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HISTÓRIA E POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA:

CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA E A HISTORIOGRAFIA

DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS DO BRASIL

Joaquim Racy

RESUMO

Este artigo tem por objetivo apresentar algumas importância para a construção do conhecimento
considerações sobre a historiografia da política da história geral do país, bem como para o apoio
externa brasileira. Buscando entender a história às decisões relativas ao posicionamento e ao
das relações internacionais como um campo conseqüente relacionamento internacional do
específico de conhecimento a partir de elementos Brasil. Assim, também, como resultado, o artigo
básicos de teoria da história, procuramos mapear sugere a necessidade de constituição de uma área
sumariamente a produção de história da política específica de pensamento histórico das relações
externa brasileira de maneira a destacar sua internacionais brasileiras.

PALAVRAS-CHAVE

conhecimento histórico, Annales, marxismo, nação, relações internacionais do Brasil

TEORIA E SOCIEDADE nº 16.1 – janeiro-junho de 2008 p. 216-231


PARA O GRANDE HISTORIADOR DOS Annales, Marc Bloch (2001), a história não
é uma ciência do passado, mas o campo da ciência em que se procura entender a
importância do passado para a compreensão do presente, da mesma maneira em que
se procura entender a importância do presente para a compreensão do passado.
Nessa perspectiva, o conhecimento histórico estará sujeito ao fazer histórico,
isto é, resultará dos temas elencados pelo historiador que, por sua vez, carregará
inquietações e convicções de seu tempo. A análise e a compreensão histórica estão,
nessa medida, condicionadas pela pergunta que se faz aos acontecimentos.
Mas os acontecimentos não podem se restringir às idéias e fatos manifestos
pelo homem, pois este é constituído também por seu corpo, sensibilidade e men-
talidade. Desconsiderar isto seria, conforme pretendiam e ainda pretendem os
historiadores de tradição positivista, mutilar o próprio homem. Assim se afirma
a importância de se incluir no processo de estudo da história a preocupação com
a utilização de técnicas originadas na concepção positivista de ciência, enquanto
elementos de auxílio na própria construção do conhecimento histórico.
Contudo, ainda segundo Bloch, a utilização desses recursos deve se realizar
numa proposta de conhecimento global que supõe não se dividir a realidade em
compartimentos que, uma vez analisados em suas especificidades, produziriam
conhecimentos históricos específicos como tradicionalmente se apresentam nas
disciplinas de história política, história social, história econômica, etc.
Mas isto não significa que o fazer histórico deva sempre remeter a uma história
total, pois é o estudo de alguns aspectos particulares de uma sociedade que muitas vezes
leva à compreensão de sua realidade global. Na realidade, trata-se de pensar a história
como um campo de estudo que procura apreender a totalidade da realidade social no
tempo a partir de problemas, ainda que específicos, do passado ou do presente. Essa
concepção do trabalho histórico é compartilhada por Lucien Febvre, parceiro de Bloch
na fundação dos Annales e, como ele, um historiador fundamental (Burke 1997).
Na mesma perspectiva, para Fernand Braudel (1990), maior expoente da
1
segunda geração daquela escola histórica , haveria uma forte desconfiança entre

1
A definição das gerações dos Annales aqui considerada foi desenvolvida por Burke (1997).

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os historiadores sobre a história resumida a episódios de aspectos particulares da
realidade, como acontece especialmente na política, uma vez que esta concepção de
conhecimento histórico remete a uma tradição historiográfica originada na idéia
de que a história se faz a partir de grandes acontecimentos que se restringem a
campos muito específicos da realidade.
Em boa medida, essa é uma situação que também se observa em outros cam-
pos do conhecimento nas ciências sociais, gerando mesmo certa tensão para com
a história enquanto ciência. Para Braudel, a resistência por parte de uma parcela
relativamente ampla de cientistas sociais à intromissão do historiador nos assuntos
atuais da realidade social é o produto de uma visão episódica dos fenômenos sociais,
negando o sentido de duração por meio de continuidades ou descontinuidades,
que justificam a existência de um campo próprio do conhecimento histórico.
A partir disso, inclusive, muitas vezes aos sociólogos, politólogos, economistas
e outros cientistas que não os historiadores, tem sido atribuída a responsabilidade
pela construção do conhecimento do passado. O estado da arte da ciência política
indica inelutavelmente essa situação.
No entanto, Braudel, comungando as mesmas idéias de Bloch e Febvre sobre
o fato de o passado e o presente esclarecerem-se mutuamente, questiona se a his-
tória, enquanto dialética da duração, não é, à sua maneira, a explicação do social
em toda a sua realidade, inclusive atual.
Nesse sentido, para ele, a história política, como de resto as histórias que remetem
a realidades particulares, não deve ser necessariamente episódica, pois ela pode se
constituir como importante recurso na construção de um modelo explicativo do todo
social. As idéias e as ações conduzidas por instituições políticas, tais como o Estado,
por exemplo, podem elucidar ou possibilitar a compreensão da ordem assumida pela
realidade social como um todo. Para tanto, os modelos, que também se constroem na
história, assumem um papel de destaque na medida em que a pesquisa histórica saia
da realidade social para o modelo e dele volte para aquela realidade.
Assim, também Braudel indica como possibilidade para a produção histo-
riográfica o recurso a técnicas de quantificação presentes na ciência econômica
com a idéia de ciclos e interciclos e refletindo a noção de estrutura e conjuntura,
conforme fez originalmente Ernest Labrousse.
O pensamento de Braudel, portanto, encontra identificação com a perspectiva
de compreensão da realidade social de Marx. Esta só se dá por meio de modelos
acima de tudo históricos; para o próprio Braudel, o poder de Marx viria exatamente
de sua capacidade de construir modelos a partir da duração histórica.
Mas aqui se coloca nova e relevante questão dizendo respeito à agência dos
indivíduos no processo histórico. Não cabe aqui resgatar as importantes discus-

