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Aprovado em...................
BANCA EXAMINADORA
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Profª Doutora Luci Bonini
Universidade de Mogi das Cruzes
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Prof°
Universidade de Mogi das Cruzes
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Prof°
Universidade de Mogi das Cruzes
Dedicatória
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................10
2. A BOSSA NOVA E SEUS REFLEXOS CULTURAIS...........................11
2.1 A história da bossa nova..................................................................................11
2.1.1 Rio de Janeiro na década de 50.................................................................11
2.1.2 João Gilberto............................................................................................ 12
2.1.3 Os boêmios e seus encontros.................................................................... 14
2.1.4 Surgimento da Bossa Nova...................................................................... 17
2.2 Garota de Ipanema, sua história e repercussão......................................... 21
2.2.1 Vinicius de Moraes.................................................................................. 22
2.2.2 Tom Jobim............................................................................................... 23
2.2.3 Criação da música Garota de Ipanema, a escolha da musa..................... 25
2.2.4 Exportação............................................................................................... 28
2.3 A Repercussão.................................................................................................. 31
2.3.1Carnegie Hall e as grandes parcerias........................................................ 34
2.3.2 Bossa Nova nos dias atuais...................................................................... 37
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 44
4. REFERÊNCIAS................................................................................................. 45
1. Introdução
De acordo com o site do Itaú Cultural, a Bossa Nova foi considerada em 2007
patrimônio cultural carioca, pela renovação musical que causou e por ter se expandido por
todo o mundo. Na década de 50 o Rio de Janeiro estava vivendo um momento de grande
euforia e foi em 1958 que a seleção brasileira era a campeã de copa do mundo. A
industrialização anunciava novos trabalhos e confortos modernos, e o então presidente
Juscelino Kubistchek estava para inaugurar uma nova capital no centro do país. Os jovens por
sua vez, estavam passando por um processo de mudança em seus modos de vestir, cantar e
fazer cinema. Esta renovação musical teve influência do pós-guerra e estava começando a
forte presença da televisão nos meios de comunicação, aumentando a participação de
intelectuais junto às bases populares da música brasileira, melhoria econômica da população e
apelo nacionalista iniciada pelo governo Getúlio Vargas.
Os conceitos de beleza também estavam mudando, Brigitte Bardot e Merlin Monroe se
tornaram padrões de beleza da época. E foi nesse período também que o cinema dava o seu
ponta-pé inicial com o produtor Nelson Pereira dos Santos e sua obra “Rio Zona Norte”, o
artista plástico Candido Portinari estava despontando como o pioneiro nas artes plásticas no
século XX. Foi então que o pianista e arranjador Tom Jobim juntamente com Billy Blanco
compuseram para o Rio, a música “A Sinfonia do Rio de Janeiro”.
“ O Brasil naquela época era um país mais acomodado, romântico, as pessoas eram
mais generosas. Eu acho que não tinha tanta agressão mas hoje, é tudo mais
agressivo e as músicas também ajudam um pouco, com essas “pancadas” mais fortes
que as pessoas ficam mais energizadas talvez façam com que elas se desequilibrem
um pouco. O Brasil de hoje é um país com revoluções e maneiras diferenciadas
daquela época que amei tanto e tenho muitas saudades.” E completa: “Toda música é
válida mas a Bossa é eterna”
Walter Garcia em seu livro Bim Bom: a contradição sem conflitos de João Gilberto,
publicado em 1999, relatado também no site do Itaú Cultural, conta que João Gilberto nasceu
em uma família próspera do interior da Bahia. João Gilberto desde cedo demonstra
considerável desinteresse pelas aulas do colégio, sobretudo quando, aos 14 anos, ganhou seu
primeiro violão, que passou a consumir-lhe sistematicamente as atenções. Influenciado pelos
artistas que ouvia na praça pública de Juazeiro, o jazzista Duke Ellington, Dorival Caymmi,
Orlando Silva ou o grupo vocal Anjos do Inferno. Um ano depois, João Gilberto se tornou
integrante de um conjunto musical que desfrutaria de relativo sucesso, se apresentando em
bailes e clubes da região. Aos 18 anos, foi para Salvador tentar a sorte no rádio e trabalhar
como crooner, mas logo se transfere para o Rio de Janeiro.
Depois de um ano no Rio, como vocalista do grupo Garotos da Lua, foi expulso do
conjunto por se atrasar freqüentemente para os ensaios e apresentações. Freqüentador das
noites cariocas, conheceu músicos como Johnny Alf, João Donato, Dolores Duran e Tom
Jobim, que seria decisivo em sua carreira. Gilberto gravou o primeiro 78 rotações, como
solista, em 1952, pela gravadora Copacabana, no qual registrou a canção Quando Ela Sai
(Alberto Jesus e Roberto Penteado) e Meia Luz (Hianto de Almeida e João Luiz), sem obter
grande repercussão. Integrou esporadicamente outros grupos vocais, como o Quitandinha,
Serenaders e Anjos do Inferno, entre 1953 e 1954.
