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CIDADANIA?“.
Resumo
Trata–se de reflexão teórico–metodológica sobre a cor na multimídia e a
possibilidade de seu uso para uma educação cidadã. O Esclarecimento pretendido
pelo Iluminismo no século XVIII por meio das letras e da Razão, difundido por meio
da Enciclopédia, foi pautado pela objetividade, inteligibilidade e legibilidade da
linguagem verbal. E como recurso complementar à racionalidade dessa linguagem,
a imagem e, por conseguinte, a cor como importante componente dessa
linguagem, tornou–se gradativamente presente. Mas na Arte, especialmente a
pictórica, a ordem é inversa. A linguagem não–verbal serve ao propósito direto da
comunicação, principalmente para expressar o indizível, o sublime ou mesmo a
rebelião, mesmo em situações historicamente antagônicas. No presente século XXI,
as fontes de informação em redes e mídias fundadas naquela mesma linguagem
verbal multiplicam–se principalmente por meios eletrônicos, que ao mesmo tempo
proporcionaram a multiplicação infinita do mundo das cores. Mas quando a
abundância de informação verbal, objetiva, compreensível, desses mesmos meios
conduz paradoxalmente à não–informação ou à interatividade vazia de sentido,
poderia a linguagem não–verbal da cor servir ao propósito de recuperar o sentido
da comunicação e servir aos propósitos mais caros da Razão pela educação, para a
emancipação e cidadania? Pode a cor – elemento visualmente perceptível e de
difícil nomeação, evidenciando sua relação complexa com a linguagem verbal – se
constituir em uma linguagem autônoma como propôs a arte moderna e
proporcionar a revelação de sentimentos, sentidos, percepções, entre outras
dimensões recônditas ou reprimidas da vida humana e social? E, em caso da
viabilidade teórico–metodológica dessa abordagem, poderia a cor na multimídia
auxiliar em patamar superior a educação para a cidadania? Eis o que a presente
reflexão pretende pôr em relevo.
Palavras-chave:
cor, multimídia, educação.
Introdução
Pensar o ato da leitura supõe também refletir sobre os seus suportes, entre os
quais a tradicional página impressa do livro, cujo sistema de tipos móveis de
impressão de Gutemberg permitiu a sua reprodução e a difusão de informações em
grande escala.
Mais do que a mera leitura da informação contida no documento, seu projeto visava
à formação do novo homem para uma nova cultura (Boto, 1996: 32) assim
compreendida como civilização. Para tanto a forma de comunicação nela contida
também necessitou ser adequada à racionalidade do pensamento baseada na
objetividade dos fatos, na inteligibilidade, na classificação do saber e na legibilidade
da linguagem.
As rebeliões à norma
Nesse aspecto reside também o embate teórico entre duas teorias explicativas,
representadas pela teoria tricromática e pela teoria de processo complementar
sobre a percepção da cor na retina. Nesta última questionou-se o problema da
desproporcionalidade numérica entre as células cones em relação ao imenso
número de cores existentes na natureza (Fraser & Banks, 2007: 24). Mas a
complexidade da estrutura e do funcionamento para a percepção cromática
permitiu legitimar ambas as teorias explicativas.
A teoria das emoções de Goethe (Ibid., 48), que se contrapõe à noção mecânica
objetiva de Descartes quanto ao papel complementar da emoção e dos sentimentos
no processo de percepção visual da cor, dá início historicamente à inclusão no
debate dos fatores subjetivos, como parte indissociável à compreensão da cor
juntamente com os fatores objetivos.
Se a cor for baseada na leitura da projeção da luz, como nos monitores e projetores
por exemplo, a mistura das cores primárias RGB (sigla das iniciais de red, green e
blue), denomina-se síntese aditiva (Ibid., 26), pois com sua mistura se obtém o
branco, o qual na experiência cartesiana demonstrou embutir todas as demais
cores.
A leitura da cor na multimídia nesse processo racional influente tem por analogia
mitológica, permanente, o mito de Orfeu. Em sua tragédia, informado da morte de
Eurídice, desespera-se e desce ao Inferno para resgatá-la. Por compaixão,
divindades não se opuseram ao ato nobre, mas o advertiram que ao voltar à
superfície à frente de Eurídice, não deveria olhar para trás. A condição é violada por
Orfeu e seu amor (a cor, a poética) é perdido às profundeza
Considerações finais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
2007.
FRASER, T. e BANKS, A. O guia completo das cores. São Paulo: SENAC, 2007.
LONG, J., LUKE, J.T. The new Munsell student color set. New York: Fairchild,
2001.
MANGUEL, A.. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
405pp.
ROUSSEAU, J.-J. Ensaio sobre as línguas. In: Rousseau. São Paulo: Nova Cultural,
1997. (Col.Os Pensadores)