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sões sobre a questão de que se ocupariam importantes pensadores como é o caso
do próprio Sartre, Lukács, Thompson e Althusser. No entanto, Braudel recusa
a crítica de Sartre quanto à insuficiência do modelo marxista no que se refere à
ação dos indivíduos. Os argumentos de Braudel, constituindo-se como uma de-
fesa contra a afirmação de que Marx elimina os indivíduos em suas explicações
dos fenômenos sociais, referem-se ao estudo de Sartre sobre Flaubert. Quando
Sartre reclama não se poder reduzir Flaubert à condição de um burguês, Braudel
concorda, asseverando ser essa uma preocupação dele próprio. Mas para ele não
é possível pensar que Flaubert poderia se desvencilhar totalmente das estruturas
que davam conformação à sua existência na definição de sua individualidade.
Assim, a compreensão da individualidade de Flaubert, como de qualquer outro
indivíduo, se daria com a investigação do caso concreto, cuja trajetória se daria da
individualidade para a estrutura e desta novamente para a individualidade.
A semelhança com o processo historiográfico em Marx se manifesta claramente
numa de suas poucas e por esse motivo importantes obras devotadas ao trabalho
histórico propriamente dito, O 18 Brumário de Luiz Bonaparte. Ali se encontra
destacado o papel de Napoleón, le Petit, na configuração da situação política na
França de meados do séc. XIX. No entanto, para Marx, Napoleón é um indivíduo,
mas é também o produto de um processo de socialização, de uma classe, de um
contexto histórico. O que Marx faz é simplesmente relativizar a autonomia do
indivíduo uma vez que, considerando a própria essência histórica do método por
ele desenvolvido, este é produto de determinações passadas. Sua autonomia seria
determinada pelos limites impostos por diferentes aspectos de sua realidade.
A identificação de Braudel com o marxismo remete necessariamente à terceira
geração dos Annales que, abrindo novas possibilidades à história (Le Goff 1990)
ainda em grande parte de acordo com os grandes historiadores das gerações ante-
riores (Burke 1997), começaria a incorporar novos elementos ao trabalho histórico,
bem como a considerar perspectivas de trabalho com corte diferenciado, como é
o caso da historiografia marxista.
Destaca-se neste caso a posição de Guy Bois (1990), segundo a qual as duas
correntes historiográficas se encontrariam identificadas já de princípio na rejeição
da prática histórica antiquada e, muito embora em grande parte das vezes rivalizem,
se misturam, andando lado a lado. Mas, em sua opinião, o marxismo, assim como
a historiografia resultante do movimento gerado pelos Annales em suas primeiras
gerações, se encontraria em crise. No primeiro caso, essa crise seria motivada por
aquilo que chamou de esclerose ideológica. No segundo caso, a crise resultaria da
influência da moda sobre o trabalho historiográfico gerado pelo esforço original de
renovação dos métodos da história. A descoberta de novos objetos e novas formas

