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INTRODUÇÃO

2 TESSALONICENSES
Autoria
Apesar de todo apoio e aquiescência oferecidos pelos pais da Igreja à autoria paulina das cartas canô-
nicas aos tessalonicenses, esta segunda carta tem recebido um volume bem maior de questionamentos
por parte de alguns historiadores e biblistas. As objeções procuram se fundamentar mais em aspectos
internos do que em alguma suspeita ou insuficiência alegada por algum dos eruditos da igreja cristã dos
primeiros séculos como, por exemplo, o fato de haver cerca de dez palavras nos manuscritos gregos
que, originalmente, ainda não haviam sido usadas pelo apóstolo; o estilo da carta, pelo fato de ter um
caráter formal além do esperado; e quanto à escatologia, surgir um ensino em relação à doutrina do “ho-
mem da iniqüidade”. Como até, então, jamais havia sido ensinada por Paulo, ou qualquer dos demais
apóstolos, levou alguns eruditos a imaginar que a segunda carta à Igreja em Tessalônica poderia ter sido
escrita por algum discípulo de Paulo, ou mesmo outro apóstolo de Cristo. Entretanto, após séculos de
pesquisas e exegeses apuradas, a maioria dos estudiosos de nosso tempo concorda com a tradição
canônica ao apontar Paulo como autor indiscutível desta segunda epístola aos tessalonicenses.

Propósitos
Considerando que, passados mais de seis meses, a situação da Igreja em Tessalônica não
estava demonstrando qualquer visível mudança quanto à fé cristã e à prática da sã doutrina, Paulo
decide ser ainda mais contundente e enfático numa segunda e derradeira tentativa por escrito. As
orientações do apóstolo visavam encorajar os cristãos sinceros a permanecerem teologicamente
firmes na Palavra, diante de todo tipo de perseguição ou influência herética (1.4-10). Paulo também
se preocupa em exortar os tessalonicenses a não desanimarem diante da crise econômica, da
iminência do fim do mundo e dos preconceitos religiosos, e a trabalharem com ardor pelo próprio
sustento (2.13 – 3.15). Além disso, Paulo procura corrigir a compreensão errônea de que a liderança
da Igreja em Tessalônica estava se alimentando em relação ao glorioso retorno do Senhor Jesus (2.1-
12). Na realidade, 2 Tessalonicenses é ainda mais escatológica do que a primeira carta, com quase
40% do seu conteúdo voltado para os eventos que antecedem a segunda vinda de Cristo.

Data da primeira publicação


Devido à grande semelhança que essa epístola tem com a primeira, os estudiosos chegaram à
conclusão de que 2 Tessalonicenses foi escrita logo depois da chegada de Silas e Timóteo com seus
relatórios sobre a situação presente dos irmãos e o impacto da primeira carta. Isso sugere a datação da
segunda epístola para algum momento entre o ano 51 e 52 d.C. (1.1; 3.17) na cidade de Corinto.

Esboço geral de 2 Tessalonicenses


1. Introdução (capítulo 1)
A. Saudação e ação de graças (1.1,2)
B. Agradecimentos (1.3-10)
C. Intercessão pelos irmãos (1.11,12)
2. Orientação aos cristãos de Tessalônica (2.1-17)
A. É necessário corrigir os desvios doutrinários (2.1,2)
B. A revelação do “homem do pecado” (2.3,4,10)
C. O caráter enganador do Mal (2.3-5)
A. O poder que o detém até agora (2.6,7)
B. O seu trabalho destruidor (2.8-10)
C. O final dos incrédulos (2.11,12)
D. Ação de graças e orações (2.13-17)
3. Exortação à oração e à disciplina (3.1-18)
A. Convocação a uma vida de oração (2.13-17)
B. Orientações sobre vida disciplinada (3.6-15)
C. Oração final e bênção apostólica (3.16)
D. Saudação final (3.17,18)

