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Comunicado 214

Técnico ISSN 0103-9458


Novembro, 2002
Porto Velho, RO

Desempenho Agronômico de Cultivares de


Sorgo Forrageiro, Milheto e Teosinto em
Presidente Médici, Rondônia
1
Claudio Ramalho Townsend
2
Newton de Lucena Costa
1
Ricardo Gomes de A. Pereira
3
Vicente de Paulo Campos Godinho

Introdução teosinto (Euchlaena mexicana) surgem como


alternativa que potencialmente podem
Em Rondônia, a pecuária é uma das atividades contribuir neste sentido, dada a sua alta
econômicas que tem apresentado um acelerado produtividade e qualidade da forragem,
crescimento. Entre os anos de 1985 e 1996, podendo seus cultivos sucederem a outras
efetivo bovino apresentou taxa de crescimento culturas tradicionais - arroz, milho, soja e feijão
próxima a 16% a.a., sendo estimado em mais de (Silva e Viana, 1991; Oliveira et al., 1996). Daí
7,5 milhões de cabeças (IDARON, 2001). No a importância de estudos de avaliação do
entanto, ainda prevalecem baixos índices de desempenho de gramíneas forrageiras visando
produtividade, quando comparados aos obtidos à seleção das mais produtivas e adaptadas as
em outras regiões do país e do mundo, como por condições edafoclimáticas da região.
exemplo, a taxa de 5% de desfrute anual do
rebanho de corte e a produção leiteira de 580 Material e Métodos
l/vaca/ano.
O ensaio foi conduzido no campo experimental
As pastagens cultivadas representam o principal da Embrapa Rondônia, localizado no município
suporte alimentar do rebanho bovino. Estas de Presidente Médici (390m de latitude, 11o17,
apresentam marcada estacionalidade na de latitude sul e 61o55, de longitude oeste),
produção, implicando em déficit quantitativo e durante os meses de dezembro de 97 a março
qualitativo da forragem ofertada durante a de 98.
estação seca, representando um dos principais
fatores que contribuem para o baixo O clima é classificado como tropical úmido do
desempenho zootécnico do rebanho. Uma das tipo Am, com temperatura média anual de
alternativas a fim de contornar esta situação 24,5oC; precipitação anual entre 2000 a 2300
seria o uso de suplementação alimentar dos mm; estação seca bem definida (junho a
rebanhos durante o período crítico (Costa et al., setembro) e umidade relativa média de 89%.
1996). Durante a condução do experimento a
temperatura média do ar oscilou entre 22,5 e
O cultivo de gramíneas forrageiras, tais como, 33 OC e a precipitação acumulada foi de 1193,3
sorgo forrageiro (Sorghum vulgare), milheto mm.
(Pennisetum americanum), milho (Zea mays) e

1
Zootec., M.Sc., Embrapa Rondônia, Caixa Postal 406, CEP 78900-970, Porto Velho, Rondônia
2
Eng. Agrôn., M.Sc., Embrapa Rondônia
3
Eng. Agrôn., D.Sc., Embrapa Rondônia
2 Desempenho agronômico de cultivares de sorgo forrageiro, milheto e teosinto em Presidente Médici,
Rondônia