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de trabalhá-los, multiplicando as possíveis historiografias, de alguma maneira
fariam renascer formas de trabalho histórico, senão iguais, muito semelhantes
àquelas contra as quais se edificou a história dos Annales. Quanto a isso, merece
destaque a questão relativa à exclusão dos processos ideológicos na constituição
da realidade, inclusive da história.
Para o autor, o marxismo teria um papel relevante sobre a renovação meto-
dológica da história, na medida em que, ao buscar uma história “global” ou “total”,
considerando os diferentes aspectos da realidade social, ele se abre a todos os
diferentes campos das ciências humanas. Recorrendo, inclusive, a Jean Bouvier,
Bois lembra que muitos historiadores, muitas vezes sem o saber, recorrem ao
marxismo para fazer história.
Ao mesmo tempo, indicando como os marxistas fazem a história nova, o autor
aponta o trabalho de Régine Robin, História e Lingüística, como um exemplo
sobre como, a partir do tratamento de um aspecto particular da realidade, o
discurso político, se pode chegar a uma teoria geral do discurso, uma vez ser este
um processo que articula as práticas discursivas a outros aspectos da realidade
social. É a mesma perspectiva de Michel Vovelle, outro importante historiador dos
Annales, para quem a questão da duração assume fundamental importância e se
resolve com a escolha das fontes que definem as homogeneidades sobre as quais
o historiador poderá observar continuidades ou descontinuidades da realidade
social, permitindo até mesmo a quantificação.
O conhecimento histórico do todo social seria, portanto, resultado de um
trabalho de combinação entre a macro e a microanálise e as ideologias ou men-
talidades que, conforme observa Bois recorrendo a Le Goff, seriam a intersecção
do individual com o coletivo, da estrutura com a conjuntura, e da longa duração
com o cotidiano, assumindo importância crucial nesse processo.
No que se refere à posição marxista em sua vertente mais expressiva, pode-
se destacar o pensamento de Eric Hobsbawm (1998), historiador da tradicional
escola marxista inglesa gerada por Maurice Dobb. Por identificação metodológica,
Hobsbawm seria um dos primeiros historiadores ingleses a saudar os Annales.
É importante assinalar que o sempre difícil relacionamento entre ingleses e
franceses também se manifestaria no campo da história, conforme observa Burke
(1997). À exceção de Bloch, os trabalhos dos Annales só seriam objeto de tradução
mais abundante na Inglaterra a partir da década de 1970, o que fazia daquele um
movimento pouco conhecido dos historiadores tradicionais ingleses, excetuando-se
também neste caso R. H. Tawney. Segundo Burke, a recusa inglesa aos trabalhos
franceses se daria em grande medida em função dos fundamentos sobre as quais
se encontravam assentados os postulados da nova história francesa. Contrariando

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a tradição do individualismo metodológico inglês, as proposições mais coletivas
francesas se tornavam de difícil aceitação.
Nesse sentido, Hobsbawm manifesta sua identificação com o movimento
francês e seus principais autores ao observar que estes sempre se sentiram inco-
modados com o fato de serem descritos como historiadores sociais, preferindo
descreverem-se a si mesmos como historiadores que, procurando alcançar uma
história “total” ou “global”, a exemplo de Marx, buscavam incorporar as contri-
buições de todas as ciências sociais no processo de construção da história.
Além disso, para Hobsbawm três questões devem ser objeto de preocupação
no processo de produção da história da sociedade. São elas: 1) a história tem
uma dimensão temporal real e, portanto, deve estar preocupada com a realidade
histórica real atual; 2) a história da sociedade é a história de unidades específicas
de pessoas que podem ser definidas sociologicamente; 3) essa história depende
de uma ordem de prioridades de pesquisa e de uma hipótese de trabalho o que,
naturalmente, implica a construção de um modelo.
Recorrendo, então, ao livro Civilização Material, Economia e Capitalismo,
de Braudel, Hobsbawm, ao apontar a influência de Marx sobre a obra, reconhe-
cida pelo próprio autor, afirma que essa influência não é evidente por si mesma,
pois, mesmo que amparado por sua concepção materialista dialética levando a
uma teoria geral, tudo que Marx escreveu esteja impregnado de história, ele não
escreveu muita história enquanto produção de conhecimento específico.
Uma grande contribuição deixada por Marx e incorporada em boa medida por
Braudel, portanto, diria respeito ao método que desenvolveu e que implica o estudo
da história na ordem inversa, o que significa que o passado não pode ser entendido
exclusivamente em seus termos, isto é, o conhecimento histórico se constrói a par-
tir do presente. Isso também significa, assim como postulam os historiadores dos
Annales, que a história, como problema e processo, deve se afastar da descrição e
se voltar para a análise e a explicação. Nesse sentido, uma vez mais se vê renegada
também pelos marxistas, e em especial por Hobsbawm, a história “ortodoxa”.
Quanto às mentalidades, objeto de trabalho de uma parcela importante de
historiadores dos Annales, Hobsbawm, conforme anotação anterior relativa a Guy
Bois, considera que, na medida em que se refiram a sistemas de crenças e ações
que constituam imagens da sociedade como um todo, podendo ser manifestas por
idéias segundo um ordenamento e correspondam a aspectos da realidade concreta,
aproximam-se do método de trabalho marxista. Nesse sentido, Hobsbawm procura
de alguma maneira identificar mentalidades e ideologias e relevar a importância
das idéias para a compreensão da realidade. É importante assinalar, por exemplo,
que o desenvolvimento, correspondendo a uma necessidade humana de controle

