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IMPACTOS PRODUZIDOS DURANTE A IMPLANTAÇÃO DE GASODUTO NUM

TRECHO DO PANTANAL NORTE, CÁCERES-CUIABÁ, MATO GROSSO,


BRASIL. Rieder1, A.; Rieder2, J. C. D.; Nusa3, B. A.; Mendes3, A. C. De J. & Brito3,
U.M. de S. (1UNEMAT-Dep.Matemática, Cáceres, MT; 2UNIC-Cuiabá, MT; 3UNEMAT-TV Taiamã; Cáceres,
MT). E-mail: rieder@terra.com.br

Intervenções ambientais, se mal planejadas, podem produzir resultados danosos. Ações


impactantes, recentes e de larga penetração no território brasileiro, são as linhas do
gasoduto Bolívia-Brasil. Este trabalho objetivou estudar os impactos produzidos pelas obras
de implantação de gasodutos, num trecho do Pantanal Norte, Cáceres-Cuiabá, Mato Grosso.
O trabalho foi desenvolvido em um trecho (P1: 15° 56’ 59” S; 57° 19’ 15” O e P2:15° 57’
23” S; 57° 18’ 14”O) do Ramal Cuiabá, denominado Nova Flexas(NF), comunidade
pertencente ao município de Cáceres, entre 2000-01. Retratou-se, periodicamente, o
ambiente local antes e durante a execução das obras por meio de depoimentos de
integrantes da comunidade, via relatos descritivos, escritos, como também filmagens,
fotografias, comunicações e contatos com autoridades relacionadas. Foram entrevistados
moradores antigos e tradicionais, bem como os mais recentes (desde1980-90). O local era
caracterizado por vegetação mesclada de campo, cerrado e mata ciliar; flora variada
(Gramíneas, Palmáceas, Bignoniáceas, Leguminosas, Meliáceas, Apocináceas,
Anacardiáceas, Euforbiáceas, entre muitas outras) e fauna diversa (Répteis, Mamíferos
silvestres, Peixes, Aves, Insetos, Aracnídeos, entre outros), com algumas espécies em
extinção (Ex: aroeira (Astronium), cedro (Cedrela), mogno (Swietenia), barbatimão
(Stryphnodendrum); onça pintada (Panthera onça), anta(Tapirus terrestris) arara azul
(Anodorhynchus hyacinthinus)) recursos hídricos abundantes; solos diversos (Alissolos,
Argissolos, Luvissolos, Neossolos); relevo acidentado e com apenas atividades antrópicas
típicas de agricultura familiar com manejo A. Pode-se afirmar que no trecho estudado
predominava uma interação equilibrada do homem com estes ecossistemas. Com a
implantação do gasoduto, uma faixa (≥20 m, as vezes assimétrica) às adjacências da linha,
sofreu remoção da flora e fauna, de camadas de solo, sub-solo, destruição e remoção da
rocha matriz. Para a construção de um túnel sob a Serra Palmeiras foram feitos furos (> 5)
profundos (> 400 m), provocando o vazando água subterrânea. Desta forma, ambientes
vizinhos à faixa do gasoduto foram extremamente alterados e a recomposição só foi
providenciada parcialmente após a conclusão da obra (> 2 anos depois). Vários resíduos
sólidos de lenta decomposição (materiais metálicos e plásticos como embalagens, copos,
faixas e sacos plásticos, arames) foram jogados nas adjacências e nos cursos de água,
poluindo estes ambientes. Obras mal feitas (pontes, passagens, barreiras anti-erosão) não
resistirem às chuvas e enchentes, produzindo destruições também à jusante. Situações de
constrangimentos (proibição aos sitiantes de vestimenta de trajes femininos habituais, como
bermuda, dentro das propriedades atingidas pelo gasoduto) e de desrespeito com a
comunidade atingida ocorreram em várias ocasiões (invasão de áreas fora da faixa do
gasoduto, destruição de benfeitorias – cercas, plantios, reservas, e execução de obras não
autorizadas ou em desconformidade a acordos – represas, tanques de deposição,
motobombeamento). Notificações ao ministério público (MP) não produziam efeito
recebendo atenção, apenas de forma parcial e tardia, após muito desgaste psicológico
(longas esperas e desdém nos atendimentos). Conclui-se que o ambiente, os valores e
interesses das comunidades locais foram desrespeitados em seus aspectos mais elementares
pelos agentes da obra do gasoduto. Espera-se que estes programas se aprimorem através de
acordos prévios com as comunidades atingidas, fiscalizados em sua execução por comitês
mistos de representantes de órgãos competentes e das comunidades.

Palavras-chave: Bacia do Alto Paraguai, gasoduto, impactos ambientais, Pantanal.

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