, ele procurou ajudar o povo na
ocasião dó estado de sítio, quando o povo polonês passou por uma séria crise de
alimentos..

Afirmando que não pretende quebrar nenhum recorde de horas de vôo, o irmão
Argemiro disse que já viajou muito, pilotando 65 tipos de avião. Ele aprendeu a pilotar
para servir melhor ao Senhor e é portador do Certificado de Piloto Civil Profissional,
tendo já completado cinco mil horas de vôo. O irmão lembra que prefere usar o avião na
obra do Senhor por ser um meio de transporte mais rápido, permitindo-lhe ir facilmente
de um país para outro. O irmão Argemiro conta que certa vez, chegando a um país
africano, encontrou no aeroporto um avião sem uso. Foi ao escritório do empresário,
que segundo sua secretária só poderia lhe dispensar poucos minutos de atenção. Mas o
pastor passou uma hora conversando com aquele homem de negócios, e no final da
entrevista recebeu o avião bimotor de presente. Muitos irmãos deram ofertas para os
reparos do aparelho, e finalmente ele pôde ser utilizado para a pregação do Evangelho,
sendo batizado com o nome de Asas Milagrosas. Antes de ganhar o Asas Milagrosas, o
irmão Argemiro havia pilotado aviões alugados. Recentemente, após uma série de
cultos realizados em El Salvador, o Asas Milagrosas foi substituído por um avião
monomotor, mais econômico.

Nas viagens, o pastor está acostumado a sair de temperaturas de 50 graus negativos, no


norte do Canadá, e depois de 36 horas de viagem, chegar à índia, onde a temperatura é
de 50 graus positivos. Diante de circunstâncias tão adversas, ele procura continuar
pregando, aproveitando todas as possibilidades e oportunidades que aparecem.

A CHAMADA

O irmão Figueiró nasceu em Minas de Butiá, numa pequena vila que fica perto de Porto
Alegre. Aos 13 anos aceitou a Jesus como Salvador. Começou a participar dos trabalhos
da igreja e a pregar o Evangelho em várias cidades gaúchas. Ele diz que desde essa
época sentia a chamada missionária. Certa ocasião chegou a Palmeira das Missões e
alugou um quarto no porão de uma pensão. Visitou toda a cidade, anunciando a
salvação em Jesus Cristo, e já se preparava para ir a outra cidade, quando, às duas horas
da madrugada, entre o sono e a vigília, viu o quarto todo iluminado como se pelo sol e
viu Jesus com um feixe de bandeiras de todas as nações na mão. Argemiro começou a
tremer e compreendeu que aquela era a confirmação de sua chamada para a obra
missionária.

O irmão Argemiro viajou inicialmente para o Uruguai, onde fundou trabalhos que
depois deixou aos cuidados de obreiros nacionais, e partiu para os Estados Unidos, para
ali começar seu trabalho missionário. Além de fazer evangelismo pessoal nas grandes
cidades americanas como Miami, Chicago e Nova York, saiu a visitar mosteiros e
seminários, evangelizando padres e freiras, falando-lhes do amor de Jesus e da salvação.
Um dos sacerdotes a quem falou de Jesus, deu-lhe o dinheiro necessário para que ele
fizesse uma viagem missionária por 28 países. A partir daí, ele sempre viajou pela fé,
dependendo unicamente das providências de Deus.

Ao chegar em um país, ele procura a igreja local e organiza trabalhos evangelísticos


com os irmãos. No caso de países socialistas, onde a pregação ostensiva não é
permitida, ele procura sair pelas ruas e conversar com o povo. Quando começa a se
formar uma aglomeração, o irmão Argemiro desloca-se para outro lugar, de modo a não
chamar a atenção das autoridades. "Não há portas fechadas", comenta o missionário,
acentuando que sempre é possível pregar a nova vida em Cristo. Ele faz uso de diversos
métodos de evangelização, sendo capaz, por exemplo, de convidar uma família para
jantar com ele no hotel, e depois falar a todos da salvação que Jesus oferece.

Na última vez que esteve no Brasil, no início deste ano, ele visitou as principais capitais
brasileiras procurando conscientizar as igrejas da necessidade de um maior
envolvimento com a obra missionária. Ele lembra que a última vez que esteve no Brasil
foi em 1960, ocasião em que regressava de três viagens missionárias ao redor do
mundo, e após quatro anos de ausência. Ele acentua que depois daquela época muitos
saíram para a obra missionária. "Creio que seria bom termos uma série de conferências
missionárias" — comenta o missionário, acrescentando: "Tenho estado em vários países
e tenho encontrado missionários brasileiros. A maneira de muitos trabalharem não é
eficiente. Há tantas coisas que eles poderiam fazer e tantas outras que não deveriam
fazer..." O pastor conta que muitos são os que se mostram sensibilizados com o apelo
para seguir para a obra missionária. Em inúmeras ocasiões, quando ele acaba de pregar,
muitos jovens se aproximam dele, dizendo ter chamada para o campo de missões. "As
necessidades são imensas, metade do mundo ainda não foi evangelizada" — comenta o
pastor. Ele lembra que a Igreja do Senhor precisa sair, e a sua esperança é de que,
depois de suas recentes conferências em países sul-americanos, pelo menos uns 500
irmãos saiam em busca das almas perdidas.

ENCONTRO COM DEUS

Encontro com Jesus

Aos doze anos de idade, encontrava-se minha mãe muito enferma, junto a meu pai e
meus irmãos. Somos todos sete e eu, no meio deles. As dificuldades eram muitas, visto
que meu pai igualmente se encontrava com saúde extremamente abalada, pois também
havia sido atingido por uma terrível enfermidade.

Já faz muito tempo... para mim, quase que uma eternidade... Assim mesmo, lembro-me
de meu pai trabalhando quase dia e noite nas minas de carvão — as minas de Butiá. Às
vezes, ia ajudar meu pai nos locomoveis durante a noite.

Muitas vezes, a tristeza batia em nossa casa, pois nenhum médico, na época, poderia
ajudar nossa mãe. Levei-a em sessões espíritas, justamente porque ouvia falar que se
faziam curas naquele centro espírita e eu queria ver minha mãe curada. Não era tão
longe de minha casa ou eu não achava. E isto acontecia duas vezes por semana.
Naturalmente que na minha pouca idade, aquilo me parecia horrível, pois não me
achava preparado para ver aquelas pessoas incorporadas, mas não havia obstáculo que
eu não pudesse ultrapassar, tal a força que sentia dentro de mim, para poder ajudar
minha mãe. Não sei porque, mas desde tenra idade, já sabia que a viga mestra de uma
casa era a mãe. Não que um pai fosse menos importante, mas a mãe, sem dúvida, é a
rainha de um lar e sem ela o reinado se acaba.

Em uma idade, mesmo dentro da pobreza 3 dificuldades, em que uma vida está se
desabrochando, alguma coisa deveria ser boa, mas a vida não se mostrava alegre como
deve ser com todas as crianças. Sentia-me atormentado, desassossegado, talvez
intranqüilo por tudo que vira e passara até então. Não conseguia dormir. Sonhos
agitados, atormentados.

Um dia, nós mudamos para outra casa. O relacionamento com as pessoas em uma
cidade de interior é bem mais espontâneo do que nos grandes centros. E assim, nossa
vizinha convidou minha irmã para ir a um culto da Assembléia de Deus, que começava
a dar seus primeiros passos. Não querendo ir só, convidou-me e eu aceitei. Na verdade,
eu era o único na família que poderia fazê-lo, e todas sabiam disso, pois ia para lá e para
cá, atendendo a todos que me pediam algo.

Pois bem. De todas as maneiras, acho que foi muito proveitoso, pois aquelas estórias da
Bíblia começavam a se despertar dentro de mim, como uma semente atirada que ali
deveria germinar.

Lembro-me da primeira mensagem que ouvi sobre Jonas. O pregador fez um


relacionamento com a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo dormindo no fundo do barco,
assim como a humanidade se encontra adormecida ainda hoje e que Jesus chegará e nos
encontrará da mesma forma e todos perecerão. Trouxe à tona também aqueles assuntos
da escatologia bíblica, sinais dos últimos tempos. Aquilo me aterrou. Fiquei tremendo.
Dentro daquela insegurança da meninice achava que se não aceitasse a Cristo ali,
naquela noite, eu pereceria. Tinha que aceitar Jesus. Mas como? Não podia permanecer
ali. Tinha que voltar a casa e pedir permissão aos meus pais. Era este o costume. A
obediência era primordial. Pedida a autorização para freqüentar os cultos, recordo-me
bem, a resposta foi negativa. Tínhamos que seguir como éramos dentro da religião que
pertencíamos. Mas a angústia se apoderava de mim. E se Jesus vier?... Dentro de mim, a
vontade era seguir aquela gente — sempre me parecia que estavam cada vez mais
próximo do encontro de Deus e eu queria ir, ir, e ir... Comecei então a ler a Bíblia e isto
já fazia quase que dia e noite. Comecei também a ir aos cultos. E cada vez mais aquele
pensamento persistia dentro de mim: "e se Deus vier", "e se não aceitasse Cristo".
Aquilo já estava se tornando, ao mesmo tempo, um tormento e uma idéia fixa. E eis que
lendo a Bíblia encontrei aquele verso que diz: "Filho, obedecei aos vossos pais no
Senhor." Analisei a meu modo, aquele verso — era uma questão de raciocínio e pensava
baixinho: "meus pais não querem que eu obedeça a Deus — não querem que eu me
entregue a Cristo."
Chegou o domingo e como ocorre normalmente na maioria dos lares, neste dia tudo
estava tranqüilo em minha casa. Mas, a idéia de seguir aquele povo era constante em
mim, de maneira que tomei uma resolução. Pensei: esta noite vou ao culto... "obedecei
vossos pais no Senhor... no Senhor"... Quando nós vamos para o céu, o filho não pode
responder pelo pai e nem tampouco o pai pelo filho... Então, nada pode acontecer
comigo. Vou ao culto hoje e me entregar a Cristo. Assim foi. Me senti leve como uma
pluma, pois o pastor naquela mesma noite havia me chamado para estar ali na frente e
acho que naquela hora, era tudo que desejava.

Voltei para casa e nada que poderia acontecer teria importância para mim, no entanto, lá
no fundo do meu coração, sempre temia pela desobediência. Cheguei em casa e parte do
alívio que viria a sentir mais tarde se apossou de mim. Ali se encontrava o noivo de
minha irmã e então, enchi-me de coragem e disse a todos: "Esta noite me entreguei a
Cristo". Sabia que com a presença do futuro membro da família, ao menos minha surra
seria prorrogada... Não muito confiante nisto, fui cedo, bem cedo para cama, antes que o
noivo fosse embora. Assim estaria mais garantido. Até hoje nunca levei aquela surra.
Graças a Deus!

Comecei a freqüentar os cultos quatro vezes por semana e me encontrava


completamente voltado àquilo. Gostava de participar. E assim, juntando-me aos jovens,
comecei a trabalhar andando pelos lares, pelas praças, pelas ruas, orando com o povo,
lendo o evangelho a todos os lugares que podíamos ter acesso. Uma atividade intensa.
Nem tudo correu como desejado. Não foi tão fácil como parece. Minha família achava
que não tinha mais tempo para eles, para casa, porque minha permanência em casa ia se
tornando cada vez menor e todos se voltavam contra mim, inclusive minha irmã -- a que
me convidou para ir com ela à Assembléia de Deus. Mas, quando temos a graça de
Jesus no coração, podemos suportar tudo.

Passado algum tempo, dias, meses talvez, houve o meu batizado. Então uma comissão
da igreja foi à minha casa pedir autorização a meus pais e irmãos. Era esse o
procedimento para batizar um menino cujos pais não aceitavam tal religião. Os
presbíteros escutavam meus pais contarem da minha rebeldia quando pequeno, pois
quando queria algo, gritava, desobedecia, batia o pé e se queria fazer alguma coisa, até
fugia. Todavia, depois que Jesus entrou em meu coração, tudo se modificou em mim e
isto realmente deixava minha família admirada e ao mesmo tempo contente. Vendo
então esta transformação, mesmo que no fundo de seus corações gostariam que
permanecesse em sua religião, não hesitaram em dar seu consentimento, fosse qual
fosse a religião que eu tivesse escolhido e abraçado para viver em comunhão, através da
minha existência. Oxalá os demais filhos pudessem ter a mesma linha de
comportamento também.

Antes mesmo de ser batizado, fazia parte do coro dos jovens, tocando flauta. Queria ser
atuante, vivamente atuante. Mas o que queria enfatizar mesmo, principalmente à
juventude, é que não necessitamos esperar nada, para sermos atuantes. Mesmo com
doze anos — jovenzinho, portanto, não esperei que o presbítero da igreja me desse uma
autorização para visitar os lares levando a palavra de Cristo; mesmo sem nenhuma
experiência, corria às praças com um grupo de crianças e ali parava e começava a pregar
como se fosse um velho profeta de doze anos de idade. E isto é uma responsabilidade
que cada um tem — o de intensificar o nome de Jesus. Visitar os lares. Podem crer que
a palavra de Jesus jamais volta vazia.

Volto a insistir com os jovens a quem tenho oportunidade de dirigir, para que sejam
missionários. Missionário não é só aquele que viaja a outro país, mas sim, que tem uma
missão a cumprir, uma missão de esclarecer, de ajudar, de amar, de colaborar, de sarar
os corações feridos, tal qual diz a Bíblia. "Levai sempre que possível uma mensagem de
boas novas, entregar um folheto que fale de Cristo, um evangelho àqueles que
desconhecem, e muito mais ainda, àqueles que necessitam." Aqueles que assim
procederem, estarão fazendo o trabalho de Cristo.

COMEÇO DO MINISTÉRIO APOSTÓLICO

Passado pouco tempo, mudamos para Porto Alegre — uma grande cidade, capital do
Rio Grande do Sul. Ali estudava, trabalhava e pregava. Meu colégio era de freiras.
Aquilo era maravilhoso para mim, pois me parecia conviver com Jesus mais de perto.
Antes mesmo que eu me convertesse a Jesus, a minha ambição era ser um sacerdote
católico. Isto porque, um sacerdote servia a Deus, rezava missas, falava de Deus, de
Jesus e da Virgem Maria, pregava de tudo aquilo que meu coração e minha alma se
sentiam maravilhados. Assim para mim era a melhor maneira de servir a Deus. Mas,
quando comecei a ler a Bíblia do começo ao fim, tomar conhecimento da vida de Jesus,
dos profetas e dos apóstolos, mudei de idéia. Agora queria ser um pregador do
Evangelho. Conversava com Jesus, com toda intimidade e pedia a ele que gostaria de
ser como aquela gente. Queria ser como Moisés, como Josué, como Pedro, como Paulo
e até mesmo como Jesus — um Cristo! Quantos de nós temos tido esta ambição de
seguir esses irmãos e esta gente que têm sido ungidos pelo poder do Espírito Santo para
ganhar almas! Não é pecado desejar ser igual a estas pessoas. A Bíblia diz que aquele
que deseja o episcopado é uma excelente obra da igreja. De maneira que eu tinha
sempre aquele desejo latente em mim. Quando lia aquelas maravilhas, os milagres que
realizavam, ficava mais animado ainda, confiando que aquilo Deus fez conosco também
e... Deus faz!

