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Princípios de Didáctica

Trabalho formativo1

"O principal objectivo do ensino é tornar os alunos independentes e auto-regulados"

1. Os principais aspectos do professor eficaz são:

1.1 - Qualidades pessoais - Independentemente dos métodos de ensino adoptados, o


professor deve possuir qualidades pessoais que promovam o bom relacionamento com
os alunos. Na sua actuação diária, o professor deve deixar transparecer empatia e
interesse pela arte de ensinar, valorizando as capacidades individuais dos alunos e
encorajando-os na tarefa de aprender. Da mesma forma, deve, no seu dia a dia cultivar
formas de relacionamento saudável com os colegas e restantes órgãos escolares. Um
bom relacionamento profissional é fundamental para a construção de plataformas de
cooperação e diálogo entre colegas com vista a proporcionar aos alunos ambientes de
aprendizagem ideais, pautados pelo respeito e tolerância.

1.2 - Base de conhecimentos - Os professores possuem e dominam uma base de


conhecimentos que utilizam dentro e fora da sala de aula. Esse conhecimentos
dividem-se em pedagógicos e pessoais.
Relativamente aos conhecimentos pedagógicos, é importante o papel da investigação científica
que alimenta esses mesmos conhecimentos. O professor deve estar ciente das vantagens e
limitações da investigação. Os domínios do conhecimento mais relevantes segundo Schulman
são:

a) Conteúdos ou matéria a ensinar.


b) Conteúdo pedagógico - A forma particular como cada prof. encara a sua profissão.
c) Conhecimento dos alunos e suas características.
d)Conhecimento pedagógico geral - Estratégias de ensino e gestão da dinâmica da sala de
aula
e) Contextos educacionais.
f) Currículo - Materiais e programas.
g)Finalidades, objectivos e valores da educação.

A investigação tem-se centrado principalmente nos aspectos marcados a "bold" ou seja


centrados na forma como os alunos aprendem, procura de formas mais eficazes de produzir
conhecimento e motivar a aprendizagem e sobretudo na forma como o comportamento dos prof.
influencia o aproveitamento dos alunos e vice-versa.

A utilização do conhecimento pedagógico pelo professor deve levar segundo Fenstermacher, ao


melhoramento dos seus argumentos práticos. Estes são por definição, pensamentos baseados
nas crenças e conhecimentos próprios e que pautam as decisões pedagógicas. A investigação
sobre o ensino permite aos professores actuar sob bases sólidas de carácter científico que
muitas vezes desmitificam alguns aspectos relacionados com as metodologias de ensino e
aprendizagem. O conhecimento baseado na investigação científica sobre o ensino actua sobre as
nossas crenças e práticas pedagógicas conduzindo a um processo contínuo de reflexão e
renovação.

No entanto, as melhores práticas pedagógicas indicadas pela investigação não são infalíveis nem
devem ser aplicadas de forma isolada. Significa isto que as acções pedagógicas levadas a cabo
pelo prof. devem estar sistemicamente contextualizadas. As características de dada turma ou
escola, o contexto social onde estas se enquadram, são determinantes para a forma como se
processa o ensino e aprendizagem nas diversas áreas disciplinares.

1.3 - Reportório de práticas eficazes – O reportório de práticas representa um conjunto


de procedimentos e métodos de ensino utilizados pelo professor no decorrer da sua
actividade docente e que se articula tendo em conta os diversos contextos e áreas de
actuação. O professor eficaz deve procurar enriquecer e diversificar as suas práticas
pedagógicas ao longo da sua carreira em vez de se apoiar em métodos restritos únicos
e fechados. Existem 3 áreas de actuação no qual o professor é chamado a participar:

- Liderança – Na sua actividade diária com os alunos, o professor desempenha funções


de liderança na medida em que tem que organizar e coordenar um grupo (turma) na
execução de tarefas e procedimentos de ensino/aprendizagem. Nesta perspectiva, a
actuação do professor não é a de autoritarismo mas antes de fomentação e valorização
de estratégias de aprendizagem colaborativas e que simultaneamente assentem na
independência e auto-regulação.
- Instrução – O professor, na sua essência pedagógica, tem com principal tarefa ensinar
ou instruir os seus alunos. No entanto a actividade docente diversifica as suas formas
de actuação junto dos alunos através de modelos que não se centram apenas no
professor, mas também no aluno. As várias investigações e estudos levados a cabo
têm gerado diversos modelos de ensino baseados em conceitos teóricos coerentes e
procedimentos específicos tendo em conta as matérias e contextos específicos. Os
professores em inicio de carreira podem agrupar na sua metodologia 6 modelos de
ensino considerados basilares e que se dividem em 2 grupos; tradicionais (centrados
na acção do prof.) e construtivistas (centrados nas actividades do aluno).

