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Unidade II

Unidade II
7 AJUSTE DE CURVAS

Em matemática e estatística aplicada, existem muitas


situações em que conhecemos uma tabela de pontos (x; y).
Nessa tabela, os valores de y são obtidos experimentalmente e
deseja-se obter uma expressão analítica de uma curva y = f(x)
5 que melhor se ajuste a esse conjunto de pontos.

Por exemplo, no departamento de uma empresa, podemos


obter uma tabela com valores do custo total (CT) de um produto
em função da quantidade q de produção, como mostra a tabela
abaixo:

Quantidade (q) Custo total (CT)


1 164
2 272
3 348
4 416
5 500

10 Fazendo a representação gráfica dos pontos da tabela abaixo,


temos:
Custo total X Quantidade

600
Custo total em R$

500
400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6
Quantidade em unidades

30
MATEMÁTICA APLICADA

Observamos que no gráfico acima não passa uma reta por


todos os pontos. Com base nisso, podemos fazer as seguintes
perguntas:

1) Qual é a curva que melhor se adapta para o conjunto


5 de pontos, isto é, qual é a expressão analítica ou a função que
melhor se ajusta para os pontos (x; y)?

2) Qual é a previsão do custo total para dez unidades do


produto?

Introdução à regressão linear

10 A título de exemplo, utilizaremos pares ordenados obtidos


resultantes de algum experimento, como:

x x1 x2 x3 x4 x5 ... xn-1 xn
y y1 y2 y3 y4 y5 ... yn-1 yn

A ordenação desses pares em uma distribuição cartesiana


será influenciada pelos valores de xi e yi, (i = 1...n), logo, podemos
obter um gráfico, por exemplo:
70
60
50
40
30
20
10
0
2 4 7 10 14 19 27 30

Fonte: FONSECA, Jairo Simon da; MARTINS, Gilberto de Andrade; TOLEDO, Geraldo
Luciano. Estatística aplicada. São Paulo: Atlas, 2009.

15 Podemos constatar a possibilidade de obtenção de uma


função real que passe nos pontos ou pelo menos passe próxima
dos pontos (xi,yi) dados.

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Unidade II

A teoria de interpolação é a área matemática destinada a


estudar tais processos para obter funções que passem exatamente
pelos pontos dados, enquanto que a teoria de aproximação
estuda processos resultantes de funções que se aproximem
5 ao máximo dos pontos dados. Lógico que, se pudermos gerar
funções que se aproximem dos pontos dados e que tenham uma
expressão fácil de ser manuseada, teremos gerado algo positivo
e de valor científico.

Existem vários processos matemáticos para a solução


10 do problema; podemos destacar o método dos mínimos
quadrados, que tem por finalidade gerar o que se chama em
estatística de regressão linear ou ajuste linear.

Dentre as curvas mais comuns aplicadas, estão:

Ordem Função Nome


1 y = ao+a1 x Reta
2 y = ao+a1 x+a2 x² Parábola

A proposta de qualquer uma das funções é encontrar


15 quais são os valores dos coeficientes ao, a1 e a2, de forma que
a soma dos quadrados das distâncias (tomadas na vertical) da
referida curva y = f(x) a cada um dos pontos dados (yi) seja a
praticável, daí o nome método dos mínimos quadrados. Isso
pode ser feito através de cálculos avançados que consideram
20 todas as variáveis utilizadas ou simplificado pelo chamado
método dos mínimos quadrados que estudaremos a
seguir.

Método dos mínimos quadrados (MMQ)

Consiste em um dos mais simples e eficazes métodos da


25 análise de regressão; é utilizado quando temos uma distribuição
de pontos e precisamos ajustar a melhor curva para esse
conjunto de dados.

32
MATEMÁTICA APLICADA

Regressão linear

Analisaremos o caso em que a curva de ajuste é uma função


linear, muito frequente nos casos empresariais. Na verdade, pela
necessidade de agilidade nas respostas e tomadas de decisões,
5 problemas mais complexos podem ser aproximados pelo caso
linear, considerando as duas variáveis mais significativas para
cada caso.

Matematicamente, vamos considerar y = ax + b, cujo gráfico


é uma reta.

10 A equação da reta ou a função que aproxima o conjunto de


pontos é dada por:

y = Ax + B

__
∑ x.y − n.x.y
A= 2
e B = y − Ax
()
∑ x2 − n x

Onde: n = número de pontos observados;

Σx= soma dos valores de x (abscissas);

15 Σy= soma dos valores de y (ordenadas);

Σx.y = soma dos produtos entre x e y;

Σx2 = soma dos quadrados dos valores de x;

∑x ∑y
x= y =
n e n (médias aritméticas).

Aplicaremos o modelo para responder as duas perguntas do


20 problema inicialmente proposto nesta unidade.

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Unidade II

Para facilitar os cálculos, construímos a tabela e calculamos os


elementos da fórmula do método dos mínimos quadrados, onde y
representa o custo total (CT) e x representa a quantidade q.

x y x.y x2
1 164 164 1
2 272 544 4
3 348 1044 9
4 416 1664 16
5 500 2500 25
Soma = ∑ 15 1700 5916 55

∑ x 15
x= = =3
n 5

∑ y 1700
5 y= = = 340
n 5

5916 − 5.3.340 816


A= = = 816
,
81,6
55 − 5,.32 10

B = 340 - 81,6.3 = 95,20.

Substituindo os valores de A e B, a equação da reta que


aproxima os pontos da tabela é:

10 y = 81,6x + 95,20

Isto é, CT = 81,6q + 95,20,

e a previsão para a quantidade q = 10 unidades é dada por:

q = 10 ⇒ CT = 81,6. 10 + 95,20 = 911,20.

