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Hidrologia Aplicada

Métodos Estatísticos
e
Chuvas Intensas
Prof. Flávio Dau
1ºSem / 2009

Freqüência de Totais Precipitados

O conhecimento das características das


precipitações apresenta grande interesse de
ordem técnica por sua freqüente aplicação nos
projetos hidráulicos.
Nos projetos de obras hidráulicas, as dimensões
são determinadas em função de considerações
de ordem econômica, portanto, corre-se o risco
de que a estrutura venha a falhar durante a sua
vida útil.
É necessário, então, se conhecer este risco.

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Freqüência de Totais Precipitados

Para isso analisam-se estatisticamente as


observações realizadas nos postos hidrométricos,
verificando-se com que freqüência elas
assumiram cada magnitude.
Em seguida, pode-se avaliar as probabilidades
teóricas. O objetivo deste estudo é, portanto,
associar a magnitude do evento com a sua
freqüência de ocorrência. Isto é básico para o
dimensionamento de estruturas hidráulicas em
função da segurança que as mesmas devam ter.

Freqüência de Totais Precipitados

A freqüência pode ser definida por:

Os valores amostrais (experimentais) F


Os valores da população (universo) P

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Freqüência de Totais Precipitados

A freqüência é uma estimativa da probabilidade e,


de um modo geral, será mais utilizada quanto
maior for o número de ocorrência. Para se
estimar a freqüência para os valores máximos, os
dados observados devem ser classificados em
ordem decrescente e a cada um atribui-se o seu
número de ordem. Para valores mínimos, fazer o
inverso.

Freqüência de Totais Precipitados

A freqüência com que foi igualado ou superado


um evento de ordem m é:

que são denominados Métodos da Califórnia e de


Kimbal, respectivamente. Nas expressões, n é o
número de anos de observação.

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Freqüência de Totais Precipitados

Considerando a freqüência como uma boa


estimativa da probabilidade teórica (P) e definindo
o tempo de recorrência ou período de retorno
(T) como sendo o período de tempo médio
(medido em anos) em que um determinado
evento deve ser igualado ou superado pelo
menos uma vez, tem-se a seguinte relação:

Freqüência de Totais Precipitados

Inversamente, a probabilidade de NÃO ser


igualado ou de não ocorrer é P’ = 1 - P, isso
porque as únicas possibilidades são de que ele
ocorra ou não dentro de um ano qualquer e
assim:

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Freqüência de Totais Precipitados

Considere os seguintes valores: 45, 90, 35, 25,


20, 50, 60, 65, 70, 80. As freqüências observadas
para estes valores estão apresentadas na tabela
seguinte.

Freqüência de Totais Precipitados

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Freqüência de Totais Precipitados

Com os dados desta tabela pode-se fazer várias


observações:
- considerando Kimbal, podemos concluir que a
probabilidade (freqüência) de ocorrer uma
precipitação maior ou igual a 90 mm.dia-1 é de
9,0% e que, em média, ela ocorre uma vez a
cada 11,1 anos;
- a probabilidade (freqüência) de ocorrer um valor
de precipitação menor que 60 mm.dia-1 é de
55,0%.

Freqüência de Totais Precipitados

Para períodos de recorrência bem menores que o


número de anos de observação, o valor
encontrado para F pode dar um boa idéia do valor
real de P, mas para grandes períodos de
recorrência, a repartição de freqüências deve
ser ajustada a uma lei de probabilidade teórica
de modo a permitir um cálculo mais correto da
probabilidade.

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Séries Históricas

As séries originais possuem todos os dados


registrados. Se os eventos extremos são de maior
interesse, então o valor máximo do evento em
cada ano é selecionado e assim é ordenada uma
série de amostras. Essa série é denominada série
de máximos anuais.

Séries Históricas

Em outros estudos, em que apenas interessam


valores superiores a um certo nível, toma-se um
valor de precipitação intensa como valor base e
assim todos os valores superiores são ordenados
numa série chamada série de duração parcial ou
simplesmente série parcial.
E ainda existem as séries de totais anuais, onde
são somadas todas as precipitações ocorridas
durante o ano em determinado posto
pluviométrico.

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Séries Históricas

Ex.: precipitação diária: 30 anos de observação.

- série original: 30 * 365 = 10.950 valores;


- série anual: 30 valores (máximos ou mínimos);
- série parcial:

a) deve-se estabelecer um valor de referência:


precipitações acima de 50 mm/dia;

b) série constituída dos n (número de anos)


maiores valores (máx.) ou menores (min)
valores.

Freqüência versus Valor

A distribuição geral que associa a freqüência a


um valor (magnitude) é atribuída a Ven te
Chow:

PT = valor da variável (precipitação) associado à freqüência T;


P = média aritmética da amostra;
S = desvio padrão da amostra; e
KT = coeficiente de freqüência. É função de dois fatores: T e da
distribuição de probabilidade.

