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ÍNDICE
1. Introdução…………………………………………………………………………...p.3
2. Introdução aos Comportamentos Anti-Sociais………………………………….…..p.4
2.1. Definição do Conceito…………………………………………………….p.4
2.2. Evolução…………………………………………………………………..p.4
2.3. Idade e Sexo dos Indivíduos………………………………………………p.5
2.4. Factores do Aumento da Delinquência
e Variáveis Sócio-Familiares……………………………..……………….p.6
3. Indisciplina e Violência na Escola : Contextualização…………..………………….p.8
3.1. O Conceito de Indisciplina…………………………………………….….p.8
3.2. Aumento da Indisciplina e da Violência na Escola……………………….p.8
3.3. Níveis de Indisciplina……………………………………………………p.10
3.4. Tipos de Violência…………………………………………...…………..p.11
4. Factores da Indisciplina……………………………………………………..……..p.13
4.1. Os Professores…………………………………………………………....p.13
4.2. A Instituição Escolar……………………………………………………..p.15
4.3. O Aluno…………………………………………………………………..p.16
4.4. Factores Sociais e Familiares…………………………………………….p.18
5. Vertente Prática:
Entrevistas a duas Alunas do 3º Ciclo do Ensino Básico.………………………..p.20
5.1. Considerações Prévias……………………………………………….…..p.20
5.2. Análise das Entrevistas…………………………………………………..p.20
5.3. Confronto das Entrevistas…………………………………………….….p.23
6. Medidas Preventivas……………………………………………………………….p.24
7. Conclusão……………………………………………………………………….....p.25
8. Bibliografia………………………………………………………………………...p.27
9. Anexos ………………………………………………………………………….…p.28
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Comportamentos Anti-Sociais: Factores da Indisciplina na Escola e na Sala de Aula
1. INTRODUÇÃO
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Comportamentos Anti-Sociais: Factores da Indisciplina na Escola e na Sala de Aula
2.2. Evolução
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Torna-se importante referir que os comportamentos mais graves variam de país para país, mas também diferem
consoante a época histórica (Fonseca, 2000, p.15).
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Importa ressaltar que os dados estatísticos variam de estudo para estudo, dependendo do tipo de população, da
natureza e da qualidade dos instrumentos ou dos intervalos temporais e verificam-se “padrões constantes”
relativamente “à distribuição do comportamento anti-social” (Fonseca, 2000, pp. 14-15).
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Lawrence (1998, citado por Fonseca, 2000, p.16) refere diversos exemplos de comportamentos desviantes,
nomeadamente “a venda e o consumo de droga, o uso de armas, roubos, ameaças e intimidações ( bullying),
vandalismo e diversas formas de violência para com colegas, funcionários e professores”.
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“entre 74% e 98% de todos os crimes são cometidos por indivíduos matriculados em
escolas” (Lawrence, 1998, citado por Fonseca, 2000, p.16).
Coslin (2003, pp.184-187), também fala num aumento da violência, ao longo
dos últimos anos, no entanto, alerta para o facto da delinquência juvenil não ter evoluído
apenas quantitativamente, mas também qualitativamente, isto é, os tipos de conduta
também se modificaram, e assistimos a uma criminalidade cada vez mais violenta.
4
O comportamento anti-social limitado à adolescência é observado na maior parte dos adolescentes, podendo, este
facto, ser considerado um fenómeno normativo desta fase de desenvolvimento, onde o desfasamento entre a
maturidade biológica e a falta de um estatuto social adequado influenciam as atitudes do jovem (Fonseca, 2000,
p.22).
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Constata-se que o cume da delinquência tem vindo a manifestar-se mais tarde, podendo ser, este facto, explicado
pelo prolongamento da escolaridade obrigatória assim como por factores psicológicos, biológicos e de natureza
psicossocial (Fonseca,2000 p.21).
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parte dos jovens delinquentes são influenciados por conhecimentos, relações sociais e
pela sua família.