De acordo com o site do Itaú Cultural, que baseia-se também no livro Chega de
Saudade de Ruy Castro (1990),foi por intermédio de um amigo de Quitandinha que em 1955,
ele viajou para uma temporada em Porto Alegre. A estadia na capital gaúcha, foi interrompida
por novas viagens, a primeira para Diamantina, Minas Gerais, na casa de uma de suas irmãs,
onde estudou acordes, levadas e canto, e a segunda para a Bahia (Juazeiro e Salvador). De
volta ao Rio, retomou o contato com Jobim, que o convidou a participar, como violonista, da
gravação de duas faixas do LP Canção do Amor Demais (Festa, 1958), de Elizeth Cardoso.
Poucos meses depois, João Gilberto gravou, pela gravadora Odeon, um 78 rotações
com as faixas Chega de Saudade e Bim Bom, Ruy Castro conta como Tom mais uma vez
intercedeu em nome de João junto à Odeon, especialmente por meio do amigo Aloysio de
Oliveira, na época diretor artístico da empresa. Assim o compacto é trabalhado
comercialmente, enquanto o LP Chega de Saudade de 1959 (ver fig. 2) é preparado em
estúdio.
Fica claro no livro de Ruy Castro, que não poderíamos falar em Bossa Nova, sem citar
os principais nomes do movimento. Entre esses compositores, instrumentistas , amantes do
jazz americano e da música erudita, que tiveram participação efetiva no surgimento da Bossa
Nova, estão: Antonio Carlos Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto, Carlos Lyra, Roberto
Menescal, Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, Baden Powell, Luizinho Eça, os irmãos Castro
Neves, Newton Mendonça, Chico Feitosa, Lula Freire, Durval Ferreira, Sylvia Telles,
Normando Santos, Luís Carlos Vinhas e muitos outros. Todos eles jovens, e cansados do
estilo operístico que dominava a música brasileira até então, buscavam algo realmente novo,
que traduzisse seu estilo de vida e que combinasse mais com o seu apurado gosto musical,
conseguiram então unir a alegria do ritmo brasileiro às sofisticadas harmonias do jazz
americano.
Ruy Castro narra em sua obra que o principal ponto de encontro dos músicos era o
apartamento de Nara Leão (ver fig3), cantora, violonista e considerada a musa do movimento.
Nara morava na Zona Sul do Rio de Janeiro, em Copacabana.
Apesar da efetiva participação na criação da Bossa Nova, Nara Leão fez sucesso no
lançamento do seu primeiro disco, em 1964, onde a cantora surpreendeu com o resgate de
músicas de sambistas como Cartola e Nelson Cavaquinho, e de músicas engajadas, fugindo da
temática da Bossa Nova, que só tratava de temas como o sorriso, o amor e o mar. Percebemos
que Nara, se desiludiu com a ideologia da Bossa Nova, ideologia essa que fazia parte da sua
realidade, já que vivia em apartamentos de classe média e não tinha contato com a realidade
dos morros cariocas. Quando começou a perceber que no mundo também existia fome e
violência, ela rompeu com Bossa Nova, e passou a contar músicas de protesto. Isto, de acordo
com uma declaração da própria Nara Leão, em um curta metragem que pôde ser assistido na
exposição Bossa na Oca, no parque Ibirapuera em são Paulo, que comemorava os 50 anos da
Bossa Nova. Nara leão declarou também que estava cansada da Bossa Nova, no lançamento
do seu segundo LP, o Opinião de Nara (1962).
Antes disso, durante os encontros que precediam o surgimento da Bossa Nova, nascia
a “turma” dos boêmios, que cantavam músicas como Uma batida diferente de Durval de
Andrade, sempre acompanhadas por violão e piano, como foi relatado por Eliane Lobato e
Aziz Filho em uma matéria da revista ISTOÉ, especial 50 anos da Bossa Nova, disponível no
site www.terra/istoé. Um dos primeiros a freqüentar o apartamento de Nara foi Roberto
Menescal, instrumentista e produtor e um dos principais compositores do início da Bossa
Nova. Carlos Lyra (ver fig. 4), cantor, compositor e violonista, também morava em
Copacabana, conheceu Menescal no colégio e também passou a freqüentar o apartamento de
Nara.
Uma matéria da revista Caras, edição especial de Junho de 1996, disponível no site
“Cifrantiga” conta que além das reuniões na casa de Nara Leão, a turma também freqüentava
os bares e boates onde se apresentavam Dick Farney, (pianista, compositor e intérprete, tocava
músicas como “copacabana”, mas com claras influências da música americana) Lúcia Alves,
Johnny Alf, Tito Madi, João Donato e Dolores Duran. Percebemos que o jazz americano
através principalmente de Dick Farney, começava a influenciar os pioneiros do movimento, e
podemos confirmar isso com a declaração de Carlos Lyra no mesmo site: "Eles foram os
precursores da Bossa Nova, prepararam o terreno para a gente".