ATIVIDADES MISSIONÁRIO

Desde minha meninice, pregando o evangelho, tenho visto Jesus responder orações,
curar enfermos, fazer milagres. Quando eu lia o quanto estes irmãos sofreram por Deus,
e pela sua obra eu ficava aterrorizado. Não desejava aquele sofrimento, eu queria a
bênção, a glória, o poder.

Em Porto Alegre redobramos a atividade. E no coral da mocidade, ainda que não


cantasse, tocava violino e flauta e ensinava a cantar. Já aí contava com quatorze anos e
saía por todas as praças de Porto Alegre cantando e fazendo pequenas campanhas com
este grupo de jovens. Na Praça Farroupilha, aos domingos pela tarde, tivemos
oportunidade de ver centenas de pessoas das mais diversas religiões, dobrarem seus
joelhos na areia e entregarem-se ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Muitas pessoas curadas
de males gravíssimos e tudo isto, simplesmente porque um menino tivera a visão de ir
para lá, convidar jovens e fazer alguma coisa para proclamar as Boas Novas. O mundo,
pensava eu, estava repleto de necessidades. Um grupo de jovens, dotado de fé
verdadeira, por pequeno que seja, pode revolucionar a praça de sua cidade, os lares, a
própria cidade, seu estado e até mesmo seu país — porque não o mundo? Não foi com
doze pessoas — os doze apóstolos que o mundo tomou outra dimensão? O que Deus
pode fazer com uma pessoa, é algo ilimitado, imagine com um grupo de pessoas que
realmente se dedique para viver pelo Senhor!... Muitas vezes ao sair pelos bairros de
Porto Alegre, notávamos que pessoas já de meia idade, pelos seus cinqüenta, sessenta
anos, nos acompanhavam. Qualquer que seja a idade ou circunstância vê que na
realidade, toda hora é hora para que deixemos Cristo entrar em nossos corações. Às
vezes, íamos até as montanhas, ao redor da cidade e ali passávamos o domingo orando
em jejum e sendo seguidos.

PELAS RUAS E PRAÇAS E LOCAIS PÚBLICOS ETC.

Cada vez mais entusiasmado com as obras de Deus, comecei a alargar meus horizontes,
fazendo viagens. Palmeiras das Missões, Passo Fundo, enfim, para todo o Estado do Rio
Grande do Sul. Parava ainda menos em casa. Lembro-me bem que um dia meu pai ficou
bravíssimo e se dirigiu a mim e disse taxativamente, que se eu não parasse em casa, que
ele faria tudo para que eu fosse preso e me mantivesse atrás das grades. Ele pensava que
só a cadeia poderia me segurar lá. Mas, o meu desejo de ganhar almas era imenso e
assim comecei a ir, ir, ir e até hoje, nunca mais parei. Poderia ser a uma esquina, até
mesmo, a uma praça, a uma cidade ou a um país, como faço agora — muitos países! —
o mundo inteiro!

No tempo em que estava em Porto Alegre, perto da Prefeitura, havia um número grande
de linhas terminais de ônibus. Naturalmente, passagem de muitas pessoas que ali
chegavam e dali saiam para diversos lugares. Era um dos meus pontos favoritos. Ali eu
comprava e distribuía um número enorme de Bíblias. Parava nos pontos iniciais e
terminais à porta dos ônibus, com a Bíblia em uma das mãos e o Evangelho de São João
na outra. Eu pedia a atenção de todos e falava a eles sobre a vida de Cristo. O recado
que Deus tinha. Queria mostrar-lhes como suas vidas poderiam se transformar caso eles
tomassem conhecimento das palavras de Cristo. E assim eu percorri também, os
corredores de ônibus, vendendo as Bíblias, de onde tirava o meu sustento. Aos que não
compravam Bíblias eu dava um evangelho, segundo São João.

Outro lugar também de muito movimento era o ancoradouro onde se tomava a barca do
rio Guaíba. Ali todos os sábados e muitas vezes, domingos até a hora das reuniões.
Muitas vezes, chegava a fazer dez viagens para lá e para cá, vendendo Bíblias e fazendo
sermões. E pasmem! Inúmeras vezes, as pessoas se entregavam a Deus ali mesmo, por
onde se vê que não há local, idade ou circunstância para que isto venha acontecer com
freqüência. Não há limites. A mesma coisa acontecia nos trens com composição de
cinco ou mais vagões, que saiam de Porto Alegre, com destino à várias outras cidades.
Ali era minha paróquia. Não raro, eram as viagens feitas a cavalo, a pé - centenas de
quilômetros pelas serras. Cada cidade que chegava, fazia a visita aos lares — eu e
muitos rapazes que preparei para saber usar a Bíblia, sistematicamente. Me sentia cada
vez mais animado. Lá dentro, no fundo do meu coração, só pensava fazer este trabalho
em todo o mundo para nosso Senhor Jesus Cristo e pensava; posso fazer isto em toda
cidade, em todos os lares do estado, da nação do mundo. Ainda que minha matéria
preferida nos tempos escolares fosse geografia, não sabia quão grande era o mundo,
nem quantos países havia naquela época.

Quando cheguei em Palmeiras das Missões procurei o pastor. Como não estivesse,
aluguei ao lado da igreja, numa pensão que havia ali, um quarto. Só havia no
subterrâneo e para lá fui. Estava só. Era tão profundo, tão abaixo do solo, que mesmo
durante o dia se necessitava de luz. Naquele tempo não havia luz elétrica, o usual era a
luz de querosene. Minha vida se transcorria, para mim, normal, la a igreja, levava a
juventude à praça, líamos o evangelho, ia aos lares — muitos deles, entrava, tomava
café e convivia com esta gente maravilhosa que habita o extremo sul do Brasil.

UMA VISÃO DE CRISTO RECONFIRMA A CHAMA DIVINA MUNDIAL

Certa noite, entraram em meu quarto e levaram a única coisa de valor que possuía —
um corte para fazer um terno. Uma coisa inesquecível a qualquer ser que habite este
planeta foi o que aconteceu naquele mesmo quarto em uma das noites que ali estive.
Estava eu entre acordado e dormindo, "cochilando", como costumamos dizer, quando na
imensa escuridão em que se encontrava aquele aposento foi sendo iluminado como a luz
do dia. Quando isto aconteceu, pensei que estivesse sonhando, sentei-me na cama e
esfregava os olhos, sabia que era noite e devia ser por volta de duas horas da manhã.
Tinha voltado da igreja, privado com o pastor e sua família em uma comunhão muito
agradável... Sim, só podia ser esta hora. Limpava os meus olhos, em gestos agitados,
pois me sentia tremulo da cabeça aos pés. E eis que... a imagem do Senhor Jesus
apareceu ali nos pés da minha modesta cama, tão lindo, tão alto, tão grande, que sua
cabeça me parecia bater no teto. Olhava para mim com os braços abertos e nos seus
braços, bandeiras de todas as cores, de todas as nações. Eu queria chorar, mas não
podia, queria falar, também não. Olhava para mim sem dizer nada, mas seu olhar era
como se dissesse que eu deveria ir a cada um daqueles países pelas bandeiras
apresentadas, pregar o evangelho. Eu continuava a tremer e com os olhos fixos vendo
aquela imagem desaparecer, mas a luz permaneceu por vários segundos. Meu Deus! O
que teria sido aquilo? Procurava interpretar, mas meu estado emocional era grande.
Continuava a tremer, mas agora já podia chorar; me pus de joelhos e me questionava.
Não pude dormir, é claro. Aquela visão ficou em minha retina. Naquela noite e nos dias
seguintes aquela sensação continuava junto com os meus pensamentos: será que o
Senhor quer que eu vá pregar o evangelho em todo o Brasil? Não. Não podia ser. O
Brasil daquele tempo tinha vinte e um estados e quatro territórios — vinte e cinco
bandeiras, e o número de bandeiras era muitas vezes superior a isto. Imediatamente, no
fundo do meu coração, a confirmação dos meus sonhos que seria sair para o mundo e
pregar o evangelho ("Ide e pregai o evangelho a toda criatura"). Me sentia tão animado
que parecia que me via em outros países. De lá ainda fui para muitas cidades do Rio
Grande do Sul, depois Rio Grande, Pelotas e assim permaneci ainda por um ano e meio
nesta área, pregando o evangelho, auxiliando o pastor Jesuino e o pastor Nils.
Desempenhava meu trabalho com toda a alegria, pois a experiência que tinha passado
me era presente em todos os momentos e meu coração se enchia de alegria, mas mal
podendo esperar o dia que meu desejo de ir para o exterior pudesse se concretizar. Em
todo caso, mesmo jovem e com muita pouca idade sabia que tudo era uma preparação
das coisas que Deus tinha pela frente.

MINISTRANDO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Estava em Pelotas. Queria ir para Porto Alegre, mas o irmão Jesuino se opusera,
dizendo que eu deveria permanecer ali. De qualquer forma fomos juntos a Porto Alegre.
Chegando em Porto Alegre fui ter com o irmão Gustavo, a mesma coisa. Os argumentos
eram os mesmos --já estava familiarizado com o trabalho, com as pessoas e precisavam
que eu ficasse. Então pensei: Tenho que ir, tenho que ir. Ficarei sim, mas por algum
tempo — um ou dois meses somente, porque tenho que ir para o exterior, pregar o
evangelho. No final deste período, a coisa se repetia, e o irmão Jesuíno queria que eu o
seguisse de volta para a cidade do Rio Grande e finalmente a opinião do irmão Gustavo
permaneceu e eu fiquei em Porto Alegre.

Uma pessoa a quem tenho uma enorme admiração é o irmão missionário Nils Tarenger.
Deveria obedecê-lo, pois ele comungava da opinião que deveria permanecer na capital
do estado. Ao final de duas semanas, ele se acercou de mim e perguntou-me se eu
queria mesmo ir para o Uruguai. Respondi-lhe afirmativamente e disse-Ihe que só
permaneceria em Porto Alegre por questão de obediência ao irmão.

Duas semanas depois, mandaram outro pastor para Lajeado, onde me encontrava e eu
fui para Porto Alegre. Depois de duas semanas que estava em Porto Alegre o irmão Nils
perguntou-me se queria ir para o Uruguai e, sentindo a aceleração de meu coração mais
do que qualquer outra coisa, me tornei mais atento ainda. Foi quando ouvi a pergunta:
Quando? Eu respondi: - amanhã. — Bem, você poderia esperar até 2ª feira, pois hoje já
é quarta e minha intenção é fazer um culto missionário com sua participação e preparar
você para as missões.

VISITA ANGÉLICA CONVENCE MEU

PASTOR SOBRE MEU MINISTÉRIO NO ESTRANGEIRO

Na verdade, estava muito contente, mas queria saber qual foi a razão da resolução de me
enviar para o exterior, de uma vez que ninguém queria que eu saísse de lá. E então,
naquele dia, não somente eu, mas muitos ficaram sabendo da resposta, pois foi contada
no culto daquela noite: "Há muito tempo, o irmão Argemiro tem demonstrado enorme
vontade de sair do País em busca de outros lugares. Eu estava dormindo no meu quarto
e um anjo de Deus entrou e me falou: "Por quê? Por que você quer impedir o meu servo
que eu tenho mandado para outras terras e você quer obrigá-lo a ficar aqui aonde tem
tantos pregadores? Deixa-o ir". Esta foi a razão da mudança da idéia.

A semana seguinte estaria livre para ir. Todavia, uma coisa muito importante poderia ter
causado uma barreira para que eu prosseguisse. Não tinham meios para meu sustento.
Com determinação e serenidade, disse que iria pela fé e que contava com o apoio dos
irmãos, em suas orações. Mal podia esperar o dia de minha partida. Fui para
Montevidéu de trem. Se pudesse ajudaria o trem a andar mais rápido, tal era a minha
ansiedade em pisar em terras uruguaias. A viagem durou quase dois dias. Um tempo
muito grande.

A LUTA COMEÇA NO CAMPO DE MISSÕES

Pensava que quando chegasse lá a palavra de Deus tivesse a mesma acolhida. Não foi
nada fácil. Procedia da mesma maneira que na minha terra, visitando os lares, indo às
praças públicas, mas a indiferença das pessoas era muito grande nas ruas e minha
platéia não passava de quatro ou cinco pessoas, um número bem menor do que era
formado o grupo de músicos e era uma indiferença horrível!

Passei a conviver com os padres católicos e aos domingos, depois da missa, nos
encontrávamos na sacristia e conversávamos muito. Afinal, o nosso Deus é o mesmo.
Naquele meu entusiasmo, que creio será eterno, falava das obras de Deus, do Espírito
Santo. Queria compartilhar de tudo que se referia a Deus, pois via que as próprias
igrejas estavam vazias. Não havia interesse sobre as coisas de Deus. Uma tristeza.
Muitas vezes, almoçávamos juntos em suas casas, mas o assunto era o mesmo.

Na minha pouca experiência, mas movido de muita fé, pensei que pudesse ganhar o país
todo, assim, com um estalar de dedos... Ah! Que engano. Minha jornada começava ali.
Foram três anos e meio, visitando quase todas as cidades. No final deste período, parece
que Deus resolveu mostrar os primeiros frutos de tudo quanto havia semeado e
semeado!...

Em um lugar em particular — a cidade de Rocha, fiz dela a minha sede. Ali só havia
quatro irmãos — a minha cozinheira de setenta e oito anos de idade, a amiguinha dela,
que morava ali perto, sessenta e oito anos e um irmão que tinha mais ou menos setenta
anos, casada com uma senhora inglesa, extremamente devota. Todos os dias, às três
horas da tarde, eu me dirigia à casa deste casal aonde tomávamos chá. Nossa
conversação se desenrolava em inglês, pois já me encontrava me preparando para sair
para as missões ao redor do mundo, e eu sabia que ia necessitar de outros idiomas, e
então, eu me esforçava ao máximo praticando o inglês que tão maravilhosamente aquela
senhora me ensinava e me transmitia. Isto foi muito bom, pois quando saí do Brasil, já
falava francês, inglês e podia até mesmo pregar em espanhol. Foi e tem sido de grande
valia para mim. Cada vez que encontrava uma pessoa que falasse aqueles idiomas,
procurava dirigir-me de igual para igual, ainda que cometesse muitos erros, mas o
importante para mim era usar a palavra de Deus.

