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A Razão consolidou a visão dualista, homem em contrapo-

sição ao mundo: SUJEITO EM CONTRAPOSIÇÃO AO OBJETO

O sujeito identificado como o “eu pensante” e tudo o externo a


esse eu visto como OBJETO.

A Razão torna-se uma Razão Instrumental, de controle da Na-


tureza – muito mais uma razão técnica do que filosófica

Criam-se inúmeros saberes disciplinares que visam conhecer e


controlar a natureza.

A Razão passa ser tida como onipotentemente soberana:


POSITIVISMO

Cria-se o poder científico, o poder do Saber


Esse saber é analítico, divide o objeto para melhor compreen-
delo

Reflete-se no conhecimento médico, que divide a integralidade


do corpo e do sujeito em orgãos e sistemas

Surgimento das especialidade médicas e das tecnologias para


conhecer esses orgãos e sistemas

Os saberes tradicionais sobre saúde são vistos como ignorância,


não-saber, superstição: seus portadores passam a ser vistos co-
mo exercendo ilegalmente a atividade médica e passam a ser
criminalizados

Aliado a forças sociais e econômicas, o Saber Médico passa a


ser o grande ordenador e disciplinador dos hábitos sociais e pes-
soais
Consequencias no sistema de saúde:

O trabalho nos estabelecimentos de saúde e entre eles, na Unidade


Básica, é organizado, tradicionalmente, de forma extremamente
parcelada. Em eixo verticalizado, organiza-se o trabalho do médico e
entre estes, o de cada especialidade médica. Assim, sucessivamente,
em colunas verticais vai se organizando o trabalho de outros
profissionais. Essa divisão do trabalho se dá, de um lado pela
consolidação nos serviços de saúde das corporações profissionais, e
por outro, no caso dos médicos, pela especialização do saber e,
consequentemente, do trabalho em saúde. A organização parcelar do
trabalho fixa os trabalhadores em uma determinada etapa do projeto
terapêutico. A superespecialização, o trabalho fracionado, fazem com
que o profissional de saúde se aliene do próprio objeto de trabalho.
Desta forma, ficam os trabalhadores sem interação com o produto final
da sua atividade laboral, mesmo que tenham dele participado,
pontualmente. Como não há interação, não haverá compromisso com o
resultado do seu trabalho
Franco, Bueno e Merhy. O acolhimento e os processos de tra-
balho em saúde: o caso de betim - MG
ASSIM...

Torna-se consenso que os serviços de saúde devam abandonar


a lógica tradicional que regeu o seu funcionamento. Assim,
busca-se criar as condições para que, de forma permanente,
o sistema de saúde aproxime-se mais dos indivíduos, torne-se
mais humano, solidário e, sobretudo, mais resolutivo.
Princípios como territorialidade, vínculo, continuidade,
planejamento local, promoção à saúde estão cada vez mais
presentes nas pautas e agendas não só dos técnicos, como
também dos movimentos sociais ligados ao setor.
Aguilera Campos. Integrality: from the view point of health care and the recent proposals regarding
basic assistance in Brasil.
Ciencia e Saúde Coletiva V.8 n.2 - 2003
As equipes de saúde precisam oferecer mais do que
a prestação de um serviço pura e simplesmente,
entendido como a realização de atos formais.
A formalidade e a burocratização da prática de
saúde coíbe a satisfação profissional, além de
provocar um estado de estagnação, em que o
profissional tem consciência da inoperância do
resultado final das ações realizadas, mas não se
sente responsável por isso.
Continua a realizá-las de forma mecânica,
como não se incomodasse com a recorrência do
adoecimento, fruto da permanência das determina-
ções do mesmo. A criança volta toda semana com
o mesmo quadro infeccioso ou respiratório,
a mulher se queixa do nervoso ou da dor de cabeça
que não tem solução. E assim se sucedem os
pacientes, nos consultórios, com suas queixas
recorrentes, diante das quais os profissionais se sem-
tem impotentes, incapazes de agir de forma eficaz.
É indispensável que o profissional tenha mais sensibilidade,
escute o outro, saiba o que ele pensa, numa postura que não
seja distante e impessoal. E talvez esta postura o leve a expor,
clara e diretamente ao paciente, as possibilidades e os limites
da intervenção através do serviço de saúde e passe a buscar,
de forma criativa, novas possibilidades de superação dos
problemas identificados.
Ainda segundo o conceito de integralidade, as pessoas são en-
caradas como sujeitos. A atenção deve ser totalizadora e levar
em conta as dimensões biológica, psicológica e social. Este modo
de entender e abordar o indivíduo baseia-se na teoria holística,
integral, segundo a qual o homem é um ser indivisível e não pode
ser explicado pelos seus componentes, físico, psicológico ou so-
cial, considerados separadamente.
A integralidade como traço da boa medicina

Consistiria em uma resposta ao sofrimento do paciente que


procura o serviço de saúde, e um cuidado para que ela não
seja a redução ao aparelho ou sistema biológico deste, pois
tal redução cria silenciamentos. A integralidade está presente
no encontro, na conversa, na atitude do médico que busca
prudentemente reconhecer, para além das demandas explícitas,
as necessidades dos cidadãos no que diz respeito à sua
saúde. A integralidade está presente também na preocupação
desse profissional com o uso das técnicas de prevenção,
tentando não expandir o consumo de bens e serviços de saúde,
nem dirigir a regulação dos corpos.
a integralidade como modo de organizar as práticas

Exigiria uma certa "horizontalização" dos programas anteriormente


verticais, desenhados pelo Ministério da Saúde, superando a
fragmentação das atividades no interior das unidades de saúde.
A necessidade de articulação entre uma demanda programada e
uma demanda espontânea aproveita as oportunidades geradas
por esta para a aplicação de protocolos de diagnóstico e identifi-
cação de situações de risco para a saúde, assim como o desen-
volvimento de conjuntos de atividades coletivas junto à
comunidade
Em que pese a concordância de que a integralidade continua
sendo um conceito em construção, realizamos um exercício
teórico de formulação de uma definição operatória de integralidade
como modo de atuar democrático, do saber fazer integrado, em
um cuidar que é mais alicerçado numa relação de compromisso
ético-político, de sinceridade, responsabilidade e confiança
(Pinheiro & Mattos, 2001, 2003; Merhy, 1997).

Entende-se o sujeito como ser real, que produz sua história e é


responsável pelo seu devir (Ayres, 2001). Respeita-se os
saberes das pessoas (saber particular e diferenciado), saberes
históricos que foram silenciados e desqualificados (Foucault,
1999), e que, neste estudo, representam uma atitude de respeito
que possa expressar compromisso ético nas relações
gestores/profissionais/usuários.
Isto demonstra que o desempenho do processo de
trabalho do PSF deve estar relacionado à existência
de profissionais que têm claro em suas mentes o papel
de agente transformador, assegurando a participação e
o controle social, tornando transparentes as informações,
criando vínculos efetivos entre usuários e equipe e
estabelecendo relações de trocas e confiança.
TUDO ISSO ESTÁ RELACIONADO A UMA MUDANÇA
DE PARADIGMA

MODÊLO DE VIGILÂNCIA EM
MODELO BIOMÉDICO
SAÚDE- PROMOÇÃO DA SAÚDE

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