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Informativo n. 361
Terceira Seção
A Seção declarou competente o juízo federal para prosseguir no feito que apura
suposta prática de evasão de divisas efetuada como antecipação de pagamentos de
importação por representantes legais de empresa. A competência, no caso, fixou-se
pelo local da remessa (conta-corrente), ou seja, na capital mineira, onde a operação
de câmbio foi realizada (art. 70 do CPP), ainda que os depósitos ou transferências
eletrônicas bancárias tenham sido feitas no domicílio fiscal das empresas envolvidas,
entre elas, a empresa ora investigada, de São Paulo. Anote-se que a Min. Relatora
destacou que, até o momento, não há indícios da prática do delito descrito no
parágrafo único do art. 22 da Lei n. 7.492/1986, mas apenas o do seu caput, que não
necessariamente se consuma no domicílio tributário da empresa. Precedentes citados:
CC 74.975-SP, DJ 2/4/2007, e CC 70.018-RJ, DJ 22/3/2007. CC 81.710-MG, Rel.
Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em
23/6/2008.
Quinta Turma
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natureza, o que impede também a aplicação da referida benesse. Precedentes citados:
REsp 686.716-RS, DJ 6/8/2007; REsp 828.181-RS, DJ 6/8/2007, e REsp 751.025-RS,
DJ 13/3/2006. HC 95.226-MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 24/6/2008.
Apesar de o STJ já ter firmado o entendimento de que são os crimes contra a ordem
tributária que necessitam, para sua caracterização, do exaurimento da via
administrativa, recentemente, o STF firmou a orientação de que também os crimes de
sonegação e apropriação indébita de contribuições previdenciárias têm natureza
material, a exigir a ocorrência de resultado naturalístico para sua consumação: o dano
à Previdência. Desse modo, nesses casos, faz-se necessário, a fim de se vislumbrar
justa causa para instauração de inquérito policial, o esgotamento da via administrativa,
tido como condição de procedibilidade para a ação penal, pois o suposto crédito
pendente de lançamento definitivo impede a configuração daqueles delitos e a
contagem do prazo prescricional. Precedente citado do STF: INQ 2.537-GO, DJ
13/6/2008. HC 96.348-BA, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 24/6/2008.
Informativo n. 360
Quinta Turma
Trata-se de associação denunciada e autuada pela Polícia Ambiental por ter suprimido
vegetação rasteira e arbustiva em área de preservação permanente, além de cortar
oito árvores nativas isoladas. A pessoa jurídica (associação) e seu representante legal
(presidente) pretendiam construir uma valeta para implantação de rede de esgoto,
mas promoveram a intervenção na área de preservação permanente sem obter
autorização para isso. Note-se que, neste habeas corpus, o presidente do conselho da
associação, paciente, busca a suspensão e o trancamento da ação penal e alega que
não foram denunciados os funcionários da empresa contratada que ocasionaram os
fatos delituosos. Para o Min. Napoleão Nunes Maia Filho, condutor da tese vencedora,
existem diversas modalidades de culpa em matéria ambiental de acordo com o art. 2º
da Lei n. 9.605/1998. Há o dever de vigilância e também o de escolher quem trabalha
em áreas de preservação. No caso, não há indícios de nenhuma conduta dolosa, mas
há indício de culpa in vigilando, in negligendo e in elegendo, ao escolher para trabalhar
pessoa que não tem aptidão de preservar floresta considerada de preservação
permanente. Tal conduta pode ser sancionada, evidentemente, não com pena restritiva
de liberdade, mas com sanção financeira, obrigação de repor as árvores ou
condenação a plantar o dobro de árvores etc. Outrossim, o crime é sempre uma
conduta e, no caso, há indícios de uma conduta de crime de omissão. Ademais, não é
só a pessoa que pratica fisicamente que comete o crime. Na verdade, quem contrata,
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fornece os meios, remunera etc. também comete o crime ambiental. Nesses casos,
também há a responsabilização penal da pessoa jurídica, o que não exclui a
responsabilidade das pessoas físicas. Outrossim, como afirmou a Min. Laurita Vaz, a
denúncia, pela descrição, é válida, o que possibilita tanto à entidade como ao seu
presidente se defender. Com esse entendimento, a Turma, por maioria, denegou a
ordem. HC 92.822-SP, Rel. originário Min. Arnaldo Esteves Lima, Rel. para
acórdão Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 17/6/2008.