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2 TESSALONICENSES
Prefácio e saudações que o Senhor Jesus se revelar do céu com

1 Paulo, Silvano e Timóteo à igreja dos


tessalonicenses, em Deus nosso Pai e
no Senhor Jesus Cristo:1
seus anjos poderosos em meio a chamas
flamejantes.5
8 Ele punirá os que não conhecem a Deus
2 graça e paz a vós outros, da parte de e os que não são submissos ao Evangelho
Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. de nosso Senhor Jesus.6
9 Eles sofrerão a pena de destruição eter-
O testemunho da Igreja na, a separação permanente da presença
3 Caros irmãos, sentimo-nos no dever de do Senhor e da majestade do seu poder.
continuamente render graças a Deus por 10 Esse evento se dará no dia em que Ele
vós; aliás, como é justo, porquanto vossa vier para ser glorificado nos seus santos e
fé tem crescido muito, e o amor de cada exaltado em todos os que tiverem crido,
um de vós transborda de uns para com inclusive em vós que crestes em nosso
os outros. testemunho.
4 Por essa razão, nos gloriamos em vós 11 Conscientes desse fato, oramos cons-
perante as igrejas de Deus devido a per- tantemente por vós, a fim de que o nosso
severança e fé demonstrada por vós em Deus vos torne dignos da vossa convo-
todas as perseguições e nas aflições que cação e cumpra com poder todo bom
estais suportando.2 desejo e toda ação que resulta da fé.
5 Elas são provas evidentes do justo 12 Assim, o nome de nosso Senhor Jesus
julgamento de Deus, a fim de que sejais será glorificado em vós, e vós nele, con-
considerados dignos do Reino de Deus, forme a graça de nosso Deus e do Senhor
pelo qual sofreis.3 Jesus Cristo.
6 De fato, é justo diante de Deus que ele
retribua com aflições os que vos causam O anticristo e o retorno de Jesus
tribulações,4
7 e quanto a vós, que sois atribulados, vos
dê pleno alívio, bem como a nós, assim
2 Caros Irmãos, quanto ao retorno do
nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa
reunião com Ele, vos suplicamos1

1 Silvano é uma variante do nome Silas (1Ts 1.1). Silas e Timóteo estavam com Paulo em Corinto. O apóstolo costuma usar a
primeira pessoa do plural como estilo literário de modéstia em suas epístolas (exceto em 2.5, nesta carta).
2 Não era costume os fundadores de igrejas se orgulharem de seus membros, embora alguns pudessem agir dessa forma (1Ts
1.9). Entretanto, o testemunho cristão dos tessalonicenses foi tão destacado, que Paulo abriu uma exceção na tradição apostólica
para indicar a Igreja em Tessalônica como exemplo de fé em Cristo (1Ts 1.6; 2.14; 3.3).
3 Deus jamais abandona seus filhos, especialmente os fiéis. Pelo contrário, juntamente com as provações que lhes permite,
envia do seu poder a cada pessoa, a fim de que possam desenvolver um caráter espiritual e moral ainda mais consagrado a Cristo
(1Pe 1.5,7). Ao mesmo tempo, Deus confirma seu julgamento para com os incrédulos e perseguidores (v.9; Fp 1.28).
4 A justiça de Deus é inexorável, e aplica severos castigos aos pecadores que não se arrependem (Mc 9.47,48; Lc 13.3-5). Essa
punição pode ocorrer hoje (Rm 1.24-28), bem como no Dia do Juízo final.
5 Paulo não era um teólogo de gabinete, escrevendo considerações sobre Deus a partir de uma vida confortável e tranqüila. O
apóstolo era testemunha viva e participante das alegrias e dos sofrimentos proporcionados pela fé cristã autêntica. Cristo agora não
pode ser visto fisicamente, e muitas pessoas negam até mesmo sua existência na pessoa do Espírito Santo. Contudo, em sua segun-
da, gloriosa e derradeira vinda, será visto perfeitamente por todos, crentes e incrédulos. O Senhor virá acompanhado de uma classe
especial de anjos que chegarão à Terra para executar cabalmente sua vontade, castigando toda impiedade (Is 66.15; Ap 1.14).
6 Paulo não se refere às pessoas que jamais ouviram falar de Deus, mas àqueles que, tendo ouvido falar do amor e da justiça
divina, mediante a sua Palavra, teimosamente, se recusam a reconhecê-lo e adorá-lo como Salvador e Senhor de suas vidas
(2.10-12; Rm 1.28).
Capítulo 2
1 O glorioso retorno de Cristo é o tema central desta carta. Paulo resume aqui parte de seus ensinos orais e orientações

