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A Idéia

A noite estava fria, e os cachorros latiam ruidosamente cidade a fora... Eu chorava


desesperada. Acabara de ter uma conversa séria com meu noivo com quem morava
havia alguns meses. Estávamos a dois ou três meses de nosso casamento, e eu, no
entanto resolvi dizer que nosso relacionamento estava esfriando. Que não era mais
igual, como quando começamos. Tive que ouvir: “Se você acha isso agora, imagina
depois que eu começar a faculdade? Eu vou fazer faculdade de engenharia mecânica de
um jeito ou de outro, eu preciso. E você tem que ver isso... Tem que resolver se é isso
mesmo que você quer, se vai aguentar. Afinal, nosso casamento está perto”.
Sabia que ele precisava de curso superior, fazia parte de seu desenvolvimento para
crescer financeiramente. Mas era difícil aceitar a idéia que dali alguns meses, eu além
de ficar o dia todo sozinha porque ele estaria trabalhando, também ficaria sozinha em
casa à noite, pois ele estaria na faculdade, e como se não bastasse, se ele me perguntasse
como foi meu dia... SE perguntasse. Tudo o que eu poderia responder, se tivesse algo a
dizer, é: “Aqui correu tudo bem. Eu fui pagar as contas, liguei pra sua mãe... Fiz um
bolo de chocolate... E se quiser jantar...” Ainda teria de ouvir: “Tudo bem, eu comi um
lanche com a turma lá na faculdade”. Nossos amigos já não seriam mais os mesmos,
assim como nossos assuntos, e nós mesmos. E foi esse o motivo pelo qual eu me
debulhei em lágrimas. Mudanças sempre me deixam insegura em relação a muitas
coisas, e ali estava obvio. Resolvi, mesmo tarde da noite, dar início a um plano maluco,
não sei bem pra que?! De repente só para passar o tempo... Ou pensar em outra coisa.
Resolvi escrever um livro. Mas estava consciente que os únicos papéis para os quais eu
poderia passar minhas idéias antes que elas se perdessem em meio às lágrimas, estava
na escrivaninha ao lado de meu noivo que ressonava. Eu, com receio de acordá-lo,
preferi vasculhar mentalmente cada canto da casa.
Estava quase desistindo, quando me lembrei que havia em minha bolsa, uma agendinha
prata, com uma caneta. Não havia outra saída. Levantei pé ante pé... Peguei minha bolsa
cuidadosamente, e fui até a cozinha, onde uma cadeira me esperava ansiosamente, num
extremo da mesa. Sequer precisei afastá-la. Agora eu só ouvia o ressonar alto de meu
futuro marido.
Enquanto mil coisas como lembranças do passado apareciam em minha mente mais mil
coisas novas lutavam para conseguir também seu espaço.
A que eu me agarraria? Ao passado ou ao futuro?
Por hora o ressonar de meu noivo, me remeteu ao presente... E eu resolvi voltar para a
cama, e me aninhar em seus braços...

