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MANUFATURA ENXUTA: UMA REVISÃO QUE

CLASSIFICA E ANALISA OS TRABALHOS APONTANDO


PERSPECTIVAS DE PESQUISAS FUTURAS

Moacir Godinho Filho


Flavio César Faria Fernandes
Departamento de Engenharia de Produção,
Programa de Pós-Graduação,
Universidade Federal de São Carlos,
C.P. 676, CEP 13565-905, São Carlos, SP,
e-mails: moacir_godinho@uol.com.br e dfcf@power.ufscar.br

Recebido em 8/5/2003
v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004
Aceito em 5/3/2004

Resumo

Este trabalho apresenta uma revisão bibliográfica (82 artigos) sobre a Manufatura Enxuta (ME), revisão esta não
encontrada até agora na literatura de Gestão da Produção. A partir de tal revisão propôs-se um sistema de classificação
para a ME baseada em 4 parâmetros: metodologia, abrangência, princípios e capacitadores, a qual serviu para
classificar e estruturar os artigos da revisão. Uma vez classificada e estruturada, a revisão bibliográfica sobre ME
serviu de base para uma ampla análise do tema. Essa análise se baseou em dois pontos fundamentais: i) um estudo
quantitativo das metodologias, abrangências, princípios e capacitadores utilizados nos trabalhos e ii) um estudo
qualitativo dos principais assuntos e objetivos alcançados por esses trabalhos. As principais contribuições deste trabalho
são: servir de base para um maior conhecimento da literatura existente atualmente sobre ME e propor sugestões de
pesquisas futuras na área.
Palavras-chave: Manufatura Enxuta, revisão.

1. Introdução 1997). O STP foi popularizado no ocidente por Womack


et al. (1992). Esses autores denominam o STP de
O presente trabalho trata do tema Manufatura Enxuta, Manufatura Enxuta.
também conhecido como Sistema Toyota de Produção Atualmente coexistem várias definições para a Manu-
(STP), o qual teve início na década de 1950, no Japão, fatura Enxuta (ME). Womack & Jones (1998), por exem-
mais especificamente na Toyota. De acordo com Womack plo, definem ME como uma abordagem que busca uma forma
et al. (1992), foram Eiiji Toyoda e Taiichi Ohno, da Toyota, melhor de organizar e gerenciar os relacionamentos de uma
que perceberam que a manufatura em massa não fun- empresa com seus clientes, cadeia de fornecedores,
cionaria no Japão e, então, adotaram uma nova abordagem desenvolvimento de produtos e operações de produção,
para a produção, a qual objetivava a eliminação de segundo a qual é possível fazer cada vez mais com menos
desperdícios. Para conseguir esse objetivo, técnicas como (menos equipamento, menos esforço humano, menos tempo,
produção em pequenos lotes, redução de set up, redução etc.). Segundo Shah & Ward (2003), a abordagem da ME
de estoques, alto foco na qualidade, dentre outras, eram engloba ampla variedade de práticas gerenciais, incluindo
utilizadas. Essa nova abordagem passou a ser conhecida just in time, sistemas de qualidade, manufatura celular, entre
como Sistema Toyota de Produção. Apesar do STP muitas outros. Ainda de acordo com esse autor, o ponto fundamental
vezes ser entendido como algo novo, na verdade, muitos da ME é que essas práticas devem trabalhar de maneira
de seus princípios são trabalhos de pioneiros como sinérgica para criar um sistema de alta qualidade que fabrica
Deming, Taylor e Skinner (James-Moore & Gibbons, produtos no ritmo que o cliente deseja, sem desperdícios.
2 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

A partir de características da ME citadas por diversos autores classificar os artigos encontrados na revisão; na seção 4
sobre o tema e no intuito de fornecer uma definição mais apresentamos a revisão da literatura sobre ME, devidamente
precisa para a Manufatura Enxuta, Godinho Filho (2004) estruturada de acordo com a classificação anterior; na seção
apresenta a ME como um Paradigma Estratégico de Gestão 5 fazemos uma análise geral da ME; e, finalmente, na seção
da Manufatura (PEGEM), ou seja, define a Manufatura 6, tecemos algumas conclusões e sugerimos novos temas de
Enxuta como um modelo estratégico e integrado de gestão, pesquisas dentro da ME.
direcionado a certas situações de mercado, que propõe auxiliar
a empresa a alcançar determinados objetivos de desempenho 2. Metodologia
(qualidade e produtividade); paradigmas esses compostos
por uma série de princípios (idéias, fundamentos, regras que Este trabalho é do tipo teórico-conceitual e realiza uma
norteiam a empresa) e capacitadores (ferramentas, tecnologias revisão bibliográfica sobre estudos que falam sobre a ME.
e metodologias utilizadas). Para isso, é utilizada a estrutura metodológica proposta
Neste artigo apresentamos uma revisão da literatura sobre por Godinho Filho & Fernandes (2003). Essa estrutura é
ME da maneira mais ampla possível, tentando abranger a mostrada na Figura 1, na qual podemos notar que a rea-
maior parte dos trabalhos relacionados à ME atualmente lização de uma revisão sobre ME deve ser o passo inicial
encontrada nos mais importantes periódicos nacionais e para este tipo de trabalho. Em nosso estudo realizamos
internacionais da área da Gestão da Produção. Também uma pesquisa sobre ME utilizando diversas bases de dados
desenvolvemos um sistema de classificação, com o qual (COMPENDEX, INSPEC, entre outras). Foram encon-
estruturamos a própria revisão da literatura. Tomou-se muito trados 82 artigos sobre ME. Em seguida desenvolvemos
cuidado para não confundir ME com just in time. Entendemos um sistema de classificação (detalhado na seção 3) que
que o just in time (JIT) é um princípio dentro do paradigma se baseia em quatro parâmetros principais: metodologia,
enxuto. Assim, trabalhos desenvolvidos somente sob uma abrangência, princípios e ferramentas. Proposto o sistema
ótica do JIT, sem estar diretamente relacionado à ME, foram de classificação, este foi utilizado para classificar os artigos
excluídos deste estudo. Vários autores aceitam a afirmação da revisão (seção 3). Assim pôde-se estruturar a revisão
de que o JIT é um princípio da ME, dentre eles Ahlstron & bibliográfica da forma mais conveniente (seção 4) e
Karlsson (1996), Henderson & Larco (2000) e Sanchez & também realizar a análise geral da ME (seção 5). Essa
Perez (2001). Nas palavras de Ghinato (1995), "o JIT é análise possibilita melhor conhecimento do tema ME e
somente um meio para se alcançar o verdadeiro objetivo do sugere futuras pesquisas (seções 5 e 6 ).
Sistema Toyota de Produção que é o de aumentar o lucro
através da completa eliminação dos desperdícios". Uma 3. Classificação da literatura sobre
revisão completa, embora não atualizada, sobre JIT pode ser Manufatura Enxuta
encontrada em Moras et al. (1991).
3.1 O sistema de classificação proposto
A importância das classificações dentro da atividade
científica é clara, visto que o conhecimento científico se Apresentamos nesta seção o sistema de classificação
baseia na classificação. Portanto, a realização de uma propriamente dito. Esse sistema baseia-se em quatro cate-
classificação é ferramenta essencial para o conhecimento gorias principais:
de determinada área.
Para Good (1965), as classificações podem servir para • a metodologia usada;
os seguintes propósitos: i) conhecimento mental e comu- • a abrangência;
nicação; ii) descoberta de novo campo de pesquisa; iii)
planejamento de estrutura organizacional ou estrutura de • os princípios da ME enfatizados;
máquina; iv) lista de conferência; v) entretenimento. • os capacitadores da ME discutidos.
A classificação que será apresentada neste trabalho se
encontra principalmente nos grupos (i) e (ii), a qual servirá Para facilitar a classificação dos trabalhos, faremos uma
para maior conhecimento do tema ME, além de propor codificação para cada atributo que as categorias assumirem.
pontos importantes para serem estudados em futuras A primeira categoria do sistema de classificação propos-
pesquisas. to é a metodologia usada no trabalho. Filippine (1997),
Nossa classificação se baseia em quatro parâmetros: a Fernandes (1999) e Berto & Nakano (1998, 1999, 2000)
metodologia usada, a abrangência, os princípios e os dividem os procedimentos de pesquisa mais utilizados na
capacitadores da ME discutidos. área de Gestão da Produção em cinco classes: teórico-
Estruturamos este trabalho da seguinte forma: na seção conceitual, experimental, pesquisa de avaliação (survey),
2 apresentamos a metodologia; na seção 3, o sistema de estudo de caso e pesquisa-ação. Para este trabalho,
classificação de trabalhos e como este foi utilizado para dividimos os procedimentos, assim, a categoria metodologia,
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 3

