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Após 18 anos de tramitação, o STF julgou inconstitucionais alguns artigos da Constituição Estadual do Ceará.

Estes dispositivos, que tratam em sua maioria sobre atribuições dos municípios já haviam sido suspensos e não
eram mais considerados no Estado

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) analisou e julgou inconstitucionais seis dispositivos da
Constituição Estadual do Ceará. Os artigos foram contestados pela Procuradoria Geral da República por meio
de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), ajuizada desde 1990. A maior parte dos artigos
questionados trata da administração municipal e, para os ministros do STF, contrariam a autonomia dos
municípios. Os artigos derrubados pelo STF, durante a sessão da última quarta-feira, 13, não estavam em vigor.
Eles já haviam sido suspensos pelo próprio STF ainda no início da década de 90, até que o mérito das matérias
fosse julgado.

Após 18 anos tramitando no STF, finalmente o órgão máximo do Judiciário brasileiro considerou por
unanimidade inconstitucionais o artigo 30, o parágrafo 3º do artigo 35 e os parágrafos 6º ao 9º do artigo 37. De
acordo com o relator, ministro Eros Grau, todos esses dispositivos, ao dispor sobre a administração municipal,
caracterizam ingerência do poder público estadual, com reflexos na economia local, afrontando o princípio da
autonomia dos municípios.

O artigo 30 determinava como "encargo das administrações municipais transportar da zona rural para a sede do
município, ou para o distrito mais próximo, alunos carentes, matriculados a partir da 5ª série do 1º grau". O
parágrafo 3º do artigo 35 determinava que as câmaras Municipais deveriam funcionar em prédio próprio ou
público, independente da sede do Poder Executivo. Já os parágrafos 7º e 9º do artigo 37 diziam respeito à
remuneração do prefeito, que deveria ser composta de subsídio e representação, fixada pela Câmara Municipal,
conforme a remuneração do governador e o total de habitantes da cidade, e que o prefeito não poderia se
"ausentar do Município por tempo superior a 10 dias sem prévia licença da Câmara

Municipal, sujeito à perda do cargo".

O Supremo também derrubou o parágrafo 2º do artigo 38, que dispõe sobre a acumulação do cargo de vice-
prefeito com cargo ou emprego no estado ou no próprio município, e que, na visão dos ministros, viola a
Constituição Federal. O parágrafo 3º, também do artigo 38, e os parágrafos 6º a 8º do artigo 37, ao disporem
sobre a remuneração de prefeitos e vice-prefeitos, desrespeitam o artigo 29, V, da Constituição do Brasil, que
determina que compete às câmaras municipais, por meio de lei, dispor sobre os subsídios de prefeitos e vice-
prefeitos.

Mantido

A ação movida em 1990 foi julgada improcedente apenas quanto ao artigo 20, inciso V, da Constituição
Estadual - único dos dispositivos apreciados que foi mantido. O dispositivo, que veda a nomeação de ruas,
avenidas, praças e prédios públicos com nome de pessoas vivas havia sido questionado, porém o Supremo
definiu como compatível com o princípio constitucional da impessoalidade.

"O que o Supremo fez foi considerar definitivamente estes artigos inconstitucionais", afirmou o procurador da
Assembléia Legislativa do Ceará, José Leite, ressaltando que os artigos já haviam sido suspensos
preventivamente. Atualmente, a Assembléia realiza processo de atualização da Constituição e, no anteprojeto
apresentado, já estava prevista a exclusão dos artigos. (Vicente Gioielli, com informações da assessoria do
STF)

Dispositivos inconstitucionais

Artigo 30 - Determina como "encargo das administrações municipais transportar da zona rural para a sede do
município, ou para o distrito mais próximo, alunos carentes, matriculados a partir da 5ª série do 1º grau".

Artigo 35, parágrafo 3º - Determina que as câmaras municipais devem funcionar em prédio próprio ou público,
independente da sede do Poder Executivo.
Artigo 37, parágrafos 6º a 8º - Dispõe sobre a remuneração do prefeito, que deve ser composta de subsídio e
representação, fixada pela Câmara Municipal, conforme a remuneração do governador e o total de habitantes
da cidade.

Artigo 37, parágrafo 9º - Dispõe que o prefeito não pode se "ausentar do município por tempo superior a dez
dias sem prévia licença da Câmara Municipal, sujeito à perda do cargo".

Artigo 38, parágrafo 2º - Dispõe sobre a acumulação do cargo de vice-prefeito com cargo ou emprego no estado
ou no próprio município.

Artigo 38, parágrafo 3º - Dispõe sobre a remuneração do vice-prefeito

Dispositivo mantido:

Artigo 20, inciso V - Veda a nomeação de ruas, avenidas, praças e prédios públicos com nome de pessoas
vivas.

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