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2 que não permitais que vosso modo de compartilhar convosco acerca desses
crer seja influenciado, nem fiqueis ame- acontecimentos?
drontados por causa de profecia, palavra 6 No entanto, vós sabeis o que o está de-
ou carta atribuídos indevidamente à tendo nesse momento, para que ele seja
nossa autoria, como se o Dia do Senhor manifestado no seu devido tempo.
já tivesse chegado. 7 Na realidade, o mistério da iniqüidade
3 Não vos deixes enganar de forma al- já está em ação, restando tão somente
guma, por ninguém. Porquanto, antes que seja afastado aquele que agora o
daquele Dia virá a apostasia e, então, será detém.4
revelado o homem da iniqüidade, o filho 8 Então, será plenamente revelado o
da perdição.2 perverso, a quem o Senhor Jesus matará
4 Aquele que se opõe e se exalta acima de com o sopro de sua boca e destruirá pela
tudo o que se chama Deus ou é objeto gloriosa manifestação da sua vinda.5
de adoração, a ponto de se assentar no 9 Ora, o aparecimento desse anticristo é
santuário de Deus, apresentando-se de acordo com a ação de Satanás, com
como Deus.3 todo o poder, com sinais e com maravi-
5 Não vos lembrais de que eu costumava lhas ilusórias,6