Os músicos cariocas que tinham em comum o gosto musical e a vontade de
transformar a música brasileira começavam, de encontro em encontros a se conhecer. Entre
esses encontros surge Ronaldo Bôscoli, jornalista e compositor, que passa a freqüentar o
famoso apartamento, sempre acompanhado do amigo Chico Feitosa, colaborador em sua
primeira composição, Fim de Noite.
Ainda segundo a mesma matéria da revista Caras, Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli se
conheceram em 1954 e logo se tornaram parceiros. Fim de Noite foi apenas uma das
composições criadas pelos dois no primeiro apartamento que dividiam em Copacabana, que
também faz parte da história da Bossa Nova. Ali moravam oficialmente Chico e Ronaldo, mas
sempre haviam hóspedes circunstanciais, como o compositor paulista Caetano Zama, o
pianista Pedrinho Mattar e Luiz Carlos Miéle.
Ruy Castro cita como um dos hóspedes mais ilustres, o próprio João Gilberto (criador
da batida diferente da bossa nova), que chegou para passar alguns dias e acabou ficando
meses. Mas na verdade nenhum deles se incomodava muito com aquilo, uma vez que eram
invariavelmente despertados pelo violão de João Gilberto.
Da casa de Chico Feitosa, os músicos foram para o apartamento de Nara Leão, mostrar
Ô-ba-la-lá, composição de João Gilbeto e uma das primeiras que continham a famosa batida
diferente. João encantou a “turma” com seu jeito revolucionário de tocar violão, que os
libertava do samba quadrado que até então era o que de melhor se produzia na música
brasileira. Castro diz que a partir de então, João Gilberto passou não só a fazer parte da turma,
mas também a liderar espiritualmente o movimento. “Todo mundo queria aprender a tocar
como ele”. Disse Chico Feitosa, na matéria da revista Caras, que foi um dos poucos que
conseguiu ter aulas com o próprio João Gilberto, na época em que João esteve hospedado em
sua casa.
No meio da década de 50, em Copacabana, algumas casas noturnas eram o esconderijo
da considerada “boa música” lembra Ruy Castro em Chega de saudade (2008). Uma delas era
um pequeno barzinho chamado Tudo Azul (pela cor dominante de sua decoração interior),
Tom Jobim era o pianista efetivo, e figuras conhecidas da noite do Rio não deixavam de
aparecer por lá. Havia também o Clube Tatuís, em Ipanema, onde se apresentavam grandes
violonistas e volta e meia Tom Jobim aparecia para uma "canja". Castro descreve também que
mais tarde, no início da década de 60 um conjunto de casas noturnas ficaria conhecido como
“templo da Bossa Nova”; era o Beco das garrafas (ver fig. 5), que abrigava os amantes da
Bossa Nova e onde se apresentavam músicos amadores e profissionais.
fig. 5 O nome Beco das Garrafas surgiu devido à prática dos moradores de
jogar garrafa nos boêmios que freqüentavam os bares Ma Griffe, Bacará,
Little Club e Bottle's, reduto dos músicos do movimento Bossa Nova.
Fonte:www.cifrantiga.com
Roberto Menescal conta no livro Agenda 2008 - 50 anos de Bossa Nova disponível no
site Digestivo Cultural que no final da década de 50, a música brasileira vivia sua fase de
melancolia. “Ouvíamos e cantávamos sambas-canções que diziam ‘Ó Deus como sou infeliz’,
ou ‘ninguém me ama, ninguém me quer’. Imaginem nós, com 20 anos de idade cantando todo
esse sofrimento!”.Lembra Roberto Menescal.
Notamos aqui, que as músicas cantadas naquela época não relatavam a realidade
daqueles jovens e tampouco o momento de esperança que o país vivia, era realmente
necessário que houvesse uma mudança no estilo musical, e percebemos com declarações dos
próprios precursores do movimento: “A juventude daquela época precisava de músicas mais
leves, mais otimistas”, lembra Carlos Lyra. E foi a partir dessa necessidade de mudança que
começaram a surgir as primeiras manifestações do movimento musical Bossa Nova.
De acordo com Ruy Castro, em Chega de Saudade, foi nesse cenário, em apartamentos
da classe média de Copacabana, que os jovens músicos se reuniam para cantar e tocar e
buscavam músicas que relatassem melhor o seu cotidiano e de tanto buscar algo diferente
acabaram achando. João Gilberto, um dia apareceu com uma batida que misturava o Samba
tradicional com a música americana. Diz ainda, que possivelmente essa batida surgiu depois
do encontro com João Donato, que já fazia no acordeão, praticamente a mesma coisa que João
Gilberto passaria a fazer no violão.
