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ª e 4a partes
Por si só: muita gente desconhece que a última palavra dessa expressão (só) flexiona quando
nos referimos a mais de uma coisa ou pessoa. Ex.: As declarações do autor, por si sós, já o
incriminaram.
Prazo determinado ou indeterminado: quando se fala ou escreve a palavra prazo, tem-se de
imediato a ideia de tempo determinado. Se não se fixa a duração de um certo contrato, então
não existe prazo. Por conseguinte, a expressão prazo determinado constitui um pleonasmo
(seria como: tempo determinado determinado). Prefira usar: contrato por tempo determinado,
contrato de duração determinada ou, simplesmente, contrato a prazo. Pela mesma razão,
também é incorreto fazer-se referência a contrato por prazo indeterminado. Dê preferência a
contrato por tempo indeterminado.
Protocolizar _ protocolar: em Portugal, há preferência em empregar o verbo protocolizar no
sentido de registrar ou inscrever no protocolo. Contudo, no nosso País, consagrou-se o uso de
protocolar com esse significado. Não constitui erro, portanto, optar-se pela segunda forma. Vale
lembrar que o vocábulo protocolar pode vir a figurar na frase como adjetivo: Eram regras
protocolares rígidas. Nesse sentido, deriva de protocolo, aqui tomado na acepção de
formalidade, etiqueta, cerimonial.
Remição _ remissão: os arts. 787 a 790 do CPC regulamentam a figura jurídica da remição
(com c cedilhado). Esse substantivo deriva do verbo remir, que significa resgatar, livrar, libertar,
salvar, tirar do poder alheio. Ex.: O cônjuge pode requerer a remição dos bens penhorados do
devedor. O outro substantivo, que deve ser escrito com dois ss, tem origem no verbo remitir,
cujas acepções são as seguintes: perdoar, desistir, não exigir, devolver, restituir, dar-se como
pago. Ex.: Pediu a Deus a remissão dos seus pecados.
Restar: recomenda-se evitar o uso desse verbo com o significado de ficar ou de estar. São
incorretas, pois, frases comumente encontradas em requerimentos e decisões como: Restou
provado que... Prefira: Ficou provado que... Restar, que deriva do substantivo resto, possui
acepções diferentes: sobrar, faltar para fazer ou completar, subsistir como resto, sobreviver.
Estudiosos explicam que o erro resulta da influência francesa, uma vez que, na língua de
Voltaire, o verbo rester significa ficar.
Sine qua non _ sine quibus non: quando afirmamos que a observância de determinado
procedimento ou fato é condição sine qua non, estamos declarando "sem a qual nada é
possível." Trata-se de uma expressão latina bastante em voga na linguagem forense. O que
muitos profissionais desconhecem é que, sendo mais de uma condição, tal expressão também
vai para o plural. Assim, passa-se a usar: condições sine quibus non.
Usucapião: por estranho que pareça, essa é uma palavra do gênero feminino. Vem do latim,
estando associada a posse, a propriedade.
Viger: trata-se de um verbo defectivo que somente deve ser conjugado nas formas em que o g
está seguido de e. Assim, são corretas frases como: Esse decreto ainda vige. Errado, porém: A
norma coletiva não mais vigia na época em que...
Morfologia
Para a construção do saber, o homem parte invariavelmente dos elementos mais simples para
os mais complexos. O estudo da morfologia, que analisa a palavra em sua forma, é
fundamental para a compreensão da sintaxe, que considera a palavra em relação, e para a
própria investigação estilística.
Morfologia: do grego morphé, "forma"; logos, "tratado" e sufixo ia.
Classes de palavras
Em Português, há dez classes de palavras. Seis são variáveis e quatro invariáveis.
São variáveis:
a) substantivo _ gênero, número e grau
b) adjetivo _ gênero, número e grau
c) artigo _ gênero e número
d) numeral _ gênero e número
e) pronome _ gênero, número e pessoa
f) verbo _ tempo, modo, pessoa, número e voz
São invariáveis
g) advérbio
h) preposição
i) conjunção
j) interjeição
Gênero: masculino e feminino
Número: singular e plural
Grau: aumentativo e diminutivo
Dica: na expressão oral, o advérbio flexiona-se em grau. "Encontrei-o agorinha mesmo."