Eu acordara tarde no dia seguinte... Levantei e fui preparar meu almoço. Estava sozinha
em casa, o que de certa forma me deixava melancólica. Na casa dos vizinhos, eu podia
ouvir a algazarra da família na hora do almoço. Barulhos de pratos, copos sendo
quebrados, até. Estava sentada à mesa, e então o vendaval começou... Barulhos de
portas sendo batidas... Arvores assoviando... E eu ali, imersa em meus pensamentos...
De repente eu já não parecia estar na cozinha de minha casa... Era estranho, mas eu
parecia estar bem distante do presente... Ou mesmo, de minha própria existência.
Imersa em silêncio, eu fitava com um sorriso no rosto, um lago... Era um lugar tão
lindo... Eu estava embaixo de um enorme pé de ypê amarelo, o campo estava verde, e a
grama macia eu podia senti-la sob meus pés descalços... Pude sentir que o vestido
roçava minhas pernas por causa do vento... E meu cabelo solto, atrapalhava minha
visão... Vi lá na frente, uma criança correndo com um cachorrinho... Não pude
distinguir se era um menino ou uma menina, e então um par de braços fortes me
envolveram pela cintura e eu pude sentir, além do delicioso perfume amadeirado se
espalhando pelo ar... Um beijo no alto de minha cabeça... Depois me virei para fitá-lo. E
era ele... Não em sua roupinha de executivo que parecia não ligar pra família... Não
aquele que chegava em casa todas as noites, estressado demais para me dar um beijinho
que fosse, ou ao menos no filho que dormia no quarto ao lado... Ele estava
confortavelmente vestido com uma camiseta pólo branca, com uma bermuda cor de
areia, e sandálias... Sorrindo despreocupado. Passei os braços em volta do pescoço
largo, e ele me deu um beijo na ponta do nariz.
Onde estava aquele homem sisudo, cheio de problemas sérios para resolver?
Eu não sabia... Eu mal sabia onde EU estava... Queria voltar para realidade, minha
cozinha, minha solidão... Mas uma força maior que eu, me impelia a continuar naquela
ilusão...
Então percebi. Será que eu queria mesmo voltar para a realidade... Minha cozinha... E
minha solidão?!
Ali perto dele, daquele homem, eu estava tão bem... Tão feliz! Como quando nos
conhecemos...
O Início

Aquela não era uma semana qualquer...


Era a semana que mudaria minha vida, mesmo que a passos lentos...

Uma terça-feira, e como sempre, eu ia para aula de informática no horário de sempre...


Era uma e quarenta e cinco da tarde, quando passei pela praça principal perto da escola,
e aquele idiota estava me esperando num canto discreto, como na véspera. Eu realmente
não queria mais vê-lo, ele era com certeza um canalha e ordinário. E eu merecia algo
melhor, e isso era a única coisa eu sabia.

Assim como sabia que a prova de estatística do curso técnico, que eu faria de noite, não
seria fácil, mas eu tinha boas chances de me dar bem. Coisa que ainda hoje não consigo
explicar, é como eu entendia tão facilmente aqueles cálculos, que um ano antes teria
estourado uma veia de meu cérebro... Talvez, meu professor com seus... Dois metros de
altura, um pouco engraçado do meu ponto de vista, fosse realmente muito bom em suas
explicações. Na verdade, devo admitir. Ele era ótimo!
Só não me ajudou muito no dia em que comentou sobre meus gráficos na aula, dizendo:
“Quem quiser... – dirigindo exclusivamente aos outros alunos, como que para
incentivá-los de alguma coisa -... pode inclusive, fazer alguns desenhos com os
gráficos, desde que não atrapalhe meu entendimento, e por conseqüência minha
avaliação em relação a ele” – e me fitou.
Ah! Que ótimo! Como se não bastasse eu saber que fosse louca, agora a turma inteira
sabia. Não que fosse alguma novidade, é claro!
Certa vez, eu utilizei os gráficos da aula para um desenho... Cinco prédios, um sol se
pondo atrás deles, gaivotas... Ficou legal, mas não pensei que fosse digno de
comentário.

Depois da aula de informática, voltei pra casa, imaginando se algum dia eu realmente
teria a oportunidade de conhecer alguém, que quem sabe um dia me amasse de verdade.
Se eu merecia isso. Suspirei. Mal sabia o que o destino guardava pra mim...

O tempo não se arrastou à tarde... No final do ano em geral, o tempo voa. Em especial
porque estávamos no mês de outubro, e era horário de verão. Logo, minha irmã e eu
entramos no ônibus das seis, cheio de estudantes com seus hormônios em alvoroço. Já
fui um deles, mas naquele dia... Eu estava preocupada demais, para achar engraçado as
piadas que a turma do fundão contava. E minha colega Fernanda percebeu isso.