A maioria dos que relatam a Bossa Nova, definem a palavra “bossa” como uma gíria
carioca que na época significava “jeito”, “maneira”. Para Walter Garcia, músico e pesquisador
da Bossa Nova, em seu livro Bim Bom: a contradição sem conflitos de João Gilberto (1999),
a palavra bossa significava “lábia” na gíria do Rio de Janeiro, e quando se cantou “[...] isto é
bossa nova”, a expressão ampliou o sentido da palavra. Essa expressão surgiu em oposição a
tudo aquilo que o grupo dos jovens percussores do movimento consideravam superado, ou
velho.
Mas o novo ritmo não agradou a todos e foi chamado de "um inseticida sonoro", pelo
maestro Guerra Peixe. O cantor Sylvio Caldas afirmou: "Vai passar porque carece de
categoria". O sambista Moreira da Silva debochou. "Não gosto de goteira", disse, referindo-se
à batida ritmada de João Gilberto; como foi relatado por Eliane Lobato e Aziz Filho em
ISTOÉ, na já citada matéria comemorativa dos 50 anos da Bossa Nova. Mas apesar da
reprovação de algumas pessoas a Bossa Nova contaminou o cenário com Tom Jobim, Vinicius
de Moraes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Nara Leão, entre outros, e a
Bossa Nova se tornou o gênero musical brasileiro mais famoso no mundo.
Durante as preparações para a gravação de Corcovado, Tom Jobim e João Gilberto
tratavam no primeiro verso: "Um cigarro e um violão / Este amor, uma canção." Até que João
Gilberto diz: “Tonzinho, essa coisa de um cigarro... Não devia ser assim. Cigarro é uma coisa
ruim. Que tal se você mudasse para um cantinho e um violão?” João Gilberto era ex-fumante
e Tom fumava três maços por dia. Esse simples fato, narrado no livro Chega de saudade, de
Ruy Castro, modificou uma das canções mais importantes da Bossa Nova.
Entendemos aqui, que definitivamente, a Bossa Nova não era somente um novo jeito
de tocar, mas uma revolução musical e cultural, cujo ritmo podia até lembrar uma goteira, mas
eram delicados ao ponto de se preocuparem em não incentivar o tabagismo.
A nova música era totalmente diferente das canções melodramáticas, sombrias. As
letras das canções passavam a dizer: “há menos peixinhos a nadar no mar/ do que os beijinhos
que eu darei na sua boca”, acompanhando João Gilberto em Chega de saudade, canção que
ele lançou num disco compacto em 1958, nada seria como antes. “Ninguém agüentava mais o
cara mandar o garçom apagar a luz porque havia sido traído”, recorda-se Carlos Lyra. “O
Brasil era outro e a música precisava mudar.”
De acordo com Ruy Castro, um dos marcos dessa mudança e o considerado o disco
que inaugurou a Bossa Nova foi o disco Canção do amor demais, de Elizete Cardoso, também
de 58; no qual João surpreendeu a todos com a nova batida de violão, foi o resultado de vários
anos de experiências musicais. Experiências compreendidas não só por João, mas por toda a
turma que se encontrava nas famosas reuniões na casa de Nara Leão.
Eliane Lobato e Aziz Filho, em ISTOÉ (2008), contam que o perfil do país que a
turma de Copacabana sonorizava era de esperança. Roberto Menescal concorda e atesta na
mesma matéria: “Vivíamos a 'geração faculdade', que estourava na época, com muitos jovens
nas universidades. Queríamos movimentos diferentes, roupas diferentes; tínhamos um
comportamento mais relaxado.”
A Bossa Nova no Brasil, apesar de toda sua repercussão e do seu fácil acesso, tendo
hoje apresentações na TV aberta, (como veremos nos próximos capítulos deste trabalho) e
rádios exclusivas do ritmo; é, até hoje, considerada “música de elite”. Notamos que esse
conceito vem desde sua criação, já que os criadores faziam parte da elite brasileira e
desfrutavam de um gosto musical mais sofisticado. Certificamo-nos através de declarações
dos próprios precursores, como Roberto Menescal; para ele, seria realmente difícil que se
produzisse música para o povão: “Éramos alienados.” Registrado na matéria de Eliane Lobato
e Aziz Filho da revista ISTOÉ. A matéria aponta também a opinião do produtor Luiz Carlos
Miéle, que concorda: “A galera morava bem, na zona sul, o gênero que eles criaram traduz
esse estado de espírito da juventude distante da boêmia dos morros e do centro da cidade”.
A Bossa Nova tem muitos admiradores e conquistou o prestígio dos brasileiros,
constatamos porém, que ela nunca foi cultura de massa. A definição de massa segundo a Profª.