Muitas vezes, caía numa conversação íntima com Deus. Uma vez disse-lhe: "Senhor,
depois de um ano e meio, não há nada que um missionário possa fazer que eu não tenha
feito nesta cidade. Visitei os lares (e quantas vezes me sentei junto àqueles que bebiam
nos bares) e de mesa em mesa transmiti a Sua palavra." Não sei mais o que possa fazer.
Continuamos os cinco — os quatro irmãos e eu.

JEJUM E ORAÇÃO RESULTADO LOGO

Na igreja, resolvi fazer uma coisa; orar. Orar e orar. Não vou fazer nenhum tipo de
pregação, também vou me manter em jejum até as seis horas da tarde. Assim foi.
Comecei no dia primeiro de agosto. O salão que havia alugado era maior que muitas
igrejas que tenho percorrido. E ali fiquei. Orando e jejuando. Cada dia de culto era as
quatro pessoas, até que um dia, creio que vinte e seis ou vinte e sete de agosto me
encontrava sentado numa cadeira perto do púlpito e ouvi alguém batendo à porta. Eram
duas senhoras. Fiz com que elas entrassem e uma delas, com olhar aflito me disse: —
Senhor, ouvi dizer que Deus está com você e temos tantos problemas. Sentei-me junto
delas, ouvi o que tinham a dizer, li a Bíblia, orei por elas e se foram. Meia hora mais
tarde, novas batidas. Era um senhor que morava ali perto. As mesmas palavras: "Ouvi
dizer que Deus está com você" "Vim recorrer às suas palavras, pois minha casa é um
verdadeiro inferno. Minha esposa, por exemplo, tentou o suicídio por doze vezes e
tenho certeza de que o senhor pode dos ajudar." Lia a Bíblia, orei com ele e ele se foi.
Quando foi às seis da tarde, fechamos a igreja e fomos comer na casa daquela irmã que
não tinha mãos a medir por todo nosso bem-estar. Às sete da noite, voltamos outra vez
para a igreja. Abrimos as portas. Eu estava sentado naquela cadeira perto do púlpito,
quando de repente vi que pessoas se aproximavam e entravam na igreja. Aquelas duas
senhoras que vieram bater à igreja e aquele senhor se incumbiram de fazer com que as
pessoas fossem até a igreja e assim trouxeram seus parentes, conhecidos e vizinhos. O
senhor que viera à igreja antes, ali estava com sua esposa. Quando os vi, me pareceu,
para quem nunca tinha mais de três pessoas no local, uma multidão — aos meus olhos
era mesmo, pois devia ter ali mais de cem pessoas. Não podia crer! Aquilo me parecia
maravilhoso. Me levantei e comecei a pregar a palavra de Deus como se tivesse
pregando para uma multidão de cem mil pessoas e no fim do culto eu fiz um convite
para que todos viessem à frente. Saíram de seus lugares e foram entregar-se a Cristo,
mas naturalmente quando eles chegaram até aquele local, já estavam com Deus nos seus
corações. Após este acontecimento, aproximou-se de mim uma senhora que contava
talvez com uns setenta anos de idade e me disse: "Irmão Argemiro, meu marido é cego e
paralitico. Será que o senhor não poderia amanhã ir orar por ele?" Então eu lhe
respondi: "Então por que não vamos todos nós orarmos juntos na casa da irmã?" Deus
irá curá-lo e salvá-lo." Como todos os demais, era a primeira vez que esta irmã ia à
igreja. No dia seguinte, por volta de dezoito e trinta horas fomos à casa da irmã. A
notícia correu rapidamente e em frente a sua casa, havia um aglomerado de pessoas de
tal porte, que nem uma bicicleta poderia passar. Bem. Entramos em casa. O irmão cego
e paralítico encontrava-se numa cama bem no centro da sala. A sala estava inteiramente
tomada por pessoas assim como as demais dependências da casa. Quase que não podia
entrar ali. Imaginem que aquela gente toda apenas tinha tomado conhecimento da igreja,
na noite anterior. Mas existia uma presença tão forte de Deus ali que podíamos notar a
cada respiração alguma coisa que estava no ar. Simplesmente comecei a repetir as
promessas de Jesus na Bíblia: "Vinde a mim os que estão cansados e oprimidos e eu vos
aliviarei". As promessas de Jesus de curar, de salvar, de proteger, de abençoar, de mudar
de vida, o céu e enquanto falava assim podíamos sentir ondas de glória e Sua presença
era quase palpável. Começamos a cantar corinhos, coisas que somente às pessoas de
idade sabem e conservam com tanta beleza. Não orei nada, mas de repente, aquele
irmão que se encontrava acamado por seus males, levantou caminhando, vendo,
gritando, louvando o nosso Senhor Jesus Cristo, sem intervenção de um homem. Era a
presença maravilhosa de Jesus. Caminhava e apontava para as pessoas, dizendo: "seu
vestido é de tal cor, seu cabelo é de tal cor"; numa alegria indescritível. Desde aquele
dia, nós não tivemos mais problemas com gente, mas com o templo — um templo que
pudesse abrigar todas as pessoas que assim o desejassem e cada vez mais. Deus fez uma
obra maravilhosa. Em todo o Uruguai Deus tem feito obras maravilhosas. Tantos anos
ali de trabalho, de paciência e parecia nunca vir uma resposta. Mas quando o Senhor
começou a fazer a sua obra, o que nós não podemos fazer em anos, o Senhor pode fazer
num dia. De maneira que eu, quando reconheci que não poderia fazer mais nada,
entreguei nas mãos de Jesus. Disse-lhe: "Somente o Senhor poderá fazê-lo". E ele fez. é
que muitas vezes, meus queridos irmãos, tratamos de nos esforçar até fora de nossos
limites, não dando a oportunidade ao nosso Senhor para que Ele realize suas obras. Mas
a coisa interessante é que como Deus tinha dado esta demonstração tão marcante de sua
presença, senti no meu coração e na minha alma que era chegada a hora de deixar o
Uruguai e partir para outros lugares do mundo. Houve então uma reunião do ministério
em Montevidéu e tinha um missionário que havia chegado há vários anos dos Estados
Unidos para trabalhar no Uruguai e então convidei-o para vir para Rocha pastorear
aquela igreja. Foi aí que meus irmãos missionários ficaram admirados e me
perguntavam o que eu tinha na cabeça que justamente agora que meus trabalhos
estavam dando os melhores frutos, eu iria partir. Expliquei-lhes então que é justamente
na hora desta colheita tão grande de nossos trabalhos, e quando eles estão sendo mais
abençoados é preciso ir. Não é por nós, mas sim, atendendo um chamado de Deus. Deus
nos manda ir embora, mas prosseguir. De maneira que nossos caminhos não são como
os caminhos do Senhor. Quando nós pertencemos a Deus, nós não somos de nós
mesmos. Às vezes, somos muito orgulhosos e estamos sempre com o eu na ponta da
língua: eu vou para tal lugar, eu não vou para tal lugar, eu fico ou eu não fico. Paulo
disse que "a vida que agora vivo, não sou eu quem vivo. Eu vivo na fé do Filho de Deus
que me amou e se entregou por mim. Para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho.
Sendo assim, por mim mesmo, gostaria de ficar no Uruguai e mesmo porque é um país
muito lindo, mas no meu interior eu sabia que tinha uma missão que Jesus tinha me
confiado e eu jamais seria feliz se não obedecesse ao Senhor. Em inglês há um hino que
diz: confiai e obedecei, porque não há outro caminho, não há outra maneira. Se quiser
ser feliz, deve confiar e obedecer. Nós não somos nós mesmos, nós pertencemos ao
Senhor e temos que obedecê-lo em tudo.

ETAPA DIFÍCIL

Bem. Saí do Uruguai e fui para Porto Alegre me reunir com o ministério da igreja.
Expliquei aos que ali se encontravam reunidos que havia chegado a hora em que Deus
estava me enviando para outras terras, outros países e eu necessitava que um outro
missionário brasileiro fosse para o Uruguai, continuar as atividades que haviam sido
feitas por mim, embora tinha outro pastor em Rocha. Nesta época, todavia, o irmão Nils
Taranger se encontrava na Suécia, e o irmão que o substituía, me deu um solene Não.
Disse-me que tinha que ficar no Uruguai ou ficar aqui em Porto Alegre. Você nada tem
de conhecer outros países, outros mundos. Você quer crescer demais e se encontra
muito orgulhoso. Embora muito desapontado, procurei convencê-lo do contrário, e
vários pastores se empenharam de me ajudar naquele momento tão difícil, mas o
ministério se achava irredutível. E foi assim com o coração destroçado, obedeci e voltei
para o Uruguai. Não conseguia me conformar. Conversava com Jesus. Dizia: "Senhor,
faça alguma coisa!" E assim que cheguei ao Uruguai, escrevi uma carta urgente a Suécia
para o irmão Nils Taranger, dizendo que queria ir, mas se fosse estaria em
desobediência com o ministério porque eles não querem que eu vá. Que diz o irmão?
Dentro de 10 dias recebi a resposta. Me parecia incrível! A minha pergunta o irmão Nils
respondeu: "Deus está com o irmão, Deus dirige o irmão — vá sem medo. Deus irá
convosco. Acontece que o irmão Nils Taranger era o presidente do ministério e a alegria
que se instalou em mim era indescritível, pois vi que já não estaria desobedecendo ao
ministério.

INDO AOS CAMPOS DE MISSÕES COM BOLSOS VAZIOS

No Uruguai eu havia ido pela fé, de maneira que não tinha dinheiro. Só depois de oito
meses que me encontrava por aquele país, passei a receber mil cruzeiros por mês,
quantia que não dava nem para meu sustento alimentar, mesmo que fosse pão e leite
diariamente.

Queria ir aos Estados Unidos, ficar lá por um ano, aperfeiçoar meus estudos e meu
inglês para que pudesse sair melhor preparado pelo mundo.

Todos os domingos o cônsul brasileiro ia à igreja e quando acabou o nosso tempo de


confraternização, o cônsul veio felicitar-me por saber que deveria partir pelo mundo,
mas perguntou-me como e de que maneira iria fazer aquilo. Respondi-lhe simplesmente
que não sabia pois não contava com nenhum dinheiro. Foi então que ele me disse que
no dia seguinte sairia um avião da Força Aérea Brasileira para o Rio e que ele poderia
fazer com que eu fosse naquele vôo. E assim fui. Cheguei ao Rio de Janeiro, sem saber
como prosseguir se de avião, de navio e com menos de mil cruzeiros no bolso.
Chegando ao Rio, fui à igreja de São Cristóvão e pregava com todo o entusiasmo e a
força de minha juventude, sobre a obra missionária.
OUTRO ARROJADO PASSO DE FE AOS MUNDOS DESCONHECIDOS

Os irmãos ficaram muito impressionados e logo me perguntavam como iria eu atingir a


meta que tinha de chegar aos Estados Unidos. Minha resposta era sempre: não sei, mas
Deus há de me levar. Muitas coisas interessantes viriam a acontecer. O irmão Gabriel
Cavalcanti que era o presbítero da igreja de Porto Alegre e morava no Rio de Janeiro
me convidou para almoçar em sua casa. Foi um almoço muito bonito. Passamos horas
agradáveis e por fim, já era tempo de eu regressar à igreja de São Cristóvão, onde estava
hospedado. Ao acompanhar-me até o ponto do ônibus, eu creio que não tinha mais do
que o suficiente para a passagem de volta de Madureira à São Cristóvão. Nos
despedimos ali no ponto, mas de repente o irmão voltou ao meu encontro e me deu um
ou dois mil cruzeiros para que eu tivesse em meu bolso.

O COMEÇO DE UM MILAGRE

Quando cheguei à igreja de São Cristóvão havia um recado para que eu telefonasse para
o número anotado. Era do Ministro da Aeronáutica. Ele me disse: "Reverendo, eu não
entendo, mas amanhã tem um avião da FAB que sai daqui para os Estados Unidos levar
uns capitães e pilotos para trazer outro avião, e se o senhor quiser ir junto eu posso
acomodar o irmão naquele vôo." Não é um milagre?...

No dia seguinte, às cinco da manhã, me encontrava no aeroporto do Galeão. Não


pudemos voar, porque veio um vendaval e quebrou a asa do avião, mesmo antes de
decolar. A informação que tive é que tinham que providenciar um outro avião para o dia
seguinte. Assim foi feito. No dia seguinte lá estava eu outra vez no aeroporto, às sete da
manhã. Levantamos vôo e após meia hora, algo correu mal e tivemos que voltar. Um
dos capitães não queria mais ir — talvez superstição, mas ele tinha que ir, pois havia
sido nomeado pela FAB para ir e trazer outro avião. Ele se sentia infeliz toda a viagem e
dizia que já era a segunda tentativa de sairmos e cada vez acontecia alguma coisa. Então
eu lhe disse: Veja: todos temos que ter segurança. Agora mesmo, Deus está me
mandando para uma missão no mundo inteiro e eu estou neste avião e ele não pode cair,
porque tenho que terminar a missão que Deus me deus. Dai' por diante, já mais
descontraídos, falamos de Deus durante toda a viagem. Foi fantástico!

Finalmente, cheguei aos Estados Unidos. Era mês de janeiro e nos países do hemisfério
Norte, esta época é inverno. Neve. Só se via neve por todos os lugares e eu cheguei com
a roupa que costumamos vestir no Brasil, aonde estamos em pleno verão. Não sei como
não peguei uma pneumonia tal o frio e nem sei mesmo como não morri

OUTRA PROVA QUASE INSUPORTÁVEL

De todas as maneiras ao chegar, comecei imediatamente minha missão outra vez,


visitando todos os lares, indo para as praças, para as ruas, para as estações de metro,
enfim, todos os lugares. Pregava o evangelho nas igrejas. Mas... Sempre existe alguma
coisa de peculiar nos povos e os irmãos daquele país. Me olhavam e não entendiam
como eu tão jovem poderia estar fazendo aquilo, mas eu lhes contestava logo com
tranqüilidade e alegria dizendo que aquilo era uma obra de Deus e tinha que ser feita e
eu estava ali para isto.

Passei a visitar também igrejas católicas, conventos, mosteiros. Falava para grupos de
irmãs de caridade, monges etc., com a intenção de mostrar-lhes a fome e a sede para
executar a obra que Deus lhes havia dado nas missões.

Já fazia quase um ano que estava nos Estados Unidos. Já havia me locomovido bastante,
tanto é que já conhecia o Canadá também. Mas um dia fui a Long Island. Entre muitas
casas que visitei, fui a um orfanato grande e bem cuidado. Bati à porta. Abriu-a um
padre dominicano e me perguntou o que eu desejava. Eu lhe disse que queria falar sobre
um assunto concernente a nosso Senhor Jesus Cristo. — "A nosso Senhor Jesus Cristo?"
— me perguntou. Eu disse: sim. — Entre, disse ele. Sentamos em seu escritório e
começamos a conversar.