O solo da área experimental foi classificado variância para rendimento de MS (t/ha), revelou
como Podzólico Vermelho-Amarelo, textura efeito significativo (P < 0,05) entre as cultivares
média, com as seguintes características de sorgo e espécies forrageiras, com a AG
químicas: pH (em água) 5,6; P 2 mg/dm3; K 0,15 2002 atingindo rendimento superior as
cmolc/dm3; Ca 2,0 cmolc/dm3; Ca + Mg 2,7 cultivares C 51, P 54037, AG 2005, CEXP
cmolc/dm3; Al+H 1,5 cmolc/dm3; Al 0,0 cmolc/dm3 9702, MASSA 03, DK 57, ACA 726 e P 8118,
e MO 15,4 g/kg. bem como ao teosinto, não diferindo das
demais cvs de sorgo forrageiro, milheto e
A adubação constou da aplicação de 42 kg/ha de milho.
P2O5 (sob a forma de superfosfato triplo) e 45
kg/ha de N (sob a forma de uréia, distribuídos Estes resultados acompanham a tendência das
1/2 no sulco e 1/2 em cobertura, após a médias das demais 14 localidades, distribuídas
emergência). em diferentes regiões do País, onde o Ensaio
foi instalado (Rodrigues, 1998). Em geral, os
O delineamento experimental adotado foi o de rendimentos de forragem apresentados pelas
blocos casualizados com três repetições, sendo cultivares mais produtivas são bastante
avaliadas 18 cultivares de sorgo forrageiro satisfatórios, sendo superiores àqueles
(Tabela 1), uma de milho (BR 106), uma de relatados por Costa et al. (1995), em Porto
milheto (Comum) e uma de teosinto (Comum). Velho - RO, Costa et al. (1996), em Vilhena -
As parcelas constituíram-se de quatro fileiras de RO, mas inferiores aos das cultivares Contisilo,
5m de comprimento com espaçamento de Contisilo 02, BR 507, AG 2003 e CMSXS 649,
0,70m, com a densidade próxima a 12 plantas/m, que se destacaram dentre as 12 cultivares,
como área útil foram consideradas as duas com rendimento médio de 12,5 t de MS/ha,
fileiras centrais. avaliadas no período entre 1985 a 1989, em
Ouro Preto do Oeste - RO (Costa et al., 1995).
O corte foi realizado a altura de 10cm da
superfície do solo quando as plantas de sorgo
atingiram o estádio "final de grão
leitoso/pastoso". Os parâmetros avaliados foram:
Conclusões
altura de planta na colheita (cm), de participação
de colmos (%), percentagem de matéria seca Considerando-se o rendimento forrageiro (t de
(%MS) e rendimentos de matéria verde (MV) e MS/ha), as cultivares de sorgo promissoras
seca (MS) em t/ha. para cultivo nas condições edafoclimáticas de
Presidente Médici foram AG 2002, BR 601,
Na condução do experimento, foram adotadas as AGX 202, AGX 213 e C 11.
práticas culturais e metodologia preconizadas
pelo Ensaio Nacional de Sorgo Forrageiro, no
ano agrícola 1997/98, coordenado pelo Centro Referências Bibliográficas
Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo.
COSTA, N. de L; OLIVEIRA, J. R. de C.;
LEÔNIDAS, F. das C. Avaliação de cultivares de
Resultados e Discussão sorgo forrageiro em Porto Velho - RO. Lavoura
Arrozeira, v.48, n.420, p.17-18, 1995.
Como se observa na Tabela 1, as plantas
apresentaram altura média de 199 cm, com a cv. COSTA, N. de L.; LEÔNIDAS, F. das C.;
P 8118 apresentando o menor porte (107 cm) e MAGALHÃES, J. A.; PEREIRA, R. G. de A.
a P 54037 o maior (274 cm). Em média as Avaliação agronômica de cultivares de sorgo
plantas compunham-se de 67 % de colmos com forrageiro em Rondônia. In: REUNIÃO ANUAL DA
a cv DK 57 tendo a menor participação de SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 32.
colmos e o teosinto a maior; e a BR 501, entre 1995, Brasília, DF. Anais... Brasília: SBZ, 1995,
p.37-38. 752p.
as cvs. de sorgo. Os teores de MS mantiveram-
se próximos a 31%, considerado o ideal no
COSTA, N. de L.; MAGALHÃES, J. A.; TAVARES,
processo de ensilagem, exceto as cultivares de A.C.; TOWNSEND, C. R.; PEREIRA, R. G. de A.;
sorgo P 54037 e CEXP 9702 que apresentaram SILVA NETTO, F. G. da. Diagnóstico da pecuária
25 e 27 %, respectivamente, bem como, o milho em Rondônia. Porto Velho: EMBRAPA-CPAF
(39%) e o milheto (37%) apresentaram elevados Rondônia, 1996, 34p. (EMBRAPA-CPAF Rondônia.
níveis de MS, pois foram colhidos tardiamente, já Documentos, 33).
que o ponto de corte foi determinado em função
da maturação das cvs. de sorgo. A análise de
Desempenho agronômico de cultivares de sorgo forrageiro, milheto e teosinto em Presidente Médici, 3
Rondônia