Sexta Turma
A Turma entendeu que o porte de arma de uso permitido, restrito ou proibido com a
supressão do número de série incide no crime do art. 16, § 4º, da Lei n. 10.826/2003,
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descabendo o argumento de atipicidade da conduta por ausência de lesividade, já que
a ênfase se dá em razão da necessidade do controle pelo Estado das armas de fogo
existentes no país. AgRg no REsp 990.839-RS, Rel. Min. Jane Silva
(Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 19/6/2008.
Informativo n. 359
Sexta Turma
Para a Min. Relatora originária, a ação penal deveria prosseguir para que no seu curso,
fossem os fatos definitivamente esclarecidos, bastando por ora, a presença das provas
mencionadas na denúncia. A circunstância ainda obscura quanto à sustação do
pagamento por meio de declaração de extravio ou boletim de ocorrência de roubo do
cheque, que, em tese, poderia ser considerado um meio fraudulento para a obtenção
de vantagem ilícita, nos termos da denúncia, é um fato típico que deve ser esclarecido.
Porém, verificou-se empate na votação, prevalecendo a decisão mais favorável ao réu.
A Turma concedeu a ordem nos termos do voto do Min. Nilson Naves, para quem a
emissão de cheque como garantia de dívida não configura o crime do art. 171, § 2º,
VI, do Código Penal (estelionato). No caso, o próprio ofendido (credor) não
demonstrou claramente que se cuidava de ordem de pagamento à vista; ao contrário,
afirmou tratar-se de pagamento a prazo; descaracterizou, portanto, o crime de
estelionato. Precedentes citados: RHC 20.600-GO, DJ 25/2/2008; HC 11.984-PB, DJ
12/6/2000, e RHC 9.221-MT, DJ 3/4/2000. HC 103.449-SP, Rel. originária Min.
Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), Rel. para acórdão Min.
Nilson Naves, julgado em 12/6/2008.
Informativo n. 358
Quinta Turma
Sexta Turma
SUBSTITUIÇÃO. PENA.
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Em fato anterior à vigência da Lei n. 11.343/2006, uma vez atendidos os requisitos
dispostos no art. 44 do CP, é possível a substituição da pena privativa de liberdade por
penas restritivas de direito, mesmo em crime de tráfico de entorpecentes, já que o STF
julgou inconstitucional o art. 2º, § 1º, da Lei n. 8.072/1990 (Lei dos Crimes
Hediondos), devendo o juízo das execuções criminais promover a execução daquelas
(art. 147 e segs. da Lei n. 7.210/1984). Precedentes citados do STF: CC 84.715-SP, DJ
29/6/2007; do STJ: HC 66.722-MS, DJ 19/3/2007; HC 67.481-DF, DJ 26/3/2007, e HC
97.933-RJ, DJ 25/4/2008. HC 83.254-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 3/6/2008.
Informativo n. 357
Quinta Turma
Sexta Turma
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COMPETÊNCIA. PREVENÇÃO.
