You are on page 1of 7

TRABALHO 2

Compreensão do fenómeno do Design


Teoria do Design
Escola Superior de Artes e Design

Igor Sousa
Filipe Carneiro
Nuno Ribeiro
ANDRÉ BRITO _ fotógrafo

Nasce em 1972, no Porto, e foi por volta dos 7 anos, com uma pequena Agfamatic, fotografando os turistas, que teve a sua primeira
ligação forte com a fotografia, graças ao seu pai com quem passava horas na câmara escura, tal como o próprio diz, a assistir ao
"milagre" da revelação. Quando o seu pai faleceu, Brito herdou todas as suas câmaras fotográficas e, desde então, nunca mais
parou de alimentar essa paixão. Conclui-o a licenciatura na área das tecnologias, e com o dinheiro dos primeiros ordenados
comprou a sua primeira câmara reflex. "Gostava muito de sair para a rua e fotografar o que via. Usava muitos diapositivos; sempre
me fascinaram pela sua luminosidade e pelas suas cores vivas, Foi nessa altura que conciliei duas das minhas paixões: a fotografia e
o mergulho com escafandro autónomo. Numa questão de meses a EOS 500n já estava debaixo de água, dentro de uma caixa
estanque... e foi a fotografia subaquática que me levou a evoluir muito em termos técnicos, pois é uma disciplina muito exigente em
termos de iluminação artificial"(1), recorda André.

Em 2003 surgiram os trabalhos na área dos nus, tornando-se rapidamente na sua matéria favorita. Improvisou estúdios em casa
com candeeiros de halogéneo, cartolinas a servir de panelas reflectores e modeladoras e caixas de luz feitas com caixotes de
papelão. As fracas condições monetárias, não o impediram de evoluir e dedicar-se ao que mais gostava de fazer.

O trabalho de André Brito pode ser dividido em duas grandes áreas: Trabalho de Estúdio e Trabalho de Exteriores.

Em estúdio tem uma maior preferência entre movimentos e grafismos estáticos e simétricos. Adopta poses em tensão, com alguma
sensualidade, mas sempre mostrando um corpo feminino forte e poderoso. A poética do fotógrafo traduz-se essencialmente por
enaltecer a figura feminina de uma forma vigorosa.

Em relação à importância dos elementos na imagem, André divide-a entre a pose e a iluminação. Segundo o fotógrafo, são estes
dois métodos que compõem a maior parte das suas imagens de estúdio, e um não funciona sem o outro. A técnica de iluminação do
artista é fruto de uma metodologia constante em soma de um trabalho intenso: “Em estúdio sou muito meticuloso com a
iluminação. É uma das marcas do meu trabalho. Uso-a de forma a desenhar o corpo, a salientar a musculatura ou as linhas
corporais e, para cada pose, a iluminação é de novo trabalhada. Alguns centímetros de diferença na distância da luz ao corpo, o
ângulo de iluminação ou ao ângulo em relação à câmara fazem a diferença. Daí que a preparação da luz seja demorada" (2), refere
André. O Processo de trabalho em estúdio é meticulosamente pensado, o que leva, por vezes, a insistir na mesma ideia durante
meses, até a conseguir concretizar. "Acho que é uma parte muito importante e que muitos fotógrafos nesta área negligenciam. É
claro que mesmo com todo o planeamento, há sempre lugar para alterações de última hora, mas na maior parte das vezes corre
tudo como o planeado. Um dos segredos do meu trabalho, sobretudo em estúdio, é o facto de ser muito perfeccionista - se a
imagem não estiver a 100%, não desisto até a conseguir."(3)

Quanto a trabalhos em exteriores, a importância dos elementos da imagem altera-se, pois há mais um elemento a ter em conta - o
ambiente. A pose ganha uma maior relevância, pois é através dela que a modelo se integra, ou não, no "cenário". "Esse é o maior
desafio que encontro nas imagens de exteriores, a conseguir uma integração harmoniosa ou, pelo contrário, em choque, com o
ambiente. Nas sessões de exteriores o planeamento passa pela visita prévia ao local onde vou fotografar, de preferência com a
modelo, para que possamos estudar os locais e poses a adoptar, assim como imaginar e decidir qual a melhor altura do dia para a
execução. Com a luz ambiente em jogo, as minhas preferências vão quase sempre para o início ou final do dia, quando a luz é
menos intensa e não cria tantas sombras. Mas um dia nublado pode facilitar tudo isso e proporcionar algumas horas extra de
sessão. Por vezes, para puxar um pouco os brilhos da pele, utilizo luz artificial, seja com um pequeno flash na sapata da câmara, um
flash externo em disparo remoto ou mesmo luz de estúdio, quando se justifica." (4)

A técnica de André Brito é por vezes mencionada como sendo a fotografia a preto e branco e com grandes jogos de luzes. Apesar
deste afirmar que não possui nenhuma técnica em especial, agrada-lhe as fotografias monocromáticas com um suave tom aquecido.
Essa característica é evidente na grande maioria dos trabalhos de André, tornando-se como marca do seu estilo.