de nosso sistema de classificação, foi separada em duas justifica-se pelo fato de que a Manufatura Enxuta, apesar
grandes classes: de ter nascido em chão de fábrica, como o próprio nome
• Trabalhos teóricos (representaremos esta classe pela
mostra, evoluiu para outras áreas da cadeia de suprimentos;
letra T) – dentro desta classe estão os trabalhos que nas palavras de Warnecke & Hüser (1995): "A produção
utilizam metodologia científica baseada na teoria, ou propriamente dita é somente um aspecto da ME". Esses
seja, pesquisas do tipo teórico-conceitual, como autores identificam aspectos da ME relacionados a quatro
discussões conceituais e revisões da literatura. áreas: desenvolvimento de produto, cadeia de suprimentos,
• Trabalhos práticos (representaremos esta classe pela chão de fábrica e serviço de pós-venda. Para Panizzolo
letra P) – dentro desta classe estão todos os outros (1998), muitos autores, em razão do aumento do escopo
procedimentos de pesquisa citados por Filippine (1997), da ME, chegaram a sugerir o termo Empresa Enxuta em
Fernandes (1999) e Berto & Nakano (1998, 1999, 2000): vez de somente Manufatura Enxuta. A segunda categoria
pesquisas do tipo experimental, surveys, estudos de caso de nosso sistema de classificação compreende exatamente
e pesquisa-ação. Todas utilizam a prática para testar ou esta questão. Assim, quanto à abrangência, dividiremos
validar algum conceito determinado. os trabalhos em três grandes classes:
A segunda categoria do sistema de classificação pr- • foco no chão de fábrica (representaremos esta classe
oposto é a abrangência do trabalho. Essa categoria refere- pelas letras CF) – refere-se aos trabalhos cujo foco
se basicamente ao nível da cadeia de suprimentos em que principal é o estudo das práticas enxutas no chão de
está focado o trabalho sobre ME. A criação dessa categoria fábrica;

Figura 1 – Estrutura metodológica do trabalho. Fonte: Adaptado de Godinho Filho & Fernandes (2003).
4 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

• foco em outras áreas da empresa (representaremos esta ME. Uma observação é de extrema importância: a revisão
classe pelas letras OA) – refere-se aos trabalhos cujo buscou somente trabalhos que tratam claramente do as-
foco principal é o estudo das práticas enxutas em outras sunto Manufatura Enxuta, não se preocupando com tra-
áreas da organização (projeto, recursos humanos, conta- balhos que tratam apenas de algum princípio ou capa-
bilidade/custos, etc.). Esta classe engloba as áreas citador específico da ME, como just in time, seis sigma,
desenvolvimento de produto e serviço pós-venda citados entre outros.
por Warnecke & Hüser (1995); A classificação, quanto às quatro categorias mostradas
• foco na cadeia de suprimentos (representaremos esta na seção anterior, é apresentada na Tabela 3. Os artigos estão
classe pelas letras CS) – refere-se a trabalhos cujo foco em ordem cronológica e alfabética dentro do ano de
principal são as práticas enxutas relacionadas a clientes publicação.
e fornecedores da empresa. A Figura 2 mostra os artigos da revisão divididos de
A terceira categoria do sistema de classificação são os acordo com a referência (artigos técnicos, proceedings e
princípios enxutos enfatizados no trabalho. Para este periódicos) e ano de publicação. Pode-se observar que há
trabalho extraímos de importantes referências sobre Manu- forte predominância de artigos publicados em periódicos
fatura Enxuta e Sistema Toyota de Produção (Monden, científicos, que começaram a ser publicados em 1993. Há
1984; Shingo, 1985; Robinson, 1990; Shingo, 1996a; grande variação no número destes artigos: um pico maior
Shingo, 1996b; Ohno, 1997; Womack & Jones, 1998; em 1996, outros em 1997 e 2000 e provavelmente ocorrerão
Henderson & Larco, 2000) os princípios mais importantes novos picos em 2004 ou nos próximos anos, ou seja, a
da ME. A Tabela 1 mostra esses princípios com seus Manufatura Enxuta é um tema que não está esgotado.
respectivos códigos do sistema de classificação.
Finalmente, a quarta categoria do sistema de classi- 4. A revisão da literatura sobre
ficação proposto são os capacitadores (tecnologias, me- Manufatura Enxuta
todologias e ferramentas) da ME. A partir das referências
citadas anteriormente e da própria revisão realizada sobre Nesta seção estruturamos a revisão bibliográfica sobre
o tema ME, foram identificadas as principais tecnologias, ME utilizando a classificação da seção anterior, mais
ferramentas e metodologias necessárias para conseguir um especificamente as duas primeiras categorias: metodologia
sistema enxuto nas empresas. Também a partir da revisão, e abrangência. Quanto à metodologia, a divisão é simples
pode-se organizar os capacitadores de acordo com o prin- e segue a classificação: trabalhos práticos e teóricos. Já
cípio (representado pelo código mostrado na Tabela 1) que quanto à abrangência, pode-se encontrar na revisão trabalhos
está mais relacionado. Isto é mostrado na Tabela 2. que se limitam a explorar somente um nível da ME (seja
ele chão de fábrica, outras áreas da empresa ou cadeia de
3.2 Classificação da revisão suprimentos) e outros mais abrangentes, que estudam
bibliográfica sobre ME aspectos da ME relacionados a dois desses níveis e até
mesmo aos três em conjunto. É exatamente dessa forma que
Após apresentarmos a estrutura do sistema de clas- estruturamos as seções que seguem. Apresentamos um breve
sificação, vamos para a classificação propriamente dita. resumo de cada trabalho, tentando ilustrar as principais
A revisão bibliográfica foi composta de 82 trabalhos sobre contribuições para a literatura sobre ME.

Tabela 1 – Princípios mais importantes da Manufatura Enxuta.

Princípio Código
Determinar valor para o cliente, identificando cadeia de valor e eliminando desperdícios A
Trabalho em fluxo/simplificar fluxo B
Produção puxada/just in time C
Busca da perfeição D
Autonomação/qualidade seis sigma E
Limpeza, ordem e segurança F
Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos G
Gerenciamento visual H
Adaptação de outras áreas da empresa ao pensamento enxuto I
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 5

Tabela 2 – Os capacitadores da ME, sua respectiva codificação e relacionamento com princípios enxutos.
Fonte: Revisão bibliográfica sobre ME.