Assim, o custo total para dez unidades é de $ 911,20.

34
MATEMÁTICA APLICADA

Graficamente,

Custo total X Quantidade


600
y = 81,6x + 95,2
500
Custo total em R$

400
300
200
100
0
0 1 2 3 4 5 6

Quantidade em unidades

Lembramos aqui que o símbolo Σ é a representação de um


somatório e corresponde à letra grega sigma maiúscula.

Regressão quadrática

5 Em muitos problemas de matemática aplicada, também é


comum ocorrerem situações em que a curva de ajuste não é
uma reta, podendo os pontos se aproximarem de uma curva
cujo gráfico é uma função quadrática, exponencial, logarítmica
e outras. Vamos analisar o caso em que a curva de ajuste é uma
10 função quadrática: y = ax2 + b.x + c.

O modelo de ajuste da regressão quadrática é dado por y


= Ax + Bx + C, onde A, B e C é uma solução do sistema de
equações lineares abaixo:

 A ∑ x 4 + B∑ x 3 + C ∑ x 2 = ∑ x 2 y


A ∑ x + B∑ x + C ∑ x = ∑ xy
3 2


A ∑ x + B∑ x + C.n = ∑ y
2

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Unidade II

Exemplo

A tabela a seguir apresenta os valores da quantidade


demandada de um bem e os preços de venda correspondentes
em determinado período:

Preço de venda 150 185 210 173 145


Quantidade vendida 15 38 59 80 100

5 Ajuste uma parábola para os dados da tabela e projete a


quantidade vendida para um preço de venda igual a $ 120,00.

Solução

Inicialmente, marcamos os pontos num gráfico para verificar


se eles tendem mesmo a uma parábola.
Quantidade X Preço de venda

240
Quantidade em

200
unidades

160
120
80
40
0
0 15 30 45 60 75 90 105
Preço de venda (R$)

10 Para facilitar os cálculos, construímos uma tabela e


calculamos os elementos da fórmula do ajuste da parábola, onde
y representa a quantidade e x o preço de venda, e, na última
linha, os somatórios das colunas.

x y x.y x2 x3 x4 x2. y
15 150 2250 225 3375 50625 33750
38 185 7030 1444 54872 2085136 267140
59 210 12390 3481 205379 12117361 731010
80 173 13840 6400 512000 40960000 1107200
100 145 14500 10000 1000000 100000000 1450000
292 863 50010 21550 1775626 155213122 3589100

36
MATEMÁTICA APLICADA

Substituindo os valores obtidos da tabela acima no sistema


de equações e resolvendo, obtemos:

A = -0,0298 B = 3,3416 e C = 105,95.

A equação que aproxima os pontos da tabela é: y = -0,0298x2


5 + 3,3416x + 105,95.

Isto é, q = - 0,0298 p2 + 3,3416 p + 105,95,

onde q representa a quantidade demandada e p o preço de


venda.

Calculando a projeção da quantidade para o preço de venda


10 igual a $ 120,00, temos:

p = 120 ⇒ q = -0,0298. (120)2 + 3,3416. 120 + 105,95 =


77,82.

Assim, a quantidade demandada para o preço de $ 120,00 é


de 77,82 unidades.

15 Graficamente,
Quantidade X Preço de venda

240 y= -0,0298x2 + 3,3416x + 105,95


Quantidade em

200
unidades

160
120
80
40
0
0 15 30 45 60 75 90 105
Preço de venda (R$)

O estudo das regressões é muito aplicado em problemas de


estatística. Se estamos interessados em aprender o “processo”
(isto é, fazer dele uma ferramenta de trabalho), devemos

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Unidade II

observar as mudanças que ocorreram quando passamos da reta


para a parábola. Não construiremos o processo para função
cúbica ou até mesmo quártica, mas a analogia entre os casos
permanece.

5 Obviamente, quando necessitamos desse tipo de análise


empresarialmente, buscamos soluções rápidas para os casos de
interesse. A grande aliada desse tipo de cálculo é a informática,
que nos possibilita ter à disposição programas domésticos,
pacotes e até sistemas dedicados a cada nova situação a ser
10 simulada.

O método de regressão linear consta no tutorial, por


exemplo, do Microsoft Excel*, que faz parte do pacote Office
da Microsoft, utilizado pela grande maioria dos profissionais.
É fácil utilizá-lo para ajustar curvas ou equações de múltiplas
15 variáveis. O programa possui duas ferramentas para desenvolver
regressões.

A primeira é a descrita neste estudo e tem a vantagem de ser


mais automatizada. Essa opção precisa ser instalada, através do
menu Ferramentas/Suplementos/Análise de dados, escolhendo-
20 se depois a opção Ferramentas/Análise de dados/Regressão.
Nesse caso, o MS-Excel pode calcular os resíduos e gerar os
gráficos automaticamente, porém, cada nova equação precisa
ser gerada desde o início.

No segundo formato, os resultados se ajustam imediatamente


25 às alterações nos dados e o programa aceita até dezesseis variáveis
independentes, reconhecendo automaticamente os dados em
uma planilha, a partir do formato da variável dependente (y),
como descrito a seguir1:

A ferramenta de análise Regressão realiza uma análise


30 de regressão linear usando o método de “quadrados
mínimos” para encaixar uma linha em um conjunto
de observações. Podemos analisar como uma única
1
Fonte: Manual do Microsoft Excel. Disponível em www.inf.unisinos.br/
gonzalez/valor/inferenc/excel.html.