Pronome (parte 1)
É a palavra que tem a capacidade de substituir o substantivo ou a ele se referir, considerando-o
como pessoa do discurso (a pessoa que fala _ 1ª; a pessoa com quem se fala _ 2ª; a pessoa
de quem se fala _ 3ª).
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais designam diretamente as pessoas do discurso.
Caso reto (função subjetiva): Eu
Caso oblíquo (função objetiva): me (átonos); mim, comigo (tônicos)
Dica: os pronomes pessoais do caso reto são empregados na função de sujeito. Seu emprego
na função de complemento (objeto) é considerado errado. Ex.: Encontrei ele ontem à noite
(errado). Encontrei-o ontem à noite (certo).
Dica: quando precedidos de preposição (exceto os pronomes eu e tu), os pronomes retos
funcionam como complemento. Não há, portanto, erros em construções como:
Ele não gosta de nós.
Darei a ele o recado imediatamente.
Diga a ela que não irei ao circo.
Observação: há ainda os pronomes pessoais de tratamento (revelam, no trato social, a relação
que se estabelece: de proximidade, de cerimônia, de cortesia).
Você _ tratamento familiar, próximo, íntimo.
Meritíssimo _ magistrados.
Senhor, Senhora _ cerimonioso, respeitoso.
Vossa Excelência (V.Ex.ª) _ altas autoridades.
Pronome (parte 2)
Pronomes possessivos
Os pronomes possessivos indicam posse, ou seja, em relação às pessoas do discurso, indicam
a quem o(s) objeto(s) pertence(m).
1ª pessoa do singular (EU) _ meu, meus, minha, minhas.
2ª pessoa do singular (TU) _ teu, teus, tua, tuas.
3ª pessoa do singular (ELES, ELAS) _ seu, seus, sua, suas.
1ª pessoa do plural (NÓS) _ nosso, nossos, nossa, nossas.
2ª pessoa do plural (VÓS) _ vosso, vossos, vossa, vossas.
Pronomes demonstrativos
São aqueles que demonstram a posição de um objeto no espaço, tendo como ponto de
referência as pessoas do discurso.
Objeto próximo à pessoa que fala (1ª pessoa _ EU) _ este, esta, isto.
Objeto próximo à pessoa com quem se fala (2ª pessoa _ TU) _ esse, essa, isso.
Objeto distante de ambas as pessoas (a que fala e a com quem se fala), corresponde à 3ª
pessoa _ aquele, aquela, aquilo.
Pronomes indefinidos
Referem-se de modo vago, impreciso, à terceira pessoa.
Todo, todos, toda, todas, tudo.
Algum, alguns, alguma, algumas, alguém,algo.
Nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas, ninguém, nada.
Outro, outra, outrem.
Muito, muitos, muita, muitas.
Pouco, poucos, pouca, poucas.
Mais, menos, bastante, bastantes.
Certo, certos, certa, certas.
Cada, qualquer, quaisquer.
Tanto, tantos, tanta, tantas.
Demais (os demais, as demais).
Vários, várias.
Que, quem.
Locuções pronominais
Grupos de palavras que equivalem a um pronome. P.ex..: cada qual, cada um, quem quer que
seja, seja quem for.
Pronomes interrogativos
São pronomes indefinidos que aparecem em frases interrogativas diretas ou indiretas. P.ex.:
Quem? Quê? Qual?Quantos?
Pronomes relativos
Estabelecem relação com um antecedente (substantivo ou pronome) e introduzem oração
subordinada adjetiva.
Que (= o qual, a qual, os quais, as quais).
O qual, a qual, os quais, as quais.
Cujo, cujos, cuja, cujas.
Onde, aonde.
Quem (precedido de preposição).
Quanto.
Advérbio
Advérbio é a palavra que modifica o verbo, adjetivo ou outro advérbio.