Capacitadores (tecnologias, metodologias e ferramentas) Código Princípio relacionado


Mapeamento do fluxo de valor 1 A
Melhoria na relação cliente-fornecedor/redução do número de fornecedores 2 A
Recebimento/fornecimento just in time 3 A, C
Tecnologia de grupo 4 B
Trabalho em fluxo contínuo (one piece flow)/redução tamanho de lote 5 B
Trabalhar de acordo com o takt time/produção sincronizada 6 B
Manutenção produtiva total (TPM) 7 B
Kanban 8 C
Redução do tempo de set up 9 C
Kaizen 10 D
Ferramentas de controle da qualidade 11 E
Zero defeito 12 E
Ferramentas poka yoke 13 E
5S 14 F
Empowerment 15 G
Trabalho em equipes 16 G
Comprometimento dos funcionários e da alta gerência 17 G
Trabalhador multi-habilitado/rodízio de funções 18 G
Treinamento de pessoal 19 G
Medidas de performance/balanced scorecard 20 H
Gráficos de controle visuais 21 H
Modificação de estrutura financeira/custos 22 I
Ferramentas para projeto enxuto (DFMA, etc.) 23 I

Tabela 3 – Classificação dos artigos da revisão sobre ME.

Classificação Classificação
Classificação Classificação
quanto aos quanto aos
Artigo/ano de publicação quanto à quanto à
princípios capacitadores
metodologia abrangência
enxutos enxutos
Jacobs & Meerkov (1993) T CF B, C 5
Barker (1994) P CF, CS A, B, C 1, 4, 5, 8, 9

Billesbach (1994) P CF, OA A, B, C, D, E, G, 6, 7, 8, 10, 16, 17,


H, I 19, 21
Toomey (1994) T OA I 22
Dong (1995) P CS C, E
Ghinard (1995) T CF C,E 8, 11, 12, 13
Johnston (1995) P CF B, C, E, G 4, 8, 16
Karlsson & Ahlströn (1995) P OA I 22
Kosonen & Buhanist (1995) P CF, OA G, I 16, 19
Lang & Hugge (1995) P CF, OA B, C, E, I 4, 11, 23
Wardt (1995) P CF A, D, G 2, 10, 18
Warnecke & Huser (1995) T CF, OA, CS A, B, G 2, 4, 15, 16
Ahlströn & Karlsson (1996) P OA I 22
Boyer (1996) P OA G, I 15, 16, 17, 19
Braiden & Morrison (1996) P CF B, C, E 5
De Toni & Tonchia (1996) P CF, CS D, G 10, 16, 17
Dupernex & Relph (1996) T CF B, C 5, 9

Edwards (1996) T CF B, C, E, G 4, 5, 6, 7, 15, 16,


18
6 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

Tabela 3 – Classificação dos artigos da revisão sobre ME. (Continuação.)


Classificação Classificação
Classificação Classificação
quanto aos quanto aos
Artigo/ano de publicação quanto à quanto à
princípios capacitadores
metodologia abrangência
enxutos enxutos
Forza (1996) P CF, OA G, I 15, 16, 17, 19
Karlsson & Ahlströn (1996) T CF, OA B, C, D, E, G 5, 8, 10, 11, 12

Katayama & Bennett (1996) P CF, CS B, C, D, F, G 3, 4, 6, 7, 8, 10,


14, 18
Lamming (1996) T CS A, B, C 2, 3
Mabry & Morrison (1996) P CF B, C 4, 5, 6
Niepce & Molleman (1996) P OA G, I 15, 16, 19

Oliver et al. (1996) P CF, CS A, B, C, D, E, 12, 13, 16, 21


G, H
Schuring (1996) P CF G 16

Sohal (1996) P CF, OA C, G, I 8, 9, 15, 16,


19, 23
Womack & Jones (1996) T OA G, I 17, 18, 19, 23
Harisson (1997) T CF B, C 5, 9
Hines & Rich (1997) T CF, CS A 1

James-Moore & Gibbons (1997) P CF A, C, E, F, G 2, 7, 11, 13, 14,


15, 16, 17
Juliard (1997) P CF, CS A, B, C, D, G 2, 4, 8, 9, 16
Kochan & Lansburry (1997) P CF, OA G, I 15, 16, 19, 22
Maccoby (1997) T OA G 15, 16, 17
Macduffie & Helper (1997) P CS A, B, C, D, E 11, 16, 19
Narayanaswany (1997) T CF B 4
Steiner (1997) T CS A 2
Zayko et al. (1997) P CF B, E, G 4, 18
Ahlströn (1998) P CF A, C, D, E, G 8, 10, 12, 15, 16
Brown (1998) P CF E, G 11, 17
Duggan (1998) T CF B 4
Erridge & Murray (1998) P CS A, C 2, 3

Hancock & Zayko (1998) T CF B, C, E, G, I 5, 6, 7, 8, 9, 12,


18, 19
Kochan (1998) P CF C, E 8, 11

Panizzolo (1998) P CF, OA, CS A, B, C, E, 2, 6, 8, 9, 13, 16,


G, H, I 18, 21, 23
Reynolds (1998) T CF B 4, 5, 6
Hampson (1999) P CF B.D 6, 10
Ivezic et al. (1999) T CF B, C, G 5, 16, 18
Katayama & Bennett (1999) P CF C, E 7
Muffatto (1999) T CF C, D, E, G 10, 15, 16, 18
Naylor et al. (1999) P CF, CS C 3, 8
Shahmanesh (1999) P CF A, D 1, 10
Spear & Bowen (1999) P CF, CS A, B, C, D, G 5, 9, 10, 16, 19
Storch & Lim (1999) P CF B, C 4, 5, 6, 8
Allen (2000) P CF B, C, F 4, 5, 6, 7, 14
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 7

Tabela 3 – Classificação dos artigos da revisão sobre ME. (Continuação.)


Classificação Classificação
Classificação Classificação
quanto aos quanto aos
Artigo/ano de publicação quanto à quanto à
princípios capacitadores
metodologia abrangência
enxutos enxutos
Bamber & Dale (2000) P CF, OA, CS A, B, C, G, I 2, 4, 8, 16, 17, 19,
Biazzo & Panizzolo (2000) T OA G, I 15, 16, 18, 19
Dennis et al. (2000) P CS A 1
Detty & Yingling (2000) P CF B, C, E, F 3, 4, 5, 8, 13, 14
Knuf (2000) T OA G 16, 17

Lewis (2000) P CF, OA, CS A, B, C, E, G, H 2, 4, 8, 9, 11, 12,


16, 20
Maskell (2000) T OA I 22
Mason-Jones et al. (2000) P CF, CS B, C, E 4, 8, 11
Pérez & Sanchéz (2000) P OA, CS A, C, G 2, 3, 16, 18, 19
Alvarez & Antunes Jr. (2001) T CF B 6
Arkader (2001) P CS A 2, 3
Bicheno et al. (2001) P CF, CS A, B, C 5, 7, 8
Gulyani (2001) P CS C 3
Nellore et al. (2001) P CS A, C, D 2, 3, 8, 10

Sanchéz & Pérez (2001) P CF, CS A, B, C, D, G 2, 3, 4, 5, 7, 9, 16,


17, 18, 19

White & Prybutok (2001) P CF B, C, E, G 3, 4, 7, 8, 9, 11,


18

Arbós (2002) P CF, OA A, B, G 6, 7, 15, 16, 17,


18, 19
Nave (2002) T CF, CS A, B, C, D 1
Soriano-Meier & Forrester (2002) P CF A, C, D, E, G 3, 10, 12, 16, 18
Sullivan et al. (2002) P CS A, C, D, E 1, 8, 9, 10

Shah & Ward (2002) P CF B, C, D, E, G 4, 5, 7, 8, 9, 10,


16, 18
Vincenti (2002) P CS D 10

Yusuf & Adeleye (2002) P CF, CS A, B, C, E, G 2, 5, 7, 8, 9, 16,


18

Kojima & Kaplinsky (2003) P CF A, B, C, D, E, G 3, 4, 5, 8, 9, 10,


11, 16, 17, 18, 19
Prince & Kay (2003) P CF B 4
Stratton & Warburton (2003) P CF, CS A, B 2, 5, 6