expressas na primeira carta aos tessalonicenses. O apóstolo usa a palavra grega original parousia, que significa literalmente
“presença”, dezoito vezes ao longo do NT, sempre se referindo à Segunda Vinda de Cristo. Aqui, o termo, se identifica mais com
o arrebatamento da Igreja, no sentido da “nossa reunião” com o Senhor (1Ts 4.13-19). Paulo ainda usa outras expressões gregas
para referir-se à triunfante volta do Senhor: epiphaneia, “manifestação” (v.8; 1Tm 6.14; 2Tm 1.10; 4.1,8; Tt 2.13), e apokalipsis,
“revelação”, que é citada por três vezes nesse capítulo para indicar o surgimento do anticristo (vv.3,8,9; 1Co 1.7; 2Ts 1.7; 1Pe
1.7,13; 4.13).
2 Paulo explica aos tessalonicenses que, embora a volta de Cristo seja iminente, existem sinais que ainda teriam de se cumprir
antes desse maravilhoso e esperado evento. Um desses grandes sinais é a apostasia, literalmente “rebelião”; termo que, nas
Escrituras, tem o sentido de explícita “rebelião contra Deus e tudo o que procede de Deus”. Essa rebelião tem duas faces: uma
profunda e generalizada apatia em relação à fé em Jesus Cristo e à Palavra de Deus, seguida de violenta rebelião contra o Senhor
e seus seguidores em todo o mundo (Mt 24.10-12; 1Tm 4.1). João nos esclarece sobre o surgimento de “muitos anticristos”
ao longo da história (1Jo 2.18). Entretanto, esse “homem da iniqüidade” ou “homem do pecado”, mencionado por Paulo (o
mesmo de Ap 13), será o pior de todos, o qual será completamente arruinado por Cristo, assim como seu senhor: o Diabo (v.9;
Jo 17.12).
3 Paulo revela que esse anticristo será mais do que um poderoso líder político ou militar mundial. Ele terá prestígio suficiente
para reivindicar uma posição acima de todas as religiões e deuses. Ele afirmará ser Deus e fará seus pronunciamentos blasfemos
de um edifício físico, o qual chamará de “santuário” (Mc 13.14; Dn 11.36-45; Ap 13.1-15).
4 Os biblístas em todo mundo, até nossos dias, ainda não chegaram a uma definição unânime sobre o que Paulo desejava
comunicar com a expressão grega “o que o está detendo”. O comitê de tradução da Bíblia King James acredita que a expressão,
que encontra-se em seu gênero neutro, mas com equivalente masculino no v.7 (o detém), tenha a ver com a atual permanência
e ministério da pessoa do Espírito Santo na vida dos crentes, que formam a Igreja do Senhor, e que detém o iníquo de revelar-se
à humanidade. No momento em que a Igreja for arrebatada, Satanás e seus anticristos estarão livres para cumprir todos os seus
desígnios sobre a terra (Mt 24.14; 28.19,20; Mc 13.10; Rm 15.16-24; Ap 5.9-11; 7.9; 15.4; 1Jo 2.18).
5 Alguns dos aspectos sobrenaturais do anticristo (o iníquo e fiel discípulo do Diabo) serão apresentados claramente para toda
a humanidade. Entretanto, “o homem do pecado”, apesar de seus poderes, carisma e perspicácia, será facilmente derrotado por
Cristo. Paulo usa as expressões gregas epiphaneia, “manifestação”, e katergesei, “paralisar”, para explicar que basta o apareci-
mento de Cristo para que o anticristo seja completamente “amarrado” (Dn 11.45; Ap 19.20). A expressão “manifestação” sempre
tem a ver com a Segunda Vinda de Cristo, com exceção de 2Tm 1.10, onde se trata da Primeira Vinda.
6 Jesus Cristo nos revela que Satanás é o “pai da mentira” (Jo 8.44). Portanto, sua principal característica é a falsidade, o
engano. Os cristãos, especialmente, deveriam manter-se afastados da mentira, poucas coisas são tão próprias do Diabo quanto
o desvio da verdade. Como ele não pode criar nada, copia tudo o que Deus criou e tenta aliciar glória e adeptos para sua
pessoa. Nos últimos tempos, intensificará suas obras de engano e perversão sobre toda a terra. Enviará seu mais fiel e poderoso
representante: o grande anticristo, que operará milagres e prodígios por meio da energia de Satanás, numa imitação blasfema
da obra do Filho de Deus (Jo 14.10). Satanás levará muitos ao engano por causa de “falsas impressões” (Mt 24.24). Quando
Hitler, por exemplo, invadiu a antiga Checoslováquia (hoje dividida em República Checa e Eslováquia), durante a Segunda Guerra
Mundial, o povo ouvia a seguinte mensagem partindo dos megafones do comboio em movimento: “Não temam! Eis que é
chegado o Messias, doravante vocês terão paz e pão!” Muitos judeus creram nessas promessas, bem como uma multidão de
cristãos entendeu que se tratava da Segunda Vinda de Cristo. Esse fato está registrado em vários documentos históricos.

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10 e com todas as artimanhas e engano eterna consolação e boa esperança pela