38
MATEMÁTICA APLICADA

variável dependente é afetada pelos valores de uma


ou mais variáveis independentes.

Por exemplo, ao analisar como o desempenho de um


atleta é afetado por fatores como idade, altura e peso.
5 Podemos distribuir partes da medição de desempenho
para cada um desses três fatores, com base em um
conjunto de dados de desempenho e, em seguida,
usar os resultados para prever o desempenho de um
novo atleta não testado. A ferramenta Regressão usa
10 a função de planilha LINEST.

Sistemática de cálculo

Para uma função linear, com o aspecto formal tipo


Y = a0 + a1*X1+ a2*X2+... +ak*Xk, o ajustamento da
equação de regressão pode ser realizado com a função
15 estatística PROJ.LIN (na versão em inglês, LINEST), da
seguinte forma:

1) Selecionar (com mouse ou teclas de movimentação)


um grupo de células: 5 linhas x número de colunas
igual ao número de parâmetros a estimar (variáveis
20 independentes mais a constante);

2) Entrar a fórmula, indicando primeiro a coluna da


variável dependente, em seguida a faixa de colunas
das variáveis independentes, depois a existência ou
não da constante no modelo (default = sim, 0 = não)
25 e o desejo de receber o conjunto de informações
completo (default = não, verdadeiro = sim), adquirindo
o seguinte aspecto:

=PROJ.LIN (a2:a13; b2:d13;;verdadeiro).

Nem sempre se usará “:” e “;”. Conforme opções de


30 instalação do programa, pode ser que sejam utilizados
“.” e “,”. Na versão em inglês, usa-se “true” ao invés

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Unidade II

de “verdadeiro”, sendo que também é possível que o


correto (para um dado sistema) seja: =LINEST (a2.
a13, b2.d13,,true).

3) Inserir esta função como matriz, pressionando


5 simultaneamente CTRL+SHIFT+ENTER. Qualquer
alteração na fórmula somente terá efeito se a matriz
resposta for selecionada inteiramente e a nova fórmula
for inserida igualmente com CTRL+SHIFT+ENTER.
Como resultado dos cálculos efetuados pelo programa,
10 será exibida uma matriz, sempre com o seguinte
formato:

ak ak-1 ... a2 a1 a0
epk epk-1 ... ep2 ep1 ep0
r2
epy #N/D #N/D #N/D #N/D
F GL #N/D #N/D #N/D #N/D
SQRegres SQResid #N/D #N/D #N/D #N/D

Onde a0 é a constante, a1..ak são os coeficientes


das variáveis, ep0...epk são os erros padrão de cada
estimativa destas, R2 é o coeficiente de determinação,
15 epy é o erro padrão da estimativa, F é o parâmetro de
teste de Fischer-Snedecor, GL é o número de graus
de liberdade, SQRegres é a soma dos quadrados da
regressão e SQResid é a soma dos quadrados dos
resíduos. Os elementos marcados como “#N/D” são
20 espaços sem resultado, normais, decorrentes do
desenho da função (na versão em inglês vem “#N/A”).
É importante verificar que a posição dos elementos
no quadro de resultados é sempre a mesma,
independentemente da posição dos dados da amostra
25 na planilha, indicados na fórmula.

Os testes t podem ser determinados pela razão


entre os dados da primeira e da segunda linhas

40
MATEMÁTICA APLICADA

(tai=ai/epi). Os erros serão calculados utilizando os


coeficientes determinados (atenção à posição deles:
a constante está na última coluna, o coeficiente da
primeira variável na penúltima, e assim por diante).
5 Maiores esclarecimentos podem ser encontrados no
item “regressão” (“regression”) no menu “AJUDA” do
programa*.

41
Unidade II

8 MATEMÁTICA FINANCEIRA

A maioria das questões financeiras é construída por


algumas fórmulas-padrão e estratégias de negócio. Por
exemplo, os investimentos tendem a crescer quando os
bancos ou empresas oferecem juros compostos para seus
5 clientes. Estamos em um momento financeiro mundial em
que as chamadas taxas de juros devem baixar para que não
tenhamos um colapso da estrutura econômica (desemprego,
repercussões sociais, etc.). Assim, a matemática financeira
destina-se a fornecer subsídios para a análise de algumas
10 alternativas de investimentos ou financiamentos de bens de
consumo.

De modo geral, podemos afirmar que esta disciplina é a


divisão da matemática aplicada que estuda o comportamento
do dinheiro ao longo do tempo, quantificando as transações
15 que ocorrem no universo financeiro, levando em conta
a variável tempo, ou seja, o valor monetário no tempo
( time value money , como se diz usualmente no mercado
financeiro). As principais variáveis tratadas no processo
de quantificação financeira são taxa de juros, capital e
20 tempo.

Os conceitos de matemática financeira são integralmente


aplicáveis tanto nos fluxos de caixa sem inflação, expressos
em moeda estável “forte”, quanto nos fluxos de caixa com
inflação, expressos em moeda “fraca”, que perdeu seu
25 poder aquisitivo ao longo do tempo, em decorrência da
inflação.

Iniciaremos nossos estudos considerando a hipótese de


moeda estável, isto é, assume-se que a moeda utilizada no fluxo

42
MATEMÁTICA APLICADA

de caixa mantém o mesmo poder aquisitivo ao longo do tempo.


A seguir, veremos os reflexos da inflação na análise dos fluxos de
caixa, segundo os modelos pré-fixado e pós-fixado.