A primeira aula foi legal, aula de técnicas de vendas. A prova de estatística seria na
terceira aula.
Carteiras alinhadas... E mãos a obra. Eu, particularmente, não tive dificuldade com a
prova, como imaginei que teria. Tão logo terminei, e pude sair. Minha amiga Iara viria
logo em seguida.
Ia descendo as escadas, quando vi do outro lado do pátio, ainda no piso de cima, meu
colega Carlos e Aldo, do curso de mecânica, acompanhados de um rapaz que eu nunca
vira com eles antes. Parei para cumprimentá-los.
- Cara-pálida! – disse eu ao Carlos, era nosso cumprimento.
- Paikan! De novo fora da sala de aula! – observou ele, mas era a primeira vez que eu
saia da sala de aula aquela noite.
- Estava fazendo prova, mas terminei e fui liberada. Boa aluna, sabe como é. – me
gabei.
Estávamos todos parados ainda no piso superior da escola. Os meninos estavam
encostados no murinho da escada, e eu estava elétrica, como sempre.
- Oi! – disse por fim ao recém enturmado. Ele não respondeu. Fitei seus olhos... Eram
cor de mel. Então ele apenas sorriu, de braços cruzados. E eu tive de engolir em seco,
aqueles braços fortes, naquela camiseta preta e apertada. Não resisti... Tirei a caneta
preta que prendia meu cabelo, e escrevi em seu braço esquerdo “OI!”. Aí então ele
respondeu. Nos cumprimentamos enfim, com alguns beijinhos no rosto. Ele disse que se
chamava Marcos Antonio, e que morava no Rio de Janeiro. Eu ri e disse descrente:
- Com esse sotaque? Sei! Prazer... Juliane.
Nisso minha amiga Iara chegou. Os meninos o apresentaram, e eu assim que pude,
discretamente a chamei para ir comigo ao banheiro. E o que mais, nós mulheres
aprendemos desde pequenas a fazer no banheiro, senão fofocar?!
Bom, alguém poderia dizer... “O natural” ou... “Se maquiar...”. Na verdade se você for
mulher, vai saber que se maquiar, ou deixar que a natureza fale por si, é irrelevante
quando se trata de duas mulheres que acabaram de ser apresentadas a um homem...
Independente da idade, a menos que elas sejam casadas, e ainda assim ficam algumas
duvidas. Mas vejam só...
- E aí, o que achou? – perguntei.
- Não sei, e você. – esta era uma resposta típica dela.
- Hmm... Gostei dele. Mas você já o viu por aqui antes? – continuei.
- Não... Mas e aí... Você vai ou não vai? – ela insistiu.
- Não sei... – respirei fundo - ... você não quer tentar dessa vez? – perguntei sem jeito.
- Não, tudo bem... Acho que rolou um clima entre vocês... – ela disse por fim.
- Ta bom... Vamos ver no que dá!
Saímos do banheiro com a maior cara lavada! E voltamos para procurá-los. Eles
passaram por nós e fingiram que não nos conheciam. Mas era apenas brincadeira. O
sinal do intervalo soou, mas o pátio há muito já estava cheio... Todos conversamos, e o
assunto acabou em orkut (site de relacionamento).
- Você tem orkut, Jú? Iara? – dessa vez era Aldo quem perguntava.
- Me procura no cara-pálida... Eu estou lá... – falei dirigindo-me mais a Marcos, que a
Aldo.
- Eu também... – completa Iara.
- Hmm... Eu trouxe alguns desenhos meus para vocês verem... – eu adorava fazer isso,
era a minha maneira de interagir com as pessoas, expondo o que eu pensava...
Eles viram todos os desenhos, riram de alguns, acharam interessantes outros...