— Pois bem, falou o dominicano, do que se trata?

— E que um dos problemas é que Jesus tem chamado tanta gente para fazer sua obra,
seu ministério e estas pessoas que têm recebido este apostolado estão aí sem representar
a Cristo. Estamos com fome, com dificuldades, não oramos, não pregamos não nos
sacrificamos como deveríamos fazer. Mas eu sou quase um leigo, mas o senhor é um
profissional no ministério. Aquela noite ficamos até as duas horas da manhã
conversando, mas aí já estávamos mais íntimos e.a nossa prosa passou a ser feita na
mesa da cozinha. E ali fomos ficando, porque ele me convidou para jantar e aceitei,
como uma boa oportunidade de ficarmos juntos. A certa hora da madrugada estávamos
os dois com as Bíblias abertas e ele começou a chorar e prosseguiu chorando feito
criança. Nas suas palavras, podíamos notar o aperto em seu coração, quando dizia com
as mãos levantadas: "Jesus, como podemos fazer isto que este pastor está dizendo?"

MILAGROSA RESPOSTA A ORAÇÃO

Era um monge que contava com seus sessenta e cinco anos de idade. Ele não me
conhecia, mas falamos tanto que ele acabou sabendo que Deus estava me ocupando para
uma obra missionária para ir através de todo o mundo. Eu não queria dormir, ele
também não, mas era necessário um pouco de descanso. Preparou-me um quarto que
tinha e ali pude tirar umas poucas horas de sono. Às seis da manhã, ele bateu em minha
porta — "Pastor" — disse. "O café está na mesa". Ele mesmo havia feito o desjejum.
Enquanto tomávamos café, suas lágrimas caíam de seus olhos. Relembrando a nossa
conversa da noite, ele falou: "O senhor disse que vai sair para o redor do mundo e eu
gostaria de ajudá-lo de qualquer maneira. Quero pagar sua passagem! Por qual país vai
começar?" Eu sabia que ele tinha pouco a me oferecer. Não poderia fazer muita coisa,
pois também não tinha dinheiro, era um dominicano, portanto, com votos de pobreza.
Mas, pegou um papel e disse-me que escrevesse ali os países que estariam nesta etapa
da minha vida. Pois bem. Escrevi o nome de vinte e oito países. Ele pegou aquele papel,
ainda com lágrimas nos olhos e guardou para sí. No dia seguinte, ele foi a Nova York,
aonde me encontrava hospedado na casa de um pastor. Convidou para almoçar num
restaurante no centro desta grande metrópole. Qual não foi a minha surpresa quando ele
abriu sua pasta e tirou um grosso bilhete de passagens aéreas — ida e volta — com
todos os 28 países mencionados por mim e mais mil e quinhentos dólares em dinheiro
para meus gastos de viagem. Esta foi a minha primeira viagem missionária ao redor do
mundo, propiciada por um monge dominicano. Não sabia nem como agradecer, pois ele
devia ter usado algum tráfego de influência — influência muito grande para que aquilo
pudesse ter acontecido. Era um homem muito querido. Aonde se pode ver que isto não é
obra só dos homens, mas sim do espírito de Deus. Esta viagem foi simplesmente
maravilhosa e quem sabe, necessitaria de um outro volume, só para narrá-la. Mas quero
enfatizar aqui que o contato pessoal com o evangelho é muito importante e até hoje, não
deixo de visitar os lares por cada lugar onde passo.

MOCIDADE - A ESPERANÇA DO MUNDO EDO REINO DE DEUS

Em cada país que vou procuro influenciar muito a mocidade — ela é uma coisa preciosa
e precisa ser tratada com carinho e cuidado. Temos que nos importar com nossos jovens
e volto a insistir que é preciso orientá-los em direção a Nosso Senhor Jesus Cristo, o
mais cedo possível. Posso não ser muito jovem na idade, mas o sou de coração e de
espírito. A idade não influi, o que influi é aquele espírito que Deus tem posto nos nossos
corações para servir a Jesus. Muitas vezes, as pessoas que já têm a idade avançada e
conhece a Jesus por tantos anos, se tornam um pouco negligente talvez, e aquele
primeiro amor já tinha esfriado e já não contam com o entusiasmo de quando eram
jovens, mas é que o cansaço vem chegando e para alguns o peso da vida é bastante
grande. Ê por isto que precisamos manter a chama jovem que existe dentro de cada um
de nós e conservar os jovens sempre com este calor.

Mas voltando a esta primeira viagem ao redor do mundo, não poderia deixar de citar por
mais coisas que eu tivesse para contar em outra oportunidade, à visita que fiz nas terras
da Palestina. Fazer uma viagem deste porte e não chegar lá teria sido uma coisa
descabida. Cheguei ali, portanto, com dois propósitos: primeiramente eu queria
conhecer aqueles lugares, mesmo porque, minha mente já estava psicologicamente
dirigida para isto — as terras bíblicas, o Monte Calvário onde o Senhor Jesus deu sua
vida por nós, o Jardim de Getsêmani, onde Ele orou, o sepulcro vazio, não somente os
lugares relacionados com Cristo, mas com os profetas e os patriarcas, etc. Mas meu
primeiro propósito, era conhecer as terras do meu Senhor — as terras bíblicas e em
segundo lugar era comunicar o Evangelho. E Deus me deu a oportunidade de em todas
as terras bíblicas, inclusive o Egito, Síria, transmitir o evangelho de uma maneira que
poderíamos chamar de pessoal, de uma vez que as igrejas por estas terras são
extremamente pequenas.

EXTRAORDINÁRIA EXPERIÊNCIA

NAS TERRAS BÍBLICAS QUE


AFETOU MINHA VIDA INTEIRA

Uma das maiores experiências que tive foi quando passei por estas terras durante quase
um mês. Cheguei pela noite na cidade de Tel-Aviv e imediatamente segui para
Jerusalém — já era mais ou menos 11 horas da noite quando entrei em um hotel e a
janela do meu quarto dava para o muro de Jerusalém com a porta. Este, com aquelas
luzes que batiam sobre os murais e à direita, o Monte Calvário e a Cidade de Jerusalém.
Era a primeira vez que estava ali. Creio que não será difícil imaginar como me sentia —
uma alegria interior enorme, uma emoção que chegava às lágrimas. Não sou um cantor,
mas olhava para aquilo tudo e sentia uma imensa vontade de cantar, e cantava. Cantava
para mim mesmo: "Jerusalém, Jerusalém, Jerusalém e por que não dizer que era para
Deus também? Era uma emoção divina!

No dia seguinte pela manhã, o primeiro lugar que fui foi ao Monte Calvário. Me sentei
ali e li toda a história da crucificação. Depois desci ao jardim e fui à sepultura vazia de
Jesus, aonde entrei. Aquela sepultura está marcada como se estivesse queimada com
fogo, pela ação sobrenatural do fogo, quando os anjos desceram e as portas se abriram,
podemos ver as marcas esverdeadas do fogo que abriu aquelas portas. A sepultura vazia
está dividida em duas partes. Como aquela era a sepultura de José de Arimatéia, a
sepultura é muito curta. Tiveram que cavar nos pés da sepultura uma segunda parte para
que Jesus coubesse, pois ele era um homem muito muito alto. Entrei ali pela manhã
cedo e ali fiquei só. Em seguida à minha entrada, eu não pude fazer nada além de
chorar, pois a emoção tomava conta de mim e assim fiquei completamente entregue na
presença de Deus — era um mundo diferente. Existe lá, umas grades de ferro, que
divide esta parte, de onde puseram Jesus. Entrei ali, me deitei naquela sepultura no
mesmo lugar onde Jesus se deitou. Eu chorava, gritava, louvava a Deus. Não sei quanto
tempo fiquei por ali. Quando voltei a dar conta de mim, vi que não tinha notado o que
se passou a meu redor, pois o local se encontrava cheio de gente que fitava com os
olhos, às vezes até arregalados, na porta da entrada como que indagando: quem será esta
pessoa que se comporta assim? Um louco? Eram turistas que queriam entrar e com toda
razão estavam admirados.

Só sei que quando estava naquele jardim que eu saí daquela sepultura, muita coisa que
era de mim mesmo, ficou lá. Quando saí daquele local, tudo me parecia diferente.
Depois que os turistas foram embora, eu voltei e entrei lá para estar um pouco mais de
tempo só. Mas gostaria de dizer que cada vez que me reúno com meus irmãos, seja na
igreja, nos lares, ou em qualquer lugar, Jesus está conosco da mesma maneira que O
senti aquele dia naquela sepultura. A experiência, a emoção de estar nestes lugares é
fantástica! Depois disso, já estive lá cerca de umas quinze vezes mais e cada vez que
dou uma volta ao redor do mundo, trato de fazer uma parada ali, para um total descanso
e concentração espiritual.

EXPERIÊNCIA ESTRANHA E NERVOSA NO EGITO

Naquele tempo não se podia sair de Jerusalém e ir ao Egito, então tive que ir a outros
países e voltar ao Egito.
No Egito não se pode pregar o evangelho. E uma coisa horrível! Agora é que está
melhorando um pouquinho, mas o trabalho tem que ser sigiloso.

A praça principal é enorme. O Rio Nilo passa ao lado. Ali, há uma coisa muito
interessante e bastante significativa para seu povo — uma mesquita em cada uma de
suas esquinas, pois a religião que prevalece neste país é a muçulmana. E então este povo
faz a adoração de joelhos a Maomé, e enfim à religião que lhes pertence. Há uma
enorme movimentação de pessoas nesta praça. Da mesma maneira que eles estão ali
para fazer suas orações eu também queria estar nesta praça para comunicar o evangelho.
Meu hotel ficava perto, bem na parte central da cidade, de maneira que eu saía a pé e ia
à praça sempre com o fito de transmitir o evangelho de Cristo. Eu tinha que ser muito
rápido. Em cada canto da praça se reuniam ao redor de mim algumas dezenas de
pessoas e eu falava sobre o evangelho, sobre Jesus Cristo, invocava a bênção de Deus e
as graças a Deus sobre aquelas pessoas que ali se encontravam. Eram apenas alguns
minutos, antes que saísse para outra parte da praça, mas... Tinha que ser assim. Hão
podia atrair a atenção dos policiais. £ sabido o antagonismo que os muçulmanos e os
islâmicos têm pelo cristianismo, de modo que, a coisa era muito arriscada, haja visto
que em seu próprio livro o "Corão" diz"que quem matar um cristão estará fazendo um
serviço a Deus. Pecadores? Não. Eles têm aprendido assim, e assim seguem
sinceramente a vida inteira. Eu insistia na pregação até que via que seria de todo
conveniente que me recolhesse para meu hotel, de uma vez que já estava ameaçado de
ser preso pelos guardas locais. Quando estava caminhando, atravessando o parque veio
um desses sacerdotes maometanos com um facão grande — esses que parecem uma
foice. Ele tremia e gritava e chegou mesmo a encostar sua lâmina em meu pescoço e eu
a sentia, porque seu tremor era muito grande. Eu não entendia nada do que ele estava
querendo me dizer, pois se comunicava em árabe e eu não entendia árabe. Este encontro
foi terrível pois não sei o que ele queria fazer comigo — se me matar ou o que, eu fiquei
ali invocando a presença de Jesus, do Espírito Santo. Vieram outros sacerdotes e
ficaram ao meu redor. Falaram com ele. Foi pior. Ele falava, gritava e tremia mais
ainda e aquele facão parecia que a qualquer momento iria voar na minha direção.
Finalmente ele parou. Algumas pessoas agarraram-no pelo braço e tiraram o facão da
mão dele. Uma dessas pessoas falava francês e foi então que perguntei o que queria com
toda aquela exaltação. Disseram-me que queria matar-me, porque eu estava fazendo
coisas contra a lei e somente ali era permitido os seguidores de Maomé, ou seja, os
maometanos. Sua intenção era mesmo a de me matar, mas não matou. Graças a Deus.

E por estas andanças através do mundo, mais precisamente, através do cento e sessenta
e cinco países, há situações de todas as espécies — perigosas desagradáveis e enfim só a
graça de Deus, pode nos salvar destas horas difíceis e às vezes até amargas.

Gostaria de dizer com toda a experiência que possuo que a palavra de Deus não está
prisioneira. Eu mesmo posso dizer que dezenas de vezes, tenho sido detido, aprisionado,
posto no cárcere e recebido centenas de vezes, ameaças de morte mas ninguém,
ninguém pode sequer tocar na gente, se Deus não permitir. Muitas vezes ficamos
sabendo que tal e tal missionários morreram fora de seus países, na China, na África,
enfim ou em qualquer continente, mas creiam meus amados irmãos que se eles
estivessem em seus meio-ambientes, teriam falecido da mesma maneira. Talvez em um
acidente de automóvel ou outro tipo de coisa qualquer, ainda mais neste mundo de hoje,
onde a violência corre à solta. Não sabemos. . . A única coisa certa é que nenhum servo
de Deus é chamado antes de sua hora. Cada um de nós tem sua hora e seus minutos
marcados por Nosso Senhor. Temos, pois que entregar nossas vidas nas mãos de Deus,
confiantes, pois Deus tem sob seu controle, todas as situações.

MEU AVIÃO É APRISIONADO E SABOTADO ENQUANTO EU


PERMANEÇO NO XADREZ

Certa vez, num país do oeste da África cheguei por volta de umas sete e trinta da noite,
com meu avião. O povo dali me conhecia. 0 próprio presidente daquela nação me
conhecia. Antes, este país era uma nação livre; agora é uma nação comunista.
Naturalmente que sendo assim, qualquer tolerância para a prática do Cristianismo ou
qualquer outra religião é cortada imediatamente. Eu sabia que este país tinha mudado as
leis, mas toda a minha preocupação e a minha missão era a mesma ainda: pregar o
evangelho. Não quer dizer que se os homens que fecham a porta de um país para que
não se pratique mais tal religião, que Deus também tenha mudado de idéia. A
mensagem de Jesus é a mesma: "Ide, por todo mundo e pregai o evangelho a toda
criatura". A Bíblia também diz que devemos pregar em tempo e fora de tempo, de modo
que fui lá, continuar o meu trabalho missionário. Como já disse, cheguei pela noitinha, e
imediatamente pelo menos quinze militares com suas metralhadoras rodearam meu
avião. Levaram-me imediatamente para a prisão. Quando somos postos numa prisão
comunista e principalmente uma prisão comunista africana, temos que esquecer tudo no
mundo.