O paciente, segundo consta nos autos, em conjunto com os demais co-réus, seria
responsável pela prática de tráfico internacional de drogas, sua função seria a gerência
econômica do negócio, o encarregado de encomendar no exterior e pagar o
exportador. Logo, havendo indícios sobre a transnacionalidade do delito, cabe à Justiça
Federal processar e julgar a ação penal. Por outro lado, quando incerto o local da
consumação do crime para fixar a competência do juízo fora do território nacional,
deve ser utilizado o critério da prevenção (arts. 70 e 83 do CPP). No caso, o paciente
limitou-se a argüir o último ato de execução, mas deixou de delimitar em que ele teria
consistido. Ademais, consta da denúncia que o feito foi desencadeado após longa
investigação policial, mostrando-se inviável precisar com exatidão o último ato de
execução e em que local. Assim, não há excesso de prazo, foram 37 denunciados,
várias cartas precatórias e, atualmente, a instrução está encerrada. Por fim, quanto à
revogação de prisão preventiva, não houve a juntada sequer de cópia da decisão que
determinou a custódia cautelar, ônus do impetrante, inviabilizando a compreensão da
questão. Todavia, o acórdão do Tribunal a quo encontra-se devidamente
fundamentado, a demonstrar que sua prisão preventiva mostrou-se necessária. Com
esses fundamentos, a Turma julgou parcialmente prejudicado o pedido e, na outra
parte, denegou o habeas corpus. Precedentes citados: HC 75.352-MT, DJ 17/3/2008;
HC 52.097-AP, DJ 1º/8/2006, e RHC 16.816-PR, DJ 25/4/2005. HC 97.155-SP, Rel.
Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em
27/5/2008.
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e aptos a justificar a necessidade da medida extrema, só excluiu o fundamento de que
a hediondez do delito não permite a liberdade provisória. Também atentou ainda para
a circunstância posterior ao acórdão referente à determinação de exame de sanidade
mental (já marcado), o que evidencia, no dizer da Min. Relatora, a cautela com a
circunstância de a paciente permanecer em liberdade. Isso posto, a Turma denegou a
ordem. HC 102.048-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do
TJ-MG), julgado em 27/5/2008.
Informativo n. 356
Sexta Turma
Informativo n. 355
Nada
Informativo n. 354
Quinta Turma
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Sexta Turma
Ao paciente foi deferida a progressão de regime pelo juiz da vara de execução penal.
Contra essa decisão, o Ministério Público interpôs agravo em execução e o Tribunal a
quo cassou aquela decisão ao argumento de que a progressão deveria ser analisada
sob os critérios da Lei n. 11.464/2007. Nesse contexto, o Min. Relator advertiu que
este Superior Tribunal vem entendendo que a inovação trazida pela referida lei, por ser
evidentemente mais gravosa, não deve retroagir para prejudicar o réu, considerando
correta a decisão do juiz que aplicou ao caso o art. 112 da Lei de Execuções Penais
(com a redação dada pela Lei n. 10.792/2003). Diante disso, a Turma negou
provimento ao agravo. AgRg no HC 96.226-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado
em 29/4/2008.
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APROPRIAÇÃO INDÉBITA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
PARCELAMENTO.
Informativo n. 353
Sexta Turma
A Turma, por maioria, reiterou que, para caracterizar-se a causa de aumento prevista
no art. 157, § 2º, I, do CP, há a necessidade de apreender e realizar perícia na arma,
com o intuito de constatar sua potencialidade lesiva, a menos que sua eficácia
evidencie-se incontroversa por outros meios de prova, tais como o relato de
testemunhas ou vítimas. In casu, retirada a causa de aumento, a pena deve ser fixada
em seu mínimo legal, a modificar o regime de cumprimento da pena. O Min. Paulo
Gallotti acompanhou esse entendimento com ressalvas. Precedentes citados do STF:
HC 72.315-MG, DJ 26/5/1995; do STJ: HC 59.350-SP, DJ 25/5/2007; HC 36.182-SP,
DJ 21/3/2005; AgRg no HC 79.973-SP, DJ 10/12/2007, e HC 88.060-SP, DJ
17/12/2007. HC 97.376-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada
do TJ-MG), julgado em 22/4/2008.
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redação do § 1º, determinada pela Lei n. 9.426/1996, o dolo eventual (que também
determina o reconhecimento da prática de receptação culposa) transformou a
punibilidade de menor (menos grave) em maior (mais grave). Fala-se na
inconstitucionalidade do referido § 1º, mas melhor aqui seria desconsiderar esse
preceito secundário. Com esse entendimento, adotado pela maioria, a Turma concedeu
a ordem a fim de substituir a reclusão de três a oitos anos prevista no § 1º pela de um
a quatro anos do caput do art. 180 do CP, e fixou a pena, definitivamente, em um ano
e dois meses de reclusão, ao seguir as diretrizes originalmente adotadas pela
sentença, considerada aí a reincidência e a multa lá fixada. Note-se que o início de
cumprimento da pena privativa de liberdade dar-se-á no regime aberto. HC 101.531-
MG, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 22/4/2008.