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Freqüência versus Valor

Em se tratando de séries de totais anuais, é


comum se utilizar a distribuição de Gauss
(normal), e para séries de valores extremos
anuais, a distribuição de Gumbel fornece
melhores resultados e é de uso generalizado em
hidrologia.

Distribuição Normal ou de Gauss

É uma distribuição simétrica, sendo empregada


para condições aleatórias como as
precipitações totais anuais. Ao contrário, as
precipitações máximas e mínimas seguem
distribuições assimétricas.

Algumas propriedades importantes da distribuição


normal:

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Distribuição Normal ou de Gauss

Distribuição Normal ou de Gauss

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Distribuição Normal ou de Gauss

Se “x” é uma variável aleatória contínua, dizemos


que “x” tem uma distribuição normal se sua
função densidade de probabilidade é dada por:

Distribuição Normal ou de Gauss

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Distribuição Normal ou de Gauss

Distribuição Normal ou de Gauss


OBS.
- Esta integral não tem solução analítica. Para seu
cálculo pode-se utilizar tabelas estatísticas que
fornece P(z) em função da área sob a curva normal
de distribuição e o valor de Z.
- A função probabilidade é tabelada para associar a
variável reduzida e freqüência.
- Na distribuição normal se trabalha com valores
ordenados na ordem crescente;
- O cálculo de T se faz por 1/P=1/F para F<0,5
(mínimo) e por 1/(1-P) = 1/(1-F) para F >= 0,5
(máximo).

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Distribuição Normal ou de Gauss

Problemas:
a) conhecida a freqüência, estimar o valor da
variável a ela associada; e
b) conhecido o valor, estimar a freqüência.

Distribuição Normal ou de Gauss

Problemas:
a) conhecida a freqüência, estimar o valor da
variável a ela associada; e
b) conhecido o valor, estimar a freqüência.

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Distribuição Normal ou de Gauss

Exemplo:

Uma bacia hidrográfica recebe chuvas anuais com


distribuição aproximadamente normal. A análise de
20 anos de dados de chuvas revelou que a
precipitação média anual é de 1.900mm e que o
desvio padrão é de 450mm.
Qual a probabilidade de ocorrer uma chuva anual
que seja superior ou igual a 700mm ?

Distribuição Normal ou de Gauss

A função reduzida Z será:

P-P 700 - 1.900


Z= = = - 2,67
σ 450

Utilizando a tabela onde temos, para a Distribuição


Normal, os valores das probabilidades de Z ≤ -2,67
obtemos:

P = 0,0038

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Distribuição Normal ou de Gauss

Portanto, a probabilidade de Z ≥ -2,67 será:

P = 1 – 0,038 = 0,9962 ou seja 99,62%

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Risco
Dentro deste estudo, uma outra possibilidade a considerar
é a de que um certo fenômeno se repita ou não com certa
intensidade pelo menos uma vez, porém dentro de N anos.
Esse tipo de estudo é particularmente importante quando
se analisam eventos (chuvas máximas, enchentes, etc.)
para dimensionamento de estruturas hidráulicas de
proteção.
Neste caso, o valor de T (período de retorno) corresponde
a um valor extremo da série anual. Nesses projetos são
também considerados fatores econômicos e a ociosidade
da estrutura se for superdimensionada. Por isso, um critério
para a escolha de T é baseado no chamado risco
permissível ou o risco que se quer aceitar para o caso de
ruptura ou falha da estrutura.

Risco
A probabilidade de que uma precipitação extrema de certa
intensidade seja igualada ou superada uma vez dentro de
um ano é:

A probabilidade de não ser superada é:

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Risco
A probabilidade de não ocorrer um valor igual ou maior (ou
de não ser superada) dentro de N quaisquer anos é:

J = P´N ou J = (1− P)N

Por outro lado, a probabilidade de ser superada pelo


menos uma vez dentro de N anos é:

J = 1− P´N ou J = 1− (1− P)N

e portanto:

P = 1− (1− J)1/N

A probabilidade de não ocorrer um valor igual ou maior (ou


de não ser superada) dentro de N quaisquer anos é:

J = P´N ou J = (1− P)N

Por outro lado, a probabilidade de ser superada pelo


menos uma vez dentro de N anos é:

J = 1− P´N ou J = 1− (1− P)N

e portanto:

P = 1− (1− J)1/N
em que: J é denominado o índice de risco.
Em outras palavras (J) é a probabilidade de ocorrência de
um valor extremo durante N anos de vida útil da estrutura.

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Exemplo:

1) Uma precipitação elevada tem um tempo de


recorrência de 5 anos.

a) Qual a sua probabilidade de ocorrência no próximo


ano?