Uma das principais características dos nus de André Brito é o facto de nunca captar os rostos das modelos que fotografa. Essa
abundante característica é representativa da retórica do fotógrafo. "Fotografando o corpo feminino e apresentando-o sem face -
sem uma identidade - mais facilmente consigo fazer com que qualquer mulher se possa ver naquele corpo, se possa identificar com
ele, se possa sentir nele, possa sentir a sua força (…) caso fosse visível a cara, aquele corpo já teria "dono", sendo mais difícil a
quem visualiza a imagem poder "sentir-se" nele. Para além disso, assim protejo a identidade da modelo. Apesar de nas minhas
imagens a mulher ser dignificada, em Portugal, ainda é complicado lidar com o nu de forma natural." (5)

Em suma o fotógrafo português André Brito tem vindo a ganhar reconhecimento mundial derivado à sua técnica de iluminação
utilizada nos seus ensaios nus. Dispõe de um requintada combinação de luzes e poses dos corpos. O seu estilo é diferenciado pelo
movimento e pelo grafismo estético dos corpos. Nas suas fotografias está sempre presente a sua poética através da sensualidade
dos corpos. André explora o corpo humano como uma fonte de formas geométricas abusando da luz e da sombra para construir
poses inusitadas que demonstram o esforço físico.

(1) (2) (3) (4 ) (5)


Entrevista in O Mundo da Fotografia Digital, Fevereiro de 2009

André Brito, 11 de Dezembro de 2007


Canon EOS 20D, 1/125, f/4.5, ISO 200, 38mm

André Brito, 23 de Setembro de 2009 André Brito, 22 de Junho de 2005 André Brito, 26 de Janeiro de 2008
Canon EOS 5D, 1/200, f/10, ISO 100, 98mm Canon EOS 20D, 1/1000, f/5.6, ISO 100, 87mm Canon EOS 5D, 1/200, f/14, ISO 100, 200mm
ANNIE LEIBOWITZ _ fotógrafa

Falar de Annie Leibowitz é falar de uma pessoa que olha e observa o mundo de uma forma que mais ninguém o faz. Bons fotógrafos
não conseguem parar de tirar de fotos e Annie é assim. Tudo é motivo para fotografia, seja de uma atriz de cinema, seja do seu pai
ou dos seus dedos dos pés.

Annie veio de uma família grande, com cinco irmãos. Quando era criança, vivia a viajar de carro com os seus pais de cidade em
cidade. Isto contribuiu de forma crucial para o seu crescimento como artista porque sempre viu o mundo e a vida através de um
enquadramento que era a janela do carro. Annie começou a sua carreira a tirar fotos para bandas musicais como os Roling Stones.
Acreditava que para tirar boas fotografias precisava de entrar nelas, não no sentido físico mas no sentido de compreender o meio
envolvente e daí retirar os seus significados, ou seja, Annie passava 3 a 4 dias com a banda, três a quatro dias dentro dela a ponto
de se tornar parte daquele grupo.

Annie diz mesmo que “a sua melhor fotografia é a que esta ao seu redor, aquela em que ela está inserida”. Esta tornar-se-ia a sua
metodologia, tal como os dois designers que foram “viver” uma semana para um museu para assim dominarem melhor a sua
envolvência e o seu contexto para posteriormente construírem a sua imagem corporativa.

Essa metodologia fazia com que a sua fotografia fosse mais além daquilo que era visto á priori e atingisse um nível de compreensão
e de profundidade incomparável. Nas suas fotos de retratos de celebridades, Annie expõem o interior dos fotografados e com ele as
suas inseguranças, fraquezas e medos mas termina por humaniza-los. Isto mostra a poética de todo o seu trabalho, isto é, Annie
não trata as suas fotos de forma crua e desprovida de responsabilidade, mas pelo contrário, as suas fotos têm sempre algo que nos
conforta, ambientes que de alguma forma nos são tão familiares que as fotos acabam por agradar a todos, algo muito difícil de
alcançar. Hoje em dia, é tão visível essa, cada vez mais, falta de atenção pela condição humana - Olhar, perceber, observar, são
termos que precisam ser melhor definidos, para serem compreendidos não só semanticamente, mas para entender que somente
tendo como base esta subjectividade é possível conceituar ideias criativas de um objecto dentro de um método projectual.