provenientes da injustiça para os que es- graça,
tão perecendo, porquanto rejeitaram o 17 concedam ânimo ao vosso coração e
amor à verdade que os poderia salvar.7 vos fortaleçam para fazerem sempre o
11 É por este motivo que Deus lhes envia bem, tanto em atos como em palavras.10
uma espécie de poder sedutor, a fim de
que creiam na mentira, Paulo pede orações aos irmãos
12 e sejam condenados todos os que não
creram na verdade, mas decidiram usu-
fruir dos prazeres da injustiça.
3 Concluindo irmãos, orai por nós,
para que a Palavra do Senhor seja
divulgada rapidamente e receba a devida
honra, como aconteceu entre vós.
Fortalecidos para fazer o bem 2 Orai também para que sejamos libertos
13 Todavia, irmãos amados do Senhor, dos homens perversos e maus, pois a fé
devemos sempre dar graças a Deus por não é de todos.
vós, pois Ele vos escolheu desde o princí- 3 Entretanto, o Senhor é fiel; Ele vos for-
pio para a salvação pela santificação feita talecerá e vos livrará do Maligno.
pelo Espírito e pela fé na verdade, 4 Confiamos no Senhor que estais reali-
14 e para isso vos convocou, por meio do zando e continuareis a cumprir as orien-
Evangelho que vos anunciamos, para al- tações que vos entregamos.
cançardes a glória de nosso Senhor Jesus 5 O Senhor dirija os vossos corações ao
Cristo.8 amor de Deus e na constância de Cristo.1
15 Sendo assim, irmãos, permanecei fir-
mes e conservai as tradições que vos fo- Advertência contra a ociosidade
ram ensinadas, tanto de viva voz, quanto 6 Caros irmãos, em nome do nosso Se-
por meio das nossas cartas.9 nhor Jesus Cristo, ordenamos que vos
afasteis de todo irmão que vive sem tra-
Oração de Paulo pelos crentes balhar e, portanto, não de acordo com a
16Que o próprio Senhor Jesus Cristo e tradição que recebestes de nós.2
Deus nosso Pai, que nos amou e nos deu 7 Porquanto, vós mesmos sabeis como

7 Muitos desistirão de buscar a verdade e se entregarão voluntariamente à injustiça. Essa é uma das marcas dos que “estão
perecendo”: o prazer no pecado e nas vantagens adquiridas por meio do engano (v.12; Jo 3.19,20). Deus usará o próprio pecado
para castigar aqueles que seguirem as mentiras do anticristo, especialmente ao arrogar-se a Deus. Contudo, o Senhor jamais
perderá o controle da história. Tudo está nas mãos de Deus, tanto as forças do maligno (v.11), como o amor perdoador e salvador
dispensado aos arrependidos (v.13).
8 A eleição é obra de Deus desde a eternidade passada (Ef 1.4; Cl 3.12; 1Ts 1.4). Paulo nos apresenta, nessa passagem
(v.12.13), as três pessoas da Trindade em ação (1Ts 1.1). A obra santificadora do Espírito Santo é realizada em todos os cristãos
sinceros, e não apenas em crentes especiais (1Ts 3.13; 4.3; 1Pe 1.2).
9 No início da Igreja, a doutrina cristã era comunicada por meio das “tradições”, assim como acontecia com o ensino das leis
rabínicas. Por isso, a “tradição oral”, as orientações verbais e “escritas”, eram transmitidas de geração a geração, com extremo
cuidado e dedicação (1Co 15.3; Mt 15.2).
10 Paulo usa a expressão grega original parakaleõ, que, nesse contexto, significa mais do que “consolar”, pois inclui a idéia de
“levantar o abatido (desanimado), por meio de um eficaz encorajamento” (Rm 12.1). O sentido etimológico dessa rica expressão
é “chamar à parte para aconselhar” ou “advogar” (1Jo 2.1), palavra que também se tornou o próprio nome e título do Espírito
Santo, isto é, nosso Advogado (Jo 14.16,26).
Capítulo 3
1 A fidelidade do Senhor é confirmada em toda a palavra verdadeira e boa obra (2.17). Ele nos guarda dos seus inimigos (1Pe
1.5; Lc 22.32). Garante a fé depositada em sua pessoa (v.4; 2Tm 1.12). Dirige (expressão grega literal, usada, também, em Lc 1.79
e, 1Ts 3.11, em nosso coração para amá-lo de forma madura e fiel; habilita-nos a desenvolver uma paciência celestial em meio às
mais difíceis tribulações da vida (1Pe 2.21).
2 Paulo usa uma expressão grega (ataktõs, indisciplinados ou aqueles que se desviam dos regulamentos assumidos) de auto-
ridade militar para indicar a necessidade do cumprimento da sua orientação. Os crentes deveriam cessar sua comunhão com os
cristãos que se entregassem ao ócio (literalmente: vagabundagem). Isso não significa cortar totalmente o contato, mas apenas
uma forma severa de mostrar que os membros do Corpo devem cumprir fielmente com todas as suas obrigações como filhos de