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das forças da natureza por meio do trabalho, da tecnologia e da organização da
produção, remete a uma ideologia que se transforma em peça fundamental para
a compreensão da realidade histórica do capitalismo ao revelar a natureza das
relações no campo da política, fazendo ressaltar a figura da nação que, em sua
opinião, assume o papel de um ator histórico necessariamente proeminente.
Cabe aqui destacar que o problema da ideologia dentro do marxismo é de maior
relevância, pois Marx concentrou parte considerável de sua atenção na questão das
relações entre estrutura e superestrutura ressaltando, num de seus mais importan-
tes textos, A Ideologia Alemã, o papel da ideologia no processo de constituição da
realidade. Na realidade, Marx é o primeiro dos grandes filósofos a tratar a ideologia
enquanto fenômeno explicativo causal fundamental. Todavia, sua compreensão do
fenômeno está bastante marcada pela idéia de falseamento da consciência, uma vez
ser esta, em sua concepção, uma característica da sociedade capitalista.
Sua concepção original de ideologia, contudo, foi objeto de muita discussão, muitas
vezes enviesada, entre marxistas e não marxistas, de tal maneira que, dentro do próprio
2
marxismo se desenvolveu com Gramsci uma compreensão diferente do fenômeno,
ampliando-se a concepção de ideologia com a idéia de senso comum. Essa posição, por
sua vez, encontra coincidência com a noção do fenômeno de autores de fora da tradição
marxista, sendo exemplar, no caso, o pensamento de Karl Manheim (1982).
Essa “nova” concepção de ideologia é o produto de uma percepção, não descartada
por Marx, da maior complexidade dos problemas sociais e remete à questão da agência
dos indivíduos no processo histórico de tal sorte que se vê ampliada sua autonomia, o
que não invalida a posição fundamental de Marx, segundo a qual o homem é livre dentro
das possibilidades oferecidas pela realidade, isto é, a ação do indivíduo, seja para confir-
mar sua realidade presente ou para modificá-la, estará condicionada a determinações
passadas e, no limite, às condições materiais de subsistência a que ele está submetido.
Dessa maneira, no que se refere à importância do individuo no processo his-
tórico, Hobsbawm, enquanto depositário de uma tradição inglesa de história das
idéias, e menos afeto à “ortodoxia” marxista, parece não descartar a importância
da agência dos indivíduos, mas indica que essa agência, conforme Marx, estará
invariavelmente marcada pela história real desses indivíduos, determinada pelas
relações estabelecidas no quadro de instituições da sociedade, sendo elas elementos
que, enquanto representantes de diferentes aspectos de uma realidade global, se
interrelacionam segundo uma determinada lógica manifesta por idéias, cujo enten-
dimento concorre fundamentalmente para a apreensão da história da sociedade.

2
Para uma visão resumida e organizada do problema ver Portelli (1983).

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Assim novamente se destaca a importância da “nação” que, mesmo considerada
uma invenção histórica, tem significado indiscutível ao permitir a observação das
mudanças da sociedade, tendo o desenvolvimento como motor desse processo.
Finalmente, embora sem entrar na questão específica e tomando-se como
3
exemplo seus mais variados trabalhos historiográficos , Hobsbawm, como bom
marxista, considera, assim como uma vertente de historiadores dos Annales, que a
quantificação pode ser um recurso interessante, mesmo que auxiliar, no processo
de compreensão da história.
Fugindo um pouco à concepção marxista da história em Hobsbawm, mas dentro
da tradição historiográfica inglesa, encontram-se as reflexões sobre o trabalho histó-
rico de Edward Carr, importante teórico das relações internacionais, que reafirmam
a perspectiva metodológica tanto dos Annales, quanto a marxista, aqui apontadas.
Dessa maneira, conforme R. W. Davies (2006), Carr, ao examinar a seme-
lhança e a diferença de método entre as ciências naturais e a história, afirma haver
até alguma identificação entre ambas, na medida em que tanto na história quanto
nas ciências naturais as descobertas se dão pela interação entre hipótese e fatos,
sendo as hipóteses recursos incorporados ao conhecimento da natureza em perí-
odo recente. Com isso, Carr estaria pretendendo dizer que a história não estaria
presa aos acontecimentos únicos, mas às interações destes com o geral, isto é, o
historiador está preocupado com a generalização ou com o que é geral no único.
Por seu turno, ao examinar a natureza da generalização histórica, afirma que
o historiador se defronta com um grande número de causas explicativas de um
acontecimento histórico e procura estabelecer alguma ordem no relacionamento
delas entre si. Nesse sentido, ainda segundo Davies, recorrendo a Montesquieu e
Tocqueville, Carr, ao ressaltar a questão nacional como elemento elucidativo da
compreensão histórica e enquanto objeto prioritário de suas pesquisas, e com todas
as eventuais observações que se possam fazer ao seu uso do termo caráter, declara
que “sabemos melhor o que dá caráter a uma nação do que dá uma mentalidade
particular a um indivíduo” (Davies 2006: 23).
Após estas considerações, pode-se afirmar que a história política pode ser
uma importante área do conhecimento histórico, na medida em que o trabalho
com esse aspecto da realidade possibilite a compreensão da realidade social como
um todo. Nessa mesma perspectiva, o estudo da política externa, enquanto insti-
tuição da política relacionada aos aspectos externos da realidade nacional, pode
assumir um papel relevante ao se tornar um importante elemento elucidativo da
realidade de um todo social.