A diferença básica existente nos dois modelos corresponde


5 ao valor percentual da taxa de juros a ser adotada em cada caso.
É evidente que nenhum conceito de matemática financeira
sofre qualquer alteração pela mera variação do valor da taxa
de juros.

Consideremos um breve estudo dos conceitos mais


10 utilizados:

Juros

Juro é a remuneração gerada por um capital aplicado


ou emprestado; o valor é obtido pela diferença entre dois
pagamentos, um em cada tempo, de modo que se tornem
15 equivalentes.

Podemos, então, dizer que juros são a remuneração de um


capital aplicado a uma taxa estipulada previamente durante um
determinado prazo; resumindo, é o valor recebido pela utilização
de dinheiro emprestado.

20 Logo,

Juros (J) = preço do crédito.

A incidência de juros é resultado de vários fatores, dentre os


quais podemos destacar:

• inflação: redução do poder aquisitivo da moeda num


25 determinado espaço de tempo;
• risco: os juros recebidos representam garantia contra
possíveis riscos do investimento;

43
Unidade II

• fatores próprios da natureza humana, lembrando que


a relação entre o homem e o dinheiro é uma das
mais complexas de descrever, tanto social quanto
psicologicamente.

5 Taxa de juros

É a forma de se estipular o montante de juros, ou seja, o valor


percentual a ser pago pelo uso do capital emprestado durante
um tempo pré-estipulado (anual, trimestral, semestral, mensal,
etc.). Assim, a taxa de juros é o valor produzido numa unidade
10 de tempo e é simbolizada pela letra i.

Exemplo

10% ao mês; sua representação poderá ser feita na forma


decimal, isto é, 0,10.

Podemos observar, também, na tabela abaixo:

Forma percentual Transformação Forma unitária


20
20% a.m. 0,20 a.m.
100
3
3% a.a. 0,03 a.a.
100
13,5
13,5% a.m. 0,135 a.m.
100
5
5% a.d. 0,05 a.d.
100

15 A modalidade em que a taxa de juros é aplicada ao capital


inicial ao longo de determinado período denomina-se sistema de
capitalização simples (juros simples). Já quando a taxa de juros
é aplicada sobre o capital atualizado com os juros do período
(montante), temos um sistema de capitalização composta (juros
20 compostos). Em geral e por razões óbvias, o mercado financeiro
trabalha apenas a modalidade de juros compostos, em que
temos maior rentabilidade.

44
MATEMÁTICA APLICADA

Diagrama de fluxo de caixa

Um diagrama de fluxo de caixa é a representação gráfica


de um conjunto de entradas e saídas monetárias, identificada
temporalmente (isto é, em função do tempo). É fundamental
5 para que se compreendam as operações de matemática
financeira, demonstrando de forma clara o que ocorre com o
capital durante o período estipulado.

Entradas de caixa (+)

0 1 2 3 4 5 6 7
Tempo

Saídas de caixa (-)

A linha horizontal registra a escala de tempo, ou seja, o


horizonte financeiro da operação. O ponto zero indica o instante
10 inicial, e os demais pontos representam os demais períodos de
tempo (datas).

Exemplo

Veja o diagrama de fluxo de caixa a seguir:

700 200
500 200

i%
0 1 2 3 4 5

200
800

O diagrama da figura acima, por exemplo, representa


15 um projeto que envolve investimento inicial de oitocentos,
pagamento de duzentos no terceiro ano e que produz receitas de
quinhentos no primeiro ano, duzentos no segundo, setecentos
no quarto e duzentos no quinto ano.

Dinheiro recebido ⇒ flecha para cima ⇒ valor positivo


Convenção
Dinheiro pago ⇒ flecha para baixo ⇒ valor negativo

45
Unidade II

Regras básicas

Nas fórmulas da matemática financeira, o prazo da


capitalização e a taxa de juros devem estar expressos,
necessariamente, na mesma unidade de tempo. Os critérios de
5 transformação do prazo ou da taxa para a mesma unidade de
tempo dependem do regime de capitalização definido para a
operação. Para juros simples, podemos observar os seguintes
exemplos:

• 24% a. a. = 24/12 = 2% ao mês;


10 • 24% a. a. = 24/6 = 4% ao bimestre;
• 24% a. a. = 24/4 = 6% ao trimestre;
• 24% a. a. = 24/2 = 2% ao semestre.

Critérios de capitalização

Regime de capitalização simples1

15 Capitalização simples é aquela em que a taxa de juros incide


somente sobre o capital inicial; não incide, pois, sobre os juros
acumulados. A taxa varia linearmente em função do tempo. Se
quisermos converter a taxa diária em mensal, basta multiplicar
a taxa diária por trinta; se desejarmos uma taxa anual e tendo a
20 mensal, basta multiplicar por doze, e assim por diante.

Portanto, consiste na apuração de juros aplicando-se a taxa


contratada sempre sobre o mesmo capital inicial. Havendo
várias adições consecutivas de juros ao capital, todas as parcelas
de juros geradas têm a mesma dimensão, significando isso que
25 as parcelas de juros geradas anteriormente não se incorporam ao
capital como base para a geração de novos juros. O montante de
capital e juros se comporta como uma progressão aritmética.
1
Disponível em www.algosobre.com.br/matematica-financeira/
capitalizacaosimples.html.