COSTA, N. de L. Avaliação de cultivares de sorgo RODRIGUES, J.A.S. Resultados do ensaio nacional


forrageiro nos cerrados de Rondônia. Porto Velho: de sorgo granífero, forrageiro: ano agrícola 1997/98.
EMBRAPA-CPAF Rondônia, 1996, 34p. (EMBRAPA Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1998, np.
- CPAF Rondônia. Comunicado Técnico, 114).
SILVA, A.F. da; VIANA, A.C. Culturas seqüênciais
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Milho e e/ou simultâneas com milho e sorgo. In: SIMPÓSIO
Sorgo (Sete Lagoas,MG). Ensaio Nacional de Sorgo DE NUTRIÇÃO DE BOVINOS, 4. Piracicaba, 1991.
Forrageiro. Ano agrícola 1997/98. Sete Lagoas, Anais... Piracicaba: FEALQ, 1991. p.219-228.
1997. (Mimeografado).

OLIVEIRA, I P. de; KLUTHCOUSKI, J.; YOKOYAMA,


L. P.; DUTRA, L. G.; PORTES, T. de A.; SILVA, A. E.
da; PINHEIRO, B. da S.; FERREIRA, E.; CASTRO,
E.M. de. Sistema Barreirão: recuperação/renovação
de pastagens degradadas em consórcio com
culturas anuais. Goiânia: EMBRAPA-CNPAF-APA,
1996. 90p. (EMBRAPA-CNPAF. Documentos, 64).
4 Desempenho agronômico de cultivares de sorgo forrageiro, milheto e teosinto em Presidente Médici,
Rondônia

TABELA 1. Altura de planta, percentagem de colmos, teores de matéria seca e


produção de cultivares de sorgo forrageiro, milho, milheto e teosinto em
Presidente Médici - RO.
Cultivares Altura de Plantas Colmos MS MV MS
(cm) (%) (%) (t/ha)
AG 2002 265 75 30 37,7 11,3 a
AGX 213 252 73 32 34,0 11,0 ab
AGX 202 245 70 32 33,7 11,0 ab
C 11 212 69 30 36,3 11,0 ab
BR 601 234 78 30 36,0 11,0 ab
BR 501 252 80 28 37,3 10,7 abc
C 15 253 75 30 32,7 9,7 abcd
Milheto (Comum) 239 67 37 25,0 8,7 abcde
XB 1502 149 59 33 23,7 8,0 abcde
Milho (BR 106) 225 59 39 20,3 7,7 abcde
CMSXS 755 149 54 33 24,3 7,7 abcde
BR 700 186 65 30 26,7 7,7 abcde
C 51 140 58 30 23,7 7,3 bcde
P 54037 274 79 25 30,7 7,3 bcde
AG 2005 158 53 36 20,0 7,0 cde
CEXP 9702 159 58 27 23,7 6,7 de
MASSA 03 160 63 30 21,3 6,3 de
DK 57 113 52 29 21,0 6,0 de
Teosinto (Comum) 204 87 33 17,7 5,7 e
ACA 726 206 72 29 19,0 5,7 e
P 8118 107 58 30 16,7 5,3 e
DMS (5%) 41,41 18,82 12,29 12,07 3,81
Média 199,19 66,9 31,16 26,73 8,22
CV 6,67 9,02 12,65 14,48 14,87
- Médias seguidas de letras iguais, não diferem entre si (Tukey 0,05);
MV: matéria verde;
MS: matéria seca.

Comunicado Exemplares desta edição podem ser Comitê de Presidente: Newon de Lucena
adquiridos na: Costa
Técnico, 214 Embrapa Rondônia
Publicações Secretária: Marly Medeiros
Endereço: BR 364, km 5,5 Normalização: Alexandre
Caixa Postal 406, CEP 78900-970 Marinho
Porto Velho, RO Membros: Claudio R. Townsend,
Fone: (69) 222-0014 Marilia Locatelli, Maria Geralda
Fax: (69) 222-0409 de Souza, José Nilton M. Costa,
E-mail: sac@cpafro.embrapa.br Júlio César F. Santos, Vanda
MINISTÉRIO DA Gorete Rodrigues,
AGRICULTURA, PECUÁRIA E
ABASTECIMENTO
Supervisor Editorial: Newton de
Expediente Lucena Costa
1ª Edição
Revisão de texto: Ademilde
1ª Impressão 2002
Andrade Costa
Tiragem 100 exemplares
Editoração Eletrônica: Marly
Medeiros

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