3
Destacam-se aí suas “Eras”: das Revoluções, do Capital, do Império e dos Extremos.

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Neste caso, enquanto braço da política de uma nação, a política externa, ten-
do como objetivo fundamental fazer valer o interesse nacional no concerto das
nações e, ao mesmo tempo, buscar aproveitar oportunidades ou reduzir impactos
negativos da realidade internacional sobre a nacional, pode revelar a realidade de
uma sociedade a partir de suas postulações enquanto Estado nacional.
Aqui se coloca uma questão da maior relevância relativa ao Estado enquanto
instituição nacional. Nesse sentido, uma breve reflexão acerca da relação entre Estado
e nação se faz necessária, já que a materialidade do primeiro é normalmente objeto
de dúvida. Assim, considera-se geralmente que a nação é um produto do imaginário
humano. A expressão mais acabada dessa idéia, inclusive, pode ser encontrada no re-
finado conceito de “comunidade política imaginada”, de Benedict Anderson (1989).
Porém, a partir da análise de critérios subjetivos e objetivos para a definição de
nação, Eric Hobsbawm (1991) constata a substancialidade desse fenômeno a partir
do momento em que este se encontra respaldado no sentimento nacional desenvol-
vido por um povo. Mas a materialidade da nação, a partir dessa colocação, pode ser
contestada, dependendo do que se entende por substância material. Dificilmente se
pode afirmar que o sentimento nacional é uma categoria construída sobre elementos
absolutamente materiais. Ao contrário, esse sentimento, antes de qualquer coisa,
deve estar fundado na articulação de noções de culturas pré-existentes. Os traços
etno-linguísticos, geográficos e religiosos são importantíssimos nesse sentido.
É necessário sublinhar que a nacionalidade desde há muito tempo tem se ba-
seado no compartilhamento da consciência nacional por indivíduos de diferentes
línguas, etnias e crenças religiosas, o que, inclusive, tem tornado o termo nação
amplo e impreciso.
Deve-se reconhecer, todavia, que a “questão nacional” como colocada pela teoria
marxista tradicional, assume a condição de verdade na medida em que situa a possi-
bilidade da nação e, por conseguinte, de seu conhecimento “na intersecção da política,
da tecnologia e da transformação social” (Hobsbawm 2001: 19). Assim, os indivíduos
dividem comumente seus anseios quando encontram algum elemento de identificação
entre si, ou algum fator objetivo que fundamente a expressão de sentimentos idênticos.
Na história moderna esse elemento tem sido o Estado, na medida em que este tem
ostentado as condições mais concretas de realização do sentimento nacional.
Dessa maneira, o sentimento nacional que daria efetividade à nação se materia-
lizaria, em primeiro lugar, com o reconhecimento da necessidade de sobrevivência
por parte dos indivíduos que compõem um povo reunido em um território. Por
meio de um contrato fundamental, essa nova categoria de indivíduos, os cidadãos,
ostentando a manifestação de uma nacionalidade, geraria o poder originário de
mando que constituiria o Estado ainda na etapa inicial do capitalismo.