46
MATEMÁTICA APLICADA

Juros simples i = 10% ao período


Ano Saldo do início Juros apurados Saldo ao final
do período a cada período do período
1 1.000,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.100,00
2 1.100,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.200,00
3 1.200,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.300,00
4 1.300,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.400,00
* Crescimento de 40% em 4 períodos

Regime de capitalização composta2

Capitalização composta é aquela em que a taxa de


juros incide sobre o principal acrescido dos juros acumulados
até o período anterior. Nesse regime de capitalização, a taxa
5 varia exponencialmente em função do tempo. O conceito de
montante é o mesmo definido para capitalização simples, ou
seja, é a soma do capital aplicado ou devido mais o valor dos
juros correspondentes ao prazo da aplicação ou da dívida.

Consiste na apuração periódica de juros com sua imediata


10 incorporação ao capital gerador de novos juros. Dessa forma, o
montante ao final do período “x” passa a ser o capital inicial para
o período “x+1”. Os juros abonados em cada período tornam-se
geradores de novos juros, e o montante de capital e juros se
comporta como uma progressão geométrica.

Juros compostos i = 10% ao período


Ano Saldo do início Juros apurados Saldo ao final
do período a cada período do período
1 1.000,00 0,10 x 1.000,00 = 100,00 1.100,00
2 1.100,00 0,10 x 1.100,00 = 110,00 1.210,00
3 1.210,00 0,10 x 1.210,00 = 121,00 1.331,00
4 1.331,00 0,10 x 1.331,00 = 133,10 1.464,00
* Crescimento de 46,41% em 4 períodos

2
Disponível em www.algosobre.com.br/matematica-financeira/
capitalizacaocomposta.html.

47
Unidade II

Juros simples

Os juros simples, diante de suas restrições técnicas, têm


aplicações práticas bastante limitadas. São raras as operações
financeiras e comerciais que formam temporalmente seus
5 montantes de juros segundo o regime de capitalização linear. O
uso de juros simples restringe-se, principalmente, às operações
praticadas no âmbito de curto prazo.

No entanto, as operações que adotam juros simples, além


de apresentarem, geralmente, prazos reduzidos, não costumam
10 apurar o seu percentual de custo (ou rentabilidade) por esse
regime. Os juros simples são utilizados para o cálculo dos valores
monetários da operação, mas não para apuração do efetivo
resultado percentual (taxa interna de retorno).

Vale ressaltar, ainda, que muitas taxas do sistema financeiro


15 estão referenciadas a juros simples, porém, a formação dos
montantes das operações processa-se exponencialmente. Um
exemplo disso é a caderneta de poupança com juros de 6% ao
ano, juros mensais de 0,5% ao mês, com capitalizações mensais
a juros compostos.

20 Vejamos outro exemplo3:

Considere que R$ 100,00 são aplicados à taxa de juros simples


de 1% ao mês, durante três meses; teríamos, nesse caso:

• juros produzidos ao final do primeiro mês: J = 100.(1%).1


= 100.(1/100) . 1 = R$2,00;

25 • juros produzidos ao final do segundo mês: J = 100.(1%).2


= 100.(1/100) . 2 = R$2,00;
• juros produzidos ao final do terceiro mês: J = 100.(1%).3 =
100.(1/100) . 3 = R$3,00.
3
MARQUES, Paulo. Disponível em www.geocities.com/paulomarques_
math/arq9-2.htm.

48
MATEMÁTICA APLICADA

Notemos que:

(a) Os juros – nesse caso, simples – são calculados sempre


em relação ao capital inicial de R$ 100,00.
(b) 1 % = 1/100 = 0,01; de uma forma geral, x % = x/100.

5 Fórmulas de juros simples4

O regime de juros será simples quando o percentual de juros


incidir apenas sobre o valor principal. Sobre os juros gerados
a cada período não incidirão novos juros. Valor principal ou
simplesmente principal é o valor inicial emprestado ou aplicado,
10 antes de somarmos os juros. Transformando em fórmula,
temos:
J=Cin
Onde:

J = juros
C = principal (capital)
15 i = taxa de juros
n = número de períodos

Ao somarmos os juros ao valor principal, temos o


montante.

• Montante = Principal + Juros


20 • Montante = Principal + (Principal x Taxa de juros x Número
de períodos)

M = C (1 + i n)

Aplicações

Exemplo 1: um capital de $ 80.000,00 é aplicado à taxa de


2,5% ao mês durante um trimestre. Pede-se determinar o valor
25 dos juros acumulados neste período.
4
MARQUES, Paulo. Disponível em www.geocities.com/paulomarques_
math/arq9-2.htm.

49
Unidade II

Solução

C = $80.000,00
i = 2,5% a. m.→ 0,025 a. m. e n = 3 meses.
J=Cin
5 J = 80.000,00. 0,025. 3
J = $ 6.000,00.

Devemos ressaltar que as fórmulas das taxas de juros devem


sempre estar expressas na forma decimal.

Exemplo 2: um negociante tomou um empréstimo pagando


10 uma taxa de juros simples de 18% ao trimestre durante nove
meses. Ao final desse período, calculou em $ 270.000,00 o
total dos juros incorridos na operação. Determinar o valor do
empréstimo.

Solução

15 i = 18% a.t. = 18% a.t.÷3 = 6% ao mês → 0,06 a.m.


n = 9 meses e J = $270.000,00
C=?
J=Cin
270000,00 = C 0,06. 9
20 270000,00 = C 0,54
C = 500.000,00

O valor do empréstimo é $ 500.000,00.

Notemos que, nos juros simples, para a obtenção da taxa


mensal, conhecendo a taxa trimestral, basta dividir a taxa
25 trimestral por três! Pois o prazo e a taxa devem estar na mesma
unidade de tempo.