Informativo n. 352
Quinta Turma
Sexta Turma
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emprego de uma ou outra palavra sem que se tivesse a vontade de ofender a
dignidade ou o decoro do serventuário. O Min. Relator entende que é penalmente
irrelevante o fato noticiado naqueles autos e, se algum excesso houve, tal não
adentrou o campo penal. HC 88.545-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em
15/4/2008.
Informativo n. 351
Quinta Turma
Sexta Turma
O ora paciente subtraiu um boné avaliado em R$ 50,00, o qual foi devolvido à vítima.
Porém, diante da comprovação de seus maus antecedentes e de sua reincidência, foi
condenado, por furto simples, à pena de um ano e seis meses de reclusão. Diante
disso, é certo não se lhe aplicar a benesse do furto privilegiado. Contudo o delito pode
ser considerado como de reduzido potencial ofensivo, a merecer a incidência do
princípio da insignificância, que não pode ser obstado por sua reincidência ou maus
antecedentes, visto que apenas jungido ao bem jurídico tutelado e ao tipo do injusto.
Com esse entendimento, que prevaleceu em razão do empate na votação, a Turma, ao
prosseguir o julgamento, concedeu a ordem de habeas corpus. Precedente citado:
REsp 827.960-PR, DJ 18/12/2006. HC 96.929-MS, Rel. Min. Jane Silva
(Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 8/4/2008.
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para a contagem do benefício da progressão do regime prisional; o paciente só não
está sujeito à regressão porque não há como fazê-la. Dessarte, deverá cumprir mais
um sexto da pena, contado o novo prazo do cometimento da falta grave, a que
interrompeu o prazo anterior. O Min. Nilson Naves, vencido, destacou que há
precedentes deste Superior Tribunal em sentido diverso e que, anteriormente, já ficara
vencido em igual hipótese, juntamente com a Min. Maria Thereza de Assis Moura (HC
63.519-SP, DJ 5/11/2007). Precedentes citados: HC 45.528-RJ, DJ 13/3/2006; HC
32.774-SP, DJ 30/5/2005, e HC 31.886-RJ, DJ 9/8/2004. HC 92.175-SP, Rel. Min.
Hamilton Carvalhido, julgado em 8/4/2008.
Informativo n. 350
Sexta Turma
Informativo n. 349
Quinta Turma
Sexta Turma
A liberdade provisória de que cuida o art. 310, parágrafo único, do CPP, no caso de
prisão em flagrante, está subordinada à certeza da inocorrência de qualquer das
hipóteses que autorizam a prisão preventiva, decorrente dos elementos existentes nos
autos ou de prova da parte onerada, bastante para afastar a presunção legal de
necessidade da custódia. A Lei n. 8.072/1990, na sua redação original, ao dar
cumprimento ao inciso XLIII do art. 5º da CF/1988, fez, de seu lado, insuscetíveis de
fiança e liberdade provisória os crimes hediondos, a prática de tortura, o tráfico de
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entorpecentes e o terrorismo, estabelecendo caso de prisão cautelar de necessidade
presumida iuris et de iure, na hipótese de prisão decorrente de flagrante delito.
Observou o Min. Relator que a Terceira Seção deste Superior Tribunal (HC 76.779-MT)
culminou por firmar a compreensão de que a proibição de liberdade provisória, com ou
sem fiança, decorre, primariamente, da própria Constituição Federal, fazendo
materialmente desinfluente a questão da revogação, ou não, do art. 44 da nova Lei de
Tóxicos (Lei n. 11.343/2006) pela Lei n. 11.464/2007, que deu nova redação ao art.