Exemplo:

1) Uma precipitação elevada tem um tempo de


recorrência de 5 anos.

a) Qual a sua probabilidade de ocorrência no próximo


ano?

P = 1/T = 1/5 = 0,20 ou 20%

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Exemplo:

1) Uma precipitação elevada tem um tempo de


recorrência de 5 anos.

a) Qual a sua probabilidade de ocorrência no próximo


ano?
P = 1/T = 1/5 = 0,20 ou 20%

b) Qual a sua probabilidade de ocorrência nos próximos


três anos com um risco de 20,0%?

Exemplo:

1) Uma precipitação elevada tem um tempo de


recorrência de 5 anos.

a) Qual a sua probabilidade de ocorrência no próximo


ano?

P = 1/T = 1/5 = 0,20 ou 20%

b) Qual a sua probabilidade de ocorrência nos próximos


três anos com um risco de 20,0%?

n = 3; J =0,20 P = 1 - (1 - 0,20)3 = 0,488 ou 48,8%

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Exemplo:

2) No projeto de uma estrutura de proteção contra


enchentes deseja-se correr um risco de ruptura de
22% para uma vida útil de 50 anos. Qual o período de
retorno para o valor de enchente em média esperado?

Exemplo:

2) No projeto de uma estrutura de proteção contra


enchentes deseja-se correr um risco de ruptura de
22% para uma vida útil de 50 anos. Qual o período de
retorno para o valor de enchente em média esperado?
J = 22%
N = 50 anos
P = 1 – (1 – J) 1/N

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Exemplo:

2) No projeto de uma estrutura de proteção contra


enchentes deseja-se correr um risco de ruptura de
22% para uma vida útil de 50 anos. Qual o período de
retorno para o valor de enchente em média esperado?

A probabilidade de ocorrer a ruptura da obra com um


risco de 22% para uma vida útil de 50 anos será de
0,50% (0,4957%).
O tempo de retorno para esta ocorrência de enchente
será de 201,73 anos.

Análise das Chuvas Intensas

Para projetos de obras hidráulicas, tais como vertedores de


barragens, sistemas de drenagem, galerias pluviais,
dimensionamento de bueiros, conservação de solos, etc., é
de fundamental importância se conhecer as grandezas que
caracterizam as precipitações máximas: intensidade,
duração e freqüência.

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Análise das Chuvas Intensas

As equações de chuva intensa podem ser expressas


matematicamente por equações da seguinte forma:

em que:
i é a intensidade máxima média para a duração t, b; e
X e c são parâmetros a determinar.
Alguns autores procuram relacionar X com o período de
retorno T, por meio de uma equação do tipo C = KTa, que
substituída na equação anterior:

Análise das Chuvas Intensas

Equações de chuva para algumas cidades brasileiras:

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Análise das Chuvas Intensas

Equações de chuva para algumas cidades brasileiras:

Análise das Chuvas Intensas

Equações de chuva para algumas cidades brasileiras:

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Análise das Chuvas Intensas
Equações de chuva para algumas cidades brasileiras:

Florianópolis

Porto Alegre
1265,67 Tr 0,052 0,88
i= b=
(12 + t) b Tr 0,05

Análise das Chuvas Intensas

Hietograma Triangular

Altura total da precipitada (P) duração da chuva (t).

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Análise das Chuvas Intensas

Para determinação do instante de ocorrência do pico do


hietograma é necessário conhecer o coeficiente de avanço
da tormenta “r”, que relaciona o intervalo de tempo
necessário para ocorrência do pico (ta) com, a duração
total da chuva (tempo de base do hietograma triangular,
(Td).

Tal coeficiente e variável de local para local, e portanto


depende observações na faixa de 0,30 a 0,50.

Análise das Chuvas Intensas

Hietograma Triangular
Exemplo
Considere-se uma precipitação de 30mm, com duração de
15min e r = 0,38.
A intensidade da precipitação será:

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Análise das Chuvas Intensas

Hietograma Triangular

O tempo decorrido até o pico é:

O tempo de recessão é:

O ietograma resultante esta no slide seguinte.

Análise das Chuvas Intensas

Hietograma Triangular

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Análise das Chuvas Intensas
Método dos Blocos Alternados

Trata-se de uma solução simples desprovida de relação com


fenômeno físico, que caracteriza uma condição crítica.
Procedimento:
- Seleciona-se a duração da tormenta (ta) e o intervalo de
discretização (∆t);
- Através da curva IDF, obtém-se a intensidade chuva para
cada duração.
- As intensidades são transformadas em alturas de chuvas;
-Calcula-se o incremento do total precipitado acumulado;
-- Os incrementos são remanejados numa seqüência tal que,
no centro da duração da tormenta, situa-se o bloco maior e
em seguida os demais blocos dispostos em ordem
decrescente, um à direita e outra a esquerda do bloco maior.