Doutora Luci Bonini (2008), que também estabelece a diferença entre massa e povo; é que a
massa, diferente do povo, não age racionalmente por sua conta, mas se alimenta por
entusiasmos e idéias instáveis, é escrava das influências da moda imposta pela industria
cultural. Não teria ela, então, a sensibilidade de perceber a qualidade dessa nova música, que é
sobretudo, originalmente brasileira.
De acordo com Ruy Castro, aconteceu em 1956 um encontro que marcou a história da
música brasileira; o poeta Vinicius de Moraes procurava alguém para ser seu parceiro nas
músicas da peça de teatro “Orfeu da conceição”, que ele havia trazido o rascunho de Paris; era
baseada no mito grego “Orfeu” e adaptada para os morros cariocas. Amigos em comum
sugeriram a Vinícius, como parceiro Antônio Carlos Jobim. Tom e Vinícius ( ver fig. 6) já se
conheciam desde 1953, no Clube da Chave, mas não eram íntimos. A parceria deu certo e
Orfeu da Conceição estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 25 de Setembro de
1956, e lá ficou em cartaz durante uma semana. Após uma semana em cartaz no Municipal, a
peça foi transferida para o Teatro República, onde cumpriu temporada com casa lotada por
mais um mês. Terminada a temporada da peça, Tom e Vinicius, juntos também com Menescal
que foi convidado para fazer o violão, começaram a trabalhar nas músicas da versão
cinematográfica de Orfeu da Conceição.
fig. 7: A primeira noite da Bossa Nova, o show "A Noite do Amor, do Sorriso
e da Flor", na faculdade de Arquitetura.
Fonte: www.cifrantiga.com
Vimos aqui, que logo em seu primeiro festival, a Bossa Nova já era anunciada como
algo novo, e anunciava também qual seria o tema abordado pelas letras de suas músicas: amor
sorriso e flor.
Antes de estudarmos a história da música garota de Ipanema, o modo como que ela se
repercutiu e divulgou a Bossa Nova para o mundo, veremos um pouco da história dos seus
criadores, Vinicius de Moraes e Tom Jobim.
2.2.1 Vinicius de Moraes
De acordo com o site “Releituras”, a lírica e a poética de Vinicius foram decisivas para
a música brasileira. Formado em direito pela Universidade de Oxford e a serviço do Itamaraty
desde 1943, é ainda em meados da década de 20 e 30 que realiza suas primeiras incursões
como compositor, a maioria delas em parceria com os irmãos Paulo e Haroldo Tapajós.
Dedicado à vida diplomática, que o leva nos anos seguintes a residir em Los Angeles (Estados
Unidos), Paris (França) e Montevidéu (Uruguai), o reencontro com a música ocorre somente
em 1953, quando compõe o samba Quando Tu Passas por Mim, em parceria com Antônio
Maria. Em 1956, montou a peça Orfeu da Conceição, escrita dois anos antes.
Para compor a música chamou o pianista e compositor Tom Jobim, que era pouco
conhecido da época, e ali iniciaram uma das mais fecundas parcerias da música popular
brasileira. Juntos, Tom e Vinicius compõem as canções Chega de Saudade, Garota de
Ipanema, Se Todos Fossem Iguais a Você, Por Toda a Minha Vida, Eu Sei que Vou Te Amar,
Só Danço Samba, Ela É Carioca, A Felicidade, Insensatez, O Morro Não Tem Vez, entre
outras, que resultam, em 1958, na gravação do disco Canção do Amor Demais.
Conheceu, em 1961, Carlos Lyra, outro de seus parceiros, com quem compôs músicas
para a peça Pobre Menina Rica e outros clássicos da Bossa Nova: Coisa Mais Linda, Você e
Eu, Minha Namorada, Primavera, Samba do Carioca, Marcha da Quarta-Feira de Cinzas.
No ano seguinte, ao lado do violonista Baden Powell, responsável por acrescentar à
poesia popular de Vinicius uma nova sonoridade com referências africanas, realizou a série de
afro-sambas, que deu origem ao disco homônimo, lançado pela gravadora Forma, em 1966.
O autor Ruy Castro, no livro Chega de Saudade (2008) contou que ao contrário do que
as pessoas acreditam, Tom e Vinicius não fizeram “Garota de Ipanema” no bar que se
chamava Veloso, e que depois se chamou Garota de Ipanema, na rua que era Montenegro, e
que depois se tornou Vinicius de Morais, esquina com Prudente de Moraes (nenhum
parentesco). Diz que nunca foi do estilo da dupla escrever música em mesas de bares, embora
eles tenham investido nelas as melhores horas de suas vidas.
Castro conta que Tom compôs meticulosamente a melodia em sua nova casa, ao piano,
na rua Barão da Torre, e seu destino seria uma comédia musical intitulada Blimp, que Vinicius
já tinha toda na cabeça, mas que nunca levou ao papel.