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Com o advento das Revoluções Francesa e Industrial e a universalização do
desejo de progresso e bem-estar material, se instalaria a ordem democrático-bur-
guesa que, correspondendo à liberação das forças produtivas, baseada na idéia
mais ampla de desenvolvimento, o Estado conquistaria sua condição atual.
Assim, Estado e Nação transformam-se em algo praticamente indissociável
na medida em que o primeiro se constitui no meio indispensável para a defesa e
o desenvolvimento das sociedades nacionais e, por conseguinte, em ator proemi-
nente no sistema de relações internacionais.
Naturalmente, não se pode imaginar que o Estado, dadas as condições de
escassez de recursos necessários ao atendimento das demandas dos diferentes
grupos que, como um todo, compõem a sociedade, ou, mesmo, em função dos
arranjos que se estabelecem entre esses grupos sociais para a consecução de seus
interesses particulares, possa, de fato, assumir a representação em absoluto da
nação. Não se pode omitir que o Estado se consubstancia por uma instituição
política, o governo, e por essa razão é objeto de disputas entre os grupos e seus
interesses na sociedade. Mas exatamente por isso, o estudo das idéias que lhe dão
sustentação e do comportamento manifesto na agência de suas instituições, deve
revelar sua natureza. Não obstante, o Estado se funda e se justifica pela idéia de
desenvolvimento da sociedade nacional e por isso age e é reconhecido como ator
histórico central.
Não é por acaso, portanto, que o grande debate na teoria das relações inter-
4
nacionais gira invariavelmente em torno de sua maior ou menor agência . Seja
por se constituir ainda como principal ator no sistema de relações internacionais,
seja porque o debate se faz a partir dele, o Estado não pode ser relegado a mero
coadjuvante na constituição da realidade.
O Estado é, assim, a expressão política de uma nação e a política externa ou suas
relações exteriores são as suas manifestações formais na realidade internacional.
Entender o Estado como representação de uma sociedade nacional depende em
grande parte, portanto, da apreensão da história das suas relações internacionais.
Muito embora haja concordância acerca dessa situação, os estudos, não só,
mas principalmente históricos sobre as relações internacionais, particularmente
no Brasil, ainda são escassos e a produção mais expressiva e reconhecida nessa
área resulta em maior parte de esforços de atores engajados, isto é, de partici-
pantes dos processos de elaboração e implementação de políticas nesse campo,
passando quase que totalmente ao largo da história constituída como campo de
conhecimento na comunidade científica.

4
O debate entre realistas e globalistas pode ser encontrado, por exemplo, em Baldwin (1993).

HISTÓRIA E POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA – Joaquim Racy 225


Não sendo do escopo deste trabalho realizar um inventário efetivo da pro-
dução do conhecimento histórico das relações internacionais do Brasil, o que
se pretende é tão somente indicar, enquadrando sob perspectivas distintas, os
esforços intelectuais despendidos na área, de maneira, inclusive, a justificar a
necessidade do desenvolvimento de um projeto mais abrangente de construção
de uma historiografia das relações internacionais brasileiras.
Assim, sob pena de se cometer alguma injustiça, podem ser citados como
exemplo desse esforço de produção de conhecimento em história das relações
internacionais do Brasil os trabalhos de Pandiá Calógeras, no passado, e Celso
Lafer, Gelson Fonseca Jr. e Paulo Roberto de Almeida, na atualidade.
A qualidade dos trabalhos produzidos é inquestionável, no entanto, não são
produtos do trabalho de historiadores “profissionais”. Nessa medida, por exemplo,
dois dos autores em questão, Gelson Fonseca Jr. e Paulo Roberto de Almeida,
diferentemente de Pandiá Calógeras e Celso Lafer que, além de terem atuado à
frente da Chancelaria, apresentaram um vínculo com a academia, tiveram ou têm
sua ocupação principal na atividade diplomática e, por conseguinte, têm formação
em outros campos de conhecimento que não especificamente o da história.
A essa produção ainda se pode acrescentar trabalhos de caráter mais específico
que, relacionados à história, foram desenvolvidos na perspectiva da construção de
um conhecimento pontual das relações internacionais do Brasil e, nessa medida,
podem ser considerados, do ponto de vista historiográfico, produtos da observa-
ção de atores engajados e, por conseguinte, narrativas de praticantes “leigos” da
história. São trabalhos como os de Joaquim Nabuco, Eduardo Prado e Oliveira
Lima, em passado mais distante, e mais atualmente, isto é, já a partir da década de
1960, San Tiago Dantas, Mario Gibson Barbosa, Ramiro Saraiva Guerreiro, Luiz
Felipe Lampreia, João Hermes Pereira de Araújo, Afonso Arinos de Melo Franco,
José Carlos de Macedo Soares, Arnaldo Teixeira Soares, Paulo Tarso Flecha de
Lima, Synésio Sampaio Góes Filho, Amaury Porto de Oliveira, João Frank da
Costa, Paulo Nogueira Batista, Luis Felipe de Seixas Corrêa, Rubens Ricupero,
Rubens Barbosa, Ronaldo Mota Sardenberg, Marcos Castrioto de Azambuja, Luis
Augusto Souto Maior, Valdemar Carneiro Leão, Sérgio Henrique Nabuco de Castro,
Francisco Thompson-Flôres Neto, Luis Paulo Lindenberg Sette, Sérgio Abreu e
Lima Florêncio e Eugênio Vargas Garcia.
Do ponto de vista histórico, portanto, os trabalhos em questão, em boa medida,
são acometidos pelos principais problemas apontados de uma forma geral pelos
historiadores considerados neste artigo, isto é, grande parte deles reproduz a tradi-
ção da história com corte narrativo. Alguns deles, inclusive, assumindo um caráter
episódico, ou não incorporam um sentido de duração histórica, desprezando em