Bruun & Mefford (2004) P CF, OA, CS A, B, C, D, G, I 2, 5, 9, 10, 16, 17,


22, 23

4.1 Trabalhos práticos (P) indústria automobilística: Mabry & Morrison (1996)
4.1.1 Trabalhos com foco no descrevem a adoção de algumas técnicas enxutas na Delphi,
enquanto Kochan (1998) mostra o uso de técnicas enxutas
chão de fábrica (CF)
em uma fábrica européia da Mercedes que produz o modelo
Johnston (1995) analisa um estudo de caso sobre Classe A.
experiências e dificuldades de uma empresa na adoção de Já o estudo da ME em empresas específicas, com
sistemas de gestão auxiliados por computador (tipo MRP). características diferentes da aplicação clássica (indústria
O autor conclui que a ME ajuda na introdução desses automobilística), pode ser visto em pelo menos seis trabalhos
sistemas. Braiden & Morrison (1996) descrevem os esforços desta categoria: Zayko et al. (1997) mostram evidências de
de empresa do setor automobilístico em aumentar a que também em pequenas empresas a ME traz grandes
capacidade produtiva utilizando métodos da ME. Outros melhorias para a manufatura; James-Moore & Gibbons
autores trabalham com a manufatura enxuta dentro da (1997) estudam a adoção de métodos e práticas da ME em
8 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

empresas caracterizadas pela alta variedade de produtos e adaptabilidade por meio de atividades ágeis. Também Prince
baixo volume de produção unitária (indústria aeroespacial & Kay (2003) trabalham com a relação ME e Manufatura
e civil), comparando com os métodos e práticas enxutas Ágil. Esses autores propõem uma metodologia em que alguns
clássicas (indústria automobilística); Storch & Lim (1999) princípios enxutos e ágeis trabalham em conjunto. Hampson
estudam a ME nesse mesmo tipo de empresa (no caso, (1999) trabalha com a necessidade de balanceamento entre
indústria de navios), focando seu trabalho na metodologia os conceitos enxutos da produção sincronizada e da melhoria
para manutenção do fluxo do valor nesse tipo de empresa; contínua para que a força de trabalho não se sinta sobre-
White & Prybutok (2001) realizam um estudo da relação carregada. Schuring (1996) analisa o papel do trabalho em
entre ME e o tipo de sistema de produção; Wardt (1995) equipe na ME. Detty & Yingling (2000) trabalham com a
apresenta a aplicação de práticas enxutas na indústria da simulação para quantificar os benefícios da adoção de várias
construção de poços; e, finalmente, Shah & Ward (2002) técnicas enxutas. Dois estudos desenvolvem e aplicam
examinam, por meio do estudo de múltiplos casos, o efeito metodologias para avaliar o nível de adoção da ME em um
de três fatores distintos: tamanho da empresa, idade e setor industrial: Soriano-Meier & Forrester (2002) e Kojima
atuação dos sindicatos na implementação da ME. & Kaplinsky (2003).
Já Brown (1998) realiza um estudo de múltiplos casos
sobre relações entre qualidade, comprometimento da 4.1.2 Trabalhos com foco em outras áreas
gerência e estratégia. Esse estudo conclui basicamente que da empresa (OA)
uma visão estratégica e um grande comprometimento da Nesta categoria temos basicamente dois tipos de traba-
gerência melhoram muito a performance das técnicas e lhos: os que tratam da relação ME e sistemas contábeis/
ferramentas da qualidade dentro do contexto da ME. Outro financeiros e os que tratam da relação ME e recursos
autor que estuda o aspecto qualidade da ME é Shahmanesh humanos. Karlsson & Ahlstrom (1995) propõem um novo
(1999), mostrando o kaizen, dentro da ME, em uma sistema de remuneração baseado nos objetivos da ME,
empresa automobilística. Dois autores focam os aspectos modelo este que é verificado por meio de um estudo de caso.
da implementação da ME em empresas: Ahlström (1998) Esses autores concluem que este novo sistema tem
propõe uma seqüência melhor de implementação da ME, importante papel na introdução e na melhoria da eficiência
deixando claro que algumas atividades devem ser da ME. Esses mesmos autores estudam, em outro trabalho
realizadas em paralelo; e Allen (2000) realiza alguns (Ahlström & Karlsson, 1996), o papel do sistema de
estudos de caso e comprova que cada implantação da ME contabilidade gerencial na ME, concluindo que este é
é única, cabendo à empresa escolher qual princípio deve fundamental no estabelecimento de uma estratégia enxuta
enfatizar, de acordo com seus objetivos estratégicos. nas empresas. Niepce & Molleman (1996) estudam o papel
Katayama & Bennett (1999) comparam a ME com outros do trabalhador na ME e em sistemas sociotécnicos,
dois importantes conceitos dentro da Gestão da Produção, estabelecendo, com base em estudos de caso, diferenças
a Manufatura Ágil e a Manufatura Adaptável (este último e semelhanças para ambos. Já Boyer (1996) focaliza seu
proposto pelos mesmos autores em Katayama & Bennett, trabalho no estudo da relação entre o comprometimento da
1996) dentro do contexto japonês. Os resultados mostram empresa com a ME e as ações tomadas pela gerência para
que as empresas japonesas estão tentando alcançar desenvolver habilidades e treinar trabalhadores.

20
Número de artigos

Artigos técnicos
15
Proceedings
10
Artigos científicos
5
Total
0
1993 1995 1997 1999 2001 2003
Anos

Figura 2 – Quantidade de artigos sobre Manufatura Enxuta.


GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 9

Os resultados deste estudo mostram que investir no vários aspectos da manufatura, dentre eles: estoque em
treinamento e no desenvolvimento dos trabalhadores é um processo e qualidade dos produtos. Lang & Hugge (1995)
fator determinante para obter os ganhos de produtividade da também mostram a aplicação de princípios e ferramentas
ME. enxutas em uma indústria específica, neste caso, a indústria
aeroespacial americana. Kosonen & Buhanist (1994)
4.1.3 Trabalhos com foco na cadeia de focalizam sua pesquisa em como transformar uma empresa
suprimentos (CS) em enxuta, respondendo questões como as características
necessárias para a mudança, o que a mudança requer e qual
Dong (1995) compara a ME e a própria Engenharia de
o papel do pesquisador no processo de transformação. Esses
Produção. Em um estudo de caso em uma indústria chinesa,
autores desenvolvem um estudo de caso na indústria de
conclui que a aplicação de alguns princípios enxutos, tendo
elevadores da Finlândia. Forza (1996) identifica as práticas
por base algumas técnicas da Engenharia de Produção, gerou
de organização de trabalho aplicadas na ME testando
uma série de melhorias na empresa. Erridge & Murray (1998)
algumas hipóteses relativas à interação, organização do
examinam, em três estudos de caso, a possibilidade de
trabalho e ME em um survey. Os resultados desse estudo
introduzir o fornecimento enxuto em instituições gover-
mostram que as empresas que adotaram a ME se interessam
namentais. E concluem que a maioria dos aspectos do forne-
mais por questões relacionadas à organização do trabalho
cimento enxuto é aplicável, excluindo-se algumas carac-
e pessoas do que as empresas tradicionais. Kochan &
terísticas que devem ser adaptadas a esse tipo de instituição.
Lansbury (1997) avaliam a organização do trabalho dentro
Arkader (2001) também trabalha com fornecimento enxuto,
do contexto da ME na indústria de automóveis de diversos
apresentando as perspectivas atuais dos fornecedores na
países. A conclusão é que, apesar da difusão das técnicas
indústria automobilística brasileira. Macduffie & Helper
enxutas ao redor do mundo, há uma variação de país para
(1997) mostram exemplos práticos da difusão de princípios
país na maneira da gerência e dos sindicatos se adaptarem
enxutos na cadeia de suprimentos de uma grande empresa
às mudanças. Sohal (1996) estuda a implantação de alguns
automobilística. Gulyani (2001) é outro autor que focaliza
princípios enxutos em uma empresa australiana, concluindo
seu estudo na indústria automobilística, neste caso, da Índia.
que esta se tornou mais lucrativa e mais competitiva após
Esse autor mostra que os precários meios de transporte do
a aplicação dos princípios. Arbós (2002) propõe uma
país dificultam a utilização do fornecimento enxuto; porém,
metodologia para implantar a ME em empresas de serviços.
as montadoras, para tentar amenizar o problema, estão
optando pela formação de clusters industriais. Nellore et al.
4.1.5 Trabalhos com foco no chão de
(2001) destacam a relação entre fornecimento enxuto e
fábrica e na cadeia de
compras globais dentro da cadeia de suprimentos. Os resul-
tados do estudo desses autores mostram que o fornecimento suprimentos (CF, CS)
enxuto é afetado negativamente pelas compras globais Barker (1994) apresenta um modelo para o projeto de
baseadas em preço e que essa estratégia não deve ser usada sistemas de manufatura enxuta por meio de um método
no fornecimento de peças complexas que necessitam de baseado no tempo e na capacidade de agregar valor. São
grande cooperação cliente–fornecedor. Sullivan et al. (2002) mostrados estudos de caso para exemplificar o modelo.
mostram um problema de substituição de equipamento dentro Katayama & Bennett (1996) examinam o papel e a impor-
do contexto da ME. Esses autores mostram, em um estudo tância da ME dentro do contexto da atual economia
de caso, como o mapeamento do fluxo de valor pode ser usado recessiva japonesa. Em experiências em quatro empresas,
para mapear o estado atual de uma linha de produção e os autores concluem que os métodos enxutos eram com-
também para projetar o estado desejado. Vincenti (2002) faz petitivos quando a economia japonesa estava em expansão.
diversas considerações sobre o kaizen, dentro de um contexto Atualmente, as empresas japonesas não podem mais
de ME, mostrando melhorias que este programa trouxe na confiar nos mesmos conceitos, por isso os autores desen-
cadeia de suprimentos do setor automobilístico. Dennis et volveram um novo sistema, que eles denominaram Pro-
al. (2000) trabalham com a análise da cadeia de valor, para dução Adaptável, que parece trabalhar melhor com
identificar ineficiências no processo, e com a simulação, para alterações/reduções de demanda do que a ME. Quatro
avaliar programas de melhoria e desenvolver futuros cenários trabalhos nesta categoria estudam o relacionamento entre
de negócios para a indústria de telecomunicações inglesa. a ME e a Manufatura Ágil. Naylor et al. (1999) apresentam
um novo conceito, o leagility, que significa o uso conjunto
4.1.4 Trabalhos com foco no chão de da ME e da Manufatura Ágil. Essa nova visão é trabalhada
fábrica e em outras áreas da por meio de um estudo de caso na cadeia de suprimentos
empresa (CF, OA) de empresas de produtos eletrônicos. Mason-Jones et al.
(2000) complementam esse trabalho, afirmando que a
Billesbach (1994) mostra como alguns princípios da ME, aplicação dos princípios enxutos, ágeis e deste novo
aplicados em uma fábrica da DuPont, ajudaram a melhorar conceito leagility dependem das necessidades específicas
10 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

de cada cadeia de suprimentos. Essa argumentação é fornecedores para melhoria dos processos produtivos e de
sustentada por estudos de caso nas indústrias de produtos entrega. Porém, há pouca ou nenhuma cooperação em relação
mecânicos de precisão, tapeçaria e produtos eletrônicos, ao desenvolvimento dos componentes e projeto.
sendo que cada uma trabalha com uma abordagem. Yusuf
& Adeleye (2002) comparam as Manufaturas Enxuta e 4.1.7 Trabalhos com foco nas três áreas:
Ágil por meio de um survey em indústrias inglesas. Esses chão de fábrica, outras áreas da
autores concluem que em um ambiente em mudança empresa e cadeia de suprimentos
crescente a Manufatura Enxuta está ameaçada, enquanto (CF, AO, CS)
a Manufatura Ágil surge como uma forte opção. Stratton
& Warburton (2003) trabalham com a integração de Nesta categoria temos o trabalho de Panizzolo (1998),
técnicas de fornecimento das Manufaturas Ágil e Enxuta que mostra como o modelo de ME vem sendo imple-
na cadeia de suprimentos. Alguns autores relacionam a mentado por meio de um estudo em 27 empresas. Os
ME a indicadores de desempenho: Oliver et al. (1996) resultados dessa pesquisa mostram que para a imple-
estudam a relação entre a Manufatura Enxuta e a mentação completa dos princípios enxutos o fator crítico
performance das empresas, em um amplo estudo na é a gestão dos relacionamentos externos, integrando as
indústria de componentes automotivos inglesa. Esses diferentes empresas da cadeia de valor para garantir a
autores concluem que algumas práticas enxutas são excelência dos produtos e serviços. Já Lewis (2000),
necessárias, porém, não suficientes para a alta perfor- realizando três estudos de caso, avalia a relação entre ME
mance. De Toni & Tonchia (1996) mostram que a busca e competitividade e questiona a ME como uma "panacéia
por excelência e as mudanças organizacionais requeridas para todos os males das empresas". Esse trabalho conclui
pela Manufatura Enxuta levam a empresa à gestão por pro- que o desenvolvimento da ME não é único em todas as
cessos, a qual influencia o sistema de medida de perfor- empresas, ou seja, cada empresa deve seguir sua própria
mance organizacional. Já Sánchez & Pérez (2001) trajetória enxuta (conclusão essa também mostrada no
desenvolvem e testam um conjunto de indicadores de trabalho de Panizzolo (1998)). Além disso, os autores
desempenho que avaliam as transformações de uma empresa mostram que a ME leva a vantagens competitivas somente
rumo à Manufatura Enxuta. Esses autores também se a empresa souber investir os ganhos de produtividade
desenvolvem um estudo em empresas espanholas para que ela traz. Como alerta, os autores salientam a redução
mostrar quais desses indicadores são atualmente mais de flexibilidade que a ME pode trazer a longo prazo.
utilizados. Juliard (1997) demonstra em seu trabalho que os Bamber & Dale (2000) também questionam a ME como
princípios da manufatura enxuta podem ser aplicados em uma best practice em gestão de operações. Esses autores
grande variedade de situações e empresas. Porém, de acordo avaliam a aplicação dos métodos enxutos em uma tra-
com Spear & Bowen (1999), poucas têm alcançado o sucesso dicional empresa aeroespacial. E concluem que muitos dos
da Toyota. De acordo com esses autores, isso ocorre porque métodos enxutos não se mostraram tão eficientes como
alguns princípios não estão explícitos no Sistema Toyota de na indústria automotiva em razão das características da
Produção. Esses princípios são chamados por esses autores demanda e da posição da empresa no mercado. Ainda nesta
de DNA do Sistema Toyota de Produção. Finalmente, categoria temos o trabalho de Bruun & Mefford (2004),
Bicheno et al. (2001) desenvolvem um algoritmo de que estudam as implicações da internet para a ME.
programação da produção, que leva em consideração vários
capacitadores enxutos como o kanban, a manutenção 4.2 Trabalhos teóricos
produtiva total e a redução nos tempos de set up. 4.2.1 Trabalhos com foco no chão de
fábrica (CF)
4.1.6 Trabalhos com foco em outras
áreas da empresa e na cadeia de Nesta categoria temos o estudo de Jakobs & Meerkov
suprimentos (OA, CS) (1993), que trabalham com a comparação da data prometida
para clientes dentro de uma abordagem da manufatura em
Nesta categoria, temos o trabalho de Pérez & Sanchez massa e da manufatura enxuta. Esses autores concluem
(2000), que analisam os resultados de um survey realizado que dentro da manufatura enxuta deve-se programar menor
em 28 fornecedores de empresas automobilísticas da Espanha. quantidade de trabalho do que na manufatura em massa
Essa pesquisa teve por objetivo realizar algumas análises para atingir os mesmos níveis de pontualidade. Ghinato
sobre a relação dos aspectos humanos e a relação cliente– (1995) apresenta um modelo que tem no just in time, na
fornecedor dentro da ME. Os autores concluíram que a autonomação e no zero defeito os pilares do Sistema
rotatividade de tarefas e o trabalho em equipes relaciona-se Toyota de Produção (STP). Além disso, o autor defende
positivamente com o treinamento e com o uso de compo- que o STP é mais do que somente o just in time. Dupernex
nentes comuns. No relacionamento cliente–fornecedor, o & Relph (1996) descrevem, no âmbito da ME, uma meto-
trabalho concluiu que na prática há uma cooperação cliente– dologia para redução do lead time por meio do aumento
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 11