Por sua vez, de acordo com o que foi mencionado anteriormente, Elliot e
Hizinga (1980, citados por Fonseca, 2000, p.20) consideram que as taxas mais elevadas
do comportamento anti-social são tomadas por sujeitos oriundos de classes mais
desfavorecidas e que vivem em meio urbano6.
Deste modo, confirma-se, que “a pobreza e a desvantagem social constituem um
factor de risco de delinquência”7 (Farrington & Loeber, 1998, citados por Fonseca,
2000, p.20).
Coslin (2003, p.193) explicou que as categorias mais desfavorecidas
demonstram uma reacção de oposição às frustrações ressentidas, sendo a delinquência,
uma solução adoptada colectivamente, quando os sujeitos se deparam perante uma
situação onde são impedidos de melhorar as suas condições de vida, pelas vias legais8.
6
Principalmente nas zonas mais degradadas e desorganizadas das grandes cidades (Fonseca, 2000, p.20).
7
Constata-se que “a criminalidade diminui quando o nível sócio-económico dos indivíduos melhora” (Fonseca,
2000, p.20).
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Também se verifica uma delinquência dos meios favorecidos (Coslin, 1999, citado por Coslin, 2003, p.193).
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9
Esta “remete,(…), para um quadro jurídico uniforme, codificado e oficialmente estabelecido num país, com
prescrições e penas definidas para os actos considerados como infracções criminais” (Estrela, 1996, citado por
Estrela & Amado, 2000, p.251).
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Nos estabelecimentos dos arredores desfavorecidos das grandes cidades existem mais transgressões
(Debardieux, 1999, p. 46).
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O risco de ser vítima é mais importante quando as condições sociais se deterioram (Debardieux, 1999, p.9).
12
A sociologia da violência escolar está fortemente ligada a uma sociologia da “exclusão” (Debardieux, 1999,
p.9).
13
Comportamentos delinquentes, no seio de um estabelecimento escolar, representam actos d indisciplina (Estrela
& Amado, 2000, p.251).Importa referir que a indisciplina escolar pode degenerar, com facilidade em violência e em
delinquência, sendo difícil, ainda, estabelecer fronteiras rígidas entre agressividade, violência moral e delinquência
(Couldby & Harper, 1985; citados por Estrela & Amado, 2000, p.254).
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Amado (1998, citado por Estrela & Amado, 2000, p.251; Amado, 2000, p.103),
propõe “três níveis de indisciplina”.
O primeiro nível refere-se aos “desvios às regras de produção”, isto é,
compreende “incidentes a que é imputado um carácter “disruptivo”, em virtude da
“perturbação” que causam ao “bom funcionamento” da aula” (Amado,1998, citado
por Estrela & Amado, 2000, p.251).14
O segundo nível, correspondendo ao “conflitos inter-pares”15, inclui
acontecimentos que manifestam uma desordem nas reacções “formais e informais entre
os alunos”. Neste caso, podem surgir comportamentos agressivos e violentos, tais como
“extorsão, violência física e verbal, intimidação sexual, roubo e vandalismo”, que
podem alcançar a “gravidade de actos delinquentes”, isto é, “de foro legal”
(Amado,1998; citado por Estrela & Amado, 2000, p.251).
O terceiro nível corresponde aos “conflitos da relação aluno-professor” 16. Os
alunos manifestam comportamentos que “põem em causa a autoridade e o estatuto do
professor (insultos, obscenidades, desobediência, contestação afrontosa, réplica
desabrida a chamadas de atenção e castigos)”, manifestando, também, “agressividade
e violência” e o “vandalismo”. A “gravidade” destes actos pode levar os alunos a serem
julgados judicialmente (Amado,1998; citado por Estrela & Amado, 2000, p.251).
Amado (2000, p.103) alerta para a tomada de consciência dos possíveis limites
deste tipo de categorias, porque “raramente os comportamentos, no seu contexto,
oferecem apenas uma leitura única” e porque “focando apenas os comportamentos
desviantes, podem oferecer uma visão distorcida dos conjuntos das interacções na sala
de aula, onde os desvios são, habitualmente minoritários se tivermos em conta os
outros comportamentos”.