Annie Leibowitz é conhecida pelas suas fotos de celebridades, hiper-realistas, maioritariamente em ambientes fantásticos que nos
remetem muitas vezes para o sonho e a fantasia. Annie diz que esta não é a sua fotografia verdade, esta sua fotografia faz parte de
um processo encenado, uma vez que usa actores, também inventa as suas histórias. Quando Annie vai fotografar o trabalho de
Susan, a sua companheira, com a guerra 1993, percebe que volta ao primeiros anos de fotografia da sua vida, fazendo
fotojornalismo quando a primeira coisa que faz é ir fotografar a morgue. “Isso colocou parte do meu trabalho de volta a uma
perspectiva correcta” 1, afirmou ela que esse período fez com que, ao voltar aos Estados Unidos, fotografar gente famosa não fosse
mais relevante. “ Eu não percebia que havia um lado mau e um lado bom. Tudo isso não fazia qualquer sentido pra mim” 2.
Queen Elizabeth II, portfolio de Annie Leibowitz (8/1/2010)

Esta assombrosa fotografia da Isabel II, cenograficamente composta por Annie Leibovitz, uma foto de carácter frio, quase
inumano. Isabel II não permanece apenas altiva e senhora de si, dominando tudo o que a circunda, numa perspectiva extraordinária,
tendo como fundo uma idealização de paisagem. Ela está apaziguada num contexto crepuscular, sombrio, melancólico. Annie
explicou a dificuldade em “sentir” esta mulher. Ela é uma espécie de guardiã, não nos bons momentos – quase nunca ninguém a
viu rir espontaneamente – mas nos maus. Como se as dificuldades a agigantassem. E o sofrimento lhe aumentasse a dignidade, a
espessura, a dimensão icónica.

Se alguma vez houve um caso em que a pintura e a fotografia se aliaram para criar uma imagem foi com Annie Leibowitz. O século
XVIII, a Grã-Bretanha foi muito rico em retratistas que enobreciam as pessoas reais numa atmosfera de mito: na retórica heróica
clássica e no devaneio romântico que levou o retrato a uma arte da bajulação. Annie é consciente a estimular-nos para esse modelo
de pintura.

A técnica de Annie, com o passar do tempo, foi captar, não somente as pessoas que fotografava, mas o ambiente em que elas
trabalhavam e viviam. Não apenas registava, mas procurava fotografar, discretamente, quadros do quotidiano. Isso contribuiu para
que ela passasse a “construir” as fotografias não se restringindo apenas ao acto de premir botão da máquina. A ousadia é a palavra
que permeia o seu trabalho, que com uma mistura de confiança e carisma consegue que as celebridades sejam fotografadas de
maneira peculiar e inusitada. O portfólio de Annie Leibowitz é incrivelmente vasto e acima de tudo: único.

Annie Leibowitz diz que nunca pede ao sujeito que é fotografado para sorrir. “Claro que há sorrisos em algumas das suas
fotografias mas esses são completamente espontâneos”. Ela diz também que gosta de por música enquanto constrói as suas
fotografias para criar uma atmosfera e também que tenta estabelecer uma relação com o sujeito fotografado que segundo ela torna
mais fácil para a pessoa em frente à câmara mostrar a sua personalidade. Talvez sejam estes elementos que fazem com Annie
Leibowitz tenha tanto sucesso.

(1) (2)
Citações de Annie Leibowitz no documentário “A vida através de uma lente”, realizado por Barbara Leibowitz, 2007.
DAVID BURNETT _ fotojornalismo
O fotojornalismo é uma actividade que se caracteriza pelo uso de imagens fotográficas para contar uma história. Imagens essas que
podem ser acompanhadas por um texto explicativo, ou mostradas de forma independente, onde estas “narram” os acontecimentos
que descrevem. São imagens que nos oferecem uma opinião sobre a vida, sobre determinada situação.