da utilização da capacidade e do emprego de lotes de 4.2.4 Trabalhos com foco no


fabricação menores. Edwards (1996) fornece um guia chão de fábrica e em outras
prático para a escolha de material que será empregado no áreas da empresa (CF, OA)
chão de fábrica para uma implantação com sucesso da ME.
Duggan (1998) também trabalha com ferramentas e com Neste grupo também temos somente um artigo, o de
o projeto de uma fábrica enxuta. Dois autores fazem Karlsson & Ahlströn (1996), que desenvolvem um modelo
comparações entre a ME e outras metodologias: Harrison que pode ser usado para medir o progresso de uma empresa
(1997) discute as diferenças e semelhanças entre a ME que está em processo de implantação da ME.
e a Manufatura Ágil, questionando a compatibilidade
dessas duas teorias; Muffatto (1999) compara a ME com 4.2.5 Trabalhos com foco no
outro importante paradigma de gestão da produção, o chão de fábrica e na
Modelo Sueco. Já Hancock & Zayko (1998) discutem os cadeia de suprimentos (CF, CS)
principais problemas passíveis de ocorrer na implantação Nesta categoria temos o trabalho de Hines & Rich
da ME em empresas. Reynolds (1998) apresenta o projeto (1997), que apresenta um novo procedimento para realizar
de um sistema de manufatura celular, dentro de um a análise da cadeia de valor, e o trabalho de Nave (2002),
contexto de ME. Narayanaswamy (1997) apresenta um que mostra a base conceitual da ME, do seis sigma e da
software para a análise e determinação de layouts em em- teoria das restrições, propondo um modelo para entender
presas. Esse software pode ser aplicado na manufatura, as semelhanças e diferenças entre cada uma dessas meto-
em depósitos, escritórios e em vários outros tipos de dologias e também para escolher qual delas é mais adequada
organizações de serviço. Ivezic et al. (1999) desenvolvem a uma empresa.
um sistema que suporta a transição de uma empresa
tradicional para uma enxuta. Alvarez & Antunes Jr. (2001) 4.2.6 Trabalhos com foco nas três áreas:
trabalham com o conceito de takt time dentro do STP.
chão de fábrica, outras áreas da
4.2.2 Trabalhos com foco em outras áreas empresa e cadeia de suprimentos
da empresa (OA) (CF, OA, CS)
Dentro desta categoria temos o trabalho de Warneche
Toomey (1994) trabalha com a relação entre ME e gestão
& Hüser (1995), que identifica métodos enxutos para serem
de custos empresariais. O autor conclui que, com a melhoria
aplicados no que esses autores denominam de os quatro
das operações de manufatura decorrente da implantação da
aspectos individuais da ME: desenvolvimento de produto,
ME, a gestão de custos também deve melhorar para o que
cadeia de suprimento, gestão do chão de fábrica e serviço
o autor chama de "custeio padrão enxuto". Maskell (2000)
pós-venda.
também trabalha com a relação entre um sistema financeiro
e a ME, fazendo uma série de considerações a respeito de
mudanças necessárias no sistema financeiro das empresas 5. Análise do tema Manufatura Enxuta
para que este se torne compatível com a ME. Já Womack & na literatura e sugestões de futuros
Jones (1996) falam em seu trabalho da empresa enxuta, ou estudos
seja, da expansão do pensamento enxuto a todas as áreas e
funções da empresa. Biazzo & Panizzolo (2000) trabalham Para melhor entendimento do que a literatura oferece
com a avaliação das mudanças, sob a perspectiva dos trabalha- atualmente sobre Manufatura Enxuta, bem como para a
dores e das transformações que ocorrem na implantação da sugestão de futuros trabalhos na área, realizamos, nesta
ME. Outro artigo que enfoca a relação dos recursos humanos seção, uma análise geral da revisão bibliográfica utilizando-
na ME é o trabalho de Maccoby (1997), que faz uma série se o sistema de classificação proposto. Esta análise se baseia
de comentários salientando a importância da força de trabalho em dois pontos fundamentais: i) estudo quantitativo das
para a ME. Knuf (2000) estuda a utilização do benchmarking metodologias, abrangências, princípios e capacitadores
na transformação de uma empresa tradicional em uma em- utilizados nos trabalhos de produção enxuta e ii) estudo
presa enxuta. qualitativo dos principais assuntos e objetivos alcançados
por esses trabalhos.
4.2.3 Trabalhos com foco na cadeia de
suprimentos (CS) 5.1 Análise quantitativa das metodologias,
abrangências, princípios e capacitadores
Dois trabalhos se encaixam neste grupo: o de Lamming
(1996), que estuda a adequação da cadeia de suprimentos Esta análise se baseia na classificação de trabalhos
no paradigma enxuto, e o artigo de Steiner (1997), que trata propostos e tem por objetivo verificar qual a freqüência da
de novos métodos para conseguir a cooperação entre utilização das metodologias, abrangências, princípios e
produtores e fornecedores dentro de um ambiente da ME. capacitadores dentro da literatura sobre Manufatura Enxuta.
12 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

A primeira análise é referente às metodologias e abran- • Vemos que há grande diversidade de abrangências
gências dos trabalhos. Para isso, estruturamos a Tabela 4, dentro dos trabalhos, tanto nos práticos quanto nos
que relaciona a metodologia utilizada no trabalho (duas teóricos. Uma análise mais detalhada dessas abran-
categorias: prático ou teórico) com a abrangência do trabalho gências mostra que, dentro dos artigos práticos, 44
(sete categorias: desde um foco somente no chão de fábrica (75,9%) focalizam o chão de fábrica, 16 (27,6%),
até outro nas três áreas, chão de fábrica, empresa e cadeia outras áreas da empresa e 26 (44,8%), a cadeia de
de suprimentos), mostrando o número de artigos para cada suprimentos. Dentre os artigos teóricos, essas por-
uma dessas classes combinadas. centagens são de 66,7% (16 artigos), 33,3% (8 artigos)
A partir da Tabela 4 podemos extrair algumas infor- e 20,8% (5 artigos), respectivamente. No total (so-
mações interessantes a respeito das metodologias utilizadas mando artigos práticos e teóricos), 60 artigos (73,2%)
e das abrangências dos trabalhos existentes atualmente na analisam o chão de fábrica, 24 (29,3%) estudam outras
literatura a respeito da Manufatura Enxuta. Em relação à áreas da empresa e 31 (37,8%) focalizam a cadeia de
metodologia temos: suprimentos. Uma observação importante a respeito
dessas porcentagens é que elas não somam 100%, pois
• 58 trabalhos (70,7% do total) são do tipo prático, ou seja, há trabalhos que avaliam mais de uma área.
utilizam metodologias de pesquisa do tipo survey, estudos • Referente à ênfase em mais de uma área, temos, dentro
de caso ou pesquisa–ação para abordar o tema Manufatura
dos trabalhos práticos, 34 (58,6%) que enfatizam uma
Enxuta. Somente 24 trabalhos (29,3% do total) são
das três áreas (CF, AO, CS), enquanto os outros 24
teóricos, utilizando metodologias do tipo teórico–
(41,4%) enfatizam duas ou até mesmo três áreas. Em
conceitual, como, por exemplo, discussões conceituais
relação aos trabalhos teóricos, essas porcentagens são
e revisões de literatura. A Figura 3 mostra estas consi-
de 83,3% (20 trabalhos) e 16,7% (4 trabalhos), respec-
derações a respeito da metodologia empregada.
tivamente. No total temos que 54 trabalhos (65,9%)
Já em relação à abrangência dos trabalhos, podemos enfatizam somente uma área, enquanto os outros 28
tecer as seguintes considerações: (34,1%) enfatizam duas ou até três áreas.