2º da Lei nº 8.072/1990. A proibição da liberdade provisória a acusados pela prática
de crimes hediondos deriva da inafiançabilidade dos delitos dessa natureza
preconizada pela Constituição da República e da Lei n. 11.343/2006, que é, por si,
fundamento suficiente por se tratar de norma especial especificamente em relação ao
parágrafo único do art. 310 do CPP. Dessarte, é incompatível com a lei e com a
Constituição Federal a interpretação que conclui pela admissibilidade, no caso de
qualquer desses crimes, da conversão da prisão cautelar decorrente de flagrante delito
em liberdade provisória. HC 93.591-MS, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, julgado
em 27/3/2008.
Informativo n. 348
Quinta Turma
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Sexta Turma
O paciente foi denunciado pelo furto de uma cruz de concreto de um túmulo (dez
reais), bem como por estelionato, em razão de se ter passado por pedreiro
especializado na construção de sepulcros e recebido valores para a construção de
sepulturas que não foram sequer iniciadas. Do estelionato, viu-se absolvido ao
fundamento de que se tratava de mero descumprimento contratual e, do furto, diz-se
que se mostrava atípica a conduta dado o princípio da insignificância. Prosseguindo o
julgamento do especial interposto pelo MP referente unicamente ao furto, a Turma,
após o voto de desempate da Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG),
entendeu manter a absolvição determinada pela aplicação do princípio da
insignificância feita pelo Tribunal a quo. Anotou que este Superior Tribunal vem
aceitando a aplicação de tal princípio até diante do furto consumado e qualificado,
situações mais gravosas que a dos autos. Outrossim, firmou que o valor da res furtiva,
por si só, não é fator determinante da aplicação do referido princípio, porém deve ser
sopesado com especial atenção, quanto mais se ínfimo, como no caso. Precedentes
citados: HC 56.519-RJ, DJ 26/6/2006, e REsp 794.021-RS, DJ 3/4/2006. REsp
708.324-RS, Rel. originário Min. Hamilton Carvalhido, Rel. para o acórdão Min.
Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 11/3/2008.
Informativo n. 347
Sexta Turma
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anteriormente à sua vigência. Com esses esclarecimentos, a Turma concedeu a ordem.
Precedente citado: HC 90.378-MS, DJ 17/12/2007. HC 93.718-MS, Rel. Min. Jane
Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 4/3/2008.
Os pacientes foram denunciados e pronunciados nos termos do art. 121, § 2º, II e IV,
c/c o art. 14, todos do CP. Submetidos ao Tribunal do Júri, restaram absolvidos pelo
Conselho de Sentença que reconheceu terem eles agido por erro de tipo invencível
(art. 20 do CP) - imaginaram estar atirando em um animal em vez de nas pessoas que
haviam adentrado a sua propriedade. O Ministério Público apelou, e o Tribunal a quo
anulou o julgamento ao fundamento de que a decisão dos jurados era manifestamente
contrária à prova dos autos. Daí a impetração deste habeas corpus, alegando que a
decisão feria a soberania dos vereditos do júri e, subsidiariamente, requerendo a
anulação do acórdão em razão da eloqüência acusatória, a qual pode influenciar na
decisão dos jurados no novo julgamento. Para o Min. Relator, com base também no
parecer da Subprocuradoria, no caso dos autos, o juiz da pronúncia já reconhecia
haver teses conflitantes, assim, se os jurados optaram por uma das versões
apresentadas, não há a hipótese de que essa decisão seja manifestamente contrária à
prova dos autos. Outrossim, ao Conselho de Sentença, somente a ele, cabe dirimir o
conflito quando da votação dos quesitos. Note-se que a tese absolutória, baseada no
erro invencível dos pacientes, foi acolhida no momento do julgamento,
consubstanciada nos interrogatórios, depoimentos e laudos acostados no processo.
Com esse entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu
a ordem. HC 70.962-SP, Rel. Min. Nilson Naves, julgado em 4/3/2008.
Informativo n. 346
Terceira Seção
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CRIME. EMPREGADOR. OMISSÃO. ASSINATURA. CTPS.