Vinicius, por sua vez, escreveu a letra em Petrópolis, como havia feito com a de
Chega de Saudade, seis anos antes. De início, o título não era “Garota de Ipanema”, e sim
“Menina que passa”, e toda a sua primeira parte era diferente: “Vinha cansado de tudo/ De
tantos caminhos/ Tão sem poesia/ Tão sem passarinhos/ Com medo da vida/ Com medo do
amor/ Quando na tarde vazia/ Tão linda no espaço/ Eu vi a menina/ Que vinha num passo/
Cheia de balanço/ Caminho do mar”. Segundo Ruy Castro (2008), essa foi a primeira versão
da música Garota de Ipanema.
Quanto à conhecida história da garota que inspirou os compositores, constatamos que
é realmente verdade que foi do bar Veloso, no inverno de 1962, que Tom e Vinicius a viram
passar. Não uma, mas inúmeras vezes, e nem sempre a caminho do mar, mas a caminho
também do colégio, da costureira e até do dentista, como foi narrado pelo escritor Ruy Castro.
Heloisa Eneida Menezes Paes Pinto( ver fig.10), mais conhecida como “Helô
Pinhheiro”, tinha na época dezenove anos, 1,69 m, olhos verdes e cabelos pretos longos e
escorridos, morava na rua Montenegro e já era muito admirada no próprio Veloso, onde
entrava com uma certa freqüência, a fim de comprar cigarros para sua mãe, e saía sob uma
sinfonia de “fiu-fius”.
A garota Helô passava num doce balanço a caminho do mar, e era diariamente
associada a canção, sem saber que tinha sido eleita a sua musa. É verdade que já devia estar
desconfiando porque, desde 1962, dois bem informados rapazes da revista Fatos & Fotos, o
repórter Ronaldo Bôscoli e o fotógrafo Hélio Santos, que viviam atazanando-a para fotografá-
la na praia, num daqueles biquínis de duas peças que eram novidade na década de 50, e na
época ainda eram considerados ousados. Ruy Castro conta que realmente acabaram
conseguindo, mas só depois que o pai da garota, um general da linha-dura, certificou-se dos
seus bons propósitos. Somente três anos depois, em 1965, quando Helô já tinha 22 anos, e
estava de casamento marcado, é que Tom e Vinicius lhe revelaram quem ela era.
Em entrevista concedida gentilmente pela Helô Pinheiro, quando perguntada se ela
acompanhou a repercussão da música Garota de Ipanema disse:
“[...] Acompanhei, ela foi feita na realidade em 1962 e durante três anos
ficou praticamente inerte, a música só estava primeiro orquestrada e ainda não
tinham divulgado a letra, e lá nos Estados Unidos, a música começou a fazer sucesso
e todos queriam saber quem era a musa inspiradora da canção. E em 1965 Vinícius
falou que iria revelar quem era a verdadeira Garota de Ipanema, pois haviam várias
garotas que se diziam ser. Na época a revista Manchete publicou uma nota revelando
quem era a Garota de Ipanema e Vinicius escreveu uma carta de próprio punho
dizendo que eu era a musa inspiradora da canção.”
De acordo com a obra de Ruy Castro, podemos concluir que a música “Garota de
Ipanema” teve grande importância para a imagem da Bossa Nova, onde os compositores
exaltaram não só uma musa carioca, mas também a mulher brasileira. Mostrando também a
diversidade cultural harmoniosa deste bairro que se consagrou como um ícone do gênero
musical dos anos 60.
Segundo o site“Garota de Ipanema” foi a gravação de uma versão em inglês, da
canção interpretada por Astrud Gilberto com letra de Norman Gimbel, que transformou
“Garota de Ipanema” ou “The girl from Ipanema” num sucesso mundial. Ao longo dos 25
anos que se seguiram, a canção ultrapassou as 3 milhões de execuções em emissoras de rádio
e televisão, o que fez de Tom Jobim o segundo autor estrangeiro mais ouvido nos Estados
Unidos.
Segundo o jornalista Carlos Pompe em uma matéria disponível no site
“www.vermelho.org,” a canção “Garota de Ipanema” é o maior sucesso internacional da
música brasileira, a quinta, quarta e, dependendo da pesquisa, a segunda música mais tocada
pelas rádios no mundo, até hoje. Nos Estados Unidos é executada 5 milhões de vezes por ano,
a cada 15 segundos alguma rádio começa a transmiti-la.
2.2.4 A exportação
Segundo a revista Veja em sua edição especial 35 anos (2003) A música é o principal
produto de exportação cultural brasileiro. Cantores e compositores fazem sucesso lá fora
desde Carmen Miranda, nos anos 40. Artistas brasileiros que estiveram no exílio da década de
70, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico Buarque, consolidaram carreira em seletos
circuitos no exterior e realizaram, com freqüência, turnês internacionais. O auge de título
ainda é a Bossa Nova dos anos 60 como podemos ver em um detalhe do jornal O Globo
(fig11) da época do surgimento da Bossa Nova noticiando suas primeiras repercussões.