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Corresponde à “categoria processo-aula” onde os comportamentos “põem em cauda a organização e gestão da
classe e do rendimento da turma” (Amado, 2000, p.103)
15
“Categoria da relação aluno-aluno” (Amado, 2000, p.103) .
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“Categoria da relação professor-aluno” (Amado, 2000, p.103).
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4. FACTORES DA INDISCIPLINA
- Os Professores
- A Instituição Escolar
- O Aluno
- Os Factores Sociais e Familiares
4.1. Os Professores
Amado (2000, p.222) considera dois aspectos essenciais para abordar o tema da
“indisciplina e a responsabilidade do professor”: as “estratégias de ensino
inadequadas” e a “relação pedagógica problemática”.
As “estratégias de ensino inadequadas” consistem na “maneira de o professor
dar as aulas”, isto é, no “tipo de aulas, no modo de ensinar, no modo de explicar e na
forma de dar a matéria” (Amado, 2000, p.223).
Dentro deste aspecto, os professores podem cometer erros ou não demonstrar a
competência necessária para ensinar os alunos. Assim, Amado (2000, p.223) aponta
algumas lacunas que podem ser cometidas pelos docentes, e que levam a consequências
notáveis nas apreciações dos alunos.
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choque entre a cultura da escola e cultura de origem dois alunos” (Stoer & Araújo,
1992, citados por Amado, 2000, p.136).
Relativamente aos locais, Debardieux (1999, p.68) afirma que existe um grande
sentimento de desigualdade, relativamente às condições materiais e à limpeza,
permanecendo um desejo de igualdade por parte dos alunos das escolas mais
desfavorecidas.
Amado (2000.p.311) menciona a “gestão de espaços e de tempos”, em que a
“instalação física das interacções” pode estar relacionada com problemas de
comportamento na aula. A “desocupação no tempo livre” e o “desequilíbrio entre o
tempo de trabalho e de recreio” são aspectos negativos apontados pelos alunos no que
diz respeito às condições e organização do estabelecimento (Amado, 2000, p.312).
4.3. O Aluno
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No estudo participaram 214 adolescentes (com idades compreendidas entre os 11 e 16 anos) e 213 docentes que
elaboraram uma lista de 40 comportamentos considerados mais graves (Coslin,1997, citado por Coslin, 2003,
pp.170-173).
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Como todos os alunos são diferentes, o que faz com que eles se adaptem de
forma diferente à escola, importa, mencionar três modalidades adaptativas (Amado,
2000, pp.281-282).
Existem os alunos “obrigados satisfeitos”, que se mostram interessados e bons
resultados escolares (Amado, 2000, p.282). Os alunos “obrigados resignados”
procuram responder às exigências da escola ao mesmo tempo que se interessam pela sua
vida pessoal (Amado, 2000, p.284) e, finalmente, existem os alunos “obrigados
revoltados” que assumem “comportamentos e atitudes anti-escola” (Amado, 2000,
p.286) e que estes demonstram uma grande dificuldade em assimilar os valores
transmitidos pela escola (Estrela, 1992, citado por Amado, 2000, p.286).
Segundo Amado, a indisciplina pode ser um efeito de diversos aspectos
intrínsecos ao indivíduo. Frequentemente, os docentes apontam como principais causas
a “hiperactividade e problemas psicológicos”, o “desinteresse”, o “insucesso” ou “os
problemas familiares” (Amado, 2000, p.47).
A “hiperactividade”, enquanto problema psicopatológico não está excluída
como motivo para a indisciplina (Rebelo, 1986; Simões, 1986; Salgueiro, 1990, citados
por Amado, 2000, p.48). Verificou-se, ainda, uma “forte correlação entre as
dificuldades de aprendizagem e um autoconceito negativo” (Faria & Fontaine, 1990;
Veiga, 1995, citados por Amado, 2000, p.48). Assim, ao longo do seu desenvolvimento
escolar, estes alunos sofrem de “insucesso” e vivem rotulados pelos colegas, adoptando
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Debardieux (1999, p.59)também fala numa insuficiência e falta de referência parental.