Você vai ficar lá cinco, dez, quinze, vinte, trinta anos completamente negligenciado,
mas... Eu sabia disto, pois tenho viajado em todos os países comunistas do mundo, daí o
meu conhecimento do sistema comunista. Era um pequeno quarto, de terra batida,
infestado de mosquitos com mais ou menos quinze prisioneiros africanos e não tinha
nenhuma espécie de higiene. Assim lá estava eu. Os familiares destes prisioneiros
traziam-lhes algumas comidas nas cascas de coco que formavam uma cumbuquinha. A
sujeira era indescritível e o calor insuportável. Como eles viram que ninguém trazia
nada para mim, eles me convidavam para partilhar de suas pequenas refeições. Eu não
podia. A falta de higiene me impedia de aceitar qualquer coisa, apesar da fome que
aumentava a cada minuto, mas sempre agradecia a eles.

QUANDO NÃO PODIA MAIS - O SENHOR ESTENDEU SUA MÃO E ME


SALVOU

Depois de cinco dias tinha chegado no meu limite. Ali estavam neste lugar, as pessoas
com malária, com febre, nestes lugares existem muita malária, sem comer, de pé, sem
dormir, já minha cabeça começava a dar voltas. Encontrava-me extremamente
desanimado e pensava: Senhor, como é que tu permites que teus servos passem por uma
coisa como esta? Tu tens todo o poder! Mas neste momento, por estranho que pareça,
pensei em Paulo e Silas que no cárcere cantavam hinos em louvor a Deus e os outros
presos escutavam. Não sei se a situação era mesma na prisão de Felipe. Mas eu, Senhor
já estou aqui quantos dias e nem sequer consigo sentir ânimo e força para louvar...
Nada!

Enquanto pensava assim completamente desanimado, um oficial abriu a porta da prisão,


acompanhado de uns soldados. Batendo os olhos sobre mim, perguntou aos
companheiros quem era eu — quem era aquele estrangeiro. Imediatamente me tiraram
dali e me levaram â frente daquele oficial que logo me inquiriu: — O que você está
fazendo aqui? — Por que o puseram na prisão? Ao que eu respondi: — Esta é a minha
pergunta: — eu queria perguntar ao Senhor por que me puseram aqui?

TRAGÉDIAS DAS TRAGÉDIAS O COMUNISMO DESTRUIDOR POSSUIU


ESTE PEQUENO PAIS

Não muito calmamente ele me dissera que eu sabia que havia estado lá antes e agora eu
não podia mais fazê-lo, pois tudo estava diferente e eu não poderia mais pregar o
evangelho em qualquer lugar daquele país. Então eu continuei a dialogar com ele: —
Tenho que ter um pouco de descanso, além do mais, já faz 5 dias que não como, estou
inconfortável e de barba grande. Mande-me para um hotel e se quiser, coloque um
militar para acompanhar-me, pois não vou sair e nem fugir, mas preciso alimentar-me e
descansar, insistia. Pois bem. Puseram-me num jeep militar e me levaram para um hotel.
Havia 2 militares me acompanhando — um ficava na porta de meu quarto e o outro na
porta principal de entrada do hotel. Tinha permissão de ir até a cafeteria, comer algo e
voltar para o hotel. Depois de dois dias, mandaram o jeep e me levaram ao escritório
deste mesmo oficial. Ali estavam meus pertences documentos, meu dinheiro e objetos
de uso pessoal.

Sem fazer nenhum rodeio, entregou-me um papel que se tratava da minha expulsão do
país e os termos ali redigidos, não deixaram de causar uma certa admiração. Estava
sendo acusado de ser um ministro do evangelho. Você é um perigo para a segurança da
nação e para a paz do público, portanto pedimos que deixe este país imediatamente, pela
fronteira mais perto. Puseram-me no jeep novamente e rumaram para o aeroporto.
Quando cheguei junto ao avião, abri a porta, mas senti um empurrão acompanhado de
palavras como: vá embora! Também era meu desejo sair dali o quanto antes. Liguei os
motores do avião e descobri que haviam sabotado o aparelho. Já que não haviam
conseguido me matar na prisão, eles queriam realmente que eu saísse com o avião e
caísse no mar. Quando descobri isto, parei o avião e desci. Tirei as capotas dos motores
e mostrei-lhes que haviam cortado fios e cabos das velas. Mas queriam que eu
prosseguisse assim mesmo. Foi então que me ocorreu dizer ao comandante do aeroporto
que fôssemos juntos. Mas altivamente me respondeu que era eu que tinha que ir. "E se
você não sair agora, não sai mais", disse ele. Olhei para ele com os militares em redor e
falei: Veja, eu prefiro sair daqui com este avião sabotado e cair lá no mar do que ficar
uma noite mais neste país que vocês entregaram ao diabo. Vocês conhecem o
evangelho. Vocês conhecem Cristo. Tenho estado aqui muitas vezes e vocês me
conhecem e conhecem meu trabalho. Vocês têm estado nas reuniões, mas vocês
entregaram este país ao comunismo. Vocês deram suas costas para Deus e já vocês
estão sofrendo, não existe mais alimento, a comida estará cada vez mais escassa; a
pobreza está horrível e isto é apenas a fumaça anunciando o fogo devorador que deverá
consumir o país de vocês. Mais do que nunca, é hora de se arrepender e converter a
Jesus. Meu Deus do céu! Por que é que fui falar nisso? Eles ficaram tão bravos, tão
enraivecidos que somente pela graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, não aconteceu nada
comigo. Entrei no avião e este estava com pouco combustível, mas felizmente eu levei
mais ou menos cerca de 30 minutos para alcançar a altitude de quatro mil pés ou seja,
aproximadamente mil e trezentos metros de altura. Como estes países a que estou me
referindo da costa oeste da África são pequenos, logo cheguei a um outro país.

Passaram-se seis meses. Continuei fazendo meu trabalho missionário na Nigéria, Togo,
Alto Volta Gana, Mali. Depois deste tempo, tomei meu avião e voltei para o país que
havia sido aprisionado. Aterrissei e imediatamente cerca de 15 militares rodeavam meu
avião e um deles me perguntou: — Pastor, você outra vez aqui? — Por que não? Não
sou um criminoso. Não fiz nada de mal a nenhum de vocês. Fui tratado pessimamente
como sabem, porque estava querendo o bem de sua nação — estava ajudando vocês.
Agora eu sou um turista, não vim aqui como pregador, como um missionário, mas
simplesmente como um turista e como tal, vocês não podem fazer nada comigo. Eles
riram com certo desdém e me disseram:

— Pastor, o senhor é forte, que contestei negativamente dizendo que Deus sim, é forte.

DE REGRESSO AO PAÍS PERSEGUIDOR POIS A ORDEM DO MESTRE


PERMANECIA E A MISSÃO NÃO ESTAVA CUMPRIDA

Depois disto, voltei lá uma infinidade de vezes. Lógico está que não podia pregar o
evangelho publicamente, mas continuei o ministério rezando nos lares e nos lugares
mais reclusos, com os grupos.

Eu tenho dito que não existe país fechado para o evangelho. Tenho pregado na China,
na Rússia e em tantos lugares e a ordem de Nosso Senhor hoje, é a mesma de quase dois
mil anos passados: "Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura." Nesses
países muçulmanos aonde não se supõe pregar o evangelho, também são nações onde
existem criaturas e na mensagem de Cristo está incluída estes países e estas pessoas
igualmente estão incluídas. China, índia, países africanos. Os perigos existem sim; as
dificuldades são inúmeras, mas quando a gente vê aquelas almas, aquele povo
convertendo-se a nosso Senhor Jesus Cristo, isto é uma recompensa maior do que
qualquer sacrifício que a gente possa fazer. Muitas pessoas pensam que é muito difícil
servir a Deus, mas é um engano. Quando estou conversando com um grupo de pessoas
ou mesmo pregando em alguma igreja, as pessoas me perguntam como posso suportar
tudo isto, pois se apresenta diante dos olhos e os ouvidos de quem vê e ouve, algo
dificílimo. Não é, posso afirmar; e até mesmo posso dizer que é fácil. Não é algo triste
nem difícil - pelo contrário, é alegre e fazemos com júbilo, com uma satisfação quase
que incontida, porque aquela alegria não vem da gente, mas vem de Deus e é por isto o
que muitas pessoas pensam que é difícil. E tão fácil!...

Dias atrás estava conversando com alguém que me fizera a seguinte pergunta: como
pode um cristão estar disposto a dar sua vida, criança entregando seus corpos para
serem queimados voluntariamente e ser lançados nos anfiteatros? Quando pensamos
antes e nos lembramos do capítulo 11 de Hebreus sobre os "Heróis da Fé", lemos que o
mundo não era digno destes sofrimentos. Quantas vezes vimos crianças sendo induzidas
a não acreditarem em Cristo e sendo prometido uma vida melhor sem Ele. Mas uma
dessas crianças entre várias que se entregavam por amor ao Cristo, respondeu a quem
lhe hasteava fogo em suas vestes e em toda palha que continha ao redor: — o vosso
fogo de vossa palha queima muito rápido e enquanto isto se faz, eu já estarei no céu
com o meu Cristo, mas conheço outro fogo que não se apaga e queima para sempre.
Então, para esta criança não foi difícil — ela achava fácil. O próprio Pedro quando foi
crucificado, pediu que o fizessem com a cabeça para baixo, por não se achar digno de o
ser feito como fizeram com Jesus, de cabeça para cima. Para ele, também não foi difícil.
Por vezes uma pessoa pode se achar pequena em sua fé, frágil em seu tamanho e pensar
que alguém pode vir e matar, se não renunciar a Cristo. Não tema! Jesus lhe dará a
graça e mostrará a sua presença de alguma maneira e para fazer tudo pela glória do
Senhor Jesus Cristo.

Às vezes as pessoas se perguntam por que aconteceu isto com aquele e não aconteceu
com o outro e ficam nestas indagações que parecem não ter fim. Mas é preciso crer,
meus irmãos em Cristo, que tudo está no plano de Deus.

FAZENDO MISSÕES APOSTÓLICAS NUM PAÍS EM GUERRA EL


SALVADOR

Há bem pouco tempo, estava eu em 'El Salvador. Como todos sabem, é um país da
América Central que está em Guerra contínua e nestes últimos três anos, mais de
cinqüenta e cinco mil pessoas tem sido mortas ali. E nestes últimos três meses, tenho
estado lá pelo menos umas vinte vezes, sem que nada me tenha passado. Muitas vezes,
para aterrissar meu avião, eu tinha que vir numa altitude de onze mil a doze mil pés e
descer bem em cima do aeroporto para que não levasse uma rajada de metralhadora.
Como tenho estado lá com bastante freqüência, dou sempre continuidade ao meu
trabalho, mesmo em meio da guerra — pregando, orando. No entanto, um irmão nosso
chegou lá e dentro de um ano e meio, mataram-no. Pastores têm perdido suas vidas,
missionários, idem, moços pertencentes ao escotismo. Na igreja em El Salvador, temos
um grupo muito bom de escoteiros e é sabido o quanto são prestativos no mundo
inteiro. Lá eles ajudam a recuar os mortos e prestam inúmeros serviços. Muitos destes
escoteiros têm sido mortos. Não sabemos por que Deus permite para um e não permite
para outros, mas Deus tem tudo isto sob controle.

Paulo mesmo disse que tudo que sucedia com ele contribuía para a extensão e a
vantagem do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo contribui para a glória de
Deus. De maneira que, qualquer atividade cristã “de que estejamos ocupados, Deus está
conosco e a misericórdia de Deus, nunca falha e isto nos ajuda a libertar do medo, do
receio e ter uma confiança total em Nosso Senhor Jesus Cristo.

O MILAGRE DA RESSURREIÇÃO E CURA DA MINHA MAE

Algumas pessoas têm me pedido se eu não poderia dar um testemunho das obras de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Acredito que tenha vários. Mas vou falar aqui de algo a que
vocês já estão familiarizados que é o início da nossa conversa, nas primeiras linhas
deste livro — minha mãe.

Quando os médicos disseram que não havia mais nada a fazer com sua enfermidade,
fiquei muito triste. Quando cheguei em casa pela noite, como sempre, ia ver como
minha mãe estava. Esta noite, ela estava em gemidos quase inconsciente e então chamei
rapidamente meus irmãos, cunhados, de maneira que a casa encheu-se de gente. Como
já sabíamos a opinião dos médicos, pensamos que somente um milagre de Deus poderia
salvá-la. Quando estávamos todos reunidos em redor de seu leito, minha mãe, também
num gesto quase inconsciente, deu adeus para nós com uma voz que mal podíamos
ouvir. Quando ela estava fazendo o gesto de despedida, teve como que uma convulsão e
para mim ela deixou de existir. Não respirava mais. Neste instante, virei-me para meus
familiares e disse-lhes:

— Tantas vezes tenho falado de Jesus para vocês e vocês têm recusado. A única
esperança para nós... é cristo! Por que vocês não se convertem? Ponham-se de joelhos,
clamem a Deus — Ele é Todo-Poderoso, Ele é a ressurreição, Ele é a vida, aquele que
crê nele, não pode ser confundido. Eu me ajoelhei ali ao lado de minha mãe, peguei a
sua mão sem vida e disse: — Senhor Jesus, mostre à minha gente que Tu és o mesmo,
ontem, hoje e sempre. Mostra a eles que Tu és o verdadeiro Cristo, salvador do mundo,
que Tu és a ressurreição, que tu fazes hoje os mesmos milagres que fazias quando
andavas nesta terra. Enquanto eu orava eu senti uma força na mão de minha mãe, ela
sentou-se na cama completamente curada, como se nunca estivesse estado doente.
Todos ali presentes choravam, não de tristeza por que nossa mãe tinha partido, mas de
emoção de ver o poder de Deus. Sentada na cama, minha mãe tratava de acalmar a todos
dizendo — não chorem, não chorem eu estou bem.

A partir dali todos se converteram a nosso Senhor Jesus Cristo. Isto já faz 34 anos e até
hoje minha mãe está viva e nunca mais ficou enferma, daquelas doenças. Meu pai
continuava rebelde. Parecia que não queria entregar seu coração a Cristo!

O PODER DA PALAVRA DE DEUS EA ORAÇÃO

Um dia, ia saindo para Palmeira das Missões, mas não sabia quanto tempo ia me
demorar — talvez alguns meses, então resolvi reunir toda minha família — pais,
irmãos, irmãs, enfim, todos. Li a Bíblia — era o Salmo 91; Meu pai não quis estar
presente nesta reunião e se trancou no quarto. Depois que fiz uma oração e me despedi
de todos, bati no quarto e disse:
— Pai eu quero lhe dar um abraço antes de sair. Não houve resposta. Insisti. Silêncio.
Eu teria que ir sem dar um abraço a meu pai ou abrir a porta à força para falar com ele.
Como o silêncio continuava eu meti meu ombro r\a porta que era fechada por uma
tranca e eis a cena que vi: meu pai em cima da cama, chorando, cie era tão orgulhoso
que não queria deixar que víssemos que Deus tinha entrado em seu coração. Então eu o
abracei e disse-lhe: Pai, vou orar agora para que Jesus lhe salve e lhe cure. Ele tinha
eczema, que lhe tomava desde o pescoço até os pés. Orei e fui embora. Depois de cinco
ou seis meses voltei para visitá-los. Não encontraria outro pai mais feliz na vida — feliz
e alegre, porque o Senhor Jesus o tinha curado completamente. Não havia vestígio de
sua enfermidade. E hoje está aí, vivo curado com seus 78 anos de idade, vivendo ao
lado de minha mãe. Graças a Deus. E assim, tudo que nós pedirmos ao Pai, em nome de
Nosso Senhor Jesus Cristo, ele o fará.