Exemplo 3: uma pessoa fez uma aplicação de $ 18.000,00


à taxa de 1,5% ao mês durante oito meses. Determinar o valor
acumulado ao final do período.

50
MATEMÁTICA APLICADA

Solução

C = $18.000,00
i = 1,5% a. m.→ 0,015 a. m.
n = 8 meses
5 M = C (1 + i n)
M = 18.000,00 (1 + 0,015. 8)
M = 18.000,00. 1,12
M = 20.160,00

O montante acumulado é de $ 20.160,00.

10 Exemplo 4: uma dívida de $ 90.000,00 irá vencer em quatro


meses. O credor está oferecendo um desconto de 7% ao mês
caso o devedor deseje antecipar o pagamento hoje. Calcular o
valor que o devedor pagaria caso antecipasse a liquidação da
dívida.

15 Solução

M = $90.000,00
i = 7% a. m.→ 0,07 a. m.
n = 4 meses
M = C (1 + i n)
20 90.000,00 = C (1 + 0,07. 4)
90.000,00 = C 1,28
C = 70.312,50

O valor que deveria ser pago na antecipação é de


$ 70.312,50.

25 Exemplo 5: qual é o valor dos juros correspondentes a


um empréstimo de R$ 10.000,00, pelo prazo de quinze meses,
sabendo-se que a taxa cobrada é de 3% a. m.?

51
Unidade II

Dados:

C = 10.000,00
n = 15 meses
i = 3% a m.
5 j=?

Solução

j=Cxixn
j = 10.000,00 x 0,03 (3/100) x 15 = 4.500,00

O valor dos juros a serem pagos é de R$ 4.500,00.

10 Exemplo 6: um capital de R$ 25.000,00, aplicado durante


10 meses, rende juros de R$ 5.000,00. Determinar a taxa
correspondente.

C = 25.000,00
j = 5.000,00
15 n = 10 meses
i=?

Solução

j=Cxixn
i = J / C x n = 5.000,00/25.000,0 x10 = 0,02 ou 2% a. m.

20 A taxa para esse caso é de 2% a.m.

Exemplo 7: uma aplicação de R$ 50.000,00 pelo prazo de


180 dias obteve um rendimento de R$ 8.250,00. Indaga-se: qual
é a taxa anual correspondente a essa aplicação?

C = 50.000,00
25 j = 8.250,00
n = 180 dias
i=?

52
MATEMÁTICA APLICADA

Solução

i=j/Cxn
i = 8.250,00 / 50.000,00 x 180 = 0,00091667, ou 0,091667%
ao dia.
5 Taxa anual = 360 x 0,00091667 = 0,33 ou 33% a.a.

A taxa anual será de 33% a.a.

É muito importante lembrar que quando o prazo informado


for em dias, a taxa resultante dos cálculos será diária; se o prazo
for em meses, a taxa será mensal; se for em trimestre, a taxa
10 será trimestral, e assim sucessivamente5.

Juros compostos

Entendemos por juros compostos quando, no final de cada


período de capitalização, os rendimentos são incorporados ao
capital, gerando um novo capital, sobre o qual serão calculados
15 os rendimentos do período seguinte.
110,00 121,00 133,10

Operação 1 Operação 2 Operação 3 Operação 4


... 0 1 2
3
1 mês 1 mês 1 mês
10% a.m. 10% a.m. 10% a.m.

110,00 110,00 121,00 133,10

Os juros compostos são conhecidos, popularmente, como


“juros sobre juros”.

Vamos ilustrar a diferença entre os crescimentos de um


capital através de juros simples e juros compostos com um
20 exemplo:
MARQUES, Paulo. Exemplos 5, 6 e 7 disponíveis em www.geocities.
5

com/paulomarques_math/arq9-2.htm.

53
Unidade II

Suponha que $100,00 são empregados a uma taxa de 10%


a.a. Teremos:

Principal = 100 Juros simples Juros compostos


Nº de anos Montante simples Montante composto
1 100 + 0,1 (100) = 110 100 + 0,1 (100) = 110,00
2 110 + 0,1 (100) = 120 110 + 0,1 (110) = 121,00
3 120 + 0,1 (100) = 130 121 + 0,1 (121) = 133,10
4 130 + 0,1 (100) = 140 133,1 + 0,1 (133,1) = 146,41
5 140 + 0,1 (100) = 150 146,41 + 0,1 (146,41) = 161,05

Fonte: HAZZAN, Samuel; POMPEO, José Nicolau. Matemática financeira. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2001.

Observe que o crescimento do principal segundo juros


simples é linear, enquanto que o crescimento segundo juros
5 compostos é exponencial e, portanto, tem um crescimento
muito mais “rápido”. Isso poderia ser ilustrado graficamente da
seguinte forma:
C

Juros compostos

Juros simples
110

1 t

Na prática, as empresas, os órgãos governamentais e


investidores particulares costumam reinvestir as quantias
10 geradas pelas aplicações financeiras, o que justifica o emprego
mais comum de juros compostos na economia. Na verdade, o
uso de juros simples não se justifica em estudos econômicos.

Fórmulas de juros compostos6

O regime de juros compostos é o mais comum no sistema


15 financeiro e, portanto, o mais útil para cálculos de problemas do

6
Disponível em www.info.abril.com.br.

54
MATEMÁTICA APLICADA

dia a dia. Os juros gerados a cada período são incorporados ao


principal para o cálculo dos juros do período seguinte.

