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Razão é a capacidade da mente humana que permite chegar a conclusões a partir de

suposições ou premissas. É, entre outros, um dos meios pelo qual os seres racionais
propõem razões ou explicações para causa e efeito. A razão é particularmente associada
à natureza humana, ao que é único e definidor do ser humano.

A razão permite identificar e operar conceitos em abstração, resolver problemas,


encontrar coerência ou contradição entre eles e, assim, descartar ou formar novos
conceitos, de uma forma ordenada e, geralmente, orientada para objectivos. Inclui
raciocinar, apreender, compreender, ponderar e julgar, por vezes usada como sinónimo
de inteligência.

Como uma forma de chegar a conclusões, é frequentemente contraposta não só com o


modo como os animais não-humanos parecem tomar decisões, mas também com a
tomada de decisões baseada na autoridade, na intuição, na emoção, na superstição ou na
fé. A razão é considerada pelos racionalistas a forma mais fiável de descobrir o que é
verdadeiro ou melhor. A forma exacta como a razão difere da emoção, fé e tradição é
controversa, dado que as três são consideradas potencialmente racionais, e, em
simultâneo, pontencialmente em conflito com a razão.

A principal diferença entre a razão e outras formas de consciência está na explicação: o


pensamento é tanto mais racional quanto mais conscientemente for pensado, de forma
que possa ser expresso numa linguagem.

Os filósofos racionalistas opõem a razão à imaginação. Enquanto empregar a


imaginação é representar os objetos segundo as qualidades secundárias - aquelas que
são dadas aos sentidos - empregar a razão é representar os objetos segundo as
qualidades primárias -aquelas que são dadas à razão- .

A etimologia do termo vem do latim rationem, que significa cálculo, conta, medida,
regra, derivado de ratio, particípio passado de reor, ou seja, determino, estabeleço, e
portanto julgo, estimo.[1] É a faculdade do homem de julgar[2], a faculdade de raciocinar,
compreender, ponderar[3].

Empregada em filosofia, a palavra razão comporta vários significados:

A razão como característica da condição humana, quando se define o homem, por


exemplo, como animal racional, ou se diz que alguém está no uso da razão ou a perdeu;

Princípio ou fundamento, a razão pela qual as coisas são como são ou ocorrem os fatos
desta ou daquela maneira.

A razão não é uma instância transcendente, dada de uma vez por todas, mas um
processo que se desdobra ou realiza ao longo do tempo. Dir-se-ia que, assim como o
homem é a história do homem, a razão é a história da razão.

Zenão de Eléia, identificando a razão com o ser e admitindo que o princípio de


identidade, formalmente entendido, é o princípio fundamental da razão, argumenta para
provar que o movimento e a pluralidade, envolvendo contradição, são irracionais e,
portanto, irreais, meras ilusões dos sentidos.
A razão, entendida como diálogo, não tem um conteúdo eventual, mas permanente, o
conhecimento de si mesma e das essências das coisas, do universal. A razão socrática é
o método que permite, pelo diálogo, proposição da tese, crítica da tese ou antítese,
chegar à síntese, a essência descoberta em comum, ao termo da controvérsia.

É na filosofia de Hegel que se encontra a primeira tentativa de introduzir a razão na


história.

Hegel
A razão rege o mundo, a história universal transcorre racionalmente, mas a razão que se
manifesta ou revela na história é a razão divina, absoluta. É a razão que constitui a
história.

A razão vital, a razão histórica, nada aceita como simples fato, mas tudo fluidifica no in
fieri de que provém e ao qual se dirige, procurando ver não o fato cristalizado ou feito,
mas fazendo-se ou como se faz.

Mito e Razão

Segundo Chaui a palavra mito vem do grego, mythos, e deriva de dois verbos: mytheyo
(contar, narrar, falar alguma coisa para outros) e mytheo (conversar, contar, anunciar,
nomear, designar) e é uma narrativa sobre a origem de algumas coisas (origem dos astros, da
Terra, dos homens, dos elementos naturais, da saúde, da doença, da morte, etc.).

Mas no transcorrer da história do homem podemos ver que ele sempre esteve ligado ao
mágico e ao mítico e, assim, o ser humano conta histórias de heróis, sagas e cosmologia para
lidar com o desconhecido e através de sua narração organizar seu contexto, constituir sua
identidade, ter um entendimento dos processos da natureza, de sua origem e da origem do
lugar em que vive, enfim, as narrativas mitológicas desempenhavam o papel de ordenar a
existência. Podemos entender então que o papel do mito é o de orientar a vida, de indicar
valores e ser a expressão de imagens subjetivas do ser humano tanto individualmente quanto
coletivamente. O mito, dessa forma, acaba por expressar uma visão tanto do mundo pessoal
como do mundo social. O mito é uma história que é contada numa linguagem metafórica onde
o ser humano conta uma história inventada para si mesmo de modo que o mito é uma
maneira de perceber os mundos interior e exterior.