Ele escreve bem (bem, advérbio, modifica o verbo escrever).
Ele escreve muito bem (muito, advérbio, modifica o advérbio bem, pois o intensifica).
Ele é muito simpático (muito, advérbio, modifica o adjetivo simpático, intensificando-o).
Locução Adverbial
Locução adverbial é a expressão formada por preposição + substantivo que tem o valor de um
advérbio.
Ex.: Aja com cautela (com cautela = cautelosamente).
Chegamos à faculdade atrasados (à faculdade = aqui ou ali).
Como os advérbios exprimem circunstâncias, normalmente nós as identificamos. Assim, temos
os advérbios ou as locuções adverbiais de:
a) Tempo: agora, hoje, ontem, sempre, nunca, jamais, brevemente, raramente etc.
b) Lugar: abaixo, acima, cá, ali, lá, além, aquém, algures, alhures, nenhures etc.
c) Intensidade: muito, pouco, meio, completamente, demais, tão, bastante etc.
d) Modo: bem, mal, assim, calmamente, afoitamente etc.
e) Afirmação: sim, certamente, deveras, realmente, efetivamente etc.
f) Negação: não.
g) Dúvida: talvez, provavelmente etc.
h) Várias outras circunstâncias que o contexto determina.
Crase (parte 1)
Crase é o nome que se dá à fusão de duas vogais iguais. Em gramática, é a fusão de:
a (preposição) + a (artigo feminino)
a (preposição) + a (vogal inicial dos demonstrativos aquele, aquela, aquilo)
a (preposição) + a (pronome demonstrativo).
Se a crase é a soma de a (preposição) + a (artigo feminino), podemos concluir que a crase só
ocorre diante de palavra feminina. Essa é a regra geral.
A fim de saber se ocorre a crase diante de uma palavra feminina, há uma prática bastante
eficiente que consiste em substituir a palavra feminina por uma palavra masculina. Se após a
substituição encontrarmos a forma ao (combinação da preposição a + artigo o), haverá crase. Se
encontrarmos apenas "a" ou "o", não haverá crase.
Vejamos se está correto o acento grave, indicativo de crase, na frase abaixo.
Dirigi-me à funcionária que estava de plantão.
Funcionária _ palavra feminina; admite, portanto, o artigo a.
Resta saber se há também a preposição.
Se substituirmos a palavra funcionária por funcionário, teremos a seguinte frase:
Dirigi-me ao funcionário que estava de plantão.
Isso significa que há crase.
Crase (parte 2)
Casos importantes
1. Não ocorre a crase diante:
de verbos _ Começou a chover.
de palavras masculinas _ Andei a cavalo.
de pronomes de tratamento _ Eu disse a você que isso aconteceria.
de pronomes pessoais _ Eu disse a ela o que aconteceu.
de expressões formadas por palavras que se repetem _ Ficaremos cara a cara.
do pronome relativo (com exceção do relativo a qual) _ A peça a que assistimos empolgados
saiu de cartaz.
da palavra casa, quando não está adjetivada _ Vou a casa e volto logo.
Observação: Se a palavra casa estiver adjetivada, ocorrerá a crase _ Vou à casa de meu avô e
volto logo.
2. É facultativa a crase
diante de pronomes possessivos femininos _ Eu disse à sua tia que não poderia ir à festa ou Eu
disse a sua tia que não poderia ir à festa.
diante de nomes próprios femininos _ Eu disse à Vera que o problema era grave ou Eu disse a
Vera que o problema era grave.
3. A crase é obrigatória
diante de numerais que indicam horas _ Encontrei exatamente às duas horas da tarde. Esta loja
fechará à zero hora.
Alfabeto
1. Incorporação, no alfabeto da língua portuguesa, das letras K, Y e W.
ANTES DO ACORDO
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A PARTIR DO ACORDO
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Observação: antes do acordo, as letras K, Y e W não faziam parte do alfabeto do português,
aparecendo em casos especiais (abreviaturas e estrangeirismos); a partir do acordo passam a
vigorar oficialmente em nosso alfabeto.