Chamamos de capitalização o momento em que os juros


são incorporados ao principal. Após três meses de capitalização,
5 temos:

• 1º mês: M = C (1 + i);

• 2º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior:


M = C (1 + i) (1 + i);

• 3º mês: o principal é igual ao montante do mês anterior:


10 M = C (1 + i) (1 + i) (1 + i).

Simplificando, obtemos a fórmula:

M = C (1 + i)n

Importante: a taxa i tem que ser expressa na mesma medida


de tempo de n, ou seja, taxa de juros ao mês para n meses.

15 Para calcularmos apenas os juros, basta diminuir o principal


do montante ao final do período:

J=M-P

Faremos mais exercícios, agora voltados para este tipo de


regime (juros compostos)

Aplicações

20 Exemplo 17: calcule o montante acumulado pela aplicação


de um capital de R$ 6.000,00 aplicado a juros compostos,
durante um ano, à taxa de 3,5% ao mês.
7
Disponível em www.feg.unesp.br.

55
Unidade II

Solução

C = R$ 6.000,00
t = 1 ano = 12 meses
i = 3,5 % ao mês = 0,035
5 M=?

Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos:

M = 6.000 (1+ 0,035)12


M = 6.000 (1,035)12
M = 6.000.1,5111 = 9.066,41

10 Portanto, o montante é R$ 9.066,41.

A taxa de juros está expressa ao mês, e o prazo está ao ano,


portanto, devemos converter o prazo da operação para a mesma
unidade de tempo.

Exemplo 2: determinar o valor atual de um contrato de $


15 30.000,00 com vencimento para quatro meses e através de uma
taxa de juros de 3% ao mês, capitalizados mensalmente.

Solução

M = R$ 30.000,00
t = 4 meses
20 i = 3 % a.m. = 0,03
C=?

Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos:

30.000 = C (1+ 0,03)4


C = 30.000 ÷1,034
25 C = 26.654,82

Portanto, o valor atual do contrato é: $ 26.654,82.

56
MATEMÁTICA APLICADA

Exemplo 3: uma loja financia um bem, no valor de


R$ 4.200,00, sem entrada, para pagamento em uma única
prestação de R$ 4.866,61 no final de cinco meses. Qual é a taxa
mensal cobrada pela loja?

5 C = R$ 4.200,00
M = R$ 4.866,61
t = 5 meses
i = ? mensal

Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos:

10 4.866,61 = 4.200. (1 + i)5


4.866,61 ÷ 4.200,00 = (1 + i)5
1,1587 = (1 + i)5
5 11587
, =1+i
1,0299 = 1 + i
15 i = 0,0299 = 2,99 % ao mês

A taxa mensal de juros cobrada pela loja é 2,99%.

Uma dica: normalmente, em fatores ou índices calculados


nas fórmulas, são colocadas de quatro a seis casas decimais e,
nos demais casos, duas casas decimais!

20 Exemplo 4: determine em que prazo um empréstimo de


$ 10.000,00 pode ser quitado em um único pagamento de
$ 11.261,62, sabendo que a taxa contratada é de 2% ao
mês.

C = R$ 10.000,00
25 M = R$ 11.261,62
i = 2% ao mês = 0,02
n=?

57
Unidade II

Solução

Substituindo os dados na fórmula M = C (1+i)n, temos:

11.261,62 = 10.000,00. (1 + 0,02)n


11.261,62 ÷10.000,00 = 1,02n
5 1,1262 = 1,02n

Aplicando logaritmo de base dez em ambos os membros e


com o uso de uma calculadora científica, temos:

log (1,1262) = log (1.02)n


0,0516 = n. log (1,02)
10 0,0516 = n. 0,0086
n = 6 meses

O prazo contratado foi de seis meses.

Exemplo 5: expresse o número de períodos n de uma


aplicação, em função do montante S e da taxa de aplicação i
15 por período.

Solução

Temos S = P(1+i)n
Logo, S/P = (1+i)n

Pelo que já conhecemos de logaritmos, poderemos escrever:


20 n = log (1+ i) (S/P).

Portanto, usando logaritmo decimal (base dez), vem:

log(S I P) log S − log P


n= =
log(1 + i) log(1 + i)

Temos também da expressão acima que n.log(1 + i) = logS


– logP.

58
MATEMÁTICA APLICADA

A partir desse exemplo, podemos perceber que o estudo


dos juros compostos é uma aplicação prática do estudo dos
logaritmos.

Exemplo 6: um capital é aplicado em regime de juros


5 compostos a uma taxa mensal de 2% (2% a.m.). Depois de
quanto tempo esse capital estará duplicado?

Solução

Sabemos que S = P (1 + i)n. Quando o capital inicial estiver


duplicado, teremos S = 2P. Substituindo, vem: 2P = P(1+0,02)n
10 [Obs: 0,02 = 2/100 = 2%].

Simplificando, fica: 2 = 1,02n, que é uma equação exponencial


simples.

Teremos, então: n = log1,022 = log2 /log1,02 = 0,30103 /


0,00860 = 35.

15 Portanto, o capital estaria duplicado após 35 meses (observe


que a taxa de juros do problema é mensal), o que equivale a dois
anos e onze meses.

Resposta: dois anos e onze meses.8

Fórmulas na HP 12C

20 Novamente, existem ferramentas em tecnologia de


informação que nos facilitam tais cálculos. Além do próprio Excel
da Microsoft, aqueles que trabalham no mercado financeiro
encontram tais ferramentas nas calculadoras HP, modelo 12C,
especialmente modeladas para esse tipo de cálculo matemático.
25 Seu manual é bastante claro e apresenta como fazê-los.