Tabela 4 – Número de trabalhos por metodologia e abrangência.

Foco Foco Foco Foco no Foco no Foco em Foco no CF,


somente somente somente CF e em CF e na OA e na em OA e na Total
no CF em OA na CS OA CS CS CS
Número de
trabalhos 21 4 9 7 12 1 4 58
práticos
Número de
trabalhos 12 6 2 1 2 0 1 24
teóricos
Número de
trabalhos 33 10 11 8 14 1 5 82
total

Figura 3 – Número de artigos de acordo com a metodologia empregada.


GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 13

Essas duas considerações a respeito das abrangências limpeza, ordem e segurança, ambos tratados em somente
dos trabalhos sobre Manufatura Enxuta podem ser melhor 4 trabalhos (4,9%). Ainda nessa tabela é interessante
visualizadas nas Figuras 4 e 5. verificarmos a inexistência de trabalhos teóricos dentro
Ainda dentro de uma análise quantitativa da literatura da Manufatura Enxuta que tratem a fundo os princípios
sobre Manufatura Enxuta faremos agora considerações a do gerenciamento visual e da limpeza, ordem e segurança
respeito da terceira e quarta categorias de nosso sistema de dentro de um contexto da Manufatura Enxuta. A Figura
classificação: os princípios e capacitadores da ME abor- 6 ilustra todas essas considerações.
dados nos trabalhos. • Em relação aos capacitadores, elaboramos a Tabela 6,
que mostra a freqüência de utilização dos capacitadores
• Em relação aos princípios enxutos abordados nos enxutos nos trabalhos sobre Manufatura Enxuta. Tam-
trabalhos, elaboramos a Tabela 5, que mostra o número bém nessa tabela tratamos os capacitadores pelos seus
de trabalhos (teóricos, práticos e total) que aborda cada códigos identificados em nosso sistema de classificação.
um dos princípios enxutos. Para facilitar, os princípios Analisando a tabela vemos que três capacitadores enxutos
estão apresentados com os códigos (letras) do nosso são mais estudados dentro da literatura. São eles: o
sistema de classificação proposto. Nessa tabela notamos trabalho em equipes, o kanban e a tecnologia de grupo,
que o princípio C (Produção puxada/just in time) é o estudados, respectivamente, em 41,5%, 30,5% e 28% dos
princípio mais estudado dentro dos trabalhos de Ma- trabalhos. Outros capacitadores bastante estudados (mais
nufatura Enxuta, sendo abordado em 49 trabalhos (59,8% de 20% dos artigos) são: o trabalho em fluxo contínuo/
do total de trabalhos). Outros princípios bastante tratados redução do tamanho de lote (26,8%); trabalhador multies-
nos trabalhos são: trabalho em fluxo/simplificar fluxo (43 pecializado/rodízio de funções e treinamento de pessoal
trabalhos ou 52,4%); desenvolvimento e capacitação de (ambos tratados em 22%); e melhoria na relação cliente–
recursos humanos (41 trabalhos ou 50%); determinação fornecedor/redução do número de fornecedores e kaizen
do valor para o cliente, identificando a cadeia de valor (ambos tratados em 20,7%). Já alguns capacitadores são
e eliminando desperdícios (32 trabalhos ou 39%) e auto- tratados em um número extremamente reduzido de traba-
nomação/qualidade seis sigma (28 trabalhos ou 34,1%). lhos. É o caso da utilização de medidas de performance
Dois princípios não estão tendo tanto destaque na litera- enxutas (1,2%); gráficos de controle visuais (3,6%); entre
tura sobre Manufatura Enxuta: gerenciamento visual e outros capacitadores que podem ser vistos na Tabela 6.

Figura 4 – Foco dos trabalhos sobre Manufatura Enxuta.


Número de trabalhos

60
50
Ênfase em somente uma
40 área (CF ou OA ou CS)
30
20 Ênfase em duas ou em
três áreas
10
0
Práticos Teóricos Total

Figura 5 – Ênfase única ou múltipla nos trabalhos de Manufatura Enxuta.


14 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

Figura 6 – Número de artigos que enfatizam cada um dos princípios enxutos (por metodologia e totais).

Tabela 5 – Número de artigos (divididos de acordo com a metodologia) relacionados a cada princípio enxuto.

Princípio Princípio Princípio Princípio Princípio Princípio Princípio Princípio Princípio


A B C D E F G H I
Artigos
27 29 38 19 23 4 31 4 13
práticos
Artigos
5 14 11 3 5 0 10 0 5
teóricos
Total 32 43 49 22 28 4 41 4 18

Tabela 6 – Freqüência de abordagem dos capacitadores enxutos na literatura.

Porcentagem Porcentagem Porcentagem


Número Número Número
em relação em relação em relação
Capacitador de Capacitador de Capacitador de
ao total de ao total de ao total de
artigos artigos artigos
trabalhos trabalhos trabalhos
1 6 7,3% 9 16 19,5% 17 14 17%
2 17 20,7% 10 17 20,7% 18 18 22%
3 13 15,9% 11 11 13,4% 19 18 22%
4 23 28% 12 7 8,5% 20 1 1,2%
5 22 26,8% 13 5 6,1% 21 3 3,6%
6 13 15,9% 14 4 4,9% 22 5 6,1%
7 13 15,9% 15 13 15,9% 23 5 6,1%
8 25 30,5% 16 34 41,5%

5.2 Análise qualitativa dos principais • Alguns autores trabalham com a ME dentro da indústria
assuntos e objetivos dos trabalhos automobilística, onde nasceu esse conceito (Braiden &
Morrison, 1996; Mabry & Morrison, 1996; Kochan,
Esta análise baseia-se na revisão bibliográfica 1998; entre outros). Já outros autores trabalham com
estruturada apresentada na seção 4 e tem por principal a ME dentro de outros tipos de indústrias: aeroespacial
objetivo servir de subsídio para maior entendimento da (James-Moore & Gibbons, 1997; Lang & Hugge, 1995);
literatura existente atualmente sobre Manufatura Enxuta, naval (Storch & Lim, 1999); elevadores (Korosen &
assim como sugerir novas pesquisas na área. Os pontos mais Buhanist, 1994); entre outras. Apesar da expansão da
importantes que destacamos são: ME para outras indústrias, Bamber & Dale (2000)
GESTÃO & PRODUÇÃO, v.11, n.1, p.1-19, jan.-abr. 2004 15