Dois dias seguidos eu não fui a aula. E sexta-feira seria feriado. 12 de outubro, não
haveria aula. Nós iríamos nos reunir apenas na terça-feira, pois segunda-feira também
não teria aula.
No sábado, uma surpresa, fui à lan-house ver meu orkut... E lá estava ele, pedindo para
ser adicionado. Eu o adicionei, e não via a hora de chegar terça-feira logo. Tinha mais
um recado dele: “E os desenhos? Tem desenhado mais?”. Aproveitei a deixa e
respondi:
“Não, não ando muito inspirada. Falta inspiração...”. Fiquei imaginando qual seria a
resposta...
O meu fim de semana seguiu tranqüilo...
A terça-feira, chegou rápida. Como sempre, às terças-feiras, assim como nas quartas às
duas horas, eu tinha curso de informática. E como na semana anterior, também naquela
semana, aquele idiota com quem eu ficava, estava me esperando. Eu o ignorei, passei
direto. Ele não se segurou:
- Hei o que você pensa que está fazendo?
- Estou indo para o meu curso de informática! – respondi áspera.
- E vai me deixar aqui? – insistiu ele.
- Escuta... – eu disse ponderando - A gente não tem mais nada. Por que você não vai
mentir pra outra que você não tem namorada? Eu devia saber... Está na cara que você
não presta! Agora me faz um favor... Esquece que eu existo. Ta bom? – e saí, tentando
me concentrar na minha descoberta da terça anterior.
Antes de entrar para aula, dei uma checada no meu orkut, e lá estava uma mensagem
dele, em relação a meu recado...
“Eu posso te ajudar a encontrar a inspiração se quiser...”. Ele dizia, eu sorri satisfeita.
“Claro, mais tarde na escola...”. Respondi. Mal pude esperar. Estava ansiosissima.
Graças ao horário de verão, a hora passou mais que depressa.
Quando cheguei à escola, logo no hall da secretaria, eu os encontrei. Carlos, Aldo e
Marcos Antonio estavam levando alguns papéis para tirar cópia. Eu corei, e os
cumprimentei rapidamente, nos encontraríamos depois.
As aulas que antecediam o intervalo passaram rápidas. Logo eu saberia o que me
esperava...
Iara e eu corremos assim que o sinal tocou... Talvez, até antes!
E lá “do outro lado da escola”, em frente à sala do I ciclo de mecânica, estavam eles...
Ele em especial. Cheguei meio que sem saber o que dizer, acabei falando menos que de
costume. Ele me ofereceu uma bala, era o sinal que eu de certa forma precisava, aceitei
a bala e perguntei:
- Hmmm... Você tem aula agora?
- Não sei... E você? – ele sorriu meio de lado, de canto de boca.
- Eu... Estou... A gente vai estar lá na quadra – olhei para Iara, tentando me
desconcentrar do sorriso dele.
- Bom... – disse ele brincando – Eu acho que tenho aula...
- Você vem comigo nem que seja arrastado. – eu disse rindo
- Então é melhor eu ir... Me espere perto da quadra.
Na verdade ele chegou antes de mim. Lá ele estacou, antes de entrarmos na quadra.
- Você disse que me levaria nem que fosse arrastado... – riu.
Olhei desafiadoramente para ele, e o puxei pelo cordão de prata que ele tinha no
pescoço, até perto das arquibancadas na quadra. Lá, ele ameaçou me dar um beijo...
Enganou-me... Então eu ameacei deixá-lo me beijar... E o enganei. Nós dois rimos. E
finalmente, nos beijamos. Na verdade, nós mais conversamos que beijamos... E isso foi
bom.
Foi aí que descobri que ele se chamava Marco Antonio, e não Marcos Antonio como ele
dissera. Descobri também que ele era de Queluz, e era servente. Que morava em uma
fazenda. E que cometera o erro de não me contar a verdade por vergonha. Mas logo, ele
próprio se envergonhou. Acho que ele pensou que eu fosse uma dessas menininhas
nojentas e mimadas, que pensam que ter um servente como companhia não é grande
coisa. Talvez por estarmos ouvindo música no meu mp4 cor de rosa. Bom, era uma
coisa bem patricinha...
Mas eu não era assim. Era uma menina que vivia sufocada com a super proteção da tia,
que julgava apenas estar cuidando bem da sobrinha órfã. Uma moça que queria
encontrar alguém, e acabar de vez, de ficar se iludindo com canalhas.
Conversando descobriu-se que ele já havia passado, e parado de moto perto de minha
casa. E que na época, disse ele, ter pensado como alguém poderia morar tranqüilo na
beira da rodovia, parecia muito perigoso.
A aquela altura, o sereno nos pegou... Não soube na hora, mas aqueles míseros
pinguinhos d’água me deixariam rouca por quase uma semana.
E por quase uma semana eu realmente não dei as caras na escola. Quase morri de raiva
da minha rouquidão. Fiquei de molho! Só lembrando o quanto ele era lindo! Engraçado.
Atencioso. E quase havia me esquecido que a gente não tinha um relacionamento sério,
pra eu já estar com ciúme por ele ter dito, que tinha ido ao baile à fantasia no dia 12!
Aposto que, se ele soubesse que a gente ia ficar tanto tempo juntos, não teria contado
metade da vida dele na noite do dia 16. Feliz ou infelizmente, hoje eu imagino que sei
tudo da vida dele. Mas estamos quites, ele também sabe tudo sobre minha vida. Depois
de tantas mentiras que eu deliberadamente contei a ele, chorei por quase tê-lo perdido
por isso. Mas agora, antes tarde que nunca, aprendi que a mentira não é remédio, e sim
veneno.
A semana em que fiquei em casa, pareceu se arrastar até o dia 22, início da semana
técnica de vendas...
Quando cheguei à escola naquela segunda-feira, dia 22 de outubro. Eu o cumprimentei
com um beijo no rosto, assim como cumprimentei aos outros.
Ele me olhou meio frustrado.
- Você não vai me dar um beijo? – ele me perguntou.
- Mas aqui? Perto dos outros? - eu perguntei.
Ele ficou muito chateado com isso. Mas eu não era o tipo de menina que fica de beijos
com alguém com quem não tinha compromisso sério, perto dos outros. Não que eu
tivesse tido muitos compromissos antes, é claro. Uma vez apenas, e nem era tão sério
assim...
Estávamos passando bastante tempo até, juntos. Algumas pessoas com quem eu
estudava, não levavam fé que aquilo iria adiante. Uns diziam que ele era mulherengo,
outros que ele era um playboyzinho idiota. Eu acreditava no que ele representava para
mim.
Foi aí que ele começou...
- Eu mudei uma coisa no meu perfil no orkut... Se você quiser, se achar bom... Pode
mudar no seu também...
Eu fazia idéia do que era. Dizia respeito a relacionamento. Casado, solteiro,
namorando... Mas não considerei a proposta. Não daquele jeito. E apenas sorri.

