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A fundação da Universidade em Portugal

A Universidade portuguesa teve uma uma fundação régia. No fim do século XIII, Lisboa contava já 
com uma população escolar mas o Estado carecia de juristas e altos funcionários esclarecidos, pelo 
que a realeza pretendia atenuar as deficiências do ensino.
  
No Estudo Geral leccionava­se, no seu início, Artes, Direito Canónico e Civil e Teologia. A Teologia 
constituía um privilégio da Universidade de Paris e nos demais países uma concessão privativa de 
dominicanos e franciscanos.

Face ao carácter puramente oral do ensino, Roma procurava evitar a propagação de heresias, 
mantendo a unidade doutrinal da cristandade. Só mais tarde, no século XV, no reinado de D. João I, 
a Teologia foi incorporada nas disciplinas universitárias.

Durante o estabelecimento da Universidade em Portugal, os distúrbios dos escolares entre si e com 
os moradores da cidade foram frequentes. Parece ter sido esta a razão que levou D. Dinis a 
trasladar, dezoito anos depois da sua fundação, a Universidade para Coimbra. Assim, no Outono de 
1308, o Estudo Geral funcionava em Coimbra.

A Universidade era então uma corporação de mestres e alunos, cuja actividade não requeria grandes 
instalações e só necessitava de autorização pontifícia para conceder rendas eclesiásticas à 
sustentação do Estudo. Em Fevereiro de 1308, Clemente V concedia a anexação à Universidade de 
seis igrejas do padroado real para sustentação do Estudo. Aqui, os estudantes estavam isentos da 
justiça comum, libertos da especulação dos senhorios, vivendo sob guarda e encomenda real.

No sistema de governo e administração universitária, a soberania pertencia aos professores e 
estudantes. Os estudantes elegiam anualmente dois reitores, os quais presidiam ao governo da 
Universidade, administrando as suas rendas. O regimento e ordenação dos estudos também 
competia aos estudantes.

A característica que individualizou a universidade portuguesa foi a sua constante mudança de sede. 
Fundada em Lisboa em 1290, é transferida para Coimbra em 1308; em 1338 regressou a Lisboa; em 
1554, é trasladada para Coimbra; em 1377, regressa a Lisboa; em 1537 é definitivamente instalada 
em Coimbra onde se manteve até 1911.

A última transferência durante a Idade Média, no reinado de D. Fernando (1377), parece filiar­se no 
intento de uma verdadeira reforma. Em 1376, uma bula papal de Gregório XI ratifica e acrescenta 
os privilégios dos estudantes, e reconhece aos mestres, doutores, licenciados e bacharéis de todas as 
faculdades o direito de usar as respectivas insígnias. 

O grau de licenciado era concedido pelo bispo de Lisboa ou pelo seu vigário geral e os graduados 
ficavam com o direito de ensinar em toda a parte. Face a um novo pedido de subsídio, Clemente VIII 
volta a ceder rendas para remunerar os serviços dos doutores e mestres.

D. Fernando lançara as bases de uma nova Universidade; quem a executaria seria D. João I. As 
livrarias eram instrumentos de desenvolvimento da cultura medieval, quer como veículo 
transmissor da herança intelectual, quer como estímulo despertador do espírito. 

Porém, a edição de um livro era dispendiosa, pelo que só formavam livraria as instituições de largos 
rendimentos ou individualidades poderosas. Os dois grandes tipos de fundações livrescas da Idade 
Média foram as livrarias monásticas e as livrarias régias.

As livrarias dos mosteiros tinham fins essencialmente litúrgicos e ascéticos, à excepção dos de 
Lorvão, Santa Cruz de Coimbra e Santa Maria de Alcobaça. A livraria do mosteiro de Alcobaça, que 
foi como que a biblioteca nacional do Portugal medieval, foi fundada em 1148 por D. Afonso 
Henriques, e nasceu com a própria nacionalidade. 

Cronologia até ao século XIX
1269   ­ Primeira  lição  pública   em   Alcobaça,  considerada   como o  primeiro  ensaio  de   um   estudo 
superior. 
1284 ­ Notícias que confirmam a intenção do rei D. Dinis de criar uma Universidade em Portugal.
1290 ­ O papa Nicolau IV confirma a instituição do Estudo Geral em Lisboa com capacidade de 
concessão de graus, excepto em Teologia.
1308 ­ Decidida a transferência da Universidade para Coimbra. 
1338 ­ Transferência da Universidade para Lisboa.
1354 ­ Nova mudança da instituição para Coimbra.
1377­ Estudo Geral regressa a Lisboa, com a utilização de novas casas em Alfama.
1400 ­ Autorização papal para a abertura do curso de Teologia.  
1431­ Documento estatutário, do tempo do rei D. João I, que dá conta dos graus, do regime para a 
sua aquisição, dos trajes académicos, dos juramentos dos estudantes assim como da forma como 
deveriam decorrer as cerimonias Universitárias.
1503 ­ D. Manuel concede novo estatuto à Universidade, passando o lugar de Reitor a ser ocupado 
por altos representantes de confiança do Rei.
1520 ­ Surge a ideia de fundar uma Universidade em Évora, em terras que D. Manuel comprara. 
1537­ Regresso definitivo da Universidade para Coimbra. 
1553 ­ Inauguração do Colégio do Espírito Santo em Évora, entregue aos cuidados dos Jesuítas 
(com aulas de Latim, Grego e Moral). 
1559 ­ O papa Paulo IV concede a criação de uma Universidade em Évora mas sem autorização para 
ensinar Medicina, Direito Civil e parte do Direito Canónico.
1747 ­ Discussão dentro e fora dos ciclos Universitários, criticando duramente a quase ausência da 
base experimental no ensino da medicina, em especial da anatomia. 
1759 ­ A Universidade de Évora é encerrada devido à reforma pombalina.
1772   ­   A   reforma   Pombalina   divide   a   Universidade   (Direito   Civil,   Direito   Canónico,   Medicina, 
Matemática,   Teologia   e   Filosofia),   criando   ainda   o   Laboratório   Químico,   o   Observatório 
Astronómico, Jardim Botânico e Gabinete de Física. 
1809/1811­ A Universidade é encerrada face  às invasões francesas e à consequente fuga da corte 
para o Brasil.
1836 ­ No regresso de D. João VI a Portugal, após a revolução liberal, são inauguradas em Lisboa a 
Escola Médico­Cirúrgica, a Escola de Farmácia (1836) e a Escola Politécnica (1837). 

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