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Esses alunos vivem, muitas vezes, em bairros difíceis, onde existe miséria, desemprego, exclusão e dificuldades
familiares . assim, a violência escolar responde à violência de condições de vida, muitas vezes, intoleráveis(Coslin,
2003, p.169).
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Amado (2000, p.315), refere que alguns alunos consideram que os colegas oriundos de famílias mais abastadas,
por vezes, também não se esforçam, porque “não precisam de se preparar para a vida e dificuldades do futuro, pois
ele está garantido de antemão”.
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Uma leitura da entrevista da aluna do 7º ano (c.f. Anexo II), permite conferir
alguns dos aspectos mencionados ao longo do trabalho.
Em primeiro lugar, averiguou-se uma influência mútua dos alunos, bem como a
existência de líderes nas relações sociais da turma, principalmente no que diz respeito a
comportamentos indisciplinados.
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“Com os outros é só barulho (…) por exemplo, o professor de ciências, ele exige
respeito, mas também mostra respeito por nós e até manda piadas.”
“(…) há muito barulho porque achamos que a aula é uma seca, alguns profs mandam
calar, paramos um bocadito e depois o barulho continua outra vez.”
Na turma do 7º ano, existem dois alunos mais rebeldes, assim, a colega deles,
que respondeu à entrevista considera que estes se comportam desta forma por causa de
problemas familiares ou devido a características intrínsecas.
“Eu acho que é porque são assim (…) Estão revoltados com qualquer coisa.”
“O primeiro, aquele que empurrou a professora, é porque o pai se tentou matar (…) e
depois como os pais também são separados(…). E o outro é porque lhe dá prazer e
depois ri-se.”
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“(…) a família não é tanto, acho que é mais porque não gostam de estudar e acham
uma seca (…) por exemplo, quando o outro professor manda piadas eles já gostam.”
A aluna do 9º ano (c.f. Anexo III), apesar de estar inserida numa turma calma,
era colega de um rapaz indisciplinado de 20 anos. Este aluno revoltava-se contra os
docentes e contra os seus colegas.
“(...) tem 20 anos e voltou a reprovar, ele chumbou por faltas (…) ele fala mal para os
professores.”
“Há muita gente contra ele, ele é muito arrogante com a professora de Geografia, mas
também ninguém gosta dela.(…) Ele até já a ameaçou dizendo que lhe espetava uma
cadeira pela cabeça (…) Ele até andou ao estalo com uma rapariga numa aula de
Educação Física (…). Não era a primeira vez que ele queria bater noutros(…).”
“Há profs que lhe mandam piadas, até houve um, uma vez, que lhe disse que qualquer
dia ia apanhar um professor da idade dele, lá na escola, também deve ser por isso que
ele não gosta de ir às aulas(...)”
“quanto mais ela chama mais eles retribuem” e “vira-se tudo contra ela”.
Por outro lado, a sua Directora de Turma mostra-se muito agradável com os
alunos e todos obtiveram boas notas.
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Esta docente também lecciona na turma do 7º ano, e foi a mesma referida pela aluna durante a sua entrevista.
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A minha DT era excelente, ela até disse no início do ano que antes de ser nossa
professora ela era primeiro a nossa amiga, ela disse que se precisássemos sempre de
alguma coisa podíamos desabafar com ela.”
Esta aluna considera que a escola tem, de modo geral, um bom ambiente para os
alunos. Ela considera que nem todo os funcionários são agradáveis e que mudava o
equipamento.
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6. MEDIDAS PREVENTIVAS
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Debardieux (1999,p.179) refere que é importante gerir projectos de estabelecimento que levam, pela sua
criatividade, a um sentimento de pertença à comunidade educativa.
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Estrela e Amado (2000, p.259) referem alguns princípios enunciados na “Declaração das Nações Unidas” para
atender ao “envolvimento de crianças e jovens em actos delinquentes (ver Anexo IV).
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7. CONCLUSÃO
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8. BIBLIOGRAFIA
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9. ANEXOS
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