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Qualquer que seja pois a opção do pesquisador, a essa altura de sua investigação
científica ele se acha diante de mais um dilema: qual, dentre os muitos testes
estatísticos existentes em ambas as categorias acima citadas, seria o mais apropriado,
no caso específico de seu trabalho, ou do modelo matemático de seus ensaios? Que
elementos desse modelo matemático condicionariam a opção por um ou outro desses
testes? Em geral a resposta está contida no próprio modelo experimental de cada
pesquisa. Os detalhes adicionais que devem orientar a escolha do teste são:
a) a existência ou não de vinculação entre dois ou mais fatores de variação; b) o
número de componentes da amostra, que vão ser comparados.
De fato, seja qual for o tipo de estatística escolhida, paramétrica ou não-paramétrica,
há testes especificamente destinados a amostras em que há independência entre os
fatores de variação, e outros para amostras em que existe vinculação ou dependência
entre eles. Da mesma forma, o número de comparações a serem realizadas pelo teste
é também importante, porque há testes elaborados para comparar apenas duas
amostras, e há outros destinados a comparações múltiplas, entendendo-se como
múltiplas um número de comparações superior a dois. Num experimento fatorial, por
exemplo, em que há fatores colocados nas colunas, nas linhas e nos blocos, o número
de comparações é fornecido pela multiplicação do número de colunas, pelo número de
linhas e pelo número de blocos. Enfim, o produto fatorial é semelhante ao usado para
calcular o número total de dados da amostra, só não entrando no cálculo o número de
repetições. Assim sendo, no caso do experimento fatorial que, a partir de alguns
capítulos atrás, nos vem servindo de exemplo — com 4 colunas, 3 linhas e 2 blocos —
o número de comparações possíveis, incluindo-se nele não só os fatores de variação
principais mas também todas as interações possíveis entre eles, seria: 4 x 3 x 2 = 24
comparações. Classificação dos testes estatísticos (GMC versão 7.5): O diagrama
abaixo esquematiza as subdivisões dos testes estatísticos, listando os mais comumente
utilizados na prática:
Alguns desses testes usam números como variável, outros usam sinais + e – , outros
usam valores fixos, como 1 e 0, e outros ainda utilizam freqüências. Esses testes
evidentemente estão todos incluídos no grupo dos testes não-paramétricos,
simplesmente porque não usam os parâmetros média e desvio-padrão em seus
cálculos.
Após a conclusão destes conceitos iniciais e dos conhecimentos básicos que se deve
ter sobre os métodos estatísticos, serão incluídos neste texto alguns breves
comentários sobre cada um dos testes listados acima. São resumos sobre o que
chamei de Filosofia do Teste, e neles procurei dar uma idéia geral sobre o que tinha
em mente o criador de cada um deles, e a quais modelos matemáticos eles se
adaptam, bem como em quais circunstâncias cada qual poderia ser utilizado. Mas são
apenas observações condensadas, que evidentemente os interessados poderão
ampliar, pela leitura e pelo estudo mais aprofundado em compêndios mais elaborados
do que este, sobre a Ciência Estatística, que os há em grande quantidade.
Uma vez realizados os testes adequados, estes dão o seu parecer, sob a forma de um
valor numérico, apresentado (conforme o teste) como valor de F (análise de variância),
de t (teste t, de Student), U (Mann-Whitney), Q (teste de Cochran), c² (letra grega qui,
testes diversos, que usam o chamado qui-quadrado), z (McNemar e Wilcoxon), H
(Kruskal-Wallis), ou r (letra grega rho, utilizada nos testes de correlação, que serão
focalizados mais adiante, neste texto).
Seja como for, o valor numérico calculado pelo teste deve ser confrontado com valores
críticos, que constam em tabelas apropriadas a cada teste. Essas tabelas geralmente
associam dois parâmetros, que permitem localizar o valor crítico tabelado: nível de
probabilidades (usualmente 5 % [a = 0,05], ou 1 % [a = 0,01]), e o número de graus de
liberdade das amostras comparadas. Valores menores que o tabelado indicam que ele
não pode ser considerado diferente do que se obteria se as amostras comparadas
fossem iguais. Enfim, estaria configurado o que se chama de não-significância
estatística, ou de aceitação da hipótese zero, ou de nulidade (H0).
Porém, se o valor calculado for igual ou maior que o tabelado, aceita-se a chamada
hipótese alternativa (H1), ou seja, a hipótese de que as amostras comparadas não
podem ser consideradas iguais, pois o valor calculado supera aquele que se deveria
esperar, caso fossem iguais, lembrando sempre que a igualdade, em Estatística, não
indica uma identidade. Isso quer dizer que pode eventualmente haver alguma
diferença, mas esta não deve ultrapassar determinados limites, dentro dos quais essa
diferença decorre apenas da variação natural do acaso, típica da variação entre as
repetições do ensaio. No caso de o valor calculado ser maior do que o valor tabelado,
diz-se que há significância estatística, que pode ser ao nível de 5 %, se o valor calculado
for maior que o valor tabelado para 5 %, porém menor que o tabelado para 1 %. Ou ao
nível de 1 %, caso o valor calculado seja igual ou maior que o valor tabelado para 1 %.
Retirado de
http://www.forp.usp.br/restauradora/gmc/gmc_livro/gmc_livro_cap14.html
Publicada por Bruno Miranda