EU ERA ENFERMO E CURTO DE VISTA FUGI DO HOSPITAL

Uma coisa também aconteceu comigo. Desta vez, engraçada.

Quando eu era menino, vivia enfermo. Particularmente, a visão me era muito deficiente.
Ao terminar o dia, estava brincando, tinha que me sentar e esperar que os demais
terminassem de brincar para que me levassem para casa. Não enxergava direito pela
noite. Minha mãe sempre preocupada com as minhas doenças.

Um belo dia, de tantas vezes que ia à Santa Casa em Porto Alegre, iria ficar internado,
para submeter-me a uma operação de apêndice. Minha mãe chorava, pois era uma
operação, apesar de simples. Estava junto com minha mãe, quando deram-me aquela
roupa branca, fizeram com que eu me vestisse, fui levado ao quarto e ali eu me deitei.
Minha mãe foi embora. No outro dia pela manhã iam operar-me. Enquanto isto, no
hospital estavam fazendo os exames de rotina. Isto era numa segunda-feira, que em
Porto Alegre tinha o culto dos auxiliares. Sabendo disso e sabendo aonde estava a
minha roupa, levantei-me, vesti-me e fugi do Hospital para ir ao culto.

Cheguei para o pastor e disse que como sabia do culto, havia ido lá para que todos
orassem por mim e que Deus me curasse antes que chegasse a manhã do dia seguinte.
Muito admirado, o pastor me disse:

-- Meu filho, você fugiu do Hospital? — Bem, eu não disse para ninguém que sai' e
fugi.

Oraram ao Senhor. No dia seguinte, pela manhã fui ao hospital, acompanhando de


minha mãe.

CURADO OPERADO SEM SANGUE

E SEM DOR PELA DIVINA MÃO DO MESTRE

Quando cheguei, os médicos estavam muito bravos, ralhando comigo, dizendo como é
que eu era capaz de fazer uma coisa destas e se eu morresse, a culpa era deles e
mandaram-me de volta para minha cama. Pedi a eles que antes que isto acontecesse que
me examinassem novamente, pois eu sabia que estava curado. Contei-lhes que na noite
anterior eu havia ido à igreja e que os irmãos haviam orado por mim e que Jesus havia
me curado. Se eu não estivesse curado, me operaria. Eles pensaram que eu estivesse um
pouco fora de meu juízo normal. Conduziram-me até a mesa de exames, eu deitei e aí o
médico começou a me apalpar e eu não senti nada. Chamou outros médicos e
finalmente oito ou nove médicos ao meu redor e não encontraram nada. Mesmo com as
fichas em suas mãos, concluíram que eu não tinha que ser operado. Isto fazem 37 anos!
Nunca mais senti dor de coisa alguma. Podemos ver que nas coisas mínimas, somos
atendidos. Eu contava, pois com 13 anos.

De onde se vê que Nosso Senhor está sempre nos ajudando, independente de idade ou
local e sempre, nas mínimas coisas. Às vezes, não queremos pedir algo, por achar muito
simples, mas Deus nos ensinou a pedir: "Pedi e dar-se-vos-á." Até mesmo o pão nosso
de cada dia, temos o direito de pedir; as coisas mais ínfimas, por menores que sejam, o
Senhor Jesus está interessado em nós. Glória a Jesus!

UMA EXPERIÊNCIA NA RÚSSIA

Poderia relatar muitas experiências na Rússia de uma vez que estive por aquelas terras
uma série de vezes.

O meu propósito não é contar os costumes e os detalhes do pensamento de cada povo já


que cada um tem sua peculiaridade, mas relatar o que o Senhor Jesus tem feito por lá.

Muitas vezes perguntavam-me quantas vezes tinha estado na Rússia e eu respondia que
nenhuma vez. Mas... Por quê? 0 Senhor tem dado tantas voltas ao mundo e por que não
ir à Rússia?

— Por que o dia que eu for à Rússia, não quero ir só para dizer que estive lá; quero ir
com uma missão específica, com um propósito definido de fazer alguma coisa pelo
Senhor.

Foi a 1ª vez que estive na Rússia. Isto deve fazer 23 anos.

Eu estava na Ásia, no Oriente, Singapura; na China nacionalista, e de lá eu voei para


Nova Delhi, na índia era mês de outubro e o frio assolava o país. Aquela noite, a uma
hora da manhã, eu tomei um avião da Aeroflota para Moscou. Nesta viagem eu pedi ao
Senhor Jesus "Quero que o Senhor me dirija, que o Senhor me guie, não deixe que
nenhum poder contrário ao teu, exerça alguma influência sobre mim e impeça o que o
Senhor não queira que eu faça neste país." Aquele vôo de quase nove horas de Nova
Delhi até Moscou, foi seguramente um dos piores vôos que eu tive em toda minha vida.
0 serviço de bordo - aqueles comissários, nem sequer sorriam.

É muito agradável ter uma tripulação que seja amável e que torne qualquer percurso o
mais agradável possível, afinal, esta é a sua finalidade. Mas... Nada! Todos sérios e com
os semblantes sem nenhuma alegria. Eu só orava.
Pois bem. Quando desci daquele avião, fiz nova oração: "Tu tens dito que onde
pusermos a planta de nosso pé é nosso este lugar, tu nos dás este lugar. Eu estou
pedindo que me entregue este país que é a Rússia e me dirija aqui. Quando se vai a uma
nação como esta, temos que pagar o hotel, antes mesmo de entrar naquele país.

Já no aeroporto, me fizeram esperar uma hora, uma hora e meia antes que eu
encontrasse um transporte dizendo que eu estaria autorizado a deixar o aeroporto pelas
autoridades e ir para o hotel. Primeiro tive que parar ali e protestar, mas protestar
veementemente. Eu disse "Senhor... faz uma hora e meia que estou esperando para sair
daqui e eu pedi que não deixasse nenhuma espécie de poder se apoderar de mim nestas
terras". Chamei uns policiais que estavam ali e eles vieram ao meu encontro. Mas muita
gente também esperava e logo se reuniram ao meu redor, sem saber para onde ir. Olhei-
os de frente e pedi que me explicassem o porquê de estarem fazendo a mim e a todos
esperar todo este tempo para sair do recinto do aeroporto. Insistentemente, um deles me
respondeu:

— Você tem que esperar como todo mundo e, por favor, cale a sua boca!

NA CRISE UMA OUSADIA E UNÇÃO

ME LEVANTOU A FALAR

— Olhe, em todos os lugares do mundo que tenho viajado, jamais tenho tido um
tratamento como acabo de receber aqui e vocês fazem tudo isto, porque vocês não
conhecem Deus e por isto estão sofrendo e fazendo outros sofrerem. Vocês estão
totalmente entregues ao comunismo, ao que vocês chamam comumente de paraíso
soviético. E comecei a falar. Naturalmente, isto só aumentou a ira deles que veio contra
mim e queriam agarrar-me.

— Se vocês me tocarem, disse, eu não serem responsável pelas coisas que acontecerão a
vocês. Falei com toda a autoridade. Em seguida, tiraram suas mãos e foram para trás. Eu
queria parar de falar, porque sabia das circunstâncias que ali eram regidas e mesmo
porque, seria a coisa mais prudente que poderia fazer. Talvez até estivesse me
arriscando a ser mandado para a Sibéria e esquecido até o fim da minha vida. Queria
parar, é certo, mas uma força sobrenatural me impulsionava a continuar e segui falando.
Então eles viram que de nada adiantava me segurar. Depois que eu terminei, disse:

— Consigam-me imediatamente um transporte que possa me levar até o hotel. Quando


cheguei no saguão do hotel, estava cheio de gente. Muitas mesinhas e em cada uma
delas, um oficial. O local era grande e havia gente sentada nos sofás, nas poltronas, nas
cadeiras, até mesmo em cima das malas. Eram turistas de todas as partes do mundo —
pessoas que haviam pago com antecedência todas suas despesas de hotel e pensão. Eu
tinha chegado do aeroporto e lá tive aquela demonstração fazendo com que eles
soubessem que existe uma força e um poder sobrenatural sobre qualquer país ou todos
os países juntos.

Depositei minhas malas ali e perguntei aonde estava o meu quarto.


— Para começar, disseram, você tem que esperar que toda esta gente se acomode
primeiro.

— Oh! Não, eu não espero. Aí comecei outra vez a pregar. Queria parar, mas não podia.
Era uma missão. Sentia como estivesse com fogo dos pés à cabeça e comecei a falar e a
falar e aquelas pessoas que estavam quase dormindo, sentada ali, abriram os olhos e
pensavam que eu estivesse louco.

— É este o paraíso soviético que vocês fazem propaganda em todo o mundo?


Continuava a falar sobre Deus e indagava — por que vocês deram suas costas a Deus?
Como todos podem imaginar, eu estava dando motivos para que me achassem um
louco, pois ninguém se atreveria a falar daquela maneira na Rússia. Não sei por quanto
tempo falei. Talvez por uns quinze, vinte minutos talvez. Quiseram parar-me. Veio um
oficial que era uma senhora, pois pensavam que assim eu teria respeito muito especial
por ela. Veio e colocou seu dedo em riste quase sobre o meu nariz e mandaram que eu
calasse com ameaças de prisão.

É você quem vai calar a sua boca agora e ouça as palavras de Deus! E segui falando.
Todos pensavam que realmente eu estava louco. Finalmente, quando eu pude parar
tomaram minhas malas e me levaram para meu quarto. Imagine só!

Cheguei às cinco e trinta da manhã no aeroporto e já eram três horas da tarde! Quando
entrei no meu quarto, deixei minhas malas e saí para fora. O policial me avisara que às
sete horas da manhã, um automóvel passaria para recorrer-me para um turismo pela
cidade de Moscou.

FUI À RÚSSIA COM UMA MISSÃO ESPECIFICA

Mas... Eu não fui lá para fazer turismo, tão pouco fui para ver aquilo que eles queriam
que eu visse. Eu fui lá para representar Cristo, fui para falar em Jesus. De maneira que
aquela noite mesma, lá pelas dezoito e trinta, tomei um ônibus e fui até o fim da linha.
Tomei outro e fui também até o seu final. Como sempre, falando com o povo,
conversando a respeito de Cristo. Quando voltei ao meu hotel, deveria ser por volta de
dez da noite, fui direto ao meu quarto para dormir. Fechei a porta com a chave, mas não
a tirei da fechadura. Não sei precisar exatamente que horas seriam, mas calculo que
deveriam ser duas horas da manhã. Estava muito cansado, pois o dia tinha sido dos mais
agitados com aquela atividade toda. Estava já dormindo profundamente quando de
repente eu acordo com cinco pessoas vestidas de branco dentro do meu quarto. Não
pensem que eram anjos, não.

Eram 2 médicos e 3 enfermeiras com suas respectivas malinhas! Quando olhei, um


pouco assustado, vi que um deles tinha um injeção na mão.

— Que está acontecendo?

— Não, não fale. Você está muito doente. Nós vamos levar você para o hospital.
— Antes de vocês me levarem para um hospital eu quero uma explicação como que
vocês entraram no meu quarto, assim, sem mais nem menos?

— Não fale, você é responsabilidade nossa.

— Eu não vou a nenhum hospital, eu não estou enfermo e eu quero uma explicação.
Como que vocês podem fazer isto?

— De uma vez que você está aqui, você está sob nossa responsabilidade, insistiam. Se
alguma coisa acontecer com você, a responsabilidade é totalmente nossa. Eu disse:

— Olhe, ninguém é responsável por mim. Somente Deus e eu mesmo, e fiquem sabendo
que não vou sair daqui e, por favor, saiam, porque este aqui é o meu quarto.

— Mas não podemos sair sem levar você. Quem é você?

— Vocês estão me perguntando uma coisa que vocês têm a certeza de quem sou, e eu
começo a pensar que nem médicos vocês são; na verdade me parecem espiões ou
agentes secretos e além do mais, vocês têm conhecimento de que eu sou um pregador
do evangelho e também que eu vim aqui com uma missão. O que vocês pensam que
podem fazer?

— Você não pode vir ao nosso país e falar da maneira como fala.

— Por que não? Alguém tem que contar a vocês a verdade. Jesus disse: "Conhecereis a
verdade e a verdade vos libertará", e se vocês não conhecem Cristo, vocês serão cada
vez mais escravos e não existe mais esperanças para vocês. E falava e falava com eles e
para eles. Finalmente eles me deixaram falando, e foram embora.

DEUS NUNCA CHEGA TARDE

Não sei o que aconteceria se o Senhor não me despertasse a tempo. Talvez nem aquela
injeção, nunca me despertasse, mas aconteceu que c Senhor Jesus nunca chega tarde.

No dia seguinte, me levantei bem cedo e fui para frente do hotel, pegar o ônibus. As
pessoas lá vão para o trabalho muito cedinho. Os ônibus estavam repletos — cheios de
gente que entravam e saiam, das mais diferentes idades — desde moços, casais novos,
até pessoas com sessenta, setenta anos de idade. Fui até o fim da linha, onde haviam
fábricas muito grandes. Todo mundo caminhava para seu trabalho, mas não deixavam
de me olhar também, pensando talvez que eu fosse um inspetor, fazendo algum tipo de
vistoria.

Os trabalhadores param para fazer lanche. As filas são imensas. Nesta hora, eu estava
ali conversando com eles. Encontrei um grupo de jovens russos universitários que
deixaram seus trabalhos durante todo o tempo que estive la para acompanharem por
todos os lugares que passava, interpretar, ainda que compreendo bastante russo, mas me
seguiam pelas praças, nas casas, pregando o evangelho e eles traduziam fielmente a
mensagem que eu levava para o povo...
Logicamente, para se fazer isto, é necessário muito cuidado, pois os espiões estão
infiltrados em toda parte. Aqueles moços, porém eram diferentes — gente, que na
verdade, Jesus tinha tocado no seu coração. Eu me lembro também, a última vez que eu
vi dois jovens da universidade — aqueles moços, nunca me deixaram durante todo o
tempo que estava lá. Um dia antes de eu sair de Moscou, um destes jovens chorava e
chorava e me dizia entre soluços:

MOMENTOS DE EMOÇÃO

Pastor venha de novo. Oxalá tivéssemos mais gente aqui para nos falar e intensificar
desta salvação que o senhor nos falou. Precisamos realmente. Em seguida, colocou
dinheiro na minha mão.