Na antiguidade, antes do nascimento da Filosofia, o mito era um discurso pronunciado aos


ouvintes por um poeta-rapsodo, pois acreditava-se que o poeta era um escolhido dos deuses,
e a narração era tida uma verdade dita por uma autoridade e, portanto, o  Ito era tido como
sagrado, como uma revelação divina e, por conseqüência, incontestável e inquestionável.
Dessa forma, os mitos direcionavam tanto a cultura quanto a religião. Mas, indo além do
aspecto histórico do mito, podemos entender o mito como uma narrativa metafórica e não de
fatos e que, segundo Campbell, atende a quatro funções:

- Despertar na mente um senso de deslumbramento do homem e do mundo;

- Apresentar uma imagem ordenada do cosmos;

- Validar e apoiar uma ordem moral específica, ou seja, as mitologias atendem o campo de
determinada cultura e são expressadas através da linguagem e dos símbolos daquela cultura;
e

- Ajudar as pessoas a compreender o desenrolar da vida em seus vários estágios.

Ainda segundo Campbell, os mitos “transmitem mais do que um mero conceito intelectual,
pois, pelo seu caráter interior, eles proporcionam um sentido de participação real na
percepção da transcendência”. Podemos entender então, o mito, como uma narrativa
metafórica que contem símbolos que transmitem idéias e não fatos. Mitos são estímulos
simbólicos para a percepção de idéias e do desconhecido.

A validade e valor do mito são contestadas quando o mito é tido como uma narração de
“fatos” e não de “idéias”, ou seja, o mito passa a denotar e não a conotar.

Na Grécia os primeiros filósofos passaram a criticar a mitologia de Homero porque os deuses


tinham muita semelhança com os homens e eles diziam que talvez os deuses não passassem
de frutos da imaginação do homem. Os filósofos gregos da época queriam encontrar
explicações naturais para tudo e sem recorrer à tradição dos mitos. Houve a transformação
do modo de pensar: o pensamento atrelado ao mito passou a ser substituído pelo pensamento
construído sobre a experiência e a razão. A Filosofia surgia como o conhecimento racional da
realidade natural e cultural, das coisas e dos seres humanos. A Filosofia afirma que a verdade
é racional.

Sendo o tema agora a “razão” cabe dizer que esta palavra origina-se de duas fontes: da
palavra latina ratio que vem do verbo reor e que quer dizer contar, reunir, juntar, medir,
calcular; e da palavra grega logos que vem do verbo legein que também quer dizer contar,
reunir, juntar calcular. Dessa forma, segundo Chauí, “razão” significa “pensar e falar
ordenadamente, com medida e proporção, com clareza e de modo compreensível para
outros”. Assim razão pode ser entendida como a capacidade intelectual para pensar e
expressar-se correta e claramente e dizer as coisas como elas realmente são. Assim, para a
Filosofia, a razão opera seguindo certos princípios que são os seguintes:

- Princípio da identidade: qualquer coisa só pode ser conhecida e pensada se for percebida e
conservada a sua identidade. Exemplo: o triângulo foi definido como uma figura de três lados
e três ângulos internos então nenhuma outra figura poderá ser chamada de triângulo a não
ser esta;

- Princípio da não-contradição: afirma que é impossível uma coisa ser e não ser ao mesmo
tempo e na mesma relação, ou seja, não é possível se afirmar e negar a mesma coisa ao
mesmo tempo. Exemplo: se estamos diante de uma árvore aquela árvore será árvore ao
mesmo tempo, ela não poderá ser uma árvore e um cachorro ao mesmo tempo. A relação
neste princípio comporta a transformação das coisas, por exemplo: uma criança é uma
criança ao mesmo tempo, porém com o passar do tempo aquela criança se tornará um adulto
e então será um adulto que é um adulto ao mesmo tempo;

- Princípio do terceiro excluído: enuncia que não há uma terceira possibilidade, ou seja,
entre várias escolhas possíveis, só há realmente duas escolhas: ou certa ou errada; e

- Princípio da razão suficiente: afirma que tudo o que existe e tudo o que acontece tem uma
causa ou motivo para existir e para acontecer e que tal causa ou motivo pode ser conhecida
pela nossa razão. Neste princípio não é descartado o acaso e os fatos acidentais, mas cabe a
razão procurar as causas do acaso e dos fatos acidentais.

A Filosofia coloca que existem duas modalidades de atividade racional: a intuitiva (ou razão
intuitiva) onde a intuição faz com que tenhamos uma visão direta e imediata do objeto do
conhecimento e sem necessidade de provas ou demonstrações para saber o que conhece; e
raciocínio (ou razão discursiva) onde se chega ao objeto do conhecimento passando por
etapas sucessivas de conhecimento para se chegar ao seu conceito ou definição.

Assim podemos entender a razão como a faculdade humana de estabelecer relações lógicas
para conhecer e compreender qualquer coisa.

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