Análise das Chuvas Intensas


Diagrama de Blocos Alternados
Exemplo
Obter o hietograma de Blocos Alternados para uma precipitação
ocorrida na cidade de São Paulo, para um tempo de retorno de 100
anos e com duração de 2 horas; discretizado em intervalos de 10
minutos.
Montamos uma tabela onde inicialmente criamos as colunas Duração
de precipitação (min) e Intensidade (mm/h).
A intensidade é calculada par cada incremento de tempo empregando
a equação de Wilken para São Paulo apresentada abaixo.

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Análise das Chuvas Intensas
Diagrama de Blocos Alternados
Duração Intensidade
(mm) (mm/h)
10 219,097
20 165,800
30 133,202
40 111,228
50 95,442
60 83,513
70 74,222
80 66,773
90 60,669
100 55,577
110 51,266
120 47,568
A seguir calculamos as alturas precipitadas acumuladas em cada intervalo,
considerando a intensidade constante no intervalo, e após estabelecemos os
incrementos em cada intervalo de tempo considerado.

Análise das Chuvas Intensas


Diagrama de Blocos Alternados
Duração Intensidade Duração Precipitação Incrementos Intervalos
(mm) (mm/h) (h) (mm/h) (mm) (min)
10 219,097 0,167 36,516 36,516 0 - 10
20 165,800 0,333 55,267 18,751 10 -20
30 133,202 0,500 66,601 11,334 20 -30
40 111,228 0,667 74,152 7,551 30 - 40
50 95,442 0,833 79,535 5,383 40 - 50
60 83,513 1,000 83,513 3,978 50 - 60
70 74,222 1,167 86,592 3,079 60 - 70
80 66,773 1,333 89,031 2,438 70 - 80
90 60,669 1,500 91,004 1,973 80 - 90
100 55,577 1,667 92,628 1,625 90 - 100
110 51,266 1,833 93,988 1,359 100 - 110
120 47,568 2,000 95,136 1,148 110 -120
Agora rearranjamos os valores incrementos nos intervalos de tempo a partir do
maior valor, a ser colocado no intervalo central, e os demais valores dos
incrementos alternadamente acima e abaixo do intervalo anterior.

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Análise das Chuvas Intensas
Diagrama de Blocos Alternados
Incrementos Intervalos Precipitação
(mm) (min) (mm/h)
36,516 0 - 10 1,359
18,751 10 -20 1,973
11,334 20 -30 3,079
7,551 30 - 40 5,383
5,383 40 - 50 11,334
3,978 50 - 60 36,516
3,079 60 - 70 18,751
2,438 70 - 80 7,551
1,973 80 - 90 3,978
1,625 90 - 100 2,438
1,359 100 - 110 1,625
1,148 110 -120 1,148

Com os valores obtidos traçamos o Diagrama de blocos alternados buscado.

Análise das Chuvas Intensas


Diagrama de Blocos Alternados

O volume total precipitado é a soma das precipitações em cada


intervalo, portanto corresponde a 95,136 mm.

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Análise das Chuvas Intensas

Exercícios de aplicação :

Uma série histórica com totais anuais de


precipitação contém 20 anos de observação; a
média é de 1.200,0 mm e o desvio-padrão é de
114,9 mm.
Pede-se:

a)Qual o valor de precipitação associado a um


período de retorno de 75 anos?

b)Qual o período de retorno associado a uma


precipitação de 1.400 mm?

Análise das Chuvas Intensas

Exercícios de aplicação :

Determinar a intensidade média de uma chuva para


a cidade de São Paulo, com duração 25 minutos e
período de retorno 5 anos.

Estabelecer a relação entre as durações de duas


chuvas de intensidade média igual a 100 mm/h, uma
com período de retorno de 10 anos e a outra com
período de retorno igual a 50 anos, em Belo
Horizonte.

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Análise das Chuvas Intensas

Exercícios:

Uma série histórica com totais anuais de


precipitação contém 20 anos de observação; a
média é de 1.200,0 mm e o desvio-padrão é de
114,9 mm.
Pede-se:

a)Qual o valor de precipitação associado a um


período de retorno de 75 anos?

b)Qual o período de retorno associado a uma


precipitação de 1.400 mm?

Exercício:

As curvas I-D-F para Porto Alegre seguem a seguinte


equação analítica:
0,88
1265,67 Tr 0,052 b=
i= Tr 0,05
(12 + t) b
Os registros existentes indicam para a região um coeficiente
de pico(r) de 0,45.
Com estas informações traça os hietogramas Triangular e
de Blocos Alternados para uma chuva com três horas de
duração e tempo de retorno de trinta anos, para intervalos
de trinta minutos.
Identifica o intervalo horário em que a intensidade é maior e
o valor desta intensidade em mm/h.
Determina qual o volume total precipitado expresso em mm
de chuva.

31
FIM

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