Na fórmula M = C (1 + i)n, o principal C é também conhecido


como valor presente (PV = present value), e o montante M
8
Exercícios 5 e 6 disponíveis em www.matematiques.sites.uol.com.
br/matematicafinanceira.htm.

59
Unidade II

é também conhecido como valor futuro (FV = future value).


Então, essa fórmula pode ser escrita como FV = PV (1 + i) n.
Isolando PV na fórmula, temos:

PV = FV / (1+i)n

5 Com essa mesma fórmula, podemos calcular o valor futuro


a partir do valor presente. Na sequência, mais fórmulas que
podemos obter diretamente de cada elemento a partir dos dados
iniciais do problema.

Na HP12C, o valor presente é representado pela tecla PV, e o


10 valor futuro é representado pela tecla FV. Vejamos as definições
a seguir:

Valor Futuro ⇒ FV = PV . (1 + i)n


FV
Valor Pr e sen te ⇒ PV =
(1 + i)n
Juros ⇒ J = PV . (1 + i)n − 1

15 (1 + i)n Fator de PV para FV (capitalização)


(1 + i)−n Fator de FV para PV (atualização)
FV
Taxa ⇒ i = n −1
PV
n
= 1 + inom  − 1
 
Taxa Efetiva ⇒ if
 n 
Taxa Equivalente ⇒ iq = n 1 + i − 1
 FV 
ln  
 PV 
20 Prazo ⇒ n =
ln(1 + i)

60
MATEMÁTICA APLICADA

Juro exato e juro comercial

É comum, nas operações de curto prazo, em que predominam


as aplicações com taxas referenciadas em juros simples, ter-se
o prazo definido em número de dias. Nesses casos, o número de
5 dias pode ser calculado de duas maneiras:

• pelo tempo exato: utilizando-se efetivamente o calendário


do ano civil (365 dias). O juro apurado dessa maneira
denomina-se juro exato;
• pelo ano comercial: o qual admite o mês com trinta dias e
10 o ano com 360 dias. Tem-se, por esse critério, a apuração
do denominado juro comercial ou ordinário.

Exemplo

12% a.a. equivale, pelos critérios enunciados, à taxa diária


de:

15 a) juro exato: 12/365 = 0,032877% ao dia.


b) juro comercial: 12/360 = 0,033333% ao dia.

Taxa proporcional e taxa equivalente

Taxa proporcional é aquela encontrada pela divisão da


taxa original pela quantidade de períodos existentes, iguais
20 ao da taxa desejada, dentro do período da taxa original.
Existem doze meses dentro de um ano. Para obtermos a
taxa proporcional mensal, dividimos a taxa anual por doze,
linearmente.

Taxa equivalente é aquela que produz o mesmo montante


25 que outra operação, com períodos de capitalização diferentes da
taxa original. Vejamos a seguir:

61
Unidade II

Duas taxas i1 e i2 são equivalentes, se aplicadas ao mesmo


capital C durante o mesmo período de tempo; através de
diferentes sistemas de capitalização, produzem o mesmo
montante final.

5 Seja o capital C aplicado por um ano a uma taxa anual ia.


O montante M ao final do período de um ano será igual a M =
C(1 + i a).

Consideremos, agora, o mesmo capital C aplicado por doze


meses a uma taxa mensal im. O montante M’ ao final do período
10 de doze meses será igual a M’ = C(1 + im)12.

Pela definição de taxas equivalentes vista acima, deveremos


ter M = M’. Portanto, C(1 + ia) = C(1 + im)12.

Disso, concluímos que

1 + ia = (1 + im)12

15 Com essa fórmula, podemos calcular a taxa anual equivalente


a uma taxa mensal conhecida.

Exemplo 19: qual é a taxa anual equivalente a 0,5% ao


mês?

Em um ano, temos doze meses, então, teremos:

20 1 + ia = (1 + im)12
1 + ia = (1,005)12
ia = 0,0617 = 6,17% ao ano.

Logo, 0,5% ao mês equivale a 6,17% ao ano.

Exemplo 2: qual é a taxa mensal equivalente a 6% ao


25 trimestre?
9
Disponível em www.algosobre.com.br/matematica-financeira/
capitalizacaocomposta.html.

62
MATEMÁTICA APLICADA

Em um trimestre, temos três meses, então, teremos:

1 + iT = (1 + iM)3
1 + 0, 06 = (1 + iM)3
1, 06 = (1 + iM)3
3 1, 06 = 1 + i
5 M
1, 0196 = 1 + iM
i = 0,0196 = 1,96% ao mês.

Logo, 6% ao trimestre equivalem a 1,96% ao mês.

Referências bibliográficas

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HAZZAN, Samuel. Fundamentos de matemática elementar:


conjuntos, funções. vol.1. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

HAZZAN, Samuel; POMPEO, José Nicolau. Matemática


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JUER, Milton. Matemática financeira: praticando e aplicando.


São Paulo: Qualitymark, 2003.

MORETTIN, Pedro Alberto; HAZZAN, Samuel; BUSSAB, Wilton O.


Cálculo: funções de uma e várias variáveis. São Paulo: Saraiva,
2003.

MUROLO, Afrânio Carlos; BONETTO, Giacomo. Matemática


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SILVA, Sebastião Medeiros da; SILVA, Élio Medeiros da; SILVA,


Ermes Medeiros da. Matemática para os cursos de economia,
administração e ciências contábeis. São Paulo: Atlas, 1999.

63
Unidade II

__________. Matemática básica para cursos superiores. São


Paulo: Atlas, 2002.

WEBER, Jean E. Matemática para economia e administração. 2.


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64

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