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Texto (vol.1)
Culturas hibridas
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associação de vizinhos, o comitê político etc. - que antes se interligavam com
uma continuidade utópica dos movimentos políticos nacionais, estão cada vez
mais desarticuladas enquanto representação política. Isso se deve, dentre
outros fatores, às dificuldades dos grupos políticos para convocarem trabalhos
coletivos, não rentáveis ou de duvidoso retorno econômico - e é cada vez mais
imperativo o adágio : "tempo é dinheiro". Os critérios mais valorizados são os
que se ligam à rentabilidade e eficiência. O tempo livre dos setores populares,
coagidos pelo subemprego e pela deteriorização salarial, é ainda menos livre
por ter que preocupar-se com o segundo, ou terceiro trabalho, ou em procurá-
los. A maior relevância da mídia, hoje, nesse sentido, é por se tornar a grande
mediatizadora ou até substituta de interações coletivas. A participação de
camadas periféricas relaciona-se cada vez mais com uma espécie de
"democracia audiovisual", em que o real é produzido pela imagens da mídia.
Da idéia de urbanidade e teleparticipação, o autor passa a investigar a questão
da memória histórica, desfazendo a perspectiva linear de que a cultura massiva
e midiática substitui a herança do passado e as interações públicas. Nesse
sentido, investiga a presença dos monumentos e a sua relação ambivalente em
meio as transformações da cidade. O monumentos não são mais
os cenários que legitimam o culto do tradicional, abertos à dinâmica urbana
facilitam que a memória interaja com a mudança, que os heróis nacionais a
revitalizam graças à propaganda ou ao trânsito: continuam lutando com os
movimentos sociais que sobrevivem a eles.
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nacionalista e cosmopolita, ao enfatizar a descentralização das empresas e a
disseminação dos produtos simbólicos pela eletrônica e pela telemática, o uso
de satélites e computadores na difusão cultural também impedem de continuar
vendo os confrontos dos países periféricos como combates frontais com
nações geograficamente definidas. É importante esclarecer, para destituir a
idéia de maniqueísmo, que a difusão tecnológica também permitiu a países
dependentes registrarem um crescimento notável de suas exportações
culturais, basta lembrar do crescimento da produção cinematográfica e
publicitária do Brasil nos últimos anos.
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personagem acaba por entrar numa manifestação popular, pensando se tratar
de uma procissão, porém, na verdade, se tratava de um movimento grevista de
policiais. A frase conclusiva que encerra a tira, dita por outro personagem que
presencia toda a aflição do protagonista, é emblemática do momento pós-
moderno: "A gente nunca sabe onde vai estar metido no dia de amanhã".