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alguns casos a relação entre o passado e o presente, ou não estabelecem relações
entre o objeto estudado e a realidade em sua totalidade.
Já a produção acadêmica concernente às relações internacionais brasileiras,
que, como se disse, ainda é escassa, está concentrada em sua maior parte no
campo da ciência política muitas vezes, por se tratar de um campo específico
de conhecimento, ao contrário do que acontece com a produção realizada pela
diplomacia brasileira, ao cuidar de aspectos muito particulares da realidade, des-
cuida de buscar estabelecer relações entre esses aspectos e a realidade histórica
em que se inserem. Por sua vez, os trabalhos acadêmicos no campo da ciência
política que buscam compreender as relações internacionais brasileiras em sua
dimensão histórica, cujos méritos também não se pode discutir, acabam sofrendo
em grande medida dos mesmos problemas historiográficos dos trabalhos produ-
zidos pela diplomacia e que se referem ao problema da duração histórica e, de
certa forma, da causalidade nas relações entre passado e presente. Destacam-se
nessa área trabalhos como os de Hélio Jaguaribe, Fernando Augusto Albuquerque
Mourão, Oliveiros Ferreira, Antonio Augusto Cançado Trindade, Carlos Estevam
Martins, Maria Celina Soares D’Araújo, Gerson Moura, Maria Regina Soares de
Lima, Letícia Pinheiro, Mônica Herz, Sonia Camargo, José Augusto Guilhon de
Albuquerque, Braz de Araújo, Tullo Vigevani, Ricardo Seitenfus, Henrique Alte-
mani de Oliveira, Rodrigo Amado, Luiz Viana Filho, Christian Caubet, Shiguenoli
Miyamoto, Williams da Silva Gonçalves e Demétrio Magnoli.
No caso das produções sob essas duas perspectivas, conforme se disse, não se
pode deixar de destacar sua importância uma vez que, dado o caráter normativo/
prescritivo das reflexões por elas contidas, conferido por sua natureza política, se
desenvolve, em boa medida, a própria realidade política e intelectual, isto é, dela
se subtraem elementos para a ação e para a sua compreensão, inclusive histórica..
Só a título de exemplo, o conceito de “eqüidistância pragmática” elaborado por
Gerson Moura (1980), relativamente à política externa do Governo Vargas, viria
a tornar-se um elemento crucial tanto para a interpretação da realidade brasileira
do período, quanto para a definição da ação externa de outros governos. Assim
também ocorre com a elaboração de conceitos tais como o de “adaptação criativa”
por Celso Lafer (1993), na condição de intelectual e ministro de relações exterio-
res, que dão margem tanto à constituição de “doutrinas” que venham a orientar a
política externa, quanto à discussão sobre a própria realidade brasileira.
Finalmente, como produção efetiva de história das relações internacionais
brasileiras, assumindo um caráter sistemático e incorporando as preocupações
metodológicas aqui sustentadas e, nessa medida, merecendo menção especial, po-
dem ser apontados os trabalhos de Carlos Delgado de Carvalho e Hélio Vianna que,