Relativamente aos métodos tradicionais, existem 3 modelos de actuação, baseados no


professor que são: (a) exposição/apresentação, (b) instrução directa e (c) ensino de conceitos.

No que diz respeito aos métodos construtivistas, poderão identificar-se 3 modelos de


actuação: (a) aprendizagem cooperativa, (b) resolução de problemas e (c) discussão em sala de
aula.
Possuir um reportório alargado de procedimentos e metodologias de ensino torna-se
essencial quando se pretende eficácia na acção pedagógica. Em contextos particularmente
diversificados, o prof. depara-se muitas vezes com situações de processos de aprendizagem
muito diferentes que exigem metodologias distintas consoante os casos.

- Organização – É importante para um professor principiante, começar por construir um


reportório de práticas organizacionais que o posicionem perante a comunidade escolar num lugar
privilegiado, em que seja reconhecido pelas suas capacidades de assumir tarefas de organização
com competência e eficácia. O professor eficaz, mais do que reduzir-se à tarefa de ensinar
dentro da sala de aula, deve estabelecer relações e realizar tarefas organizacionais com os pais
e colegas assim como com os alunos com o objectivo de renovar e melhorar as práticas de
ensino assim como promover actividades relacionadas com uma aprendizagem mais dinâmica e
eficaz.
1.4 – Reflexão e aprendizagem – Todos os temas abordados anteriormente são baseados
em conceitos de base cientifica que procuram dotar o professor eficaz de uma bagagem de
conhecimento teórico tanto a nível de práticas de ensino (pedagógicas e de conteúdos)como de
eficaz e coerente. No seu dia a dia, o professores tem de lidar com uma variedade alargada de
problemas e situações que exigem resoluções que garantam o normal funcionamento da escola,
dentro e fora da sala.
As capacidades requeridas assim como a exigência constante de renovação e
melhoramento das acções educativas, só são possíveis mediante a adopção de atitudes de
reflexão e auto-avaliação relativamente às mesmas. Em grande parte, é a experiencia que
oferece ao professor as ferramentas necessárias para uma actuação prática quotidiana cada vez
mais refinada que permite encarar os problemas de forma eficaz e equilibrada. Nesta
perspectiva, é essencial que o professor eficaz adopte atitudes críticas e de auto-reflexão e que
compreenda que a sua acção educativa não é algo cristalizado mas antes um reportório
complexo que vai sofrendo mutações e melhorias ao longo de toda a carreira, fruto de uma
actividade reflectida e responsável.
1.4 – Justiça Social – Na sua actividade diária com os alunos, o prof. vai-se deparando
com situações especificas que exigem muitas vezes um sentido apurado de justiça
para que ninguém saia prejudicado. Isto é particularmente verdade em contextos sócio
– económicos e culturais diversificados. Nestas situações há que garantir a unidade e o
sentido de cooperação no seio da turma na construção de ambientes de tolerância e
respeito mútuo.

Modelos e fases de desenvolvimento dos professores

As 3 fases que se seguem constituem o modelo apresentado pela autora Frances Fuller e
posteriormente confirmados por outros estudiosos como Feiman-Nemser e Placier (2001):
- Fase da sobrevivência – Preocupação com as competências a nível interpessoal com os
alunos e restantes agentes educativos. Gestão da sala de aula e comportamento dos alunos são
as principais preocupações do professor principiante.
- Fase da situação de ensino – Ultrapassada a 1ª fase, o professor começa a centrar a sua
atenção nos vários contextos de ensino em que decorre a sua actividade tais como a
heterogeneidade da turma, manuais de ensino e currículos académicos e eventualmente com os
seus reportórios limitados de estratégias de ensino.
- Fase da mestria e resultados – Finalmente, é numa fase mais avançada da sua carreira,
quando os professores já encaram as questões práticas quotidianas de forma mais rotineira e
dominam os métodos e programas curriculares de forma mais sólida, que surgem preocupações
a nível pedagógico e de justiça social. O professor está preparado para ajustar as práticas
pedagógicas à sua realidade específica, preocupa-se com as necessidades e especificidades
individuais dos seus alunos e da turma em geral e consegue traçar um percurso de
aprendizagem linear, coerente e contextualizado.

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