A fotografia jornalística mostra, revela, expõe, denuncia e opina. Dá informação e ajuda a credibilizar a informação textual, como
defendia John Berger “A visão chega antes das palavras…” (1). Uma boa imagem pode ditar uma grande diferença no modo como
encaramos determinada notícia. O domínio das linguagens, técnicas e equipamentos foto jornalísticos é assim, uma mais valia para
qualquer profissional da comunicação, pois conseguirá certamente transmitir com maior eficácia o que pretende.

O fotojornalismo, exige sempre algum estudo da situação e dos sujeitos nelas intervenientes, por mais superficial que esse estudo
seja. Até mesmo para todo o processo construtivo resulte.

David Burnett é um bom exemplo do fotojornalismo, com mais de quatro décadas de trabalho, que abrange a notícia, o povo, e o
ritmo visual da nossa época. A sua linguagem é eficaz e persuasiva, ou seja, uma retórica bastante determinada, no que toca a
forma como transmite a informação através da foto.
Grande parte das fotos de Burnett foca-se em pormenores, onde oferece uma intensidade de sentimentos e emoções que
transparecem para o espectador. Exemplo disso é a foto tirada ao olhar do Bob Marley para o seu projecto “Soul Rebel”.

Tem um gosto especial em ser freelancer e o que ele mais valoriza em ser sê-lo é receber uma proposta para ir a um local fotografar
uma pessoa ou acontecimento, numa cultura e ambiente que desconhece, para ele “é como um bilhete para a aventura”.
A poética é inerente em todas as suas fotos, existe um estilo próprio visível nos seus trabalhos, fotos marcantes, um jogo com o
focado e desfocado, de forma a dar evidencia a determinados pontos.

Assim como as suas metodologias projectuais, na viagem que realizou ao Irão para o projecto chamado ”44 days in Iran”, que teve
como objectivo testemunhar um povo que lutou pela liberdade mesmo sendo reprimido e violentamente mal tratado pelas
autoridades iranianas.

Burnett tinha processos técnicos habituais, antes de começar qualquer projecto, verificava todo o seu equipamento duas vezes,
tenta pensar e analisar qual a melhor exposição de luz para cada foto, quer seja interior ou exterior, se bem que ele diz ser muitas
vezes quase por instinto. Só depois de tudo estar previamente delineado e preparado é que trata de fotografar. Sendo ou não uma
preparação instintiva, o seu processo de trabalho é dos melhores, conseguindo sempre excelentes resultados e obtendo o que é
mais importante num fotógrafo, ou seja a sua identidade estar sempre presente em cada foto.
As técnicas que usa, ajudam a conseguir essa identidade, como o constante uso da profundidade de campo, os olhares penetrantes
e o uso de cores intensas e vibrantes.
Devido à sua competência e qualidade, David Burnett ganhou vários prémios na área de fotojornalismo.

David Burnett “Bob Marley – Soul Rebel”, 1976 David Burnett, “On the Salt”

(1)In Berger, John Ways of Seeing, British Broadcasting Corporation and Penguin Books, 1972
CONCLUSÃO

Todos os artistas aqui referidos conseguiram ser reconhecidos mundialmente, muito devido à forma como se entregaram ao
trabalho e a forma como o conseguiram “moldar” e controlar. Todas as metodologias, processos, meios técnicos, a própria retórica
e poética marcam cada um destes artistas e marcaram sem dúvida a sua careira profissional, onde por todos é reconhecido mérito e
talento, daí serem merecedores dos títulos de melhores nas suas respectivas áreas.

WEBLOGRAFIA

http://photogreatest.com/andre-brito/
http://www.andrebrito.com
http://olhares.aeiou.pt/abrito
http://www.labfoto.ufba.br/2010/04/andre-brito-mostra-iluminacao-marcante-em-nus-artisticos
http://pracadarepublica.weblog.com.pt/2005/06/andre_brito.html
http://forum.mundofotografico.com.br/index.php?topic=37567.0
http://talkvisual.blogspot.com/2009/07/photographers-andre-brito.html
http://atelliefotografia.com.br/grandes-nomes/dobradinha-de-talento/
http://pilordia.blogspot.com/2010/04/xxiii-magia-de-andre-britto.html
http://lens.blogs.nytimes.com/2009/09/29/showcase-58/
http://www.davidburnett.com/
http://pt.scribd.com/doc/504735/fotojornalismo-uma-introducao-a-historia-as-tecnicas-e-a-linguagem-da-fotografia-na-imprensa

Todos os websites foram visitados até à data de 21 de Fevereiro de 2011

VIDEOGRAFIA
Documentário:
Leibowitz, Barbara (2007), Annie Leibowitz: Life through a Lense

You might also like