Era dia 25 de outubro. Eu estava ali na escola desde quatro horas da tarde. Marco
Antonio iria chegar as dez para sete. Eu tinha ganhado um bloquinho de papel reciclado,
de um pessoal da turma de meio ambiente. Aquele dia a escola estava cheia de
visitantes, meu amigo era um deles, que aproveitou para ver os amigos dele, do curso de
turismo que ele havia trancado. Quando Marco Antonio chegou eu os apresentei. E logo
nós escapamos de todo o mundo, e fomos para a rodoviária. Os ônibus iriam lotar
aquele dia. Ele me levava a rodoviária, todos os dias... Mas aquele dia seria melhor que
eu fosse embora mais cedo. Tínhamos bastante tempo antes que o meu ônibus partisse,
então ficamos conversando... Escrevendo no bloquinho... Depois de muita lengalenga,
ele me pediu oficialmente em namoro... E já estava na hora de meu ônibus partir. Mas
eu não estava muito bem, estava fraca, com a pressão baixa, eu podia sentir... Descemos
para a minha plataforma, meu amigo já estava lá. Eu enrolei o suficiente para que o
ônibus ficasse lotado e eu não pudesse ir. Teria de esperar outra condução, dali a duas
horas. Mas o Marco Antonio já havia voltado para a escola, seu ônibus partia de lá.
Tentei alcançá-lo, mas não consegui. Gritava por seu nome, mas ele não me ouvia. Por
fim, quando ele já estava quase no meio da passarela, resolveu olhar para trás. E eu
louca e desesperada, estava quase desistindo por desmaio. Ele voltou correndo para
mim, e me abraçou... Cheio de preocupação. Cheio de cuidados. Voltamos para a
rodoviária, o ônibus já havia partido. Ele esperaria ali comigo, pelo próximo ônibus, e
me pagou um salgado.
Enquanto esperávamos, combinamos que no sábado ele iria até minha casa, falar com
minha tia de nosso namoro.

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