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Vila
Introdução:
Em 1897 uma vila parece ser o local ideal para se viver: tranqüila, isolada e com
os moradores vivendo em harmonia. Porém este local perfeito passa por mudanças
quando os habitantes descobrem que o bosque que os cerca esconde uma raça de
misteriosas e perigosas criaturas, por eles chamados de "Aqueles de Quem Não
Falamos". O medo de ser a próxima vítima destas criaturas faz com que nenhum
habitante da vila se arrisque a entrar no bosque.
Apesar dos constantes avisos do líder local, e de sua mãe, o jovem Lucius Hunt tem
um grande desejo de ultrapassar os limites da vida rumo ao desconhecido. Lucius é
apaixonado por Ivy Walker, uma jovem cega que também atrai a atenção do
desequilibrado Noah Percy. O amor de Noah termina por colocar a vida de Ivy em
perigo, fazendo com que verdades sejam reveladas.
Toda uma série de mentiras é criada para preservar a “sociedade” idealizada por
um grupo de pessoas. Essas pessoas tiveram algum ente querido assassinado de
forma brutal pela violência da cidade e decidiram refugiar-se em um pequeno vale,
cercado por uma floresta, na qual, segundo os livros de história, vivem criaturas
míticas assombrosas. Eles formam uma comunidade utópica de pessoas
trabalhadoras e tementes a Deus que vivem longe das “cidades”, termo que usam
para referir-se ao resto do mundo.
Mas todo esse clima de medo e segredos fora criada pelos anciões para manter ali
as suas famílias, protegendo-as assim, do resto do mundo.
O preço
Mas a que custo? Na vila as pessoas morrem de doenças que, com devido
tratamento médico, poderiam ser curadas. Porém, as vidas são sacrificadas em nome
do compromisso de manter a Vila incontaminada do mundo externo. O lugar de
esperança é também o lugar da morte, do sacrifício tolo. A vida não estava acima da
Vila.
Com isso percebemos que todo o atalho que tomamos para fugir dos males da
vida são fundamentados em mentiras, e com o tempo, pela manutenção da mentira,
sacrificamos a vida. Assim, caí-se em um terrível paradoxo: fugimos do mundo para
mantermo-nos vivos, e para continuarmos puros até mesmo matamos em nome da
mentira.
Um dos anciões afirma no filme que a tristeza fareja o homem onde ele estiver,
por mais que ele fuja dela, ela sempre o encontra. A dor e o sofrimento não estão
confinados um determinado lugar ou tempo, mas são condições da vida humana das
quais não há como fugir. Não há fuga para morte; a violência encontrou espaço até
mesmo dentro da Vila. Sentimentos ruins como ciúme e adultério também existiram
dentro desse pseudo-paraíso. O que torna a Vila algo pior que o mundo é justamente
o auto-engano quanto à própria condição humana.
A Vila
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Cosmovisão
Para os que fazem da sua vida uma Vila, todo o resto é ruim, e somente os seus
são bons. A forma generalizada com a qual os habitantes da vila chamam os
monstros da floresta revela a sua incapacidade de discernimento. Quanto mais
isolados, mais incapazes ficamos. Todos acabam se tornando aos nossos
olhos “Aqueles de quem não mencionamos", os monstros que precisamos para
justificar nossa Vila. Quem não faz parte da nossa Vila não é digno de ser
mencionado, não possui nome, identidade ou mesmo individuação.
Infelizmente, tal tratamento apenas reflete o que nos tornamos. Na verdade eram
os habitantes da Vila que haviam perdido suas identidades, suas características, seus
sentimentos e opiniões. Eram tão iguais que ficava difícil distinguir quem era quem.
Uma única lei uniformizava a todos de tal forma que a neurose por perfeição gerava
jovens que, dentre outras coisas, tinham medo de amassar a camisa com um abraço
ou um toque. Do isolamento seguia-se para uniformidade, que resultava assim na
infantilidade.
Os que vivem como se fossem uma Vila geralmente são infantilizados, imaturos
quanto aos seus sentimentos, desejos e aspirações. São sempre dependentes de
uma casta de “anciões” que ditam o que eles devem fazer; pensar e gostar. No
mundo da Vila, infantilidade é confundida com inocência, porém, no mundo da
criança podem habitar sentimentos tão ruins quanto aqueles que existem fora das
nossas vilas, mesmo que seja por motivações diferentes. A floresta que rodeava a
vila era seca, sem vida, sem beleza, numa representação autentica da condição
interior do habitantes desse vilarejo.
Seqüelas
Nesse caso, o Noah é o ponto principal das terríveis conseqüências da Vila sobre
seus habitantes. Até que ponto os problemas mentais dele não se agravaram pela
infantilidade perpetuada no vilarejo? Noah é um homem com uma mentalidade de
uma criança de 5 anos. Não distingue certo e errado, não aceita regras e é
extremamente desobediente, pois com freqüência ele adentrava a floresta sem
medo das criaturas.
“Não me preocupo com o que vai acontecer; só com o que tem que ser feito!"
Ele a ama de tal forma que seu único medo é perdê-la, e para evitar isso, ele
deseja que na Vila haja remédios o bastante para que sua vida seja preservada. O
amor lança fora todo o medo de Lucius, assim como também o medo de Ivy, pois
apesar de seu pai tê-la revelado que os monstros eram uma farsa, ela ainda assim
continua acreditando na existência deles, e o ataque de Noah disfarçado de monstro
somente reforça a mentira que tornou-se verdade no coração e mente de Ivy.
A Vila
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O mais importante não é revelar a farsa dos monstros e dos traumas que nos
limitam, mas sim vencê-los, assim como Ivy que, ao falar com o guarda da floresta,
disse:
Reflexão
Quantos não vivem em o isolamento de uma Vila criado por pastores ou ministérios,
e todos que estão atemorizados pelos ensinamentos de que fora da Vila todos irão
morrer, não percebendo que estão se auto destruindo; sendo consumidos pelos seu
medos. As figuras do filme nos mostram uma realidade que nos rodeia.