— Não, por favor, disse.

— Por favor, pastor, aceite. Este dinheiro não pode gastar aqui. Nós podemos morrer de
fome com dinheiro no bolso. Isto é para ajudar sua missão. Era uma quantia equivalente
a quinhentos dólares. Era uma quantia enorme de dinheiro, mas eu não podia tirar este
dinheiro do país, de maneira que todo o tempo extra que lá estive minha estadia foi
suprida por esta juventude da universidade. Sendo assim, não gastei nada de minhas
economias. Nem um centavo.

TENHO QUE PERMANECER NO PAÍS

CONTRA OS PROTESTOS DO GOVERNO

Antes de sair do país, fui ao meu quarto e disse: - Senhor, eu sinto que não terminei o
meu trabalho. Gostaria de ficar mais tempo. E não se pode fazer isto, pois meu visto de
entrada havia expirado. Decidi ficar. Era de manhã. Caminhei para aquelas pequenas
mesas onde estavam os oficiais sentados, e desta vez, calma e educadamente me
perguntaram o que eu desejava naquele momento. Penso que eles estavam temerosos de
um outro sermão.

— Gostaria que meu visto se extendesse por uma semana mais.

— Impossível, disse-me. Você tem que voltar para seu país e pedir novo visto.

— Não, não, é impossível. Em todos os países que vou, tenho direito de escolher
quantos dias e quantas semanas quero permanecer. Aqui quero apenas mais uma
semana, porque aqui é diferente.

— Uma semana mais?

Ali mesmo se arrumou isto. Pediram meu passaporte e eu fui atendido. Aqueles jovens
da universidade, quando souberam que ficaria por mais uns dias, ficaram muito
contentes e passaram novamente a me acompanhar. íamos para a praça do Kremlin e eu
fazia pequenos sermões. Era questão de um ou dois minutos em cada canto da praça, ali
começava outro sermão; tudo porque não se pode fazer este tipo de coisas lá.
Eu me lembro que pedi ao Senhor que me desse a Rússia, então a Rússia era minha.
Não havia nada que eles pudessem fazer. Nós podemos pedir nossa cidade, nosso
Estado, nosso país, as nações. Muitas vezes se não temos, é porque não pedimos. E se
pedimos e não temos é porque não pedimos com sabedoria, com honestidade e com
justiça. Mas quando se pede algo sabiamente, honestamente e justamente para a
extensão do reino de Deus, Ele nos atenderá.

Passei àquela semana sem nenhum incidente. Tenho passado outras vezes por lá e tenho
estado detido e mesmo aprisionado, mas nunca a palavra de Deus ficou presa. 0 Espírito
Santo seguiu fazendo a sua obra. Não há nada impossível para Deus e para aqueles que
crêem, a nossa fé e o poder de Deus são duas forças poderosas que removem
montanhas, como diz a Bíblia.

CUBA AMARGA REALIDADE COMUNISTA

Fazem vinte e quatro anos quando Cuba foi tomada. Fidel Castro enganou muito bem o
povo. No princípio todos pensavam que ele iria ser bom e conseqüentemente fazer um
bom governo. O que o povo não sabia era que suas ideologias já eram comunistas.
Realmente eu não sei o que Deus tem em seus planos e no seu calendário, que quando
há uma revolução, uma guerra, um desastre, um terremoto, Ele vê que eu estou no meio
disto tudo.

Com a graça de Deus, temos sido abençoados aqui no Brasil por nunca termos tido um
terremoto. Eu já estive em oito deles. Qualquer pessoa que tenha assistido a um deles,
nunca mais quer estar neste acontecimento. Estive em terremotos que têm destruídos
edifícios, a metade da cidade, milhares de pessoas mortas, nos diversos continentes e eu
já vi tudo isto. Uma vez, estava no nono andar de um edifício.

Nestes momentos, quando as pessoas estão em pânico, em sofrimento, feridas, em


desespero, perdendo seus bens materiais, perdendo vidas, são exatamente aonde se
necessita mais de orações é as mensagens de Cristo. Apesar de ter visto todas estas
coisas bem de perto, eu jamais tive um arranhão em meus dedos. Por que isto acontece?
Eu não sei. Muitos são feridos, muitos morrem nestes lugares, mas Deus tem nos
protegido.

Há vinte e quatro anos atrás, quando Castro tomou Cuba, eu estava ali no aeroporto,
superlotado de gente que estava chorando, em pânico, em franco desespero porque eles
sabiam que iam morrer, sendo assassinados. Os soldados também sabiam. Em redor de
mim estavam centenas de pessoas que não tinham mais esperança de vida, eles queriam
fugir do país, mas não podiam. Choravam, caíam e desmaiavam. Foi então que comecei
a falar com eles. Orava por eles. Foi então que os soldados vieram e me seguraram com
violência.

— O que você está fazendo aí? — Cale-se! Você vai para o calabouço primeiro.

— Esta gente está sofrendo como você e não sabem o rumo que vão tomar seus filhos,
suas famílias, suas próprias vidas e eu sou um ministro de Cristo. Minha
responsabilidade é orar por estas pessoas, consolá-las, ajudá-las, levar a palavra de
Deus. Esta é a minha missão, infelizmente, muito pouca gente dos que estavam lá,
sobreviveu, a maior parte, pereceu. Mas, o importante é que Deus quer que a luz do
evangelho resplandeça em todos os lugares, em todas as terras. A vontade de Deus é que
todos sejam salvos e que nenhum se perca.

A última vez que tive em Cuba — isto faz três anos somente — mandei cerca de cinco
telegramas para aeronáutica civil e para o governo de Cuba pedindo permissão para
aterrissar com meu avião. Não obtive nenhuma resposta de Havana. Voei então para o
México, deixei meu avião neste país e tomei um avião de linha comercial para Havana.
Chegamos lá às 7,30 horas da noite. No aeroporto, entrei na fila de imigração, aonde
todos os passageiros teriam que apresentar seus passaportes. Quando chegou a minha
vez, me disseram:

— Você não tem visto de entrada e por isto você não pode entrar no país. Você tem que
voltar, no próximo avião.

Aquela mesma unção que senti na Rússia, estava sobre mim.

— Quem disse ao senhor que eu não posso entrar?

— Eu que estou dizendo: você sabe quem eu sou?

— Quem você é?

— Eu sou um representante de Cristo. Deus me mandou aqui com uma missão.

— Você tem que ir embora no próximo avião.

— Se vocês me puserem naquele avião, amanhã, antes do anoitecer, todo mundo vai
saber por que vocês me colocaram naquele avião. — Por que eu não posso ficar neste
país? Cento e sessenta e cinco países do mundo eu tenho entrado livremente, entrado e
saído à hora que eu quero. Por que vocês querem que eu vá embora? Terão alguma
razão? Se vocês fizerem isto, vocês vão sofrer.

Pegaram meu passaporte e me deram um endereço para nos encontrar no dia seguinte
pela manhã, às 8 horas.

INTERROGATÓRIOS MALÉFICOS - PORÉM JESUS FOI VITORIOSO

Quando fui lá, tinham 5 oficiais cubanos à minha espera. Eu estava apreensivo, porque
estavam com meu passaporte que tinha visto de quase todo o mundo.

— Quem é você? — me interrogaram.

— Eu sou um turista, um turista livre, um homem livre e que pode viajar para qualquer
lugar que queira e estou aqui com uma missão.

— E qual é a sua missão?


— Eu já lhes disse que sou um turista livre.

Deixaram-me até o meio-dia ali. A esta hora me chamaram outra vez.

— Vamos lhe dar somente quatro dias para ficar no país e você não pode sair da capital
de Havana.

— Não senhor. Não estou de acordo. Eu não vim aqui para ficar quatro dias e limitado a
estar na capital. Quero ter livre acesso a qualquer lugar do país que queira ir, sem
nenhuma limitação.

Olharam para mim sem muita satisfação.

— Então vamos lhe dar permissão para quatro dias somente.

— Não aceito. 0 mínimo tem que ser doze dias para ficar aqui. E tiveram que ceder.

Quando saí dali, a primeira coisa que me ocorreu foi ir a uma igreja. Eu sabia aonde ela
se localizava, mas as autoridades não podiam me ver entrando ali. Tudo tinha que ser
feito secretamente. Há duas quadras desta igreja havia um hospital. Então, tomei um
táxi e pedi que me levasse ao hospital, mas não era dia de visitas. Dirijo-me aos quartos,
falei com os enfermos, pus minhas mãos sobre suas cabeças, abençoei-os no nome de
Jesus, depois saí, andei por outra rua, e cheguei na igreja. Ninguém sabia que eu iria à
Cuba. Nem o pastor. Não se diz nada. Talvez fizesse menos de meia hora que me
encontrava na igreja e já éramos vinte e cinco pastores reunidos. Estes pastores
chorando, mostravam-me aquelas cartinhas que a cada quinze dias dão direito a comprar
uma miséria de alimentação. A fome já assolava o país. Os filhos daqueles que criam
em Deus não podiam estudar, os adultos não podiam trabalhar, quando eram
reconhecidos como tal, tiravam-lhes a pequena carteira e nem alimentos poderiam
conseguir mais a cada quinzena. Os pastores disseram a mim que não havia o que fazer.

EMOÇÕES, LÁGRIMAS – BEM AVENTURADO

OS QUE CHORAM - CHORAM COM OS QUE CHORAM

Demos as mãos e não pude conter minhas lágrimas diante daqueles irmãos. Oramos e eu
chorei também.

No dia seguinte, fui a Olguin, local onde se encontra a base russa. Cheguei e fui à casa
do pastor da igreja, mas ele não estava e sua esposa e filha me levaram à casa de um
pastor batista. Isto não é uma maravilha? 0 rótulo não importa; eles sabiam o que era
amor, o que era união. Lá no céu as igrejas não estão discriminadas - igreja batista,
metodista, católica. São nossos nomes que estão registrados aqui e não o nome das
igrejas. Nos países que há sofrimento não há separações, não existe esta estória de você
ser pente-costal e eu ser batista, de ser católico e o outro protestante. O amor, a união e
a fraternidade reinam com toda sua intensidade. É uma beleza!
Quando cheguei à casa deste irmão batista, fiquei surpreso com sua aparência pequena e
franzina, abraçou-me com um abraço carinhoso, como sempre tivesse me conhecido.
Nunca o havia visto antes. Suas lágrimas eram visíveis.

Devia ser urna e meia da tarde e até às quatro horas ficamos ali, animando aqueles
irmãos. Havia pelo menos cem pessoas dentro daquela casa, pastores da Assembléia de
Deus, Metodista, Presbiteriana. Luterana porque a notícia que um evangelista estava ali
correu de fato, muito rápido. Orávamos e compartilhávamos daqueles momentos...
Aquela simplicidade, aquela fé.

O pastor batista virou-se para mim e disse:

— Irmão Argemiro, hoje não é dia de culto, mas se o irmão concordar em nos ministrar
esta noite, nós vamos espalhar a notícia secretamente e dizer que teremos um culto.

— Não, irmão. O irmão Argemiro não pode. Ele é estrangeiro e se ele falar, o partido
irá levá-lo e, com ele, todos nós.

Com lágrimas nos olhos, o irmão batista disse que se eu aceitasse o risco, eles
aceitariam juntos.

— Irmãos, falei, eu estou aqui para ser uma bênção para vocês, estou aqui para
ministrar à igreja, ministrar o povo. Nós vamos pregar em nome de Jesus.

MILAGRES DO ESPÍRITO SANTO DE DEUS

As ruas nesta cidade são muito estreitas e de espaço em espaço há inspetores que ficam
sabendo de tudo que se passa. O risco era grande.

Às sete da noite, fomos para lá. Já a calçada estava cheia de gente. E isto não é
permitido. Teríamos que fazer tudo à portas fechadas.

Comecei a falar e não a pregar porque em situações como esta, temos que ministrar,
falar como Jesus dirige a gente e Deus manifesta o seu poder. Tive que repetir muitas
vezes o que dizia, pois as lágrimas me cegavam e eu não conseguia ver os espectadores.
Meu coração estava apertado, mas cheio de amor. Os inspetores vieram para nos levar,
as pessoas lá presentes os conheciam. Eles vieram para prender os servos de Deus,
mas o Senhor Jesus prendeu-os primeiro. E durante todo tempo que estive em Cuba,
nunca fui aprisionado, não porque não houvesse chance, mas porque Deus nos
protegeu! O Deus que nós seguimos é um Deus poderoso.

Conto estas experiências para demonstrar duplamente a proteção de Deus sobre nós, a
proteção de Deus sobre seu povo que está sofrendo e para que possamos ver que tudo
está sob o controle de Deus. Só Jesus é Todo-Poderoso. É quem tem o controle de nosso
espírito, de nossas vidas, é Deus. Lembro-me aqui, que Jó, o patriarca foi tentado e
provado somente onde Deus permitiu. Deus é sempre fiel.

AFRICA CONTINENTE MISTERIOSO, PORÉM


ABALADO COM O PODER DO EVANGELHO

No continente africano, como todos sabem, reina o islamismo. Os islamitas dominam na


África. A meu ver, o islamismo é tão antagônico ao evangelho de Cristo, como o
comunismo. Mas naquele continente existem milhões e milhões de almas. À parte disto,
temos as religiões nativas. Para exemplificar, poderia dizer que é bem próximo ao tipo
de macumba, da umbanda existente no Brasil, é originário do continente africano, é
mais normal do que se possa imaginar. Quando estamos trabalhando lá, vemos isto fazer
parte do cotidiano.

A primeira campanha que fiz na África foi na cidade de Lagos, capital da Nigéria.
Cinco dias antes de iniciar esta campanha, autoridades vieram ao apartamento do hotel
em que estava e disseram que eu teria menos de vinte e quatro horas para deixar o país.
Naturalmente que as autoridades eram muçulmanas. Apresentaram vários papéis. Outra
vez tive que me valer daquela firmeza e autoridade que Deus nos deu — não temer, mas
falar firme que nenhum homem poderá nos enfrentar. "Como fui com Moisés, assim
serei contigo, não te deixarei, e nem te desampararei. Todo lugar que pisar a planta do
vosso pé, será vosso".

Quando as autoridades se aproximaram — eram quatro — os pastores disseram:

— Irmão Argemiro, temos que ir embora.

— Não, não vamos embora — isto na presença das autoridades. Eu disse às autoridades;

EXPULSO DO PAÍS - MAS COM A

AUTORIDADE DE DEUS RECUSEI DE SAIR. DEUS OBROU

— Vocês vêm aqui cinco dias antes da campanha, dizendo que eu tenho que ir embora.
Quase todo país está enteirado desta campanha — jornais, revistas, televisão, pessoas
que vêm de algumas centenas de quilômetros de distância, vêm aqui para ser ajudados,
para receber oração, para a cura divina e outros problemas que pessoas necessitadas
possuem e, se vocês querem que eu vá embora, toda esta gente virá aqui e vão deparar
com a ausência da campanha, e eu terei que instruir meus irmãos pastores para dizerem
porque não estou aqui e isto vai causar uma revolução. Este povo africano vai voltar-se
contra vocês, porque na verdade vocês estão impedindo que eles recebam a bênção de
Deus.