salientam que muitos métodos enxutos não são tão de classificação para a ME com base em quatro parâmetros:
eficazes em todos os tipos de empresas. Apesar disso, metodologia, abrangência, princípios e capacitadores.
acreditamos que há amplo espaço na literatura para Utilizando esse sistema foram classificados todos os artigos
estudos da ME em outras indústrias. encontrados na literatura. Esse procedimento serviu de base
• Muitos autores focalizam especificamente aspectos da para a estruturação de toda a revisão bibliográfica e para
implantação da ME. Dentro deste contexto parece haver uma ampla análise (quanti e qualitativa) do tema ME na
duas vertentes de pensamento. A primeira, representada literatura. As principais contribuições deste trabalho são:
por Ahlstrom (2000), sugere uma seqüência de implan- maior conhecimento do tema e sugestões de novas
tação ideal para a ME; a segunda vertente, representada pesquisas, ambas resultantes da análise realizada na seção
por autores como Panizzolo (1998), Allen (2000) e Lewis anterior. Um resumo desta análise é mostrada a seguir:
(2000), defende que a implantação enxuta é diferente de
empresa para empresa. Essa questão pode ser melhor • Sobre a metodologia de pesquisa utilizada em trabalhos
estudada no futuro. sobre ME vimos que a maioria (70,7%) utiliza metodologia
• Vários autores apresentam diferenças e semelhanças prática (estudos de caso, surveys ou pesquisa–ação).
entre ME e outros paradigmas, como Manufatura Ágil
e Manufatura Adaptável. Exemplos destes trabalhos são
• Em relação à abrangência dos trabalhos, notamos que
a maioria focaliza o chão de fábrica (73,2%), enquanto
Katayama & Bennett (1996, 1999), Naylor et al. (1999),
as outras áreas e a cadeia de suprimentos tem freqüências
entre outros. Esse tema está longe de ser esgotado.
menores (29,3% e 37,8%). Riis & Johansen (2001) citam
• Atualmente, a simulação vem sendo utilizada por alguns a existência de duas abordagens na literatura a respeito
autores (Detty & Yingling, 2000) para quantificar e das diferenças entre as Manufaturas Enxuta e Ágil: uma
justificar a implantação de técnicas enxutas nas empresas. delas considera os dois conceitos totalmente ortogonais
Estudos de simulação podem ser aprofundados e (defendida por autores como Gunasekaran et al., 2001;
ampliados, incluindo comparações da ME com outros Sharife & Pawar, 2001) e direcionados a objetivos
paradigmas estratégicos de gestão da manufatura. diferentes, e outra defende que ambas são conceitos
• Dentro dos trabalhos que estudam a ME em outras áreas complementares (defendido por autores como Sharp et
das empresas, vemos que a literatura abrange basicamente al., 1999; Naylor et al., 1999), sendo que a Manufatura
a ME em duas áreas: sistemas financeiros/contábeis/custos Enxuta é direcionada para a busca de eficiência no chão
enxutos (Toomey, 1994; Karlsson & Ahlstrom, 1995; de fábrica e a Manufatura Ágil preocupa-se com a
1996; Maskweel, 2000) e sistemas de recursos humanos empresa. Nossa pesquisa mostrou que, apesar de o
(Niepce & Molleman, 1996; Boyer, 1996; Maccoby, objetivo da manufatura ser o chão de fábrica, esta tem
1997). A princípio, outras áreas poderão ser estudadas. preocupações mais amplas referentes também à empresa
• Vários autores focalizam a ME dentro de contextos especí- e a toda a cadeia de valor. Acreditamos que entender a
ficos de certos países, como, por exemplo, China (Dong, Manufatura Enxuta somente como eficiente no chão de
1995), Japão (Katayama & Bennett, 1996, 1999), Austrália fábrica é restringir demais seu espectro de atuação. Ainda
(Sohal, 1996), Brasil (Arkader, 2001), Inglaterra (Dennis em relação à abrangência, constatamos que os autores
& Robinson, 2000), Índia (Gulyani, 2001) e Finlândia que avaliam a ME tendem a focalizar somente uma das
(Kosonen & Buhanist, 1994). Comparações entre os três áreas em seus trabalhos (65,9%), enquanto os outros
estudos em diferentes países podem ser realizados. 34,1% focam duas ou três áreas em seus trabalhos.
• E para finalizar, muitos autores tratam da questão ME e • Em relação aos princípios enxutos, vimos que os mais
da melhoria dos padrões competitivos (Lewis, 2000; abordados pelos trabalhos são: produção puxada/just
Bamber & Dale, 2000; Oliver et al., 1996). Esses autores in time, trabalho em fluxo/simplificação do fluxo e
mostram que a Manufatura Enxuta não é solução para todos desenvolvimento e capacitação de recursos humanos.
os males e deve ser implantada de acordo com os objetivos Os menos estudados são gerenciamento visual e ordem,
estratégicos da empresa. Em particular, já estamos tra- limpeza e segurança.
balhando no aprofundamento dessa questão em pesquisa. • A respeito dos capacitadores enxutos tratados nos
trabalhos, temos que o trabalho em equipe, o kanban
6. Conclusões e a tecnologia de grupo são os capacitadores mais
abordados pela literatura, enquanto a utilização de
O presente trabalho, em primeiro lugar, teve por objetivo medidas de performance enxutas e de gráficos de con-
realizar ampla revisão bibliográfica sobre a Manufatura trole visuais são os capacitadores menos trabalhados
Enxuta. A partir dessa revisão pode-se propor um sistema na literatura.
16 Godinho Filho & Fernandes – Manufatura Enxuta: Uma Revisão Que Classifica e Analisa...

• As constatações encontradas apontam para diversas utilizada para as empresas justificarem e quantificarem
pesquisas futuras. Assim, mostrou-se que, apesar de a os ganhos com a ME (muitos trabalhos nesta área podem
ME estar sendo estudada em outras indústrias que não ser aprofundados e ampliados). Verificou-se ainda que
necessariamente a automobilística, diversas outras há significativo número de referências que tratam os
indústrias podem ser estudadas nas práticas enxutas. aspectos financeiros/contábeis/custos e de recursos
Também foram apresentadas duas vertentes na literatura humanos no contexto da ME, sendo que outras áreas
que têm diferentes opiniões sobre a implantação enxuta: podem ser focadas. Mostrou-se que a ME pode ser
ela deve seguir uma ordem de implementação ideal ou estudada a partir de diferentes realidades nacionais e
em cada empresa esta implementação deve ser diferente? que poderão surgir trabalhos que comparem os diferentes
Esta questão pode ser estudada mais a fundo no futuro. enfoques em diferentes países e confirmou-se a idéia
Foram apresentados diversos trabalhos que diferenciam de que a ME não é solução para todos os males; sua
a ME e outros paradigmas estratégicos de gestão da aplicação vai depender dos objetivos estratégicos da
manufatura; em Godinho Filho (2004) aprofundamos empresa em questão e já estamos trabalhando no
esta questão. Verificou-se que a simulação pode ser aprofundamento dessa questão de pesquisa.

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LEAN MANUFACTURING: A LITERATURE REVIEW WHICH CLASSIFIES


AND ANALYSES PAPERS INDICATING NEW RESEARCH AREAS

Abstract

This work reviews the literature on Lean Manufacturing (LM). Until now, there was no complete literature review
regarding this subject in the Operations Management literature. Based on this literature review it is proposed a LM
classification system based on 4 main characteristics: methodology, comprehension, principles and enablers. The
system is used to classify and to organize the papers. After that a general analyses of LM is performed. The LM
analyses is based on 2 main points: i) a quantitative study of the methodology, comprehension, principles and enablers
within LM papers; ii) a qualitative study regarding the main subjects and goals accomplished by the papers. The main
contributions of this work are to contribute for mental clarification, communication and discovering new fields for
research on LM.
Key words: Lean Manufacturing, review.

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