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deveis seguir o nosso exemplo, pois não 13 Quanto a vós, irmãos, jamais desani-
vivemos de forma ociosa durante o tem- meis de fazer o bem!
po que estivemos convosco, 14 Se alguém desobedecer às nossas
8 nem comíamos de graça dos alimentos de orientações, expressas nesta carta, obser-
ninguém; pelo contrário, trabalhávamos vai-o atentamente e não tenhais contato
dia e noite com esforço e fadiga, a fim de com ele, para que o mesmo se sinta en-
não sermos pesados a nenhum de vós;3 vergonhado;
9 não porque não tivéssemos esse direi- 15 contudo, não o considereis inimigo;
to assegurado, mas por que era nosso pelo contrário, chamai a atenção dele
objetivo vos oferecer exemplo em nós como irmão.5
mesmos, a fim de nos imitardes.
10 Quando ainda estávamos convosco, Saudações e a bênção apostólica
vos ordenamos isto: Se alguém não qui- 16 Ora, o Senhor da paz, Ele pessoalmen-
ser trabalhar, também não coma.4 te, vos dê continuamente a paz em todas
11 Pois, fomos informados de que alguns as circunstâncias. O Senhor seja com
entre vós andam desocupados, sem que- todos vós!
rer trabalhar e se intrometendo na vida 17 Eu, Paulo, escrevo esta saudação de
particular dos outros. próprio punho, a qual é um sinal em
12 A esses, no entanto, ordenamos e todas as minhas epístolas. É dessa forma
admoestamos por nosso Senhor Jesus que escrevo.
Cristo que, trabalhando em paz, se ali- 18 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
mentem do seu próprio pão. seja com todos vós.6

Deus e cidadãos. Paulo já havia advertido os tessalonicenses sobre esse problema em sua primeira carta, no entanto, parece que
a situação havia ficado ainda pior (1Ts 4.11,12; 5.14). Paulo dava o exemplo de trabalhar para ganhar a vida, ainda que, como
mestre e apóstolo, tivesse o pleno direito de receber sustento pelo seu ministério (v.9; At 20.33-35; 1Co 9.3-14).
3 Paulo traduz, para o grego, uma expressão hebraica (comer) cujo sentido ampliado significa “ganhar o sustento” (Gn 3.19;
Am 7.12). O apóstolo não está ensinando que os cristãos não devam aceitar ofertas, nem dizendo que ele próprio nunca aceitava
hospitalidades, mas sim que não dependia de outras pessoas para obter seu sustento diário e modo de vida (1Ts 2.6-9).
4 Como o amor ao dinheiro, a indisciplina e a vagabundagem são as raízes de todos os males (1Tm 6.10; Gn 3.19).
5 A disciplina na Igreja deve ser sempre fraternal, paciente e saudável, isto é, deve ter como alvo principal trazer o faltoso ou
rebelde de volta ao bom senso da fé em Cristo, ao arrependimento, e a uma vida piedosa em comunhão com os irmãos, como
convém aos filhos de Deus (Mt 18.10-35). A expressão “chamai a atenção” foi usada por Paulo em 1Ts 5.12, onde o mesmo verbo
foi traduzido por “aconselham”.
6 Paulo criticou severamente os desordeiros e aqueles que o perseguiam. No entanto, sua oração final é em benefício de todas
as pessoas (1Ts 5.28).

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