A questão consiste em definir a competência para processar e julgar ação penal contra
o empregador que não realiza as devidas anotações nas carteiras de trabalho e
previdência social (CTPS) de seus empregados. Destacou-se que, de acordo com o art.
29 da CLT e o art. 201 da CF/1988, cabe ao empregador, ao contratar um empregado,
realizar as anotações e contribuir para a Previdência Social, garantindo-lhe os direitos
trabalhistas, previdenciários e relativos ao FGTS. A CTPS, instituída pelo Dec. n.
21.175/1932 e regulamentada pelo Dec. n. 22.035/1932, é o único comprovante da
vida funcional do empregado. Dessa forma, observa a Min. Relatora, quem omite
dados na CTPS, atentando contra o interesse da autarquia previdenciária, estará
incurso nas mesmas sanções do crime de falsificação de documento público, nos
termos do § 4º do art. 297 do CP, sendo competente a Justiça Federal para processar
e julgar esse delito, de acordo com o art. 109, IV, da CF/1988. CC 58.443-MG, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgado em 27/2/2008.
Quinta Turma
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No âmbito do furto, não há que se confundir bem de pequeno valor com o de valor
insignificante. O primeiro pode caracterizar privilégio (art. 155, § 2º, do CP), com a
previsão, pela lei penal, de pena mais branda compatível com a pequena gravidade da
conduta. O segundo, necessariamente, exclui o crime diante da ausência de ofensa ao
bem jurídico tutelado (princípio da insignificância). No caso dos autos, houve o furto
consumado de uma carteira contendo um talonário de cheques e sessenta reais em
dinheiro, pelo que não há que se falar em irrelevância da conduta. A subtração de bens
cujo valor é considerado ínfimo não é indiferente para o Direito Penal, visto que a
opção por não reprimir tal conduta representaria incentivo a esses pequenos delitos
que, juntos, trariam a desordem social. Precedentes citados: HC 47.105-DF, DJ
10/4/2006, e RHC 17.892-DF, DJ 19/12/2005. REsp 746.854-RS, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 28/2/2008.
Informativo n. 345
Quinta Turma
É consabido que o instituto da prescrição é aplicável aos atos infracionais cometido por
adolescentes, pois as medidas sócio-educativas têm caráter retributivo e repressivo,
apesar de possuírem, também, natureza preventiva e reeducativa. Diante da ausência
de fixação de um lapso temporal pela sentença, há que se valer do limite máximo de
três anos, previsto no art. 121, § 3º, do ECA, bem como dos mesmos critérios
necessários à decretação da prescrição da pretensão punitiva do Estado (arts. 109, IV,
e 115 do CP). Anote-se que o prazo prescricional não se aperfeiçoou no caso. Obriga-
se a considerar a idade do adolescente infrator na data do fato para efeito de aplicação
das medidas sócio-educativas constantes do ECA, observado que a liberação
obrigatória deve ocorrer não com a maioridade civil, mas apenas quando o menor
completar 21 anos, pois o art. 121, § 5º, do ECA não foi revogado pelo CC/2002.
Precedentes citados: HC 44.458-SP, DJ 13/2/2006; HC 33.473-RJ, DJ 6/2/2006; RHC
15.905-SC, DJ 3/11/2004; HC 45.567-SP, DJ 17/4/2006; HC 58.178-SP, DJ
25/9/2006; HC 44.168-RJ, DJ 10/9/2007, e HC 30.032-RJ, DJ 2/2/2004. HC 90.172-
RJ, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 21/2/2008.