Finalmente, depois de muita discussão, eles me disseram que eu ficasse só o dia da


campanha, mas não deveria pregar. 0 que deveria fazer era uma oração rápida, pedindo
que toda a multidão voltasse para suas casas. Eu disse:

— Eu não posso fazer isto, porque estarei traindo o seu próprio povo e estarei
impedindo este mesmo povo de receber as bênçãos de Deus. Como podem vocês
africanos da Nigéria fazer isto a seus irmãos que vêm de longe trazendo crianças
necessitadas?
Eles viram que não havia outra solução a não ser nos deixar lá. Falaram:

— Você tem que sair daqui assim que termine a campanha.

— Não tem problema, termino a campanha domingo, e segunda-feira irei embora.

Nesta campanha em Lagos, nós tínhamos na primeira noite, mais de vinte mil pessoas
reunidas. No domingo que terminei a campanha havia mais de setenta e cinco mil
pessoas naquele parque. Deus mostrou todo seu poder. Sacerdotes muçulmanos
receberam milagres de Deus. Muita gente cega (os sacerdotes ficam muitas horas
adorando o céu e o sol e ficam cegos, às vezes). Vários sacerdotes e muçulmanos foram
curados de suas cegueiras. Deus abriu os seus olhos. Se converteram a Cristo.
Paralíticos e todos os tipos de enfermidades foram curados, e, os agentes do governo
estavam lá com gravadores, para acusarem-me de que seria um revolucionário, e para
com mais razão tirar-me do país. Toda aquela cidade foi abalada pelo poder de Deus.

“Segunda - feira de manhã”, eu saí do país e fui para o país de Benin, antes era Dahomé.
Aluguei um apartamento de um hotel muito simples e ali permaneci orando. Escrevi um
pequeno livro. Naquele tempo, só podia orar e estudar a palavra de Deus.

Tive uma surpresa: o governo da Nigéria que queria colocar-me fora do país antes
mesmo de eu começar a campanha, se comunicou com a embaixada da Nigéria naquele
país, pedindo ao embaixador que me encontrasse aonde estivesse, porque ele queria que
eu voltasse a Lagos, em vista do resultado maravilhoso que teve a campanha. Achou
que o povo tinha ficado mais tranqüilo e, coincidência ou não, o índice de violência e
criminalidade havia baixado até então.

BUSCA E ENCONTRO MARAVILHOSO DEUS E GLORIFICADO

Uma certa hora da noite, talvez fosse uma hora da manhã, o automóvel que estava
ocupando tinha a chapa da Nigéria. E eis que o secretário da embaixada, reconheceu, na
frente do hotel em que estava hospedado, a chapa e queria saber quem era que estava
com aquele veículo.

Entrou, aproximou-se da portaria e foi-se informar:

— Aí está o pastor Argemiro?

Ele não podia acreditar, pois faziam já duas semanas que me procurava sem nenhum
resultado. Mão se conteve. Foi ao meu quarto e bateu na porta:

— Quem é? Perguntei.

— Sou eu.
— Eu quem?

— Pastor, eu sou o secretário da embaixada da Nigéria. Eu tenho uma carta do governo


nigeriano, pedindo que o senhor volte, para pregar mais.

Então abri a porta. Em seguida fomos para a cafeteria do hotel e começamos a


conversar. Me contou o que havia dito ao bater em minha porta e me mostrou a carta.

No dia seguinte, pela manhã, ele veio até o hotel novamente com seu automóvel e me
tirou dali. Quis ele que eu ficasse no apartamento da casa da embaixada. Aí a situação
era muito diferente, o apartamento era cercado de todo o conforto, e tinha ar
condicionado e passei a viver como merece um servo de Deus. Dentro de uma semana,
estava de volta a Nigéria para uma outra grande campanha.

Depois de Lagos, comecei a ir de cidade por cidade por todos os lugares, enfim.

O que acontece é que nestes países muçulmanos, quando o poder de Deus fala tanto,
eles não entendem. Na cidade de Jos, ao norte da Nigéria, o poder de Deus era tanto,
que mal podíamos crer Nenhuma igreja existente ali, queria colaborar na campanha.
Eles tinham medo, porque se assim o fizessem, os muçulmanos queimariam a casa dos
cristãos e suas igrejas. A minha própria casa foi queimada por eles. De maneira que
nenhum pastor pregava. Ai deles se envolvessem nesta campanha. Havia muitos
missionários ali, mas somente ensinando nas escolas.

Eu trouxe um grupo de jovens de Lagos para Jos. Eles foram quem ajudaram na
preparação para a primeira campanha.

Na primeira noite da campanha não havia nenhum pastor na plataforma, porque se os


muçulmanos os vissem, no dia seguinte, conforme já expliquei, as igrejas estariam
queimadas. Mas aquela noite. Deus se manifestou tanto que havia dois membros da
cidade de Jos, que há vinte e cinco anos eram cegos. Naquela primeira noite, Deus
devolveu-lhes a visão e toda a espécie de milagres e maravilhas, ali se realizaram.

No dia seguinte, a rua que dava para a praça aonde estávamos, estava cheia de
automóveis com placas oficiais — placas do governo, do prefeito, chefe de polícia, etc.

O COMENTÁRIO ERA QUE JESUS EM PESSOA

ESTÁ CAMINHANDO NAS RUAS DA CIDADE

Três dias mais tarde, tive a grata satisfação de ler na manchete de uns jornais: Jesus em
pessoa está caminhando na cidade de Jos. Eles ouviram e viram tanto o que Cristo faz
que naquelas reportagens dos jornais, relataram os nomes das pessoas que receberam o
milagre de Deus. E estas pessoas eram conhecidas. Seguia-se o artigo de um outro
jornal, dizendo que "este Cristo, este Filho de Deus, este Salvador está caminhando em
pessoa pela cidade, porque não existem outra maneira que estes milagres possam ser
explicados — a presença de Cristo.
Depois que eu terminei esta campanha, isto é muito engraçado — voei para Lagos, a
fim de pegar outro avião. Desta vez um monomotor para me dirigir à África Central.
Neste lugar, muitos já têm ouvido falar deste ditador, comedor de carne humana — o rei
Uxaçá. Na metade do caminho, o tempo se apresentava tão mal, que tive de fazer uma
aterrissagem de emergência na cidade de Calabar, que divide a Nigéria de Camarões.

UM INCIDENTE GRACIOSO - PORÉM QUE ROMPE NOSSO CORAÇÃO

Calabar é uma cidade grande. Em seguida a minha descida, veio a polícia, o


representante das Nações Unidas (ONU), ver qual era o avião que havia descido no
aeroporto, porque era coisa muito rara.

Os controladores tinham visto pelos jornais as notícias das Campanhas e disseram:

- Não é possível! O pastor Argemiro aqui, não é possível! E naquela noite eles tinham
um jantar para a esposa do representante das Nações Unidas, que era de Bombaim —
índia e me convidaram.

Para eles, disseram a todos que os deuses tinham me enviado para lá para estar presente
naquele aniversário e também para ajudar ao povo daquela cidade. Havia muitos
médicos da índia, engenheiros de fábricas, enfim. Eu fui para lá. Fizeram para mim uma
espécie de trono, o que significa que era um lugar todo especial. Estava muito
distinguido. Eu ficava me perguntando o que estava se passando. Eu pensava: eles leram
reportagens daquilo que Deus estava fazendo naquelas campanhas... Mas começaram a
se levantar um após outro e cada um fazia um pequeno discurso e nestes*discursos
escolhiam palavras. Um deles disse:

— Nós, como um milagre dos deuses, temos aqui um dos maiores deuses conosco,
porque para nós, o pastor Argemiro é um deus!

E a coisa seguia. Um falava, outro falava de maneira que estavam realmente fazendo
uma grande demonstração de sua idolatria. E eu ouvindo tudo isso naturalmente, que eu
não queria tomar toda festa deles, mas quando terminaram eu me levantei. Comecei a
falar de Jesus para eles, explicando que eu não era Deus, que existia somente um Deus e
um mediador entre o homem e Deus que é Jesus Cristo. Peguei a palavra e preguei
durante 15 minutos e me sentei. Ficaram me olhando. Um médico se levantou e se
dirigiu a mim:

— Pastor, nós queremos continuar ouvindo sua palavra. Queremos que nos fale por
uma, duas horas.

Então me levantei. Deixei a unção de Deus se manifestar, o poder de Deus iluminar


tudo e todos. Isto é para que vejamos que não há portas fechadas para o evangelho.
Notem que na índia, há várias religiões, prevalecendo os hindus e os .islamitas. E era o
que tomava conta daquele ambiente. Mas a luz do evangelho raiou nas suas almas, as
bênçãos de Deus encheu os seus corações e eles reconheceram que não é o homem e
sim Nosso Senhor Jesus Cristo, e ele é o único Salvador.
Estas experiências eu tenho contado para mostrar que Deus é Deus em todos os lugares.
Que Ele tem todo o poder no céu e na terra e nada, absolutamente nada é impossível
para nosso Senhor Jesus Cristo.

O SEQUESTRO A DEZ MIL METROS DE ALTURA, O PÂNICO FOI


TRANSFORMADO POR PAZ-FÉ-ESPERANÇA, ATÉ QUE UM NOVO DIA
COMEÇOU A TODOS

No mês de fevereiro, houve o seqüestro do Airbus A-310, prefixo PP-CLB, brasileiro,


da companhia Varig-Cruzeiro. O fato foi amplamente divulgado por todos os jornais e
revistas do país.

Na capa da criteriosa revista Manchete estava escrito: O reverendo que salvou o Airbus.

Alguns trechos de sua reportagem dizia o seguinte: (Manchete, n? 1661, fev. 1984):

"O seqüestro para Cuba do Airbus brasileiro tem um herói:é o reverendo Argemiro
Figueiró com grande experiência em viagens aéreas, foi o primeiro a entender que o
avião estava sendo seqüestrado. Graças a sua atuação, os passageiros mantiveram a
calma e o episódio pôde chegar sem incidente, pânicos ou mortos, a bom termo.

O reverendo vinha de Porto Alegre, tendo feito um trabalho missionário em Fortaleza,


aonde subira. 0 acontecimento se deu no trecho Fortaleza — São Luiz.

O reverendo Argemiro que não havia desprezado o lanche no trecho anterior tinha
outras preocupações. Ele notara que a aeronave tomara altitude e nivelara o vôo, mas
não assumira a velocidade de cruzeiro. Sentia que não estava voando na potência
normal, havia um retardamento nos controles, como se estivessem voando a baixa
velocidade, para economizar combustível. Afinal, além do reverendo, o missionário
evangélico é piloto civil com grande experiência de vôos internacionais. Em seu
trabalho catequizador, ele costumava percorrer o mundo, num bimotor com seis
tanques, seja na África, índia, Europa, Ásia ou Américas.

Enquanto o reverendo marcava o tempo de vôo no seu relógio, vários passageiros


pediam água às aeromoças, numa insinuação de que as gargantas estavam secas.
Passados cinqüenta minutos, sem nenhum sinal de descida do avião, o missionário
concluía, com certeza, que alguma coisa ia mal. Preferia imaginar inicialmente que se
tratava de mau tempo, em Belém, com possibilidades do vôo, prosseguir direto para
Manaus.

Pelo microfone, um tripulante recomendava que permanecessem sentados e


mantivessem a calma. Sem explicar por que, nem para que. Nervosos, os passageiros se
entreolharam, mexiam com insistência. E não era para menos: todos se sentiam no ar,
completamente inseguros. Uma senhora pediu licença para sentar-se ao lado do
reverendo. "Eu quero ouvir sua conversa". Uma outra também veio. O reverendo
procurou tranqüilizá-las, garantindo que não havia nenhum problema com os motores
do avião. "Isto é um seqüestro. Mas não se preocupem quase todos os meses um avião
está sendo seqüestrado". “E brincou: Vamos fazer turismo extra nas Guianas e quem
sabe até Cuba.” As senhoras se reanimaram.

O reverendo entregue totalmente à missão de guiar os passageiros naquele momento


difícil, quando alguém se levantava, fazia sinal para que sentasse. Com voz doce e
suave, dizia com a maior calma do mundo: "Sentem-se, se os seqüestradores virem
pessoas de pé, podem apavorar-se e dar um tiro."

Uma hora da manhã. Os passageiros foram finalmente instruídos para o pouso, sem que
lhes fosse dito onde seria a aterrizagem. O avião estava ainda taxiando e o reverendo
Argemiro reconhecera a pista, apressando-se em comunicar aos passageiros, com pouca
precisão histórica. "Estamos na Guiana Holandesa". Já estivera em Paramaribo umas
vinte vezes. Atento ao movimento na pista conseguiu identificar os carros do exército,
corpo de bombeiros e uma ambulância.

Falando vários idiomas, familiarizado com o local e conhecido do comandante do


aeroporto de Paramaribo, virou uma espécie de capitão de turma dos cento e cinqüenta e
oito passageiros em trânsito forçado.

“Para todos eles, um novo dia começava o clarear.”

UMA PALAVRA DE GRATIDÃO

Especialmente quero expressar o meu muito obrigado pela colaboração na preparação


deste livrinho:

• A Sra. MARIA LUIZA DE QUADROS ANDRADE, que escreveu e transcreveu


no seu total

• Também a Srta. DINAURA, que datilografou o manuscrito o qual é dedicado a


nossa JUVENTUDE!
515 SE CRISTO COMIGO VAI

1. Se, pelos vales, eu peregrino vou andar


Ou na luz gloriosa de Cristo habitar,
Irei com meu Senhor p'ra onde Ele for.
Confiando na graça de meu Salvador.

SE CRISTO COMIGO VAI, EU IREI


E NÃO TEMEREI, COM GOZO IREI; COMIGO VAI;
É GRATO SERVIR A JESUS, LEVAR A CRUZ;
SE CRISTO COMIGO VAI, EU IREI.

2. Se lá para o deserto Jesus me quer mandar;


Levando boas novas de salvação sem par;
Eu lidarei, então, com paz no coração.
A Cristo seguindo, sem mais dilação.

3. Será a minha sorte a dura cruz levar,


Sua graça e Seu poder,
quero sempre aqui contar
Contente com Jesus, levando a minha cruz.
Eu falo de Cristo que é minha luz.

4. Ao Salvador Jesus eu desejo obedecer


Pois na Sua Palavra encontro o meu saber;
Fiel a Deus serei, o mundo vencerei,
Jesus vai comigo, não mais temerei. F.V.

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