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elaborados entre as décadas de 1930 e 1950, já se encontram defasados, e os trabalhos
de José Honório Rodrigues, Clodoaldo Bueno, Amado Cervo, Moniz Bandeira, José
Flávio Sombra Saraiva e, mais recentemente, Paulo Vizentini e Antonio Carlos Lessa,
que têm a marca da formação histórica da maior parte de seus autores.
Não se pode desprezar a grande contribuição que essa produção tem trazido
para a construção de uma história das relações internacionais brasileiras, pois, em
sua maior parte, se propõe a elucidar aspectos problemáticos da realidade histórica
e, nessa medida, permite descortinar os problemas maiores da sociedade como
um todo e as respostas que o Estado brasileiro tem dado a diferentes situações
políticas, particularmente no presente.
Como exemplo maior dessa contribuição se colocam as obras de Carlos Delga-
do de Carvalho, Hélio Vianna e Clodoaldo Bueno e Amado Cervo que, procurando
conferir um sentido histórico extenso às relações internacionais do Brasil, carac-
terizam-se como verdadeiras histórias gerais da política externa brasileira.
Nos países assim chamados desenvolvidos, tais obras serviriam como pedra
fundamental ou projeto fundante de um projeto de construção da historiogra-
fia das relações exteriores do país. No Brasil, esse estágio de desenvolvimento
5
da produção acadêmica ainda não foi alcançado e, agravada pelos problemas
próprios dos estudos históricos, a situação apresenta o seguinte problema: 1) à
exceção dos trabalhos apontados acima e mais alguns esforços, grande parte dos
estudos de história da política externa brasileira está circunscrita a um período
exclusivo de tempo ou a aspectos específicos das relações externas do Brasil (isto
é notado, por exemplo, nos trabalhos de Moniz Bandeira, José Flávio Sombra
Saraiva e Vizentini, constantes da bibliografia deste ensaio); 2) os trabalhos com
estas últimas características não têm um vínculo, pelo menos direto, com os
trabalhos anteriores, mais abrangentes; e 3) como resultado, o entendimento e a
apreensão da história da política externa brasileira se faz de forma fragmentada,
isto é, ao contrário do que se supõe seja o razoável, não se parte de uma noção
geral do desenvolvimento histórico das relações exteriores para a compreensão
aprofundada de fenômenos específicos dessa realidade. Isso não significa que a
história não possa ser construída a partir do estudo das partes que compõem a
realidade. Assim, como lembra R. W. Davies, R. Edward Carr, a exemplo do que
ocorria com os historiadores dos diferentes matizes aqui apresentados, pensava

5
Conforme indicado no texto, os programas de estudos históricos em geral no Brasil não dis-
ponibilizam cursos e linhas de pesquisa voltados para a área internacional. Esses dispositivos
são encontrados em outras áreas cujas preocupações se concentram em questões específicas
ou não observam as questões metodológicas inerentes ao ofício do historiador.

228 TEORIA E SOCIEDADE nº 16.1 – janeiro-junho de 2008


que “o historiador não está realmente interessado no único, mas no que é geral
no único” (Davies 2006). Mas o fato é que, em poucos casos, no Brasil a política
externa é vista por esse prisma da totalidade histórica. Ela vem a ser vista muito
mais em função daquilo que se pretende seja a sua totalidade.
Para concluir, pode-se dizer que a análise da política externa brasileira por
aqueles que dirigem o Estado nacional remete a uma concepção do sistema de re-
lações internacionais que deve basear-se no entendimento histórico dessas relações,
alcançado nas diferentes instituições da sociedade, particularmente naquelas que se
colocam na perspectiva de produção de conhecimento nesse campo da realidade.
Embora, conforme afirmação anterior, a comunidade acadêmica brasileira
não tenha historicamente e de maneira sistematizada se debruçado de maneira
extensiva sobre os problemas relativos às relações internacionais, a realidade
internacional, como não poderia deixar de acontecer, sempre se fez presente nos
debates e na condução política da nação. Assim, mesmo que a responsabilidade
pela reflexão sobre as questões internacionais e seus impactos sobre a realidade
nacional em perspectiva histórica tenha ficado em sua maior parte a cargo da socie-
dade política, particularmente na esfera da diplomacia, a academia não pode mais
se furtar à responsabilidade de desenvolver a reflexão sobre a instância histórica
dessa realidade. Essa reflexão, ao envolver as paixões naturais da política, requer
um cuidado analítico que lhe permita posicionar-se claramente como um campo de
conhecimento específico, com todas as suas peculiaridades. E, nessa medida, como
conclusão, talvez seja definitivamente o momento de se instalarem os esforços para
a construção de uma história geral das relações internacionais do Brasil.

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ABSTRACT

This article aims at presenting some considera- as a source of knowledge about the general history

tions concerning the Brazilian foreign policy his- of the country and as a support to decision making

toriography. Assuming the Brazilian international referred to external relations of Brazil. The article

relations as a specialized field of knowledge, we try also suggests the need of the constituition of a

to map the history production focused on Brazilian specific area of studies focusing on the historical

foreign policy intending to reinforce its importance thought in this field of policy-making in Brazil.

KEY WORDS

historical knowledge

Annales

marxism

nation

Brazilian international relations

RECEBIDO EM
julho de 2008

APROVADO EM
fevereiro de 2009

JOAQUIM RACY
Economista, Cientista Político, Mestre e Doutor em História (Política Externa Brasileira) pela Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, onde é Professor Mestre.

HISTÓRIA E POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA – Joaquim Racy 231

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