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Sexta Turma
É certo que a novel redação do art. 112 da Lei de Execuções Penais (LEP), dada pela
Lei n. 10.792/2003, não mais determina a submissão do apenado ao exame
criminológico para fins de progressão prisional. Porém, isso não é empeço para que o
juízo da execução, em decisão fundamentada, determine sua realização se entender
necessário à formação de seu convencimento. No caso dos autos, houve a avaliação
psicológica do ora paciente, que revelou ser frágil sua personalidade, com tendência à
impulsividade, agressividade, hostilidade, o que demonstra ser ele vulnerável quanto
ao retorno ao crime. Em sua avaliação social, vê-se ainda faltarem condições para que
se beneficie da progressão de regime, pois há várias ocorrências no meio carcerário
que desabonam sua conduta. Dessarte, constata-se que a cassação pelo Tribunal
estadual do benefício concedido pelo juízo singular (que desprezou essas avaliações)
não sofre a pecha de constrangimento ilegal, é decorrência da própria conduta
inadequada do apenado, sopesado que a progressão não é dádiva decorrente do
simples decurso do prazo legal, mas, sim, conquista feita diariamente em busca da
liberdade definitiva. Precedente citado do STF: HC 88.052-DF, DJ 28/4/2006. HC
94.426-RS, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ/MG),
julgado em 19/2/2008.
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impossibilidade de a autoria ser imputada ao indiciado, sendo que nenhuma dessas
circunstâncias foi efetivamente demonstrada pela defesa. Precedente citado: HC
41.700-RS, DJ 20/6/2005. HC 66.308-SP, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora
convocada do TJ-MG), julgado em 21/2/2008.
Informativo n. 344
Terceira Seção
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COMPETÊNCIA. EXECUÇÃO. PENA. PROGRESSÃO. REGIME SEMI-ABERTO. SÚM.
N. 192-STJ.
Mesmo que haja progressão para o regime semi-aberto e a condenada não mais se
encontre recolhida em nenhum estabelecimento sujeito à administração estadual, a
competência para execução da pena permanece com o juízo estadual, pois o
condenado continua cumprindo a pena. Precedentes citados: CC 85.589-RJ, DJ
17/9/2007; CC 38.175-SP, DJ 14/6/2004, e CC 88.905-MT, DJ 8/11/2007. CC
88.916-MT, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 13/2/2008.
A fraude eletrônica para transferir valores de conta bancária por meio da Internet
Banking da Caixa Econômica Federal constitui crime de furto qualificado. Assim, o juízo
competente para processar e julgar a ação penal é do local da consumação do delito
de furto, ou seja, de onde foi subtraído o bem da vítima, saindo de sua esfera de
disponibilidade. Precedentes citados: CC 86.241-PR, DJ 20/8/2007, e CC 67.343-GO,
DJ 11/12/2007. CC 87.057-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado
em 13/2/2008.
Quinta Turma
Sexta Turma
2
PROGRESSÃO. REGIME. EXAME CRIMINOLÓGICO. NECESSIDADE. MOTIVAÇÃO.
LEI N. 10.792/2003.
Informativo n. 343
Sexta Turma
Trata-se de paciente denunciado como incurso nas penas do art. 121 do CP, com
prisão preventiva mantida em razão da forma como se deu o crime e ao argumento de
que sua liberdade importaria em estímulo à volta da prática delituosa. Pois o paciente
assumiu o risco de dolo eventual ao dirigir veículo após ingerir bebida alcoólica o que
resultou no atropelamento de ciclista que, devido às lesões, veio a falecer. Ressaltou a
Min. Relatora que a probabilidade de reiteração delitiva (pois o paciente é dependente
alcoólico), baseada e avaliada em elementos concretos, assim como a forma como se
deu o crime podem ser consideradas fundamentos idôneos a justificar a manutenção
da prisão em flagrante para garantia da ordem pública. Outrossim, observou que não
há supressão de instância quando, sobrevinda a decisão de pronúncia, essa não
acrescentou qualquer fundamento à decisão que indeferiu a liberdade provisória.
Precedentes citados: HC 74.699-RS, DJ 13/8/2007; HC 76.537-PR, DJ 4/6/2007; HC
50.498-GO, DJ 12/2/2007; RHC 17.749-BA, DJ 6/2/2006; HC 51.963-SP, DJ
21/5/2007, e HC 49.255-SP, DJ 14/5/2007. HC 82.427-PR, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, julgado em 17/12/2007.
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