Ainda na mesma revista relata que, antes dela, os artistas brasileiros eram apreciados
mais pelo exotismo, que por suas qualidades musicais, Exotismo ainda existe, como se pode
ver pelo sucesso da Lambada e do Olodum anos 90, o Brasil tem sempre um nome de sucesso
no pequeno universo da “wold music”, que abarca tudo aquilo que soa estranho ou
inclassificável ao norte do Equador, porém, só a Bossa Nova rompeu esse gueto, diz a revista.
Garota de Ipanema
Vinicius de Morais /Tom Jobim
“ Tom me disse: ‘Helô eu não entendo, com tantas músicas bonitas que eu fiz eu não
compreendo porque só esta canção é a “ galinha dos ovos de ouro” , só ela está
realmente sempre tendo retorno não só financeiro como retorno de público’. Aí eu
brincava, é... e eu nunca tirei um pintinho dessa galinha dos ovos de ouro[...] eu
acho que essa música pegou o momento da mulher, ele ( Vinícius) colocou a mulher
em evidência, focou a mulher em sua beleza. Então, toda menina que a escutava se
imaginava naquela situação, foi uma estratégia inconsciente deles que deu um
volume interessante a música.”
2.3 Repercussões
A partir da música “Garota de Ipanema” composta por Tom Jobim, João Gilberto, e
Vinícius de Moraes (ver fig. 12), a Bossa Nova ganhou o mundo. Esse novo jeito de fazer
música com a mistura de vários ritmos fez com que a Bossa Nova tornasse um produto
genuinamente brasileiro, a música “Garota de Ipanema” por sua vez é um dos principais
frutos dessa nova geração, tendo como base tamanha repercussão das suas reproduções em
vários idiomas conseqüentemente em vários países. Segundo Inês Figueiras a música começa
a se repercutir pelo mundo quando é gravada por grandes nomes como: Frank Sinatra, Nat
King Cole, Baden Powell, entre outros; é também utilizada nos dias de hoje em trilhas
sonoras de filmes e comerciais de TV. Uma das principais parcerias na Bossa Nova, que
alavancou o sucesso mundial, foi a versão em inglês da Garota de Ipanema, composta
originalmente por Norman Gimbel e interpretada por Astrud Gilberto, e em 1967 “Garota de
Ipanema” tornou-se banda do filme com o mesmo nome dirigido por Leon Hirsziman.de um
cantinho e um violão para as grandes platéias e orquestras do mundo.
E 40 anos depois do seu nascimento, a riqueza, a suavidade e o encanto da Bossa Nova
não se encontraram nada que a superasse. “Garota de Ipanema” foi traduzida para diversas
línguas. Desde a inglesa “The Girl from Ipanema” à francesa “ La fille d’Ipanema”, passando
pela versão indonésia “Gadis dari Ipanema”, a espanhola “Chica de Ipanema”. Se falarmos de
“Das Mädchen aus Ipanema” ou “Meisje van Ipanema” continuamos a falar da mesma
música, que foi até cantada em hebraico.
De acordo com o site “JBlog” O Itamaraty recebeu despachos dos EUA informando
que compareceram ao concerto 300 repórteres, fotógrafos, cinegrafistas e críticos
especializados de toda a América do Norte e da imprensa mundial, o que deveria garantir
grande repercussão ao show de bossa nova.
fig. 15: Nota do jornal “O Globo” em referência ao evento em Nova Yorque,
sem informação de autor, e da época publicada.
Fonte: www.jobim.org
fig. 16: Card do show de 1962
fonte: www.cifrantiga.com
Outros grandes acontecimentos foram os shows de João Gilberto após uma longa
pausa em suas apresentações. O cantor se apresentou nos dias 14 e 15 de agosto, no Auditório
Ibirapuera, em São Paulo, depois seguiu para o Rio de Janeiro, onde cantou no dia 24 de
agosto no Teatro Municipal, e por último uma apresentação em Salvador no dia 05 de
Setembro, no Teatro Castro Alves.
“Os ingressos para os shows foram vendidos em uma hora e 23 minutos na última
semana, somente pela internet e telefone”, afirma a Folha Online.
Além dos shows, o Itaú Cultural promoveu uma exposição intitulada “Bossa na Oca”,
a exposição ocorreu do dia 08 de julho até o dia 07 de setembro de 2008 na OCA, Parque do
Ibirapuera. A visita dos componentes do grupo que desenvolveram esse trabalho a Oca, foi de
extrema importância, pois a exposição contava com centenas de fotos, dez curtas-metragens
sobre as diversas histórias da Bossa Nova, jukeboxes com dezenas de gravações para se ouvir,
o documentário “Clarão” de Carlos Nader, enfim um espaço de quatro andares inteiros sobre
o gênero musical que ganhou o mundo.
fig. 27: Uma das telas de reprodução dos curtas-metragens exibidos
na exposição. Ao fundo, a reprodução da praia de Copacabana
Helô Pinheiro também prestigiou esta exposição, juntamente com Frank Sinatra Jr. E
acrescentou:
“Não tive a oportunidade de conhecer o Frank Sinatra, mas conheci seu
filho, Frank Sinatra Jr. Estivemos juntos na exposição da Bossa na Oca no parque do
Ibirapuera, e posteriormente em um show onde fui homenageada por Frank Sinatra
Jr. E cantamos juntos a canção Garota de Ipanema”
A Bossa Nova está muito bem representada no Brasil com sua nova geração de
cantores, e um desses cantores que reproduz de forma belíssima o ritmo é Fernanda Takai. A
cantora que já havia cantado algumas canções-bossa-nova em um desfile de Ronaldo Fraga,
lançou também seu primeiro disco solo, “Onde Brilham os Olhos Seus”, no qual canta apenas
músicas do repertório da cantora Nara Leão.
Esses acontecimentos mostram que a Bossa Nova ainda está presente nos dias de hoje.
Pois ela não era só um movimento musical, mas também uma forma de expressão daquele
tempo, pelo bom momento que o Brasil vivia, e hoje, pelos bons momentos que esperamos
viver. E são os amantes deste movimento que fazem com que a Bossa seja sempre Nova e
permaneça viva, tanto nas canções desse gênero musical de extrema sensibilidade, quanto no
modo de olhar o mundo, e de enxergar nele “amor, sorriso e flor”.
3. Considerações finais
A Bossa Nova juntamente com a música Garota de Ipanema, vem sendo um dos
principais produtos culturais que leva o Brasil para ao reconhecimento internacional.
Concluímos que as letras das músicas eram influenciadas pelo momento de esperança
que se vivia no Brasil na década de 50.
A Bossa Nova surgiu como uma revolução tanto musical quanto cultural, teve grande
repercussão no exterior pela originalidade das letras e ritmos, mostrando para o mundo a
genialidade de seus autores em suas composições, dada a música Garota de Ipanema como
principal precursora da internacionalização do movimento.
A Bossa Nova não foi somente um estilo de música, foi também o surgimento de
novos conceitos sobre a sociedade naquela época, influenciou nos pensamentos das pessoas,
no modo de agir, vestir, mas principalmente sobre o novo conceito de música, e foi
considerada uma forma de arte difundida no mercado cultural.
Quando se trata de música, a Garota de Ipanema é a principal referência brasileira, e é
conhecida em todo o mundo. Ela hoje é mais divulgada e conhecida internacionalmente do
que nacionalmente, por ser considerada uma música elitizada não tem tanta divulgação no
Brasil, pois as mídias brasileiras não vêem este gênero musical como um produto de “massa”.
Todo conteúdo deste trabalho nos leva ao pensamento de que para a
internacionalização da música, o Brasil vende uma imagem de um país diferente da nossa
realidade, onde a identidade brasileira, fora da Zona Sul carioca, quase passa em branco.
Porém a Bossa Nova parece flutuar por cima das hierarquias e conflitos raciais, pois
foi uma música apresentada por brancos mas com samba negro em seus corações.
4. Referências
BOLLOS, Lilian. A Bossa Nova através da Crítica Musical: renovação à custa de mal-estar.
Música e Comunicação. v.1, n.15. p 56-61, 2005. Disponível em :
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/famecos/article/view/862>. Acesso em:
20 setembro 2008.
CALADO. Carlos. Filho e biógrafo de Jobim contam parceria com Sinatra. Postado por
FRANCO. Sérgio. 21 Janeiro 2007. Disponível em: http://www.sojazz.org.br/2007/01/filho-
e-bifrafo-de-jobim-contam.html. Acesso em: 25 setembro 2008.
CASTRO, Ruy. Chega de saudade. A história e as histórias da Bossa Nova; Companhia das
letras, 1990.
GARCIA, Walter. Bim Bom: a contradição sem conflitos de João Gilberto. Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1999. disponível em:
<http://www.itaucultural.org.br/index.cfm?cd_pagina=2826> acesso em 10 Outubro de 2008
GUIMARÃES, Hélio. Madonna canta Tom Jobim no ensaio. Folha de S.Paulo, 1993.
Disponível em:
<http://www.minsane.com.br/extras/especiaisgirlie10anosjornaisrio.html#02 >. Acesso em
setembro de 2008
POMPOSELLI. Helen. ANÁLISE: Bossa nova embala o desfile da Poko Pano. 22 Junho
2008. < http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL610192-9798,00-
ANALISE+BOSSA+NOVA+EMBALA+O+DESFILE+DA+POKO+PANO.html>.
Acesso em: 25 setembro 2008.